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sábado, novembro 09, 2024

CGU vê R$ 13 mi de emendas irregulares a ONGs e cita Randolfe, líder do governo

 

Foto: Waldemir Barreto / Agência Senado
Senador Randolfe Rodrigues (PT-AP)09 de novembro de 2024 | 09:56

CGU vê R$ 13 mi de emendas irregulares a ONGs e cita Randolfe, líder do governo

brasil

A CGU (Controladoria-Geral da União), ligada ao governo Lula (PT), constatou irregularidades em seis dos dez repasses de emendas Pix a ONGs analisados pelo órgão, com a indicação expressa pelo parlamentar de beneficiário ou do objetivo específico para a aplicação dos recursos, em valores que somam cerca de R$ 13 milhões.

De acordo com relatório preliminar concluído na quinta-feira (7) e obtido pela reportagem, essas indicações foram evidenciadas em ofícios expedidos pelos próprios parlamentares ou em despachos nos respectivos processos administrativos.

Dentre os citados pelo relatório da CGU estão o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso —ele nega irregularidades.

A análise, elaborada por determinação do ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal), também identificou sobrepreço nas contratações, falta de capacidade técnica para a execução dos objetos e ausência de chamamento público para a escolha das ONGs.

As emendas Pix são verbas direcionadas por parlamentares para o cofre de prefeituras e governos estaduais sem a necessidade de apontar como o recurso será usado.

O tema está no centro de uma crise entre o Congresso e o Judiciário Dino exige mais transparência para os recursos, e parlamentares dizem ver as digitais do governo por trás da atuação do ministro do STF.

Na análise da CGU que focou apenas 20 ONGs, sendo dez beneficiadas com emendas Pix foi citada, por exemplo, uma transferência Pix no valor de R$ 9,5 milhões determinada pela senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB) ao Governo da Paraíba e, por esse, repassado à Fundação Parque Tecnológico da Paraíba (PaqTcPB).

A verba teve como objetivo a execução dos eventos “Bom é na Feira” e “Centro de Cultura Junina para quadrilhas em Campina Grande”, além da reforma de um parque de tecnologia, entre 2023 e 2024.

Segundo a CGU, a partir das análises realizadas sobre as parcerias, verificou-se que a parlamentar “selecionou expressamente a entidade parceira e os projetos a serem contemplados, prescindindo de chamamento público para seleção”.

De acordo com o órgão, não cabe a indicação pelo parlamentar de organização da sociedade civil como beneficiária nessa modalidade.

Também constatou-se que não houve processo de seleção da organização por meio de chamamento público. A Controladoria ainda aponta que as definições sobre a cidade, a instituição executora e os projetos “foram estabelecidos expressamente pela parlamentar autora da emenda”.
“É oportuno mencionar que a parlamentar responsável pela emenda é grande incentivadora de ações implementadas pela fundação, inclusive já recebeu o título de ‘embaixadora do PaqTcPB”, diz a CGU.

A fiscalização do projeto mostra que a ONG não apresentou capacidade operacional e técnica para executar os principais objetos do contrato. Ainda há indícios de direcionamento para a contratação de serviços de empresas de ex-funcionários da ONG, segundo a CGU.
A senadora e a ONG negam qualquer irregularidade.

Outras emendas Pix com supostas irregularidades na execução, de acordo com o relatório da CGU, foram feitas pelo senador Randolfe Rodrigues, nos valores de R$ 550 mil e de R$ 300 mil.

Ambas foram transferidas ao Governo do Amapá, que repassou para a organização da sociedade civil Inorte (Instituto de Gestão em Desenvolvimento Social e Urbano). O objetivo foi a realização da festa de aniversário de 79 anos do município de Oiapoque e da Festa de São Tiago 2024.

Entre as irregularidades, a Controladoria diz que a transferência especial, com a emenda Pix, ocorreu para uma ação definida pelo parlamentar autor da emenda. Além disso, afirmou que não houve chamamento público e que foram contratadas empresas ligadas a dirigentes da instituição, além de sobrepreço.

O órgão diz que, pela “interpretação literal” da Constituição, as emendas do tipo transferência especial só podem ter como beneficiários diretos prefeituras e estados. A decisão sobre a aplicação dos recursos “deve ser exclusiva dos mesmos”.

