Carlos Newton
Em mais um pronunciamento à nação, o quinto que realiza sobre a pandemia do coronavírus, na noite desta quarta-feira, dia 8, o presidente Jair Bolsonaro usou indevidamente o nome do Dr. Roberto Kalil Filho, diretor-geral do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, que pela manhã tinha dado entrevista à rádio Jovem Pan, quando revelou ter tomado hidroxicloroquina para tratar da Covid-19.
Na mensagem aos brasileiros, Bolsonaro voltou a apresentar a cloroquina como solução para curar os pacientes da covid-19. Disse ter falado com o Dr. Kalil, que lhe revelara ter feito uso da medicação, comportando-se como se o médico tivesse lhe autorizado a fazer afirmações absolutamente irresponsáveis sobre o tratamento contra o coronavírus.
DISSE BOLSONARO – “Após ouvir médicos, pesquisadores e chefes de Estado de outros países, passei a divulgar, nos últimos 40 dias, a possibilidade de tratamento da doença desde sua fase inicial. Há pouco, conversei com Dr. Roberto Kalil, Cumprimentei-o pela honestidade e o compromisso com o juramento de Hipócrates, ao assumir que usou não só a hidroxicloroquina, bem como a ministrou para dezenas de pacientes. Todos estão salvos. Disse-me mais: que mesmo não tendo finalizado o protocolo de testes, ministrou o medicamento agora para não se arrepender no futuro. Essa decisão poderá entrar para a História como tendo salvo milhares de vidas no Brasil. Nossos parabéns ao Dr. Kalil” – afirmou o presidente, comportando-se de forma inaceitável e inconcebível para um chefe de governo, em manifestação sobre uma calamidade pública por pandemia, sem levar em conta a inafastável possibilidade de motivar perigosas automedicações de um remédio com comprovados efeitos colaterais que ameaçam a vida dos pacientes.
DISSE O MÉDICO – Em contrapartida, o Dr. Kalil declara que só age “como profissional de Medicina” e só toca no assunto fazendo importantes ressalvas. Em nenhum momento, comporta-se como o presidente Bolsonaro, que mais parece propagandista de laboratório farmacêutico.
“Pela ética médica, não quero influenciar outros tratamentos. É uma responsabilidade muito grande”, assinalou o diretor-geral do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês. “Meu estado geral era péssimo, foi discutido com a equipe vários tipos de tratamentos, dentre eles a hidroxicloroquina, e aceitei”, contou à Jovem Pan, ao dizer que apresentava quadro de pneumonia avançada.
“Fiz o uso [da hidroxicloroquina] sim. Melhorei só por causa dela? Provavelmente não. Ajudou? Espero que sim. Tomei corticoide, anticoagulante, antibiótico”, relatou, ao reforçar que utilizou uma gama de remédios distintos.
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P.S. 1 – Em tradução simultânea, o presidente Jair Bolsonaro continua a se postar de maneira totalmente inadequada, equivocada e tresloucada, ao tratar assunto científico com tamanha leviandade, sem levar em conta a ascendência que tem sobre milhões de brasileiros, que o consideram um “mito” e demonstram por ele uma dedicação verdadeiramente religiosa, circunstância que pode levá-los à automedicação por um remédio de venda liberada e que já está esgotado nas farmácias, comprado por pessoas que temem contrair a covid-19 e que acreditam piamente em tudo o que o presidente diz e recomenda.
P.S. 1 – Em tradução simultânea, o presidente Jair Bolsonaro continua a se postar de maneira totalmente inadequada, equivocada e tresloucada, ao tratar assunto científico com tamanha leviandade, sem levar em conta a ascendência que tem sobre milhões de brasileiros, que o consideram um “mito” e demonstram por ele uma dedicação verdadeiramente religiosa, circunstância que pode levá-los à automedicação por um remédio de venda liberada e que já está esgotado nas farmácias, comprado por pessoas que temem contrair a covid-19 e que acreditam piamente em tudo o que o presidente diz e recomenda.
P.S. 2 – Decididamente, esse cidadão demonstra não ter condições culturais nem equilíbrio emocional para exercer a Presidência da República, comportando-se de uma forma que está enlameando o nome das Forças Armas, embora delas não seja representante. (C.N.)