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terça-feira, novembro 02, 2010
Dilma venceria sem o Nordeste
Números mostram que petista ganharia a eleição mesmo se só fossem computados os votos do Sul, Sudeste e Centro-Oeste
Baiano é eleito para governar o DF
O baiano de Itapetinga, Agnelo Queiroz (PT), foi eleito em segundo turno, ontem, o novo governador do Distrito Federal. Segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o petista recebeu 66,1% dos votos, contra 33,9% de Weslian Roriz (PSC), mulher do ex-governador Joaquim Roriz (PSC). Weslian entrou na disputa após o marido renunciar à candidatura por estar ameaçado pela Lei da Ficha Limpa. Queiroz, ex-ministro do Esporte, assume o Distrito Federal após uma onda de escândalos que atingiu o governo do Distrito Federal.
Sob denúncias de corrupção que envolviam o então governador José Roberto Arruda e deputados distritais, o DF chegou a ser alvo de um pedido de intervenção federal por parte da Procuradoria-Geral da República. Em meio a uma crise política, o Executivo teve quatro governadores diferentes num período de três meses. Agnelo foi eleito apresentando propostas como criar o bilhete único no transporte coletivo, criar 400 equipes de Saúde da Família e uma Unidade de Pronto Atendimento em cada uma das 30 regiões administrativas do DF e construir pelo menos 100 mil unidades habitacionais.
Na campanha, ele se aliou a Tadeu Filipelli (PMDB), que já participou do governo de Joaquim Roriz - fato amplamente criticado por oposicionistas. O petista, por sua vez, procurava caracterizar a candidatura de Weslian como um projeto de continuísmo. Nas propagandas eleitorais, ele acusava “o grupo que está no poder há 14 anos” pelos problemas de Brasília na área da saúde.
Campanha conturbada
A campanha do Distrito Federal teve momentos conturbados. Weslian só entrou na disputa no dia 24 de setembro, quando Roriz renunciou temendo ter a candidatura cassada pela Justiça com base na Lei da Ficha Limpa.
Na campanha, ela prometeu levar adiante propostas do marido, como o retorno das vans e a instalação de câmeras de TV por toda a cidade para combater a violência. A candidata fez aliança com oito partidos, entre eles o Democratas, do governador cassado José Roberto Arruda, e o PSDB.
Durante debate na TV Globo, ela se confundiu e chegou a dizer que defenderia “toda aquela corrupção”. Antes do debate, em frente à sede da TV Globo, militantes dos dois candidatos chegaram a entrar em confronto.
Fonte: Tribuna da Bahia
Discurso para "seguir mudando"
“Se o governo Lula deu certo – e essa é a percepção da ampla maioria do povo brasileiro –, deve muito isso a Dilma. O que precisará ser verificado agora é se a capacidade política de Dilma se iguala a essa capacidade administrativa”
Há algum tempo, quando começava na televisão o horário político, comentei aqui sobre o slogan da campanha da agora presidente do Brasil, Dilma Rousseff, o "seguir mudando". Era uma perfeita síntese do que a candidatura de Dilma pretendia, e que as pesquisas mostravam que vinha sendo muito bem assimilado pelos eleitores. “Seguir” era a chave da candidatura de continuidade. “Mudando”, o sinal de que as prioridades do governo Lula, de aumento da inclusão social com desenvolvimento, deveriam ser ampliadas para que o país continuasse mudando.
Um país que hoje já não se pauta mais pela vontade e pelo discurso de seus poderosos, da elite econômica quatrocentona de São Paulo. Um país que se espalhou até quanto a essa antiga centralização econômica, que hoje já tem atores fortes no mundo empresarial e dos negócios, com interesses diferentes e com força para vê-los prevalecer, no Nordeste, no Centro-Oeste. Novas empresas, novas montadoras de veículos, o agronegócio, etc. E que, mais do que isso, formou uma nova classe média dona do seu próprio nariz, devedora das políticas criadas por Lula e com uma compreensão diferente do país e do papel que exercem. Serra não foi capaz de enxergar essa gente e essas mudanças. Continuou falando para os mesmos, do mesmo jeito. Na virada do primeiro para o segundo turno, acabou aceitando ser o porta-voz de uma minoria conservadora acuada. Não entendeu o novo país. Perdeu.
A oposição terá de fazer suas avaliações e encontrar um discurso para se contrapor. Coisa que, definitivamente, ela não teve na campanha que passou. Mas a intenção aqui não é avaliar tanto a oposição. Deixemos isso para mais adiante. A intenção aqui é avaliar a primeira manifestação de Dilma como futura presidente a partir de janeiro do ano que vem. Voltando à ideia do primeiro parágrafo, do “seguir mudando”, o discurso de vitória de Dilma é o primeiro clareamento do que está na cabeça dela para tornar realidade seu mote de campanha.
Como principal gestora das ações de governo desde que assumiu a Casa Civil, tenho a impressão de que Dilma tem na sua cabeça o script do que imagina que deva ser feito com mais clareza do que tem o próprio presidente Lula. A competência administrativa de Dilma, como servidora pública, é coisa conhecida pelos cargos que ocupou. Se o governo Lula deu certo – e essa é a percepção da ampla maioria do povo brasileiro –, deve muito isso a Dilma. O que precisará ser verificado agora é se a capacidade política de Dilma se iguala a essa capacidade administrativa. Esse é um fator pouco testado. Uma coisa é ficar determinado que você é chefe na estrutura de governo e você dar ordens e obter resultados. Esse papel, Dilma cumpre bem. Mas os políticos aliados com quem Dilma terá de lidar não se comportarão como subordinados dela. Será preciso ver como ela se sairá nessa tarefa.
Se demonstrar ter esse traquejo político, as linhas do que Dilma pretende fazer para “seguir mudando” estavam no discurso que ela fez depois que soube oficialmente que estava eleita presidente. Primeiro, ela demonstra uma grande compreensão de seu tamanho. Ela sabe que não é o fenômeno que Lula foi, alguém que já chegou, com sua trajetória digna de filme (como, de fato, virou) à Presidência como mito. Dilma terá que fazer aliados, terá que transitar entre os setores da sociedade. Daí suas palavras de apoio à liberdade de imprensa (depois de meses de polêmica sobre controle da mídia e depois do comportamento claramente partidário que alguns veículos assumiram na campanha). Daí seu compromisso com a liberdade religiosa. Daí seu chamado à oposição para que as farpas naturais da campanha sejam esquecidas.
