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sábado, julho 02, 2022

O malandro e os otários




Por Bernardo Mello Franco 

Todo dia, um malandro e um otário saem de casa. Quando eles se encontram, sai negócio. Na sabedoria popular, é comum que um político assuma o lugar do malandro. Mas os papéis podem se inverter: basta que ele cruze com o apresentador José Luiz Datena.

Há dez anos, o âncora do Brasil Urgente ameaça disputar algum cargo público. Há dez anos, ele anuncia que mudou de ideia, fazendo de trouxas todos os políticos que o cortejaram.

A lenga-lenga começou em 2012, quando o apresentador ensaiou concorrer à Prefeitura de São Paulo. “Às vezes, tenho vontade de me candidatar para corrigir as coisas de dentro”, declarou. A frase deflagrou uma guerra entre partidos interessados em filiá-lo.

Meses depois, Datena anunciou que continuaria na TV. E ainda ironizou as celebridades que trocam o estúdio pelo palanque: “O fato de o cara ter popularidade não vai necessariamente significar que ele é um bom administrador ou que tenha credibilidade”.

Em 2016, o apresentador ensaiou disputar a prefeitura pelo PP. Logo depois, fez pose de indignado e encenou outro recuo. “Não posso permanecer num partido que tomou mais de R$ 300 milhões da Petrobras”, disparou. Faltou dizer que o PP já abrigava o doutor Paulo Maluf quando ele assinou a ficha de filiação.

Na eleição seguinte, Datena se lançou pré-candidato ao Senado pelo DEM, em evento com figurões como Rodrigo Maia e João Doria. Chegou a liderar as pesquisas, mas deu outro olé nos políticos e renovou o contrato com a Band.

Em 2020, o apresentador se filiou ao MDB para concorrer a vice-prefeito na chapa de Bruno Covas. Esticou a negociação até a data-limite, quando reapareceu na TV e fez mais uma promessa furada: “Na próxima eleição, vou deixar a televisão e vou me candidatar”. É incrível, mas muita gente acreditou.

Nos últimos meses, políticos da esquerda, da direita e do centro disputaram o passe de Datena. Ciro Gomes ofereceu a vaga de vice em sua chapa presidencial. Rodrigo Garcia prometeu apoio na corrida ao Senado. O apresentador enrolou os dois e fechou negócio com Jair Bolsonaro.

Ontem coube ao capitão assumir o papel de otário. De manhã, ele anunciou que havia escolhido seu candidato ao Senado: “Fechei com o Datena”. À tarde, o apresentador disse que “pensou bem” e decidiu permanecer na telinha. “A política não é meu espaço natural”, justificou. Em 2024, a novela deve continuar.

O Globo

Superfície de Marte é totalmente fotografada por sonda chinesa

 




Tianwen-1 passou um ano na superfície do planeta e completou tarefas

Lisboa - O planeta vermelho foi todo registrado em imagem pela sonda chinesa Tianwen-1. Depois de um ano na superfície de Marte, a Agência Espacial Chinesa (CNSA) anunciou que a sonda tinha completado todas as tarefas, incluindo a captura de imagens de média resolução de todo o planeta.

É o resultado das tarefas da sonda Tianwen-1. O nome atribuído à sonda significa "busca da verdade celestial", e ela foi lançada em 2020, pousando em Marte em maio deste ano.

O rover Zhurong, que seguia a bordo, iniciou a missão de patrulha e exploração da superfície marciana, enquanto o módulo em órbita estabelecia e retransmitia as comunicações entre o veículo de exploração e a Terra.

Em comunicado, a Agência Espacial Chinesa explicou que a Tianwen-1 concluiu os objetivos desta fase, especialmente a captura de imagens de média resolução que cobrem todo o planeta.

As imagens foram registradas pelo módulo em órbita que circundou Marte 1.344 vezes em 706 dias, captando o planeta vermelho de todos os ângulos, numa ação combinada com o rover que explorava a superfície, indicou a CNSA.

O veículo de superfície, com seis rodas, transportou instrumentos científicos para reunir informações sobre a estrutura geológica, a atmosfera, o meio ambiente e o solo de Marte.