A CGU também destacou que foi verificado “o registro de publicidade pessoal do congressista responsável pela indicação da emenda durante a execução do evento”.

É possível ver uma publicação no Instagram do Inorte, no dia 21 de setembro, com uma entrevista com Randolfe na divulgação de um evento com e legenda: “No segundo dia de Festival Equinócio o senador Randolfe Rodrigues já nos adianta que tem muito mais surpresas pela frente”.

Procurado pela reportagem, Randolfe diz que não direcionou as emendas para nenhuma instituição e que desconhece a ONG, exceto pelos trabalhos realizados. Em divergência com a CGU, Randfolfe diz que apontar em que a emenda deve ser executada obedece aos critérios de transparência.

“Dar uma indicação específica do objeto para onde o recurso vai é exatamente o que o ministro Dino pede, para mais transparência. Já o governo do estado é que faz e acompanha a execução”, disse.

A Inorte disse que todas as informações do contrato são públicas, que as respostas já foram enviadas para a CGU e que as prestações de contas foram feitas.

No caso da emenda da Paraíba, a senadora Daniella Ribeiro disse, por meio da sua assessoria, que não há qualquer irregularidade na destinação de sua autoria e que, conforme informações da fundação, a execução dos projetos ocorreu na forma da lei.

Também disse que parte dos recursos foram integralmente devolvidos à Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação, “por razões de ordem técnica e recomendação jurídica”, e que é permitido fazer a dispensa de chamamento público para a indicação da aplicação dos recursos.

A secretaria respondeu que todos os processos seguiram os dispositivos legais, com monitoramento na execução.

A diretoria da fundação da Paraíba enviou o mesmo conteúdo da senadora e acrescentou que a organização possui plena capacidade técnica e operacional, fundamentada nos seus 40 anos de atividades.

Constança Rezende / FolhapressPoliticaLivre

Mendonça manda ação para plenário físico do STF, e Collor ganha tempo após maioria por condenação

 Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Ex-presidente Fernando Collor09 de novembro de 2024 | 13:17

Mendonça manda ação para plenário físico do STF, e Collor ganha tempo após maioria por condenação

brasil

O ministro André Mendonça pediu destaque e enviou o julgamento de um recurso da defesa do ex-presidente Fernando Collor para o plenário físico do STF (Supremo Tribunal Federal).

A decisão de Mendonça foi no julgamento que ocorria no plenário virtual do Supremo, quando já havia maioria de 6 a 2 contra o pedido de Collor para reduzir a pena.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, votou contra o recurso de Collor. Ele foi seguido por Edson Fachin, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux.

Os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli votaram pela redução da pena do ex-presidente. Cristiano Zanin se declarou impedido de julgar o caso porque atuou em processos da Lava Jato.

O julgamento chegará no plenário físico com maioria, mas durante a discussão que será feita os ministros poderão ajustar seus votos, o que pode acarretar em mudanças na pena a ser imposta ao ex-presidente.

Como não há previsão para o caso ser pautado no plenário físico, Collor ganha tempo, uma vez que no virtual o caso seria encerrado nesta segunda (11).

De qualquer forma, a defesa de Collor poderia entrar com novos embargos de declaração para pedir a redução da pena.

O ex-presidente foi condenado pelo Supremo em maio de 2023 pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A pena foi fixada na ocasião em oito anos e dez meses de prisão.

A defesa de Collor tenta, com o recurso, mudar a dosimetria da pena e evitar que ele, mesmo condenado, vá à prisão.

Isso porque, no entendimento da defesa de Collor, a redução da pena por corrupção passiva para quatro anos faria o crime prescrever.

Nesse cenário, o ex-presidente teria de cumprir somente a condenação por lavagem de dinheiro, estipulada em quatro anos e seis meses.

A eventual redução da pena final —de oito anos e dez meses para quatro anos e seis meses— pode ainda alterar o cumprimento da sentença, deixando de ser regime fechado para semiaberto. Collor é réu primário, o que pode converter a prisão em prestação de serviços comunitários.

O ex-presidente não ocupa mais cargo público desde o ano passado, quando se encerrou seu mandato de senador por Alagoas. Ele permanece filiado ao PRD (ex-PTB).

Ainda não é possível saber quando Collor poderia ser detido após possível condenação no STF, já que a jurisprudência do Supremo prevê que os condenados só devem começar a cumprir a pena após esgotados todos os recursos (trânsito em julgado).