Trabalhando aí o ambiente político de tranquilidade necessária para tocar o governo, Dilma começou a detalhar o que está na sua cabeça para manter os fundamentos do governo Lula com condições de ampliar os resultados. Se Lula prometeu em 2002 fazer com que todos os brasileiros pudessem se alimentar todos os dias, Dilma já imagina poder dar o passo adiante: do esforço para erradicar a fome, trabalhar agora para erradicar toda forma de miséria.
Dilma sabe que encontra um mundo mergulhado em crise, vivendo uma mudança de eixo econômico, onde as potências tradicionais – Estados Unidos e Europa – vivem problemas sérios e onde as novas potências emergentes – China, Índia – ainda tratam de resolver seus próprios problemas. Por isso, conscientemente, ela descarta a ajuda da “pujança das economias desenvolvidas” e prega que vamos ter que trabalhar nós mesmos.
E, então, Dilma dá as pistas do que pensa para alavancar o que foi o fator principal da política econômica de Lula e da forma como conseguiu fazer tirar cerca de 30 milhões da pobreza e fazer ascender uma nova classe média, que deu sustentação à sua reeleição em 2006 e à vitória da sua sucessora agora: a política de crédito e a formalização do emprego. Incentivos para negócios familiares, simplificação tributária, indução do crescimento de alguns setores, como construção civil. Os recursos do pré-sal aparecem, na cabeça da nova presidente, como uma importantíssima reserva para essa ampliação da rede social e de crédito para as populações de baixa renda.
Dilma assumiu, na campanha e em seu discurso, compromissos com a educação. Uma das críticas que a oposição faz (quando teve coragem de criticar) à política social de Lula é que o Bolsa Família gera uma situação de dependência, clientelista, sem criar condições para que seu beneficiário deixe no futuro de precisar do benefício. Para dar um passo adiante, essa é uma situação que precisa mesmo ser superada. A educação básica não foi mesmo uma prioridade do governo Lula. Se vier a ser no governo Dilma, o “seguir mudando” pode mesmo dar certo.
*É o editor-executivo do Congresso em Foco. Formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília em 1986, Rudolfo Lago atua como jornalista especializado em política desde 1987. Com passagens pelos principais jornais e revistas do país, foi editor de Política do jornal Correio Braziliense, editor-assistente da revista Veja e editor especial da revista IstoÉ, entre outras funções. Vencedor de quatro prêmios de jornalismo, incluindo o Prêmio Esso, em 2000, com equipe do Correio Braziliense, pela série de reportagens que resultaram na cassação do senador Luiz Estevão
Fonte: Congressoemfoco
Outros textos do colunista Rudolfo Lago*
CNBB pede a Dilma 'fidelidade no cumprimento das promessas'
Renata Camargo
Em nota oficial, divulgada nesta segunda-feira (1º), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) saudou a presidente eleita Dilma Rousseff (PT) pela vitória e pediu à ex-ministra “fidelidade no cumprimento das promessas apresentadas durante a campanha eleitoral”. Entre as promessas, os bispos católicos esperam que a petista atenda ao compromisso, firmado em carta, de não legalizar o aborto.
“Passadas as eleições, o compromisso de todos é unir os esforços na construção de um Brasil com paz, justiça social e vida plena para todos. Pesa sobre os ombros de cada um dos eleitos a responsabilidade de corresponder plenamente às expectativas e à confiança, não só de seus eleitores, mas de toda a Nação brasileira”, diz a nota.
O aborto foi uma das principais polêmicas do segundo turno das eleições presidenciais neste ano. Durante a campanha eleitoral, alguns bispos da Igreja Católica e lideranças evangélicas se posicionaram contra a candidatura de Dilma, por considerar a petista favorável à descriminalização do aborto.
A polêmica tomou proporções maiores com o posicionamento do bispo de Guarulhos (SP), dom Luiz Gonzaga Bergonzini, que orientou padres de sua cidade a pregarem nas missas o voto contra a petista. Para minimizar o impacto eleitoral, durante o segundo turno, Dilma divulgou uma carta à sociedade, em que negava ser favorável ao aborto.
Na nota divulgada hoje pela CNBB, os bispos católicos afirmam ainda que "cabe, agora, a todos nós, brasileiros e brasileiras, a irrenunciável tarefa de acompanhar os eleitos no exercício de seu mandato, a fim de que não se percam nos caminhos do poder de que foram revestidos". A nota é assinada pelo presidente da CNBB, Dom Geraldo Lyrio Rocha, pelo vice-presidente da conferência, Dom Luiz Soares Vieira, e pelo secretário-geral, Dom Dimas Lara Barbosa.
Leia a íntegra da nota da CNBB:
Saudação da CNBB aos eleitos
Ao final do segundo turno das eleições, ocorrido neste domingo, 31 de outubro, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB saúda todos os eleitos – deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidente da República -, augurando-lhes sucesso na tarefa de representar e defender o povo que os escolheu para esta missão. A CNBB cumprimenta de maneira especial a Sra. Dilma Rousseff, eleita presidente da República, a quem caberá dirigir os destinos da nação brasileira nos próximos quatro anos.Dela e dos demais eleitos se espera fidelidade no cumprimento das promessas apresentadas durante a campanha eleitoral. Passadas as eleições, o compromisso de todos é unir os esforços na construção de um Brasil com paz, justiça social e vida plena para todos. Pesa sobre os ombros de cada um dos eleitos a responsabilidade de corresponder plenamente às expectativas e à confiança, não só de seus eleitores, mas de toda a Nação brasileira.
Saudamos o povo brasileiro, que protagonizou o espetáculo da cidadania e da democracia ao participar ativamente das eleições em seus dois turnos. Cabe, agora, a todos nós, brasileiros e brasileiras, a irrenunciável tarefa de acompanhar os eleitos no exercício de seu mandato, a fim de que não se percam nos caminhos do poder de que foram revestidos.
Que Deus, de quem provém toda autoridade, acompanhe cada um dos eleitos com sua graça e sua bênção. O divino Espírito Santo os ilumine e lhes conceda sabedoria a fim de que tomem sempre as decisões mais acertadas para o bem de nosso povo. Imploramos a intercessão de Nossa Senhora Aparecida para os que foram eleitos e para todo o povo brasileiro
Brasília, 31 de outubro de 2010
Dom Geraldo Lyrio Rocha
Arcebispo de Mariana
Presidente da CNBB
Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus
Vice-presidente da CNBB
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário Geral da CNBB
Fonte: Congressoemfoco
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A Polícia Federal (PF), órgão vinculado ao Ministério da Justiça (MJ), solicitou ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) abertura de concursos públicos para 1.352 vagas distribuídas entre cinco carreiras da instituição. As chances contemplarão os cargos de papiloscopista (116), agente de polícia (396), delegado (150), escrivão (362) e agente administrativo (328).