De acordo com a CNSA, "a sonda recolheu 1.040 gigabytes de dados científicos brutos, que foram processados por cientistas na Terra e entregues a equipes de investigação para estudos adicionais". 

A agência acrescentou que as informações de voo do módulo em órbita foram partilhadas com a Nasa, a agência espacial norte-americana, e a Agência Espacial Europeia. os dados científicos estarão disponíveis para cientistas internacionais "no momento apropriado".

O rover entrou em modo inativo em 18 de maio e assim permanecerá durante o inverno marciano, que se caracteriza por baixas temperaturas e más condições, com areia e poeira.

RTP - Rádio e Televisão de Portugal

Agência Brasil

Oposição caiu na armadilha do governo Bolsonaro




Por Míriam Leitão (foto)

A aprovação da chamada PEC 01, com ampla maioria de votos da oposição, mostra que esses senadores caíram na armadilha criada pelo governo Bolsonaro. O presidente ganhou um cheque em branco para ampliar despesas a menos de 100 dias das eleições, desrespeitando as leis fiscais e eleitorais do país.

O único parlamentar com coragem de fazer a coisa certa foi o senador José Serra (PSDB-SP), que foi o voto contrário nos dois turnos de apreciação da matéria no Senado. A ilusão dos senadores oposicionistas é achar que conseguiram melhorar o texto, evitando o pior cenário.

Mas a verdade é que Bolsonaro conseguiu o que queria, com a permissão de gastar até R$ 55,5 bilhões por fora do teto de gastos - incluindo as desonerações dos combustíveis -, pelas contas do próprio secretário do Tesouro, Paulo Valle, e com a criação de programas novos às vésperas de os eleitores irem às urnas.

A crise de falta de recursos para os mais pobres foi provocada pelo próprio governo, que mais uma vez não se planejou para o pior cenário. As medidas foram adiadas, para que próximo das eleições eles pudessem romper as barreiras imposta pelas leis eleitorais aos governantes.

A aprovação relâmpago, com dois turnos em um mesmo dia, sem passar pelas comissões, mostra que esta legislatura perdeu completamente o compromisso com o rigor e a seriedade necessárias para a aprovação de propostas que alteram a Constituição.

O Globo

Testes para covid: o que explica teste negativo em tantos infectados

 




Resultado negativo de um teste feito no primeiro dia de sintomas deve ser interpretado com muita cautela, alertam especialistas

Por André Biernath, em Londres

Nos últimos meses, uma cena tem se tornado cada vez mais comum no Brasil e no mundo: a pessoa começa a apresentar sintomas típicos de covid (tosse, coriza, febre…), faz o teste rápido de antígeno e o resultado dá negativo.

Ela continua a ter os incômodos e, um ou dois dias depois, repete o exame que, aí sim, confirma a infecção pelo coronavírus.

O grande perigo é que, nesse meio tempo sem o diagnóstico adequado, não são adotadas as medidas necessárias para reduzir o risco de passar o vírus adiante — como o isolamento e o uso de máscaras.

Isso, por sua vez, cria novas cadeias de transmissão e faz o número de casos da doença crescer.

Mas o que explica esse fenômeno da "positividade atrasada"? Embora não existam respostas claras, especialistas ouvidos pela BBC News Brasil citam as hipóteses que ajudam a entender esse cenário. Eles também apontam o que fazer para proteger a si e todo mundo ao redor.

Em resumo, apesar de o assunto estar envolvido em muitos mistérios, a recomendação é simples: se você apresentar sintomas típicos de covid, fique em isolamento e evite o contato com algumas pessoas, mesmo se o teste rápido de antígeno feito no primeiro ou no segundo dia der um resultado negativo. E, se possível, tente repetir o exame entre o terceiro e o quinto dia para ter mais certeza sobre o diagnóstico.

O vírus ficou mais veloz?

O primeiro fator que permite explicar esse cenário é a chegada das novas variantes do coronavírus, especialmente aquelas que surgiram a partir da ômicron, como a BA.2 e a BA.5.

O espalhamento delas mundo afora veio seguida de uma mudança importante na incubação, que é o tempo entre o vírus começar a invadir as células do nosso corpo e o início dos sintomas.

