Número de agentes de endemias em Salvador é insuficiente para cobrir todos os imóveis da cidade
Felipe Amorim l A TARDE
Salvador lidera a lista de 11 capitais brasileiras em alerta pelo risco de uma nova epidemia de dengue neste verão. A capital baiana apresentou um índice de infestação de 3,5% dos imóveis visitados, bem acima da segunda colocada, a capital do Tocantins, Palmas, com índice de 2,7%, segundo os números divulgados na quinta-feira, 11, pelo Ministério da Saúde (MS), ao lançar a campanha nacional de combate à doença. Acima de 3,9%, o índice é considerado de alto risco de epidemia.
É o caso de outros 15 municípios brasileiros, a maioria nas regiões Norte e Nordeste, que apresentam um alto risco de ter um surto da doença. As cidades baianas de Ilhéus (a 433 km da capital) e Simões Filho (Grande Salvador) integram a lista, respectivamente na 7ª e 9ª posições (6,3%, e 5,3%, respectivamente).
O índice é medido pelo Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (Liraa), que permite identificar os focos de concentração do mosquito em cada município. Em Salvador, oito bairros estão com alto risco de epidemia. A Bahia e outros nove estados também são apontados como de alto risco de epidemia.
Há cinco meses do alerta soado na quinta pelo MS, Salvador estava em alto risco. Em junho, a capital apresentou um Liraa de 4,1%, praticamente dobrando em relação à setembro de 2009, quando desceu a 2,2%.
Para Eliaci Costa, coordenadora do Programa Municipal de Combate à Dengue, as chuvas de 2010 e o deslocamento de agentes de saúde para o trabalho de prevenção a outras doenças, como leptospirose e raiva, explicariam o aumento. “Temos de seguir trabalhando, e a população precisa se conscientizar para fazer um trabalho conjunto”, pede Eliaci. Ela reforça o alerta para que se evitem reservatórios de água parada nas residências.
Déficit - Salvador possui, atualmente, um déficit aproximado de 250 agentes de combate a endemias. A cada dois meses, duração de cada ciclo de combate ao mosquito, cerca de 200 mil imóveis deixam de ser visitados. Mas Eliaci defende que este não é o motivo da elevação do Liraa, pois o trabalho é concentrado nas áreas de maior infestação.
“A estrutura é satisfatória, pois não são todos os imóveis que precisam receber visitas a cada dois meses. Muitas áreas têm infestação menor que 1%”, ela explica. Para visitar todo o 1,2 milhão de imóveis prioritários a cada ciclo, seria necessário um total de 1,6 mil agentes.
No País - Este ano, de janeiro a 16 de outubro, os casos de dengue aumentaram 91% no Brasil, de 489 mil para 936 mil pessoas infectadas. Os estados de São Paulo e Minas Gerais foram responsáveis por cerca de 70% dos casos, segundo a diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab), Alcina Andrade.
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