Posted on by Tribuna da Internet
Juliana Dal Piva
João Paulo Saconi
Marlen Couto
O Globo
João Paulo Saconi
Marlen Couto
O Globo
O Ministério Público do Rio (MP-RJ) decidiu convocar para depor a segunda ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle, lotada como chefe de gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) entre 2001 e 2008.
Embora tenha gravado vídeo em dezembro dizendo que não era investigada, Ana Cristina é sim alvo de uma investigação por uso de funcionários fantasmas e eventual prática de “rachadinha”, como é conhecida a devolução de salários, no gabinete de Carlos.
CONVOCAÇÃO – Magnum Roberto Cardoso, advogado de Ana Cristina, reconheceu ao O Globo que sua cliente foi convocada para depor na capital. Ele, no entanto, solicitou que o depoimento fosse prestado em Resende, no Sul do Estado, onde ela possui residência e trabalha como assessora de Renan Marassi, vereador daquele município.
A primeira convocação foi feita em novembro e a expectativa é de que ela seja ouvida ao longo do mês de janeiro. O caso tramita sob segredo de Justiça no MP-RJ. Durante seus mandatos como vereador, Carlos Bolsonaro nomeou sete parentes de Ana Cristina.
NOMEADOS – Parte deles, no período em que ela viveu em união estável com o presidente Jair Bolsonaro, entre 1998 e 2008. Dois familiares da ex-mulher do presidente admitiram para a revista Época nunca ter trabalhado para o vereador, embora estivessem nomeados. Ambos viviam em Minas Gerais. O MP ainda apura suspeitas de que, pelo menos, outros três profissionais nunca deram expediente na Câmara.
Em dezembro do ano passado, logo depois da busca e apreensão em endereços ligados a outros nove parentes seus devido às investigações sobre o senador Flávio Bolsonaro, Ana Cristina gravou um vídeo no qual dizia que não era investigada.
“O MP veio a Resende, fez algumas buscas e apreensões em familiares meus, mas o mais importante que eu quero dizer para vocês é que eu, Ana Cristina Siqueira Valle, não estou sendo investigada. Isso é fato. Então eu acredito que isso seja uma estratégia da mídia para atingir o nosso presidente Jair Bolsonaro”, afirmou, na ocasião, sobre as medidas que envolviam o procedimento sobre Flávio, irmão de Carlos.
ALVO – Um dos principais alvos da investigação do MP é a situação de Marta Valle — professora e cunhada de Ana Cristina. Moradora de Juiz de Fora (MG), ela passou sete anos e quatro meses lotada no gabinete de Carlos, entre novembro de 2001 e março de 2009.
Segundo a Câmara de Vereadores, ela não teve crachá da Casa. Além disso, abordada por Época, disse que não havia trabalhado no gabinete. Outro caso descoberto foi o de Gilmar Marques, ex-cunhado de Ana Cristina e morador de Rio Pomba (MG). Questionado, também disse não se recordar da nomeação.
SEM CRACHÁ – A situação se repetiu em relação ao advogado Guilherme Henrique de Siqueira Hudson, que constou como assessor-chefe de Carlos por dez anos — entre abril de 2008 e janeiro de 2018. Guilherme é primo de Ana Cristina e, apesar de todo o tempo em que ficou lotado na chefia do gabinete, jamais teve crachá. Desde 2012, possui residência fixa em Resende e um escritório de advocacia na cidade.
Quando Hudson era assessor-chefe, Ananda Hudson, sua mulher, foi nomeada no gabinete entre 2009 e 2010. Ao mesmo tempo, porém, ela cursava Letras em Resende. Depois, Monique Hudson, cunhada de Guilherme e igualmente estudante, em Resende, também foi nomeada. Procurado por meio de seu chefe de gabinete, Carlos Bolsonaro não retornou.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Por mais que o clã Bolsonaro negue as suspeitas que recaem sobre Carlos e Flávio e os “supostos” esquemas de rachadinhas e funcionários fantasmas, fica difícil provar uma situação contrária. A tal estratégia da mídia para atingir o presidente, conforme alegado por Ana Cristina, desmorona diante de tantos indícios. Simpatizantes dirão que a prática, se comprovada, não é exclusiva e que, em vários gabinetes pelo Brasil, a situação é a mesma. Vergonhosa da mesma forma e deve ser extirpada, ainda mais se tratando de recursos públicos. (Marcelo Copelli)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Por mais que o clã Bolsonaro negue as suspeitas que recaem sobre Carlos e Flávio e os “supostos” esquemas de rachadinhas e funcionários fantasmas, fica difícil provar uma situação contrária. A tal estratégia da mídia para atingir o presidente, conforme alegado por Ana Cristina, desmorona diante de tantos indícios. Simpatizantes dirão que a prática, se comprovada, não é exclusiva e que, em vários gabinetes pelo Brasil, a situação é a mesma. Vergonhosa da mesma forma e deve ser extirpada, ainda mais se tratando de recursos públicos. (Marcelo Copelli)