"O vírus entra nas células e faz ali dentro entre cem e mil novas cópias de si mesmo, que vão sair para infectar outras células e continuar esse processo, até que o sistema imunológico reaja e cause os sintomas, como nariz escorrendo, espirros, febres…", explica o virologista José Eduardo Levi, coordenador de pesquisa e desenvolvimento da Dasa.

A título de comparação, de acordo com um relatório da Agência de Segurança em Saúde do Reino Unido, a incubação da variante alfa durava, em média, de cinco a seis dias.

Durante a onda da delta, essa janela caiu para quatro dias.

Já na ômicron, o período entre a invasão viral e o início dos sintomas sofreu uma nova redução e fica em apenas três dias.

'Linhagens da ômicron diminuíram tempo de incubação e início dos sintomas'

Ou seja: se antes a pessoa tinha contato com alguém infectado e levava quase uma semana para manifestar os sinais típicos da covid, atualmente esse processo é bem mais rápido e pode acontecer quase de um dia para o outro.

"O que mais vemos em nossos consultórios são pacientes que dizem ter passeado no domingo e já apresentam os sintomas da doença na terça ou na quarta-feira", conta a infectologista e virologista Nancy Bellei, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Mas por que isso está acontecendo?

Vírus diferente, defesas atualizadas

Entre as possíveis teorias que ajudam a entender essa ação mais ligeira da ômicron, alguns especialistas apontam que as próprias mutações genéticas que essa variante carrega encurtaram o tempo de incubação.

Outros também chamam a atenção para o papel do sistema imunológico nesse processo.

Numa série de postagens no Twitter, o imunologista e epidemiologista Michael Mina, que trabalhava na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e atualmente é o diretor científico de uma empresa de testagem, defende que a vacinação "mudou de forma fundamental a relação entre os sintomas de covid e a carga viral".

Anteriormente, os sintomas da covid costumavam aparecer justamente no momento em que a quantidade de vírus no organismo atingia o pico.

"Por que as pessoas agora estão apresentando sintomas, mas o resultado do teste rápido dá negativo?", questionou.

"Os sintomas que sentimos são geralmente o resultado da resposta imune. As vacinas fazem o nosso sistema de defesa detectar o vírus mais rápido, antes que a quantidade de cópias dele atinja o pico. Esse é literalmente o propósito da vacinação", escreveu ele na rede social.

'Com o passar da pandemia e o avanço da vacinação, sintomas mais comuns de covid ficaram menos graves'

Seguindo na explicação, Mina aponta que a resposta imune rápida ajuda a suprimir o vírus por um tempo, até que o patógeno seja eliminado do organismo ou eventualmente consiga vencer essa batalha e comece a se replicar com mais força.

"Com isso, um teste criado para detectar uma certa quantidade de vírus será negativo nos primeiros dias, antes que a carga viral aumente", argumentou o cientista.

Em outras palavras, uma das teorias aventadas aponta que, com a ômicron, o tempo de incubação curto e o aparecimento de sintomas mais cedo faz com que a carga viral (a quantidade de coronavírus em ação) logo nos primeiros dias de infecção não seja alta o suficiente para ser detectada pelos testes rápidos de antígeno.

Mas vale ressaltar que essa é apenas uma das possíveis explicações para esse fenômeno e a ideia está longe de estar comprovada ou ser consenso entre os especialistas.

"O sistema imune também depende de uma certa quantidade de partículas virais para ser ativado e iniciar uma resposta. Então, me parece que a imunidade criada a partir da vacinação ou de quadros prévios de covid vai contribuir mais para terminar rapidamente a infecção do que para o início do quadro", avalia Levi, que também faz pesquisas no Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP).

Em todo caso, existem evidências de que a quantidade de proteínas virais nesses primeiros dias de infecção realmente pode ser mais baixa nas ondas da ômicron.

"Com isso, há um risco de os testes de antígeno falharem na detecção desses casos, já que não existem partículas suficientes para obter um resultado positivo", resume o virologista Anderson F. Brito, pesquisador científico do Instituto Todos pela Saúde.

"Portanto, temos que tomar cuidado na interpretação desses resultados iniciais, até para não criarmos uma falsa sensação de segurança", adverte.