O recente anúncio do órgão quase triplica o número de vagas inicialmente previsto. Isto porque, anteriormente, a PF havia confirmado que esperava o aval do MPOG para preencher 480 vagas para as carreiras de agente administrativo e papiloscopista.
Agente administrativo - De acordo com a assessoria da PF, o pedido para abertura de 328 chances para agente administrativo já está no Ministério do Planejamento e, após a autorização, o edital deverá ser lançado em seguida. A previsão é que os aprovados no concurso tomem posse rapidamente, já que o cargo de agente administrativo não prevê realização de curso de formação.
A atividade de agente administrativo exige nível médio e, segundo a tabela de remuneração dos servidores federais de 2010, têm salário, já somadas as gratificações, de R$ 2.9884.
Nível superior - Os pedidos para abertura das outras 1.024 vagas de papiloscopista, agente de polícia, escrivão e delegado também já estão no Planejamento.
De acordo com informações do Ministério da Justiça, os processos foram enviados para a análise do Planejamento no último dia 20. Os salários previstos correspondem a R$ 7.514 (agente, papiloscopista e escrivão) e R$ 13.368 (delegado).
Leia reportagem completa na edição impressa do Jornal A Tarde desta terça-feira, 2Abstenção de 21,5% nas eleições é a maior desde 94
No domingo, 36 milhões de brasileiros não foram às urnas ou preferiram votar em branco ou nulo. Somente nas duas eleições de Fernando Henrique Cardoso, esse índice foi maior nos últimos anos
36 milhões de pessoas não apareceram ou votaram em branco ou nulo no segundo turno das eleições |
Eduardo Militão e Mário Coelho
A quantidade de brasileiros que não apareceu para votar no domingo das eleições presidenciais chegou a 29,1 milhões, ou 21,50% dos eleitores, índice só menor do que o registrado em 1994, quando Fernando Henrique Cardoso (PSDB) venceu Lula. A opção de não votar nem em Dilma Roussef, a presidente eleita, nem em José Serra, seu adversário, porém, não deve ser atribuída apenas à ausência, certamente amplificada pela coincidência do pleito com o feriado de hoje (2), Dia de Finados. Quando somados também os cidadãos que compareceram às sessões de votação, mas optaram pelo voto nulo ou em branco, o contingente chega a 36,6 milhões de pessoas, e representa 26,76% do eleitorado, a maior marca desde 1998, quando FHC bateu Lula novamente.
Para o presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, o feriado prolongado pesou no aumento da abstenção. O cientista político Alexandre Barros cita a insatisfação de eleitores de Marina Silva (PV) como motivo para a quantidade de descontentes. Barros diz que a boa situação econômica e as semelhanças entre Dilma e Serra fizeram muita gente descansar em vez de votar. Ele não vê a abstenção como problema, mas como percepção de que o voto é um direito, e não um dever.
Os 36,3 milhões de brasileiros que não escolheram nem Dilma Rousseff nem José Serra seriam suficientes para mudar o resultado das eleições. Isso porque a soma de descontentes e indiferentes supera em três vezes a diferença entre a petista e o tucano, que foi de 12 milhões a favor de Dilma, a primeira mulher eleita presidente do Brasil. Para Alexandre Barros, porém, essa é uma matemática simplista. Ninguém tem condições de saber como votariam os que se abstiveram se resolvessem escolher um dos dois candidatos que disputaram o segundo turno. “Essa é a pergunta que não adianta fazer, porque ninguém tem a resposta”, diz o consultor político Alexandre Barros.
Levantamento do Congresso em Foco baseado em informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que a média de não-comparecimento às urnas somada à insatisfação pelo voto nulo ou em branco é de 26,79% entre 1994 e 2010. Ou seja: o percentual destas eleições coincide com essa média.
O índice de abstenção no segundo turno da disputa presidencial também foi maior do que na primeira rodada. Se no domingo passado, deixaram de votar 29,1 milhões, no primeiro turno, foram 24,6 milhões, ou 18,1%. Só no dia 31, outros 7,1 milhões de brasileiros preferiram apertar o botão “branco” da urna ou anular o voto, digitando um número inexistente.
“Um contingente grande do eleitorado brasileiro parece ter se cansado dessa polarização entre PT e PSDB”, observa o cientista político José Luciano Dias. “A votação de Marina foi o primeiro reflexo disso. A opção de não votar no segundo turno também”, conclui.
De fato, o percentual dos que não votam parece oscilar de acordo com a certeza que o eleitorado demonstra quanto às boas possibilidades percebidas por trás das candidaturas em disputa. Os dados do TSE mostram que o contingente de brasileiros indiferentes ou descontentes com as eleições vinha caindo entre 2002 e 2006. Foram os anos em que a maior parte do eleitorado encontrou em Lula o desaguadouro das suas aspirações. Em 2002, numa consideração de que ele e o PT fariam um governo que respeitaria a ética na política e combateria a corrupção. Em 2006, muitos dos que assim pensavam estavam decepcionados, por conta de episódios como o mensalão. Mas Lula compensara esse fato trazendo para si a nova classe média que emergia com sua política social. Agora, o percentual dos que não se julgavam representados nem por Dilma nem por Serra voltou a subir.
A soma da abstenção com os votos brancos e nulos era de 32% em 1994, subiu para 36% em 98 e caiu até 24% no segundo turno de 2006. No primeiro turno deste ano, foi para 25%. E agora, alcançou os 27%, mesmo índice da média dos últimos 16 anos e o maior valor desde 1998.
Já a abstenção sozinha vem oscilando durante esse período. Chegou a 29% em 1994 e, neste segundo turno, a 21,5%, o maior índice desde então. A média histórica mostra a abstenção média de 19,70% nos últimos 16 anos.