A denúncia contra o ex-presidente foi apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) em agosto de 2015 no âmbito da Operação Lava Jato. Ele foi acusado de receber propina de um esquema de corrupção na BR Distribuidora, empresa subsidiária da Petrobras.
Segundo a condenação, o ex-presidente teria influenciado o comando e as diretorias da empresa, de 2010 a 2014, para garantir a assinatura de contratos da estatal com a construtora UTC. Em troca, Collor teria recebido R$ 20 milhões.

ENTENDA JULGAMENTO DE COLLOR NO STF

O caso
Fernando Collor é acusado de receber propina em um esquema de corrupção envolvendo a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. Entre 2010 e 2014, o então senador influenciava o comando da companhia, o que levou à assinatura de contratos com a construtora UTC. A celebração dos acordos levou ao recebimento de R$ 20 milhões por Collor.

Lava Jato
A denúncia contra Collor foi uma das primeiras oferecidas pela PGR (Procuradoria-Geral da República) no âmbito da Operação Lava Jato, em agosto de 2015. Os crimes são de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Julgamento
Em maio de 2023, o Supremo decidiu, por 8 a 2, condenar o ex-presidente pelo caso, atribuindo-lhe os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, deixada de lado a organização criminosa por divergência entre os ministros. Kassio Nunes Marques e Gilmar Mendes votaram pela absolvição de Collor.

Regime
O Código Penal estabelece que o condenado com pena superior a oito anos de prisão deve começar a cumpri-la em regime fechado. O Supremo formou maioria contra recurso da defesa de Collor para reduzir a pena.

Efeitos
Collor ainda poderá apresentar um novo recurso para atrasar a aplicação da pena, como os embargos de declaração, questionando omissões na decisão, e os embargos infringentes, que questionam um acórdão não unânime. Como o primeiro recurso foi negado, o Supremo pode entender novos pedidos como protelatórios e mandar prender o ex-presidente.

Defesa
A defesa do ex-presidente afirmou, na época do julgamento, não haver provas suficientes para a condenação. Já o próprio Collor sempre negou ter qualquer participação no esquema.

Cézar Feitoza / FolhapressPoliticaLivre

Bolsonaro está assanhado, mas nem sempre o que ocorre lá se repete aqui


Bolsonaro critica Marçal: “Há distância muito grande" entre facada e cadeirada

Vitória de Donald Trump foi tão fácil que surpreendeu Bolsonaro

Eliane Cantanhêde
Estadão

O principal impacto da vitória de Donald Trump no Brasil não é o que ele poderá fazer contra o governo Lula, mas o que tentará fazer a favor da volta do ex-presidente Jair Bolsonaro, que, aliás, acaba de dizer que quase tudo o que acontece nos Estados Unidos costuma se repetir aqui. Fica implícito: se Trump perdeu a reeleição e acaba de se eleger para novo mandato, por que o mesmo não pode ocorrer com ele em 2026?

Esse risco derruba, ou enfraquece, a tese de que o Supremo e o ministro Alexandre de Moraes, decisivos para evitar um golpe no primeiro mandato e após a derrota de Bolsonaro, erram ao não recolher as armas, porque a ameaça passou, mas eles continuam agindo com excepcionalidade após a volta à normalidade.

FANTASMA DO GOLPE – Será que a ameaça passou mesmo? As vitórias da direita nas eleições municipais no Brasil e de Trump nos EUA estimulam o bolsonarismo e trazem o fantasma do golpe de volta.

Trump não dá bola para a indignação de estrelas e intelectuais que defendem inclusão social, causas identitárias, direitos humanos, e capta com perfeição a insatisfação do “americano comum” que não quer saber do mundo e de princípios, só do que lhe diz direito diretamente: emprego, renda, preços baixos, escola de graça, comida na mesa.

 Incluem-se aí mulheres, negros, o grupo LGBTQIA+ e até os imigrantes – que Trump capturou dos democratas.

NÃO SE ILUDAM – Como na primeira eleição, Trump foi tosco e agressivo durante a campanha, mas suavizou o discurso e o personagem após a vitória.

Não se iludam: ele vai dobrar a aposta contra imigrantes pobres e o multilateralismo, mas a favor da violência na segurança pública, dos combustíveis fósseis, da aproximação com a Rússia e da aliança carnal com Israel. Dane-se a Ucrânia! Adeus, Gaza!

