Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

segunda-feira, agosto 12, 2024

Eleições 2024: como ler, entender e não se perder no mundo das pesquisas eleitorais

 Foto: Divulgação/Arquivo

Urna eletrônica11 de agosto de 2024 | 14:46

Eleições 2024: como ler, entender e não se perder no mundo das pesquisas eleitorais

brasil

Nas eleições de 2022, as pesquisas eleitorais foram duramente criticadas em razão das divergências entre os levantamentos divulgados na véspera do primeiro turno e os resultados efetivamente apurados nas urnas. Um dia antes da eleição, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) aparecia com 37% e 36% dos votos válidos nas pesquisas do Ipec (ex-Ibope) e Datafolha, mas acabou recebendo 43% dos votos. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) marcava 51% e 50% nos mesmos levantamentos, mas terminou com 48%. Discrepâncias também foram observadas nas disputas estaduais e na eleição para o Senado.

Embora tenham tomado conta das discussões há dois anos, diferenças inesperadas entre as pesquisas eleitorais e os resultados das urnas não são exclusivas do último pleito e, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão, ocorrem em todas as eleições. Em 2018, por exemplo, as pesquisas de véspera não indicavam que Romeu Zema (Novo) e Wilson Witzel, então filiado ao PSC, terminariam o primeiro turno na liderança. Naquele mesmo ano, Bolsonaro, então do PSL, tinha 41% na pesquisa de véspera do Ibope, enquanto Fernando Haddad (PT) tinha 25%. O resultado final nas urnas foi 46% para Bolsonaro e 29% para o petista.

A campanha eleitoral deste ano deve colocar as pesquisas eleitorais novamente em evidência. Para esclarecer dúvidas de eleitores de todo o País que vão às urnas em outubro, o Estadão conversou com especialistas em pesquisas eleitorais para explicar, detalhadamente, como os levantamentos são realizados e quais cuidados são necessários ao interpretá-los.

Com o aumento das pesquisas autofinanciadas (aquelas pagas pela própria empresa que realizou o levantamento), a atenção aos detalhes metodológicos se torna ainda mais crucial. Especialistas alertam sobre práticas e problemas que podem comprometer a qualidade dos resultados, exigindo maior cautela dos eleitores.

“Via de regra, quanto menos detalhes sobre sua metodologia o instituto divulgar, se atendo apenas ao que é minimamente obrigatório segundo o TSE, mais cuidado deve-se ter com relação às suas pesquisas”, afirma Raphael Nishimura, membro da Associação Americana para Pesquisa de Opinião Pública (AAPOR) e diretor de amostragem na Universidade de Michigan.

Outro ponto destacado pelo especialista é verificar a fonte de dados utilizada para a amostragem ou ponderação de dados. Se o instituto usa apenas dados do Censo 2010, isso deve acender um grande sinal de alerta, pois há dados mais recentes da população, como os da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.

“O questionário também é importante: se a pesquisa não utiliza um disco para apresentar os candidatos (em pesquisas presenciais) ou não realiza uma rotação aleatória da ordem em que os candidatos são apresentados na pergunta de intenção de voto estimulada (em pesquisas telefônicas ou online), há um grande risco de ocorrer vieses de mensuração. Como os institutos são obrigados a depositar os seus questionários no site de consulta de pesquisas do TSE, isso é relativamente fácil de verificar”, diz Nishimura.

Outro ponto levantado pelo especialista é a ponderação de dados e o uso de cotas na amostra, que são as entrevistas com pessoas de determinado perfil que a pesquisa precisa coletar para reduzir potenciais vieses de seleção e não resposta. Por exemplo, se uma população é composta por metade de homens e metade de mulheres, deve-se entrevistar a mesma proporção de cada gênero. Segundo ele, atualmente é impensável conduzir pesquisas de opinião pública sem usar ao menos uma dessas técnicas. A maioria dos institutos utiliza uma ou ambas, mas se não mencionar isso, deve-se levantar um sinal de alerta.

Adicionalmente, é importante verificar se a pesquisa foi registrada no TSE e quem pagou por ela; no caso de pesquisas municipais, assegurar que há entrevistados de todas as regiões da cidade; prestar atenção nas datas de coleta das entrevistas, especialmente se há um espaçamento grande entre elas; e examinar a redação da pergunta para identificar possíveis vieses.

Como as pesquisas afetam o rumo das campanhas?

O Estadão conversou com estrategistas que trabalham para os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo para entender como as pesquisas eleitorais são utilizadas nas campanhas. De forma reservada, todos disseram que tanto as pesquisas internas, contratadas pelos próprios candidatos, quanto as de institutos renomados, como a Quaest e o Datafolha, são utilizadas para monitorar o cenário político-eleitoral.

No dia a dia, as campanhas estão com os olhos voltados para a pesquisa de trekking, realizada diariamente com uma amostra menor de eleitores. Essa metodologia permite acompanhar a evolução da curva de intenção de voto de cada candidato e avaliar rapidamente os efeitos de eventos como debates e sabatinas sobre a disputa eleitoral.