Abstenção e voto dos descontentes sobe no segundo turno
Percentual de eleitores em relação ao eleitorado da época
Clique aqui para ampliar ao gráfico
A diferença entre a abstenção no primeiro e no segundo turno destas eleições foi de 4,5 milhões. É como se quase todo o eleitorado do Pará (4,7 milhões) deixasse de votar de uma vez só. O Pará foi o estado que teve a maior abstenção – 26,79% ou 1,27 milhões de eleitores.
A soma da abstenção com o número de brancos e nulos também subiu entre o primeiro e o segundo turno. Passou de 34,2 milhões para 36,3 milhões de eleitores.
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Fonte: Congressoemfoco
segunda-feira, novembro 01, 2010
RESCALDO ELEITORAL
Placar final do 2º turno segundo números oficiais divulgados pelo TSE: Dilma Rousseff 55.752.092 (56,05%); José Serra: 43.710.422 (43,95%). Na Bahia Dilma 4.737.079 (70,85%) e Serra 1.948.584 (29,15%). Em Paulo Afonso Dilma 41.813 (81,34%) e Serra 9.590 (18,66%).
Com os números definitivos me aguçou a curiosidade sobre as previsões dos mais importantes institutos de opinião nos dias que antecederam ao pleito, é que em toda divulgação repudiamos os números quando é desfavorável a nossa posição política. No último dia 30 o IBOPE e o Datafolha apresentaram os seguintes números: Datafolha – Dilma 55% e Serra 45%. IBOPE – Dilma 56% e Serra 44%. Ambos os institutos cravaram na mosca e as pequenas variações estão dentro da margem de erro.
Divulgados os números aconteceu que sempre acontece, aos vencedores as batatas e aos perdedores as avaliações intermediárias. Avaliações de cientistas políticos, sociólogos e políticos de ambos os lados convidados pelos canais televisivos e suas previsões sobre os governos recém eleitos.
Se para muitos Serra é um democrata há tempos deixou de ser. O homem tem ego que não tem tamanho, na base do “é eu ou mais ninguém” e a convivência com seus pares sempre é problemática. Na entrevista da pós-derrota parecia mais um leão ferido do que um político republicano. Na omissão defenestrou Aécio Neves e deu a entender que deverá guiar a oposição. O PSDB fez 08 governadores e reúne Estados com eleitorado de 52.000.000 de eleitores, não significando que seja dono do pedaço que foi quase que partilhado com Dilma.
Por outro lado, nas hostes governistas, já começaram as especulações sobre o provável ministério de Dilma até com menção de nomes e se discute qual será a figura de Lula no futuro governo. Lula como responsável pelo Brasil que recuperou ou adquiriu a auto-estima do país que cresceu aprovado por mais de 87% dos brasileiros, será sempre o grande timoneiro. Não há porque Dilma não ouvi-lo, cabendo a ela impor no curso da administração sua marca própria.
Toda e qualquer avaliação agora não deixará de ser prematura. As eleições presidenciais são distintas das estaduais que por sua vez são distintas das municipais. Quando se elege um prefeito se elege pensando nas coisas mais imediatas e quando se elege um presidente a opção é feita por quem sentiu ganhos para o seu bolso e sua estabilidade.
O desempenho do PSDB elegendo 8 governadores foi importante para evitar o risco da mexicanização do país, o que seria horrível para a democracia.
A vitória não foi de Dilma, pessoa que até passado recente não existia politicamente. Dilma vinha com uma imagem de técnica eficiente. Até quando Chefe da Casa Civil da Presidência da República não exerceu a intermediação política, recebendo de Lula a incumbência de gerir o PAC e o plano habitacional do país. Nisso a mulher é fera.
A vitória foi de Lula e não é preciso explicar com a própria história que construiu e sua capacidade de conciliar.
Os índices de aprovação ao seu governo não deixam dúvidas. Lula nasceu no sindicalismo, enveredou pelo mundo político inovando, quando resolveu percorrer todo o país como uma espécie de Coluna Prestes moderna e foi capaz de mudar os rumos da política nacional. Elegeu-se Presidente, foi reeleito e elegeu sua sucessora. O prestígio internacional, a consolidação de economia nacional e as políticas públicas voltadas para a educação e a inclusão social foram o suficientes para indicar Dilma como candidata, sem ter que ouvir os partidos políticos de sua base de sustentação.
O mapa político resultante das urnas no segundo turno revelou um país sulista de oposição, incluindo-se São Paulo, do sudeste, e um Brasil governista baseado no Norte e Nordeste, assomando-se ai Rio de Janeiro e Minas Gerais. Embora o mapa tenha revelado isso, em tese, isso não verdade.
Mesmo nos Estados onde Serra venceu Sul e o centro-oeste e região do agronegócio, as vitórias não foram suficientes, o que revela que as políticas de Lula de combate a pobreza e de inclusão social tiveram efeitos positivo.
No segundo turno há uma eleição diferente e por se tratar de opção de vida, o eleitorado decide se deve continuar com a situação atual ou se pretende mudar.
Dilma herdou expressivas maiorias no Senado e na Câmara dos deputados. O PMDB, individualmente, tem a maioria no Senado e o PT na Câmara dos Deputados. Nem por isso terá vida fácil na composição dos cargos e nas votações O PMDB se tornou profissional em composições políticas e os partidos camaleônicos como PP, PTB e outras legendas irão querer um naco na Administração Pública. Eles são vorazes.
E o futuro? O futuro só Deus é capaz de antever. Dilma se fizer uma boa administração poderá tentar a reeleição. Lula fica de prontidão. Na dúvida de se por em risco o projeto político ele será a opção, embora eu defenda que ocorra no Brasil o que ocorre nos Estados Unidos. O Presidente reeleito não mais poderá se candidatar e nem se intromete nas administrações.
Do lado oposicionista Serra quebrou o acordo com Aécio que tinha o aval de Fernando Henrique de realizar prévias. Serra sempre entendeu ser maior do que Fernando Henrique Cardoso. Creio que um futuro embate interno no PSDB para eleições futuras será entre Alckmin e Aécio. Aécio com mais dinamismo e capacidade de aglutinar. Poderá vir a ser um osso duro nas próximas eleições presidenciais. Transita por todos os segmentos, sabe dialogar e repousa no 2º maior colégio eleitoral do País. Bem, isso fica para o PSDB.