Falha humana e interpretação dos testes

Ainda dentro dessa discussão, não dá pra ignorar o fator humano por trás de erros nos resultados.

O teste de antígeno, que pode ser feito em casa pela próxima pessoa, tem uma série de procedimentos bem específicos — separar os materiais, lavar as mãos, passar a haste no fundo do nariz e da garganta por um tempo mínimo, misturar com soro, esperar alguns minutos, pingar a quantidade exata no dispositivo…

Se uma dessas etapas não é feita da maneira adequada, o resultado pode ser um falso negativo.

"Não dá pra confiar na conclusão de um teste mal feito", diz Bellei, que também integra a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

A médica destaca a variação da qualidade dos exames disponíveis nas farmácias.

"Há muita diferença na sensibilidade e na especificidade dos testes rápidos. Alguns conseguem detectar 80% dos casos, enquanto em outros essa taxa cai para 70% ou 50%", compara.

Embora não exista uma maneira fácil e acessível de saber quais são os produtos mais confiáveis, Bellei orienta que as pessoas deem preferência, se possível, às marcas mais conhecidas, de empresas que trabalham com diagnósticos há décadas.

Uma segunda dica importante é ler atentamente as instruções que vêm com o kit e obedecer cada etapa à risca para diminuir a probabilidade de erros e resultados distorcidos.

Nesse sentido, também foram levantadas muitas dúvidas se os testes de antígeno seriam capazes de detectar as linhagens da ômicron, que trazem muitas mutações em comparação com as variantes anteriores.

Essa hipótese, porém, mostrou-se falsa. "O teste de antígeno detecta principalmente a proteína N do coronavírus", explica Levi.

"E sabemos que a ômicron apresenta mais mutações na proteína S, que não costuma ser o alvo principal desses exames", complementa.

Ou seja: os testes rápidos continuam a funcionar relativamente bem para flagrar as novas variantes.

Talvez o cerne da questão esteja em entender o momento certo de fazer esse exame — e, a partir daí, como interpretar os resultados e tomar as medidas necessárias.

'Seguir à risca orientações para fazer teste é primeiro passo para evitar distorções nos resultados'

O que muda no diagnóstico?

Diante de todas essas alterações observadas no comportamento do vírus e no nosso sistema imune, a principal mensagem é relativamente simples: se você estiver com sintomas típicos de covid, como dor de garganta, tosse, espirros e febre, evite o máximo possível o contato com outras pessoas para não transmitir o agente infeccioso para elas.

Você confere a lista completa dos sinais da doença nesta reportagem da BBC News Brasil:

Essa orientação vale mesmo para as pessoas que fizeram um teste logo nos primeiros dias e o resultado foi negativo — como explicado mais acima, ainda não é possível ter 100% de certeza e pode ser que a carga viral ainda não esteja suficientemente alta para ser detectada pelo exame.

O tempo de quarentena varia de acordo com uma série de condições, mas um período de cinco a sete dias costuma ser o suficiente para a maioria das pessoas.

Veja quantos dias de isolamento são necessários para cada situação no link a seguir:

Se você fez o teste no primeiro ou no segundo dia de sintomas e o resultado foi negativo, vale repetir o exame no terceiro, no quarto ou no quinto dia, se possível.

Uma pesquisa ainda não publicada da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, no Reino Unido, mostrou que o pico de carga viral costuma acontecer justamente até três dias após o início dos sintomas.

Com isso, caso você esteja realmente com covid, será mais provável pegar esse pico da carga viral, quando a quantidade de vírus estará alta o suficiente para o teste dar positivo.

"E é importante notificar o resultado para a unidade de saúde mais próxima de sua casa, para eventualmente confirmar o diagnóstico por meio de outros métodos mais precisos, como o RT-PCR, e para que o caso seja contabilizado nas estatísticas oficiais", ressalta Brito.

Vale, claro, manter o isolamento e evitar o contato com outras pessoas, especialmente aquelas mais vulneráveis à covid, como idosos e imunossuprimidos, durante esse período de incerteza entre um teste e outro.

Outro ponto fundamental é manter a vacinação atualizada.

