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domingo, março 23, 2025

Ditadura de verdade foi a de 64, que os Bolsonaros vivem a celebrar

 Ditadura de verdade foi a de 64, que os Bolsonaros vivem a celebrar

A fuga do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para os EUA, sob a tresloucada justificativa de que o Brasil estaria sob regime de exceção (ditadura), emite um potente sinal político.

A família Bolsonaro já dá como favas contadas a condenação e a prisão de Jair Bolsonaro pelos crimes dos quais o ex-presidente foi acusado pela PGR no âmbito da tentativa de golpe para aferrá-lo ao poder em 2022.

E à medida que Bolsonaro se aproxima desse encontro com o destino, aos membros de seu clã parece não haver alternativa a não ser reivindicar a condição de “perseguidos políticos” por uma “ditadura”.

Ora, ditadura de verdade, sem aspas, é o que vigorou de 1964 a 1985, período no qual muitos cidadãos brasileiros não tiveram escolha senão exilar-se no exterior porque as alternativas eram a prisão e a tortura.

Pois é essa ditadura que os Bolsonaros e seus seguidores frequentemente celebram, há décadas.

Na “ditadura” denunciada pelo Eduardo Bolsonaro, recentemente, Jair Bolsonaro pôde liderar livremente uma manifestação política no Rio de Janeiro, na qual os bolsonaristas expressaram sua hostilidade ao Judiciário.

Ademais, que ditadura é esta da qual um dos deputados mais bem votados do Brasil se apresenta como “vítima”, malgrado manter intocados seus direitos políticos e suas prerrogativas parlamentares?

Se nesta “história” mal contada há um inimigo declarado do Estado Democrático de Direito, este é o próprio Eduardo Bolsonaro, useiro e vezeiro em desmoralizar as instituições republicanas. Trata-se de alguém que já disse que, para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF), bastam “um cabo e um soldado”.

O Brasil não está sob regime de exceção (ditadura). Jair Bolsonaro e sua prole têm plena consciência disso. Afinal, na condição de entusiasmados admiradores de uma ditadura de verdade, sabem exatamente reconhecer quando estão diante de uma.

É evidente que o STF tem tomado decisões juridicamente controvertidas, como se a democracia brasileira ainda estivesse sob ataque permanente.

Em que pesem esses abusos, não se pode falar em “ditadura” no Brasil sem falsear a realidade dos fatos.

Fonte: Estado de S. Paulo, Opinião, 21/03/2025 | 03h00 Por Editorial

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