Creio que Dilma poderá fincar seu nome na história não somente por ser eleita Presidente da República Federativa do Brasil e por ser a 1ª mulher eleita para o cargo. Ela contribuiria muito para a consolidação da democracia brasileira se propusesse uma ampla reforma política, limitando um mandato de 05 anos, sem reeleição, uma reforma fisco-tributária para melhor partilhar o bolo e racionalizar a carga tributária e uma reforma do Poder Judiciário, sintonizando-o e aproximando-o mais aos interesses da população, sem concessão de excesso de poder aos Tribunais que se julgam hoje um sobrepoder. Nas atuais eleições, o Poder foi incapaz de decidir grandes temas, como da ficha limpa, deixando as atuais eleições ainda pendentes de resultados.
Paulo Afonso, 01 de novembro de 2010.
Fernando Montalvão.
Íntegra do discurso de Dilma
O primeiro pronunciamento da presidenta eleita
Veja abaixo a íntegra do primeiro discurso feito por Dilma Roussef após ser eleita presidente da República. O pronunciamento foi feito em Brasília na noite de domingo, dia 31 de outubro de 2010:
"Minhas amigas e meus amigos de todo o Brasil,
É imensa a minha alegria de estar aqui. Recebi hoje de milhões de brasileiras e brasileiros a missão mais importante de minha vida. Este fato, para além de minha pessoa, é uma demonstração do avanço democrático do nosso país: pela primeira vez uma mulher presidirá o Brasil. Já registro portanto aqui meu primeiro compromisso após a eleição: honrar as mulheres brasileiras, para que este fato, até hoje inédito, se transforme num evento natural. E que ele possa se repetir e se ampliar nas empresas, nas instituições civis, nas entidades representativas de toda nossa sociedade.
A igualdade de oportunidades para homens e mulheres é um principio essencial da democracia. Gostaria muito que os pais e mães de meninas olhassem hoje nos olhos delas, e lhes dissessem: SIM, a mulher pode!
Minha alegria é ainda maior pelo fato de que a presença de uma mulher na presidência da República se dá pelo caminho sagrado do voto, da decisão democrática do eleitor, do exercício mais elevado da cidadania. Por isso, registro aqui outro compromisso com meu país:
- Valorizar a democracia em toda sua dimensão, desde o direito de opinião e expressão até os direitos essenciais da alimentação, do emprego e da renda, da moradia digna e da paz social.
- Zelarei pela mais ampla e irrestrita liberdade de imprensa.
- Zelarei pela mais ampla liberdade religiosa e de culto.
- Zelarei pela observação criteriosa e permanente dos direitos humanos tão claramente consagrados em nossa constituição.
- Zelarei, enfim, pela nossa Constituição, dever maior da presidência da República.
Nesta longa jornada que me trouxe aqui pude falar e visitar todas as nossas regiões. O que mais me deu esperanças foi a capacidade imensa do nosso povo, de agarrar uma oportunidade, por mais singela que seja, e com ela construir um mundo melhor para sua família. É simplesmente incrível a capacidade de criar e empreender do nosso povo. Por isso, reforço aqui meu compromisso fundamental: a erradicação da miséria e a criação de oportunidades para todos os brasileiros e brasileiras.
Ressalto, entretanto, que esta ambiciosa meta não será realizada pela vontade do governo. Ela é um chamado à nação, aos empresários, às igrejas, às entidades civis, às universidades, à imprensa, aos governadores, aos prefeitos e a todas as pessoas de bem.
Não podemos descansar enquanto houver brasileiros com fome, enquanto houver famílias morando nas ruas, enquanto crianças pobres estiverem abandonadas à própria sorte. A erradicação da miséria nos próximos anos é, assim, uma meta que assumo, mas para a qual peço humildemente o apoio de todos que possam ajudar o país no trabalho de superar esse abismo que ainda nos separa de ser uma nação desenvolvida.
O Brasil é uma terra generosa e sempre devolverá em dobro cada semente que for plantada com mão amorosa e olhar para o futuro. Minha convicção de assumir a meta de erradicar a miséria vem, não de uma certeza teórica, mas da experiência viva do nosso governo, no qual uma imensa mobilidade social se realizou, tornando hoje possível um sonho que sempre pareceu impossível.
Reconheço que teremos um duro trabalho para qualificar o nosso desenvolvimento econômico. Essa nova era de prosperidade criada pela genialidade do presidente Lula e pela força do povo e de nossos empreendedores encontra seu momento de maior potencial numa época em que a economia das grandes nações se encontra abalada.
No curto prazo, não contaremos com a pujança das economias desenvolvidas para impulsionar nosso crescimento. Por isso, se tornam ainda mais importantes nossas próprias políticas, nosso próprio mercado, nossa própria poupança e nossas próprias decisões econômicas.
Longe de dizer, com isso, que pretendamos fechar o país ao mundo. Muito ao contrário, continuaremos propugnando pela ampla abertura das relações comerciais e pelo fim do protecionismo dos países ricos, que impede as nações pobres de realizar plenamente suas vocações.
Mas é preciso reconhecer que teremos grandes responsabilidades num mundo que enfrenta ainda os efeitos de uma crise financeira de grandes proporções e que se socorre de mecanismos nem sempre adequados, nem sempre equilibrados, para a retomada do crescimento.
É preciso, no plano multilateral, estabelecer regras mais claras e mais cuidadosas para a retomada dos mercados de financiamento, limitando a alavancagem e a especulação desmedida, que aumentam a volatilidade dos capitais e das moedas. Atuaremos firmemente nos fóruns internacionais com este objetivo.
Cuidaremos de nossa economia com toda responsabilidade. O povo brasileiro não aceita mais a inflação como solução irresponsável para eventuais desequilíbrios. O povo brasileiro não aceita que governos gastem acima do que seja sustentável.
Por isso, faremos todos os esforços pela melhoria da qualidade do gasto público, pela simplificação e atenuação da tributação e pela qualificação dos serviços públicos. Mas recusamos as visões de ajustes que recaem sobre os programas sociais, os serviços essenciais à população e os necessários investimentos.
Sim, buscaremos o desenvolvimento de longo prazo, a taxas elevadas, social e ambientalmente sustentáveis. Para isso zelaremos pela poupança pública.
Zelaremos pela meritocracia no funcionalismo e pela excelência do serviço público. Zelarei pelo aperfeiçoamento de todos os mecanismos que liberem a capacidade empreendedora de nosso empresariado e de nosso povo. Valorizarei o Micro Empreendedor Individual, para formalizar milhões de negócios individuais ou familiares, ampliarei os limites do Supersimples e construirei modernos mecanismos de aperfeiçoamento econômico, como fez nosso governo na construção civil, no setor elétrico, na lei de recuperação de empresas, entre outros.
