Folha de S.Paulo
BRASÍLIA -- Mais de quatro meses após tomar posse, o deputado federal mais votado do Brasil fez sua estreia no Congresso. Na última terça-feira, assessores de Tiririca (PR-SP) entregaram ao plenário da Câmara os primeiros projetos de lei de autoria do humorista.
Uma das propostas prevê a criação de uma "bolsa alfabetização" para adultos que concluírem curso para aprender a ler e escrever. O projeto fixa o valor mínimo de R$ 545 para o benefício.
O palhaço teve a diplomação para o cargo ameaçada após a suspeita de ter falsificado uma declaração em que afirmou ser alfabetizado. Ele aceitou fazer um teste para comprovar que sabe ler e escrever e foi absolvido pela Justiça Eleitoral.
No texto da proposta, Tiririca justificou que o benefício tem a "finalidade de estimular o aprendizado da leitura e da escrita, de forma a qualificar e assegurar ao cidadão o pleno acesso e a utilização da informação". Em contrapartida, é exigido período mínimo de seis meses de aula, com ao menos 85% de frequência.
Os outros dois projetos de Tiririca tratam da criação de um vale-livro para alunos da rede pública e de serviços de assistência social para profissionais do circo.
Segundo dados oficiais, 113 deputados não apresentaram nenhum projeto de lei neste primeiro ano da legislatura. Esse grupo, no entanto, inclui aqueles que já se afastaram para assumir um cargo no Executivo e seus suplentes na Casa.
Tiririca não quis comentar suas propostas.
Desde que iniciou o mandato, o humorista tem mantido uma atuação discreta na Câmara dos Deputados.
Até agora, não fez nenhum discurso na tribuna nem relatou nenhuma proposta de outro deputado.
Na Comissão de Educação e Cultura da Casa, única em que o humorista é titular, colegas afirmam que ele nunca pediu a palavra.
"Ele não tem perdido nenhuma reunião. É assíduo, mas tem um perfil discreto", afirma a deputada Fátima Bezerra (PT-RN), presidente da comissão.
Resort e humoristas
Em abril, Tiririca devolveu à Câmara o dinheiro da verba indenizatória que foi usado em um hotel luxuoso em Fortaleza (CE), de acordo com informações de sua assessoria.
Tiririca também contratou dois humoristas do programa "A Praça é Nossa", do SBT, como secretários parlamentares. À época, sua assessoria afirmou que os deputado precisam de funcionários que entendem das suas áreas de atuação.
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