"As variantes até 'aparecem' mais cedo, mas quem está com todas as doses em dia transmite menos coronavírus em comparação com quem não possui o esquema vacinal completo", informa a imunologista Cristina Bonorino, professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).

Um estudo feito na Universidade de Seul, na Coreia do Sul, mostra justamente isso. Indivíduos vacinados que pegam covid podem transmitir o coronavírus por quatro dias, em média. Já quem está parcialmente imunizado "repassa" o patógeno por até oito dias.

"Fora que a vacina é o que permite a infecção não evoluir para casos mais graves e preocupantes na maioria das vezes", completa a especialista, que também integra a SBI.

Por ora, o Ministério da Saúde recomenda uma quarta dose de vacina para toda a população com mais de 40 anos. Entre os 12 e os 39, são indicados três doses. Já para crianças de 5 a 11 anos, duas doses.

BBC Brasil

PEC das Bondades é inconstitucional e afronta à democracia, diz ex-presidente do STF




Proposta foi aprovada em 1º turno no Senado nesta quinta-feira e institui até o fim do ano um estado de emergência, o que libera o governo para aumentar gastos públicos às vésperas da eleição

Por Mariana Muniz 

Brasília - Ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e por duas vezes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro aposentado Carlos Velloso avalia como "inconstitucional" e uma "afronta à democracia" a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que institui até o fim do ano um estado de emergência para viabilizar a criação e a ampliação de benefícios sociais a três meses das eleições. O texto foi aprovado em primeiro turno no Senado no início da noite de hoje.

— Essa PEC é flagrantemente inconstitucional, porque atinge o direito à Democracia, que é uma cláusula pétrea da nossa Constituição. A proposta prejudica a eleição, o voto periódico, que é o fundamento da nossa Democracia —, afirma Velloso ao GLOBO.

O ministro, que hoje atua como jurista e advogado, foi presidente do STF de 1999 a 2001, e atuou na Corte de 1990 a 2006, quando se aposentou. Para ele, há uma parcela de responsabilidade do Legislativo em permitir que uma PEC driblando a lei eleitoral seja analisada e, talvez, aprovada.

— É preocupante que o Legislativo brasileiro assuma a responsabilidade, o ônus, de aprovar uma PEC que pode ter consequências tão graves —, disse.

O objetivo da Proposta de Emenda à Constituição é viabilizar a criação e a ampliação de uma série de benefícios sociais a três meses das eleições, com custo de R$ 38,7 bilhões. A legislação proíbe a concessão e a criação de benefícios no ano do pleito, o que só permitido em casos de calamidade ou emergência. Para contornar essa situação, o texto original da PEC prevê, então, o estado de emergência relacionado ao preço dos combustíveis.

Além do Auxílio Brasil, a PEC cria um auxílio para caminhoneiros autônomos de R$ 1.000 mensais, a um custo de R$ 5,4 bilhões até o fim do ano. Todas essas medidas terão caráter emergencial e duração prevista até 31 de dezembro de 2022.

O Globo

Nova York avança na consolidação do direito ao aborto em sua constituição




O senado do estado de Nova York - fotografado aqui em junho de 2011 - está agindo para adicionar o direito ao aborto à constituição do estado

O estado de Nova York se mobilizou nesta sexta-feira (1º) para consagrar o direito ao aborto e o acesso a contraceptivos em sua constituição, após a sentença da Suprema Corte dos Estados Unidos que abalou os direitos reprodutivos no país.

O senado estadual "avançou na primeira aprovação de uma emenda para codificar o direito ao aborto e o direito à contracepção na Constituição do Estado", disse em um comunicado.

A legislação de Nova York já permite o aborto, mas a medida acrescentará uma camada extra de proteção legal para o procedimento.

Além disso, a emenda busca "atualizar a existente Emenda sobre Igualdade de Direitos para ampliar as proteções atuais a várias categorias novas, incluindo as baseadas em sexo, deficiência, origem nacional, etnia e idade", observou.

Após sua aprovação no senado, o projeto passará para a assembleia estadual, onde espera-se que seja também aprovado. E então, os eleitores irão às urnas para votar a medida em um referendo.

Há décadas, os conservadores americanos trabalham para anular o caso Roe v. Wade, a decisão da Suprema Corte de 1973 que estabeleceu que a Constituição dos EUA contempla o direito à interrupção da gravidez.