As agências reguladoras terão todo respaldo para atuar com determinação e autonomia, voltadas para a promoção da inovação, da saudável concorrência e da efetividade dos setores regulados.
Apresentaremos sempre com clareza nossos planos de ação governamental. Levaremos ao debate público as grandes questões nacionais. Trataremos sempre com transparência nossas metas, nossos resultados, nossas dificuldades.
Mas acima de tudo quero reafirmar nosso compromisso com a estabilidade da economia e das regras econômicas, dos contratos firmados e das conquistas estabelecidas.
Trataremos os recursos provenientes de nossas riquezas sempre com pensamento de longo prazo. Por isso trabalharei no Congresso pela aprovação do Fundo Social do Pré-Sal. Por meio dele queremos realizar muitos de nossos objetivos sociais.
Recusaremos o gasto efêmero que deixa para as futuras gerações apenas as dívidas e a desesperança.
O Fundo Social é mecanismo de poupança de longo prazo, para apoiar as atuais e futuras gerações. Ele é o mais importante fruto do novo modelo que propusemos para a exploração do pré-sal, que reserva à Nação e ao povo a parcela mais importante dessas riquezas.
Definitivamente, não alienaremos nossas riquezas para deixar ao povo só migalhas. Me comprometi nesta campanha com a qualificação da Educação e dos Serviços de Saúde. Me comprometi também com a melhoria da segurança pública. Com o combate às drogas que infelicitam nossas famílias.
Reafirmo aqui estes compromissos. Nomearei ministros e equipes de primeira qualidade para realizar esses objetivos. Mas acompanharei pessoalmente estas áreas capitais para o desenvolvimento de nosso povo.
A visão moderna do desenvolvimento econômico é aquela que valoriza o trabalhador e sua família, o cidadão e sua comunidade, oferecendo acesso a educação e saúde de qualidade. É aquela que convive com o meio ambiente sem agredí-lo e sem criar passivos maiores que as conquistas do próprio desenvolvimento.
Não pretendo me estender aqui, neste primeiro pronunciamento ao país, mas quero registrar que todos os compromissos que assumi, perseguirei de forma dedicada e carinhosa. Disse na campanha que os mais necessitados, as crianças, os jovens, as pessoas com deficiência, o trabalhador desempregado, o idoso teriam toda minha atenção. Reafirmo aqui este compromisso.
Fui eleita com uma coligação de dez partidos e com apoio de lideranças de vários outros partidos. Vou com eles construir um governo onde a capacidade profissional, a liderança e a disposição de servir ao país será o critério fundamental.
Vou valorizar os quadros profissionais da administração pública, independente de filiação partidária.
Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles. De minha parte não haverá discriminação, privilégios ou compadrio.
A partir de minha posse serei presidenta de todos os brasileiros e brasileiras, respeitando as diferenças de opinião, de crença e de orientação política.
Nosso país precisa ainda melhorar a conduta e a qualidade da política. Quero empenhar-me, junto com todos os partidos, numa reforma política que eleve os valores republicanos, avançando em nossa jovem democracia.
Ao mesmo tempo, afirmo com clareza que valorizarei a transparência na administração pública. Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito. Serei rígida na defesa do interesse público em todos os níveis de meu governo. Os órgãos de controle e de fiscalização trabalharão com meu respaldo, sem jamais perseguir adversários ou proteger amigos.
Deixei para o final os meus agradecimentos, pois quero destacá-los. Primeiro, ao povo que me dedicou seu apoio. Serei eternamente grata pela oportunidade única de servir ao meu país no seu mais alto posto. Prometo devolver em dobro todo o carinho recebido, em todos os lugares que passei.
Mas agradeço respeitosamente também aqueles que votaram no primeiro e no segundo turno em outros candidatos ou candidatas. Eles também fizeram valer a festa da democracia.
Agradeço as lideranças partidárias que me apoiaram e comandaram esta jornada, meus assessores, minhas equipes de trabalho e todos os que dedicaram meses inteiros a esse árduo trabalho. Agradeço a imprensa brasileira e estrangeira que aqui atua e cada um de seus profissionais pela cobertura do processo eleitoral.
Não nego a vocês que, por vezes, algumas das coisas difundidas me deixaram triste. Mas quem, como eu, lutou pela democracia e pelo direito de livre opinião arriscando a vida; quem, como eu e tantos outros que não estão mais entre nós, dedicamos toda nossa juventude ao direito de expressão, nós somos naturalmente amantes da liberdade. Por isso, não carregarei nenhum ressentimento.
Disse e repito que prefiro o barulho da imprensa livre ao silencio das ditaduras. As criticas do jornalismo livre ajudam ao pais e são essenciais aos governos democráticos, apontando erros e trazendo o necessário contraditório.
Agradeço muito especialmente ao presidente Lula. Ter a honra de seu apoio, ter o privilégio de sua convivência, ter aprendido com sua imensa sabedoria, são coisas que se guarda para a vida toda. Conviver durante todos estes anos com ele me deu a exata dimensão do governante justo e do líder apaixonado por seu pais e por sua gente. A alegria que sinto pela minha vitória se mistura com a emoção da sua despedida.
Sei que um líder como Lula nunca estará longe de seu povo e de cada um de nós. Baterei muito a sua porta e, tenho certeza, que a encontrarei sempre aberta. Sei que a distância de um cargo nada significa para um homem de tamanha grandeza e generosidade. A tarefa de sucedê-lo é difícil e desafiadora. Mas saberei honrar seu legado. Saberei consolidar e avançar sua obra.
Aprendi com ele que quando se governa pensando no interesse público e nos mais necessitados uma imensa força brota do nosso povo. Uma força que leva o país para frente e ajuda a vencer os maiores desafios.
Passada a eleição agora é hora de trabalho. Passado o debate de projetos agora é hora de união. União pela educação, união pelo desenvolvimento, união pelo país. Junto comigo foram eleitos novos governadores, deputados, senadores. Ao parabenizá-los, convido a todos, independente de cor partidária, para uma ação determinada pelo futuro de nosso país.
Sempre com a convicção de que a Nação Brasileira será exatamente do tamanho daquilo que, juntos, fizermos por ela.
Muito obrigada."
