Pedro do Coutto
Numa entrevista à Rádio Jovem Pan, o presidente Jair Bolsonaro fez críticas públicas ao ministro Henrique Mandetta, como não fosse ele o titular da pasta da Saúde de seu próprio governo. Nesta altura dos acontecimentos, a confusão, que já era grande tornou-se maior ainda, sobretudo porque a repercussão foi extremamente contrária a sua atitude.
Bolsonaro quer mais humildade de Mandetta acentuando faltar apoio (da opinião pública) para dar uma canetada. E acrescentou que ninguém de seu governo é indemissível.
GRANDE DESTAQUE – O Globo e a Folha de São Paulo, edições desta sexta-feira, publicaram a matéria com grande destaque, sendo que na FSP tornou-se a manchete principal do jornal. Em O Globo, a reportagem é assinada por Natália Portinari, Paula Ferreira, Thais Arbex, Guilherme Caetano e Bernardo Mello. Na Folha de São Paulo, a matéria foi de Gustavo Uribe e Natalia Concian.
Paralelamente ao impacto político que o episódio destacou, foi publicada uma pesquisa do Datafolha, também de ontem, revelando que 76% da população apoiam Henrique Mandetta. Enquanto em uma pesquisa paralela apenas 33% consideram o governo ótimo e bom. O detalhe importante a ser assinalado em relação a pesquisa anterior é que Mandetta subiu de 51 para 76% e o presidente da República recuou de 39 para 33%.
MANDETTA TRABALHANDO – Esse é um panorama registrado essa semana e ilustrado pelos resultados do levantamento da opinião pública. O Ministro da Saúde não quis comentar o assunto e disse somente que sua posição é de trabalhar para enfrentar o coronavírus. Como se constata, o vértice de popularidade deixa claro a dificuldade que Bolsonaro tem de conviver com seus subordinados.
No meio da confusão, os ministros Onyx Lorenzoni e Paulo Guedes, em entrevista coletiva na tarde de ontem, entrevista da qual o ministro da Saúde não participou, anunciaram que o Poder Executivo deve iniciar na próxima semana a distribuição de 600 reais aos que integram o Bolsa Família e também os trabalhadores avulsos, informais e aqueles cuja renda é mínima, abaixo do salário mínimo.
INDEMISSÍVEL – O ministro Henrique Mandetta disse que não pedirá demissão e se for o caso sairá depois de ato do presidente da República determinando a exoneração.
Enquanto isso a movimentação vai crescer na Esplanada de Brasília, porque a situação do presidente da República está cada vez mais complicada, sem apoio da maior parlamentar e em permanente confronto com os presidente da Câmara e do Senado.
Com isso, Bolsonaro isolou-se ainda mais no Planalto, enquanto aumentam as expectativas de uma eventualidade que a cada dia se torna mais evidente.