No mês passado, tiveram sucesso quando a nova maioria conservadora do mais alto tribunal derrubou a sentença de quase 50 anos atrás, algo esperado, mas que provocou protestos em todo o país e críticas internacionais.

A decisão devolveu aos estados o poder de estabelecer suas próprias normas sobre a questão do aborto. A expectativa é que metade deles o proíba ou o restrinja fortemente.

No entanto, outros se declararam "santuários" do aborto e prometeram protegê-lo, assim como outros direitos como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, que progressistas agora temem estar na mira da Suprema Corte.

AFP / SWI

O casamento da barbárie com o atraso




Havia no Brasil uma grande agenda de modernização pela frente, só que o bolsonarismo interrompeu este processo civilizatório

Por Fernando Luiz Abrucio* (foto)

O governo Bolsonaro é o casamento do atraso com a barbárie. Este projeto está levando o país a um enorme retrocesso, que já pode ser contado em termos de décadas. O Brasil tinha tido vários avanços institucionais e sociais desde a redemocratização, especialmente com a Constituição de 1988, mas também por meio de melhorias ocorridas em diversos mandatos. Ainda havia uma grande agenda de modernização pela frente, só que o bolsonarismo interrompeu este processo civilizatório e se corre o risco agora de sobrar apenas um Estado destruído e uma sociedade dominada pela lógica da violência.

A modernização brasileira ocorreu em múltiplas dimensões desde o final do regime militar. O primeiro ganho foi político. O país tornou-se democrático, realizando oito eleições presidenciais livres e com alternâncias de poder. Houve uma ampliação dos mecanismos de participação popular e fiscalização dos governantes, de modo que o Estado se tornou mais aberto à sociedade e transparente. A democracia brasileira tinha ganhado uma forma inédita, pois escolhia livremente os seus representantes por um método limpo de seleção e podia controlá-los para evitar o arbítrio, o pior dos males de qualquer regime político.

O segundo ganho desse processo civilizatório foi social. Houve enormes avanços em indicadores de saúde, num país historicamente marcado pela desassistência aos mais pobres, especialmente as crianças, mulheres e idosos. Sinal disso foi a melhora substancial nas taxas de mortalidade infantil, expectativa de vida, saúde materna, entre outros.

Tão ou mais expressivo foram as conquistas educacionais, uma vez que antes da Constituição de 1988 boa parte da população infantil e juvenil estava fora da escola ou era expulsa dela ao longo dos anos. O conjunto dos mais vulneráveis começou a completar o ensino fundamental e chegar ao ensino médio, coisa muito rara até a década de 1980.

A inclusão chegou a grupos como as pessoas com deficiência e fez-se uso de políticas afirmativas no acesso à universidade, gerando a primeira geração de negras e negros que em larga escala podem ocupar empregos e lideranças dos quais foram alijados desde o final da escravidão.

A redução da miserabilidade foi outra conquista social significativa. O Brasil reduziu em duas décadas a fome, que era endêmica no país, e o percentual de pessoas em situação de pobreza absoluta. Políticas como o Plano Real, o Bolsa Família, o BPC, o crescimento dos equipamentos da assistência social, entre os principais fatores, foram essenciais neste processo civilizatório, ao que se soma uma maior articulação do Estado com a sociedade e do governo federal com as prefeituras.

No campo econômico os avanços foram menores, mas não podem ser desprezados. Em primeiro lugar, o país foi, pouco a pouco, até a rebelião do Centrão, arrumando o orçamento público. Os gastos até o regime militar tinham poucas amarras institucionais e se podia ter, inclusive, orçamentos paralelos como a Conta Movimento do Banco do Brasil - imagine se o presidente Bolsonaro pudesse hoje utilizar esse tipo de recurso, que provavelmente ainda seria secreto por 100 anos...

Muitas reformas institucionais das contas públicas foram feitas e pouca gente lembra disso hoje. Tudo isso foi relevante para o combate à inflação, uma praga que assolou o Brasil por mais de 20 anos. Houve sim alguns sobressaltos depois do Plano Real, mas de magnitude bem menor do que na época áurea de instabilidade. Também ocorreram modernizações no campo das concessões, das privatizações, da legislação de parceria público-privado, da regulamentação do crédito e mais recentemente com a Lei das Estatais.