Fonte: Congressoemfoco
O raio X da disputa presidencial
Apesar da grande vantagem obtida por Dilma, Serra teve no segundo turno a melhor performance do PSDB em uma campanha presidencial desde 1998. Veja onde os dois presidenciáveis se saíram melhor, nas votações de ontem e do dia 3 de outubro
Dilma sai das eleições com quase 56 milhões de votos. Mas Serra garantiu à oposição seu melhor desempenho desde a última eleição de FHC |
Sylvio Costa, Rudolfo Lago e Edson Sardinha
Para quem nunca disputou na vida uma eleição, trata-se de uma estreia política impressionante. A nova presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, a primeira mulher a exercer o cargo mais importante do país, é dona de quase 56 milhões de votos. Às 2h desta segunda-feira, com 99,99% dos votos apurados, sua votação era de 55,7 milhões de votos. Dilma venceu as eleições em 16 estados e no Distrito Federal. E teve do seu lado a totalidade dos estados do Nordeste.
Apesar da vitória imensa, as eleições de 2010 foram as mais apertadas dos últimos anos. Esse equilíbrio ficou bastante claro, por exemplo, no desempenho que os dois candidatos tiveram nas capitais.
Dilma perde na comparação com o desempenho de Lula em 2002 e 2006. E Serra cresce nas comparações com ele mesmo em 2002 e com Geraldo Alckmin em 2006. Mesmo com a expressiva vitória obtida por Dilma, a oposição demonstrou considerável poder de fogo na votação de ontem.
Além de vencer a eleição em dez estados, José Serra (PSDB) teve o melhor desempenho do seu partido desde 1998, quando Fernando Henrique derrotou Lula no primeiro turno. O tucano manteve a vantagem que já havia conseguido em oito unidades federativas e virou o jogo em outras três, Rio Grande do Sul, Goiás e Espírito Santo.
Dilma, que superou Serra em mais de 12 milhões de votos (ou 12 pontos percentuais), ganhou a disputa no Distrito Federal e mais 16 estados. Em alguns deles, sua vitória foi estrondosa. Destacaram-se Amazonas (onde ela conquistou 80,57% dos votos válidos), Ceará (77,35%), Maranhão (79,09%) e Pernambuco (75,65%).
Serra obteve sua maior votação proporcional em dois pequenos estados, Acre (onde o governador eleito, já no primeiro turno, é o senador petista Tião Viana) e Roraima. No Acre, com 99% dos votos apurados, o ex-governador paulista contabilizava 69,68% dos votos válidos. Em Roraima, ele teve 66,56%.
Histórico
Dilma obteve no segundo turno pouco mais de 56% dos votos válidos, enquanto Serra obteve quase 44%. O candidato do PSDB sai das eleições com 43,7 milhões de votos. São mais de 10 milhões de votos além do que ele obteve nas eleições de 2002, quando saiu do Ministério da Saúde como o candidato do governo para enfrentar Lula.
Naquela ocasião, Serra somou 33,4 milhões de votos. Se a vantagem de Dilma sobre Serra em 2010 foi de 12 milhões de votos, a vantagem de Lula sobre Serra em 2002 foi de 19,4 milhões de votos.
Em 2002, Serra venceu o segundo turno em um único estado: Alagoas. E teve 38,7% dos votos, contra 61,3% obtidos por Lula.
Em termos percentuais, a vitória de Lula sobre Serra em 2002 foi mais folgada que a vitória sobre Geraldo Alckmin em 2006. Lula obteve 60,83% dos votos, contra 39,17% de Alckmin. O candidato tucano venceu em cinco estados e no Distrito Federal: Roraima, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além do DF. Lula fez 58,3 milhões de votos, e Alckmin 37,5 milhões. Em termos numéricos, porém, Lula despachou Alckmin com uma diferença maior de votos com relação à disputa com Serra em 2002: a vantagem de Lula sobre Alckmin foi de 20,8 milhões de votos.
Onde cada um foi melhor
Mesmo longe de ter sido capaz de reverter o resultado da eleição, Serra melhorou seu desempenho neste segundo turno sobre Dilma, em comparação com o primeiro turno.
No último dia 3 de outubro, Dilma venceu as eleições em 18 estados (Amazonas, Pará, Amapá, Maranhão, Ceará, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul).
Serra ganhou em oito (Acre, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Santa Catarina), e Marina Silva, do PV, no Distrito Federal.
O Congresso em Foco preparou para você um mapa completo das eleições deste ano. Aqui, você verá todos os números das eleições no primeiro e no segundo turno. Os dados estão atualizados até as 2h de hoje (segunda, 1 de novembro), quando estavam apurados 99,99% dos votos destas eleições.
Clique aqui para ver o mapa completo das eleições de 2010Fonte: Congressoemfoco
Serra diz que luta do PSDB está apenas no começo
Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Folha.com
PRONUNCIAMENTO DE 31 DE OUTUBRO DE 2010
No dia de hoje, os eleitores falaram e nós recebemos com respeito e humildade a voz do povo. Quero aqui cumprimentar a candidata eleita Dilma Rousseff (PT) e desejar que ela faça bem para o nosso país.
Eu disputei com muito orgulho a Presidência da República. Quis o povo que não fosse agora. Mas digo, aqui, de coração, que sou muito grato aos 43,6 milhões de brasileiros e brasileiras que votaram em mim. Sou muito grato a todos e a todas que colocaram um adesivo, uma camiseta que carregaram uma bandeira com Serra 45.
Quero agradecer também aos milhões de militantes que lutaram nas ruas e na internet por um Brasil soberano, democrático e que seja propriedade do seu povo.
Eu recebi tanta energia nessa campanha, foram sete meses de muita energia, de muita movimentação e de muito equilíbrio também, que foi necessário. E eu chego hoje, nesta etapa final, com a mesma energia que tive ao longo dos últimos meses. O problema é como dispender essa energia nos próximos dias e semanas
Ao lado desses 43,6 milhões de votos, nós recebemos, também, votos que elegeram dez governadores que nos apoiaram. Dos quais, um está presente. Um companheiro de muitas jornadas, Geraldo Alckmin. Ele se empenhou na minha eleição, mais do que se empenhou na dele
A maior vitória que nós conquistamos nessa campanha não foi mérito meu, mas foi de vocês [imprensa]. Nesses meses duríssimos, onde enfrentamos forças terríveis, vocês alcançaram uma vitória estratégica no Brasil. Cavaram uma grande trincheira, construíram uma fortaleza, consolidaram um campo político de defesa da liberdade e da democracia do Brasil
Vi centenas e milhares de jovens que me lembraram o jovem que eu fui um dia, sonhando e lutando por um país melhor, como eu faço até hoje. Onde os políticos fossem servidores do povo e não se servissem do nosso povo
Para os que nos imaginam derrotados, eu quero dizer: nós apenas estamos começando uma luta de verdade. Nós vamos dar a nossa contribuição ao país, em defesa da pátria, da liberdade, da democracia, do direito que todos têm de falar e de serem ouvidos. Vamos dar a nossa contribuição como partidos, como parlamentares, como governadores. Essa será a nossa luta
Por isso a minha mensagem de despedida nesse momento não é um adeus, mas um até logo. A luta continua. Viva o Brasil!