Seu lema é “America first”, mas seu objetivo maior é levar a sua pauta para o mundo e alimentar parcerias em países relevantes em cada continente. Na América do Sul, não lhe basta Javier Milei na Argentina, ele vai investir na volta de Bolsonaro e engordar o bolsonarismo.

MUSK É PRODUTOR – Elon Musk não é um simples espectador ou coadjuvante, é o produtor desse filme.

É por isso que o Supremo e Alexandre de Moraes são alvos centrais de Musk, bolsonaristas e uma enorme fatia da classe média vulnerável ao poder da internet. Afinal, Bolsonaro está inelegível e é alvo de diferentes processos.

Assim como o primeiro chanceler de Bolsonaro, Ernesto Araújo, pregava que “só Trump pode salvar o Ocidente da China”, só STF e Xandão podem manter Bolsonaro inelegível e impedir uma nova investida contra a democracia no Brasil – dessa vez, menos amadora.


Enquanto a direita cresce, Lula resolve inventar a esquerda privatista

Publicado em 9 de novembro de 2024 por Tribuna da Internet

 A decisão de Fachin também livra Lula de pagar multas de R$ 1,78 milhão

Charge do Lézio Júnior (Arquivo Google)

Roberto Nascimento

Dizem por aí que a vitória de Trump foi de lavada. Isso é uma fake news dos direitistas do Brasil, principalmente dos bolsonaristas, que adoram interpretar as eleições por uma ótica canhestra e particular, sem se aterem aos fatos.

Uma diferença de quatro pontos percentuais não pode ser considerado uma lavada e está dentro da margem de erro. E agora já surgiram os principais motivos da derrota dos democratas.

PRAZO DE VALIDADE – A economia, no que tange ao aumento dos gêneros alimentícios, à estagnação da renda do trabalho e ao medo da concorrência dos imigrantes, tudo isso pesou na derrota de Kamala Harris, vice de Joe Biden, um presidente com seu prazo de validade já mais do que vencido.

Trump ficou com medo de perder para uma mulher inteligente, e só fez um debate, se recusando a participar do segundo. Demonstrou covardia e medo de Kamala Harris. Recorreu aos recursos mais baixos, chamando-a de comunista etc. e tal.

Foi preponderante, também o tempo de campanha do Trump e o tempo de campanha de Kamala. Trump estava há quatro anos na estrada e Kamala não completou quatro meses de campanha. E mesmo assim, quase que Kamala Harris chega lá.

CONJUNTO DE FATOS – Uma derrota eleitoral depende de um conjunto de fatos, os quais, somados, determinam a queda.

Economia, imigrantes, duas guerras, na Europa e no Oriente Médio, e a escolha de um vice que não agregou nada a Kamala. Penso que o governador da Pensilvânia teria sido uma escolha mais acertada para vice.

Bem, é nas derrotas, que se abrem os caminhos para uma futura vitória. Corrigir os rumos, os erros e seguir em frente. O eleitor deu um recado ao PT nessas findas eleições municipais, com uma guinada gigantesca para o conservadorismo.

NO DNA BRASILEIRO – Na verdade, o conservadorismo está no DNA dos brasileiros, desde sempre. Portanto, usar o comunismo como um perigo para o Brasil é uma enganação, tipo fake news, mentira deslavada. Não tem relação de causa e efeito com o quadro político e eleitoral, majoritariamente conservador.

Em entrevista concedida ao jornalista e ex-deputado, Roberto D’Ávila, na GloboNews de quarta-feira, José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil do primeiro governo Lula, admitiu a derrota nas eleições e conclamou o PT para iniciar a renovação dos quadros e procurar entender as novas demandas dos antigos eleitores fiéis do partido.
Por qual razão os eleitores migraram para o Centrão, para a Direita Bolsonarista ou pare enganadores como Pablo Marçal e Nikolas Ferreira?

DIREITOS SOCIAIS – Os conservadores querem conservar na acepção da palavra e nunca mudar a vida do cidadão, a não ser as deles mesmos.

Tanto, que as pautas conservadoras seguem a linha da supressão dos direitos sociais, privatização em massa da Saúde e da Educação, porque quase não existem mais estatais para privatizar.