O maior problema dessa era de reformas foi, sem dúvida alguma, a combinação de crescimento econômico com garantia de emprego de qualidade. É verdade que em certos momentos conseguiu-se esse resultado virtuoso, com mais vigor durante quase dez anos desse século (2004-2013), que foi um período áureo de ascensão social mais ampla no Brasil. Entretanto, esses espasmos não foram suficientes para gerar um ciclo duradouro de desenvolvimento.

Boa parte dos analistas debita os fracassos da redemocratização ao pacto dos governantes eleitos com o atraso, representado não só por congressistas geralmente vinculados ao Centrão, mas também por grupos sociais e econômicos que parasitam o Estado.

Essa visão ajuda a entender a manutenção de proteções e privilégios, a continuidade de bolsões de clientelismo e corrupção, a ausência de reformas em áreas estratégicas. Porém, pelo menos desde Itamar Franco e ao longo da era tucano-petista, os governos tinham, com maior ou menor sucesso, uma perspectiva de modernização do país, de modo que procuravam barganhar com os setores atrasados, mas lutavam para não ser comandados por eles.

Bolsonaro acabou com essa era de modernização fazendo um casamento perverso entre o atraso e a barbárie. A junção com o patrimonialismo arcaico (e arcaizante) tem seu símbolo máximo na aliança com o Centrão, numa mistura diferente das anteriores por duas razões.

A primeira é que o comando da pauta legislativa e do orçamento livre foi dado integralmente ao presidente da Câmara, Arthur Lira. Nem FHC, nem Lula e mesmo Temer, que deu os primeiros passos neste sentido, não chegaram nunca a esse ponto. Lira manda e desmanda na República como nem Eduardo Cunha conseguira.

Ele pula todos os ritos processuais básicos da democracia para aprovar temas de interesse comum para a reeleição de seus pares e do presidente da República, recebendo de presente a chave de um cofre com mais de R$ 30 bilhões - um valor anual maior do que dez anos de petrolão!

Mas é a segunda especificidade do pacto macabro de Bolsonaro com o Centrão a mais relevante. Essa aliança tem gerado uma enorme desestruturação do Estado brasileiro, num processo de enfraquecimento de políticas públicas vitais como saúde, educação, meio ambiente e direitos humanos, além de desinstitucionalizar regras básicas de governança das instituições democráticas. O cenário é de terra arrasada, com a Federação vilipendiada, o sistema de controle dominado ou colocado sob fogo cruzado, a politização e redução da autonomia da burocracia federal e um aumento descomunal da opacidade dos atos governamentais.

O desespero em relação à reeleição presidencial levou a um comportamento ainda mais predatório na busca por recursos públicos. Lira e Bolsonaro perderam qualquer pudor que porventura tivessem e não estão se importando se vão quebrar e destruir o Estado.

Vão tirar dinheiro dos estados, dos municípios, da educação, da saúde, da segurança pública, da Eletrobras vendida, do BNDES e de onde mais for possível, inclusive descumprindo a legislação eleitoral. A aliança com o atraso chegou ao seu ponto máximo: não há mais modernização possível enquanto estiverem juntos os atores principais da novela bolsonarista.

O mais impressionante é que o pacto macabro com o atraso não é a pior característica do bolsonarismo. O seu caminho orientador é alimentar a barbárie na sociedade. Isso passa tanto pelo apoio a soluções violentas frente aos conflitos públicos, como pela disseminação do ódio contra grupos e atores sociais considerados inimigos.

Daí o apoio a garimpeiros ilegais que destroem a Amazônia e assassinam seus defensores, a haters misóginos e racistas da internet, a juízes e ocupantes de cargos públicos que pregam a desobediência às leis em nome da pureza moral, a políticos que defendem a repressão da criminalidade matando indiscriminadamente os pobres e pretos, a pastores de araque que saqueiam o orçamento público tirando dinheiro das crianças e jovens que ficaram sem educação remota por quase dois anos.