Fonte: AgoraLeia Notícias do seu time
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Lições da urnas
Carlos Chagas
Revelado o resultado das urnas, logo podem ser tiradas algumas lições, pelo menos por este ano:
1. Ficou claro que votos se transferem, sim senhor. Claro, quando a popularidade serve para impulsioná-los. Dilma Rousseff não ficou com os 83% das preferências populares do Lula, mas obteve o bastante para ganhar a eleição.
2. Quem não é conhecido pode chegar em primeiro lugar, como a candidata demonstrou, tornando-se conhecida em poucos meses e virando o eleitorado.
3. Passado político, realizações administrativas, tempo de serviços prestados à causa pública são fatores importantes numa eleição, mas jamais essenciais quando, para compensa-los, um candidato (ou uma candidata) apresentam-se como herdeiros da continuidade do antecessor.
4. Outra evidência é de que os tempos modernos desconstruíram a influência de entidades e instituições até milenares, como a Igreja Católica. Ficou provado que o Papa não manda nada, pelo menos nas eleições brasileiras. A intervenção, mesmo subliminar, de Sua Santidade, não se refletiu em votos.
5. Apesar do espalhafato televisivo feito pelas Igrejas Evangélicas nos últimos anos, e tendo conseguido eleger aqui e ali um senador ou um deputado, os bispos não arranharam a decisão do eleitorado, nem carreando mais votos para José Serra, nem retirando-os de Dilma Rousseff.
6. Passou a época das centrais sindicais, ironicamente quando há oito anos elas deram a tônica da primeira vitória do Lula. Se tivesse dependido da CUT a vitória da Dilma, ela entraria na galeria de uma série de líderes que o tempo levou, podendo no máximo eleger-se deputada federal do tipo Jair Meneghelli, Vicentinho e outros.
7. Da mesma forma frustraram-se os barões da imprensa, aqueles dirigentes de jornalões que um dia imaginaram-se donos da opinião pública. Sua campanha ostensiva, como a enrustida, contra a candidata do PT serviu apenas para assegurarem o apoio da classe média alta, que já detinham e que continuariam detendo mesmo se não tivessem dedicado uma só das múltiplas manchetes e dos editoriais desperdiçados há meses para denegrir o governo e sua candidata. Parece haver-se encerrado o período em que desfilavam sua empáfia pelos clubes e restaurantes de luxo, bajulados pela freqüência elitista.
8. Baixou a crista dos institutos de pesquisa, todos incorrendo em clamorosos erros na campanha pelo primeiro turno, quem sabe até distorcendo números no intuito de agradar clientes. A unanimidade dos percentuais no segundo turno revelou apenas que tentaram recuperar o faturamento para as próximas eleições.
9. Outra lição a tirar das urnas foi de que denúncias de corrupção, verdadeiras, falsas ou exageradas, valem muito pouco na decisão do eleitorado. Não são consideradas pela maioria dos eleitores.
10. Por último, nessa relação ainda inconclusa, a lição maior: eleições deixaram de ser prática elitista, comandadas pelas camadas privilegiadas da sociedade. O voto tornou-se instrumento da maioria tantas vezes desconsiderada. Daqueles que perceberam, certos ou errados, que detém o controle do processo político nacional…
O BRASIL É O MESMO
O brasileiro comum acordou hoje cedo, abriu a janela e, olhando para aquele pedacinho de céu que ainda lhe é devido em meio à selva de pedra, constatou haver o sol nascido como todos os dias. Por conta do feriadão prolongado, muitos voltaram para a cama ou tomaram café com calma. Os que foram trabalhar enfrentaram os mesmos constrangimentos nos transportes coletivos, raros e lotados. Para chegar à fabrica, ao escritório ou ao comércio, o cidadão que ganha pouco e paga muito de impostos notou estarem as ruas mais sujas do que o comum.
Nesta ou naquela capital os garis já se encontravam a postos, limpando toneladas de sujeira, a maior parte de cartazes já velhos, papéis de propaganda eleitoral aos montes, plásticos usados aos milhares, embalagens de bebidas e restos de comida. Um ou outro companheiro de trabalho comentava o resultado das eleições de ontem, escolhida que tinha sido a nova presidente da República. Pela primeira vez na República, uma mulher. Apesar disso, prevaleceu a rotina de todos os dias: preocupação com contas a pagar, com a performance dos filhos no colégio, o próximo Natal e os presentes cada vez mais caros, as programadas mas raras vezes concretizadas férias de fim de ano. Num minuto de desatenção diante do trabalho, vieram o pensamento e a conclusão: o Brasil é o mesmo, igualzinho hoje como ontem…
CINTURÃO DE DUVIDAS
Debruçada sobre o mapa do Brasil, dona Dilma estará verificando que apesar de Brasília estar marcada pela cor vermelha, ao redor e até mais adiante prevalece o azul. Goiás, Minas, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul são estados loteados pela oposição. Vivêssemos tempos idos e correria risco a própria existência da capital federal, cercada de adversários.
Registra-se apenas um cinturão de dúvidas felizmente hoje transferidas para o plano dos confrontos políticos e das lides administrativas.
Inexistissem outras razões mais nobres estaria apenas nessa imagem geográfica a disposição da nova presidente da República de estender as mãos às oposições. Sem esquecer, é claro, que estados amigos também envolvem os estados que a cercam.
Senão de congraçamento, a hora é de todos buscarem entender-se. Começando por ela mas passando pelos governadores dos estados referidos. Afinal, se o governo central precisa deles, a recíproca será mais do que verdadeira: não governarão sem Brasília.
Nesse período de euforia que se segue ao festival eleitoral, começam a sair pelo ralo os choques, as agressões e a violência das campanhas. O perigo é o refluxo.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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