Depois de cerca de um mês de reclusão no Nordeste, Francisco Everardo Oliveira Silva leu, escreveu e poderá ser diplomado. Foi o que garantiu nesta quinta-feira (11) o presidente do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), Walter Almei Guilherme, ao se referir ao teste a que o palhaço Tiririca (PR), recém-eleito deputado federal com a maior votação do país (1.353 milhão de votos), foi submetido para provar que é alfabetizado.
A audiência em São Paulo teve início pela manhã de hoje e ainda não foi finalizada. “Foi apresentado um primeiro texto de jornal, e ele leu. Foi mostrado um segundo texto de jornal, e ele leu”, declarou o desembargador, lembrando que o processo para comprovar escolaridade não se refere a pedido de impugnação de candidatura, mas para verificação de eventual fraude eleitoral – a decisão do tribunal que permitiu a candidatura não está sob contestação. Francisco disse ainda que a diplomação de Tiririca vai ser efetuada independentemente do resultado da decisão judicial para o caso.
O desembargador disse não acreditar em impugnação nesse caso. Entretanto, não quis comentar se Tiririca sabe mesmo ler e escrever. “O juiz é quem vai responder sobre isso”, disse o magistrado, lembrando que o deputado eleito não é obrigado a produzir provas que prejudiquem a si mesmo.
Segundo o magistrado, Tiririca teve de ler material publicado hoje no veículo paulistano Jornal da Tarde: dois títulos (“Procon manda fechar loja que vende itens vencidos” e “O tributo final a Senna”), além dos parágrafos “Estreia amanhã filme que homenageia o piloto brasileiro, relembrando os tempos de glória, as brigas com dirigentes, a rivalidade com Prost e pouco da vida pessoal” e “Medida inédita suspende as atividades de 11 supermercados da capital durante período de 12 horas. Segundo órgão de defesa do consumidor, a aplicação de multas não surtiu efeito, já que as lojas punidas são reincidentes na infração”.
Ele também teve de escrever palavras extraídas da página 51 do livro Justiça Eleitoral - uma retrospectiva, editado pelo TRE-SP em 2005.
Interrogação
Desde antes do primeiro turno das eleições deste ano (3 de outubro), a polêmica acerca da alfabetização de Tiririca ganha espaço nos mais diferentes tipo de mídia. O deputado eleito responde a ação movida pelo Ministério Público Eleitoral por suspeita de fraude em documento apresentado à Justiça Eleitoral de São Paulo.
Para atender à legislação eleitoral, Tiririca apresentou ao TRE-SP um documento informando saber ler e escrever. Acontece que a lei exige que o candidato o faça em declaração escrita de próprio punho, ou realize teste presencial comprovando a habilidade. Nem uma coisa nem outra foi feita pelo candidato. E, para piorar, o próprio Tiririca admitiu a limitação em programa de TV.
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Fonte: Congressoemfoco