Já começaram a privatização de escolas no Rio, em São Paulo e no Sul. No Rio, além de escolas públicas, com gestores privados, também estão entregando hospitais públicos para empresas privadas e o seu exemplo clássico foi a maior emergência do Rio, o Hospital Souza Aguiar.

CAMINHO INVERSO – A Ministra da Saúde, Nísia, está entregando o Hospital de Bonsucesso para ser gerido por um gestor privado. Será que o caminho para a modernidade e o atingimento de corações e mentes dos eleitores é esse, caro ex-deputado José Dirceu?

Outra coisa, trocar a incompetente Gleisi Hoffmann, atual presidente do PT pelos candidatos postos na mesa de apostas, os senhores, José Guimaraes Guimarães, líder da bancada na Câmara, e o prefeito de Araraquara, Edinho Silva, sinceramente é o mesmo que trocar seis por meia dúzia.


Eduardo Bolsonaro acha que os EUA pretende proibir ingresso de Moraes

Publicado em 9 de novembro de 2024 por Tribuna da Internet

Vereadores rejeitam título de cidadão de São José dos Campos (SP) a Eduardo  Bolsonaro

Eduardo Bolsonaro espera a ajuda de Trump nos EUA

Julia Chaib
Folha

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) avalia que a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos vai influenciar a correlação de forças políticas no Brasil, favorecendo o seu pai, Jair Bolsonaro (PL).

Em entrevista à Folha, o filho do ex-mandatário afirma que a vitória do republicano, que obteve maioria no Senado e pode ampliar sua ascendência sobre a Justiça americana, pode pressionar o STF (Supremo Tribunal Federal) e outras autoridades brasileiras a reverter a inelegibilidade do ex-presidente, um cenário hoje improvável. “Certamente a Suprema Corte ficará menos confortável para fazer perseguições.”

VISTO NOS EUA – O deputado ainda avalia que o fato de Trump ter conseguido maioria no Senado facilita a aprovação de um projeto de lei que impede a entrada nos Estados Unidos de quem tenha violado a liberdade de expressão de cidadãos americanos, apresentado em setembro, por dois congressistas republicanos.

A proposta poderia atingir o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Por trás da projeto está a ideia de que o magistrado violou a Constituição americana ao suspender o X e bloquear perfis de usuários.  deputado afirma que a esquerda “se distanciou da realidade e ficou muito conectada com esses metacapitalistas, que têm um discurso perfumado, mas que não se conectam com as massas”.

“Então, por exemplo, você vai falar de emissão de carbono, de aquecimento global, de agenda woke [forma como é chamado o discurso de pautas identitárias nos Estados Unidos]. Isso é distante para o cara que está vivendo o problema dele de alta criminalidade em algumas cidades, problemas de saúde, geração de emprego e inflação. A inflação foi o tema determinante.”

TOTAL IMPACTO – Eduardo afirma que a vitória de Trump “tem total impacto” no país. Ele afirma que, além de ter ganhado a eleição, Trump conseguiu maioria no Senado, deve obter maioria na Câmara dos Representantes e tem maioria conservadora na Suprema Corte.

“Eu diria que o impacto está muito mais no poder que terá agora os Estados Unidos contra os abusos de autoridades patrocinados por um ministro do STF [referindo-se a Moraes, sem mencioná-lo].”

Segundo ele, a nova configuração do cenário político americano, com o controle republicano do Senado, “torna totalmente factível a aprovação do projeto que tem como objetivo retirar o visto de autoridades estrangeiras que não respeitem a liberdade de expressão de americanos”.

CASO DO X – “Isso se enquadra perfeitamente no recente caso do X, em que houve uma briga entre o Elon Musk e certas instituições brasileiras.”

O ex-presidente Bolsonaro está inelegível até 2030 após ter sido condenado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por abuso de poder político e econômico e uso indevido dos meios de comunicação após difundir mentiras sobre o processo eleitoral em reunião com embaixadores e utilizar eleitoralmente o evento do Bicentenário da Independência.

Sobre a hipótese de essas condenações serem revertidas, Eduardo disse: “Impossível foi tirar o Lula da cadeia, limpar ele, tornar ele elegível. Isso, sim, que foi impossível”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – 
Bolsonaro está jogando todas as fichas na anistia. Até lá, o candidato é ele, e estamos conversados. E haja paciência. (C.N.)


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