Essa selvageria é o núcleo das ideias de Bolsonaro, e o atraso trazido pelo Centrão é apenas um meio para se garantir o poder de disseminação da barbárie. Na verdade, ter mais dinheiro para jogar pelo helicóptero por alguns meses, procurando eleitores que aceitem migalhas, é um instrumento secundário na lógica política bolsonarista. O discurso principal não será esse. O radicalismo será a tônica da campanha de reeleição, e os coronéis da política, sempre patrimonialistas, mas geralmente moderados, foram engolidos, inadvertidamente ou não, pelo bolsonarismo.

Agora, o Centrão estará ao lado de um palanque que defende a humilhação e a violência contra crianças e mulheres estupradas, o assassinato dos muitos heróis como Marielle, Dom e Bruno que defendem os mais vulneráveis, o desprezo em relação aos indígenas e negros, a falta de empatia com os mortos pela covid-19.

Toda vez que um político aliado de Lira - ou ele próprio - for pedir voto, poderá ser lembrado dos vários episódios nos quais o bolsonarismo espalhou o ódio e a violência contra os mais diversos grupos sociais. O peso negativo de curto prazo do apoio de Bolsonaro pode estar mais na economia, mas essa companhia pode afetar mais profundamente a imagem dos políticos tradicionais.

De todo modo, a manutenção do casamento do atraso com a barbárie torna impossível o retorno ao caminho da modernização do país. É preciso que a sociedade brasileira perceba logo isso, antes que a lógica da violência bolsonarista enterre qualquer possibilidade civilizatória.

*Fernando Abrucio, doutor em ciência política pela USP e professor da Fundação Getulio Vargas.

Valor Econômico

"Não sou eu que tenho de me convidar", diz Marcelo, presidente de Portugal




Presidente de Portugal reage ao cancelamento por Bolsonaro do encontro agendado para segunda-feira.

O presidente da República afirmou, esta sexta-feira, na partida para a visita oficial ao Brasil, que vai "com a mesma predisposição de ontem ou anteontem". Respondia assim à decisão do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, de cancelar o encontro entre ambos, na segunda-feira, em Brasília. O chefe do Estado fez questão de frisar que mantém "o mesmo programa".

Se isso vier a acontecer "não é um drama", considerou Marcelo Rebelo de Sousa, que desvalorizou as consequências deste incidente nas relações bilaterais. Marcelo falava aos jornalistas no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, antes de embarcar num voo especial da TAP para o Rio de Janeiro para celebrar a travessia aérea do Atlântico Sul feita há cem anos por Gago Coutinho e Sacadura Cabral.

Segundo o presidente da República, o convite de Bolsonaro surgiu depois de já ter marcada esta deslocação, com passagens pelo Rio e por São Paulo, onde se realiza a Bienal Internacional do Livro, que nesta edição tem Portugal como país homenageado. O presidente brasileiro afirmou ontem à CNN Brasil que decidiu cancelar o encontro, justificando esta decisão com o facto de o chefe do Estado português se ir encontrar com o antigo presidente Lula da Silva no domingo. v

Jornal de Notícias (PT)

Gilmar dá mais 5 dias para União responder propostas dos governadores sobre ICMS




O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), estendeu o prazo para a União se manifestar sobre as propostas apresentadas pelos governos estaduais para a cobrança de Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS) que incide sobre os combustíveis.

Em despacho nesta sexta-feira, 1º, o ministro deu mais cinco dias úteis para o governo federal enviar uma resposta. A Advocacia-Geral da União (AGU) havia pedido uma prorrogação de 30 dias.

Na última terça-feira, 28, em audiência de conciliação convocada por Gilmar Mendes, os estados propuseram que que o ICMS seja calculado com base na média dos últimos 60 meses. Outra proposta foi a de que as alíquotas do sobre combustíveis superiores às cobradas sobre operações em geral sejam aplicadas apenas a partir de 2024.

"Diante das variáveis político-fiscal-orçamentárias, o papel do STF, no contexto autocompositivo, é reconstruir pontes para devolver à arena político-legislativa a solução final, como sendo o melhor caminho para se tutelarem os interesses envolvidos após o desenrolar da mediação/conciliação", escreveu o ministro.

Estadão / Dinheiro Rural

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