Além das pesquisas quantitativas, as campanhas realizam pesquisas qualitativas, conhecidas como “qualis”. Essas pesquisas são importantes para entender o que está na cabeça do eleitor – quais são seus desejos, anseios e visões sobre os candidatos. Elas ajudam a direcionar a mensagem das peças de comunicação dos candidatos, ajustar posicionamentos e testar materiais de comunicação, além de verificar se as propostas desenhadas fazem sentido para o eleitorado.

Segundo esses profissionais ouvidos pela reportagem, que pediram anonimato, as campanhas não mudam sua estratégia com base em uma única pesquisa, mas sim a partir de um conjunto de informações. No entanto, tendências verificadas em pesquisas externas, como do Datafolha, podem acender “alertas” e iniciar discussões dentro das campanhas.

Por que as pesquisas diferem do resultado das urnas?

Amplamente utilizadas pelas campanhas, as pesquisas eleitorais podem ser um recurso valioso para os eleitores. A premissa básica para que esses levantamentos ajudem e não atrapalhem é enxergá-los como uma fotografia do cenário político atual.

Embora as pesquisas sejam úteis para diagnosticar a conjuntura política e até mesmo orientar as campanhas em suas estratégias, elas não devem ser vistas como uma tentativa de prever o resultado final das urnas, pois o contexto político é dinâmico e o voto dos eleitores é influenciado por fatores que as pesquisas muitas vezes não conseguem captar, especialmente aqueles que surgem nos momentos finais do pleito. A única pesquisa que tem o objetivo de alcançar o resultado das urnas é a de boca de urna, que não foi feita em 2022.

CEO do Ipec (ex-Ibope), Márcia Cavallari considera naturais as divergências entre as pesquisas de véspera e o resultado final das eleições. Ela explica que essas diferenças são causadas pelas mudanças de última hora que ocorrem em todas as eleições. A polêmica em torno de 2022 ocorreu principalmente devido à ausência da pesquisa de boca de urna, que geralmente capta essas movimentações finais da eleição e minimiza a diferença entre os resultados das pesquisas e o registro efetivo das urnas, diz a especialista. No caso de 2018, por exemplo, Bolsonaro subiu para 45% na boca de urna e Haddad para 28%, num cenário mais próximo do que foi o resultado efetivo.

O Censo tem algum impacto nas pesquisas?

Embora os diagnósticos sobre 2022 variem entre especialistas, há desafios que podem ajudar a explicar as discrepâncias observadas Uma dificuldade enfrentada pelos institutos foi o atraso na divulgação dos dados do Censo, prejudicando a criação de uma amostra mais precisa do eleitorado brasileiro.

Este ano, porém, os desafios são maiores, pois ainda não foram divulgadas outras variáveis do Censo que são utilizadas para a elaboração das amostras, como escolaridade, renda, raça, religião, PEA (População Economicamente Ativa) e não PEA.

“Caso o Censo não divulgue esses dados dos municípios antes das eleições, os últimos disponíveis para a elaboração das amostras municipais são os do Censo de 2010, teremos que trabalhar com estimativas levando a amostras ainda menos precisas”, alerta Márcia Cavallari.

A abstenção é um problema concreto para o resultado de uma pesquisa?

Um empecilho amplamente discutido, especialmente na última eleição, é a abstenção. No Brasil, como o voto é obrigatório, especialistas afirmam que é menos provável que um eleitor admita que não irá votar. Por isso, os institutos desenvolveram métodos próprios para calcular a abstenção, que atinge cerca de 20% dos eleitores, impactando especialmente os mais pobres. Em 2022, a abstenção desproporcional entre eleitores pobres pode ter sido decisiva para a superestimação dos votos de Lula nas pesquisas de véspera, avalia Felipe Nunes, diretor da Quaest.

“Foi preciso ponderar as intenções de voto pela probabilidade de cada respondente ir de fato votar para chegar a uma estimativa mais aproximada do quadro eleitoral que se apresentava. Os modelos de Likely Voter (eleitor provável), comuns em democracias cujo voto não é obrigatório, construídos depois da coleta, parecem ajudar a tornar as estimativas da fotografia eleitoral mais próximas da descrição real do quadro”, diz Nunes, que adiciona o alto grau de indecisão dos eleitores e a crescente desconfiança em relação ao trabalho científico à lista de desafios enfrentados pelos institutos.

Por que os resultados se aproximam mais do real perto da eleição?

Muitos fatores ajudam a explicar o fato de as pesquisas nem sempre chegarem perto do resultado das urnas. Além da metodologia em si, a própria ordem das perguntas dos questionários pode influenciar a resposta que o eleitor dá. A distância até o pleito é outro fator que influencia. Em 2020, na véspera do 1º turno para a eleição à Prefeitura de São Paulo, o tucano Bruno Covas tinha 33% de intenção de voto no Datafolha, contra 15% de Boulos. Dois meses antes, em setembro, Covas tinha 20% e o líder sem-teto, 9%. Quem ocupava a segunda posição era Celso Russomanno (Republicanos).

“Empiricamente, as estimativas das pesquisas pré-eleitorais tendem a se aproximar dos resultados das eleições conforme se aproxima o dia da eleição. No Brasil, muitos eleitores tendem a decidir seu voto às vésperas, quando não no próprio dia da eleição, principalmente para cargos como governador, prefeito, senador, deputado e vereador”, afirma Raphael Nishimura, membro da Associação Americana para Pesquisa de Opinião Pública (AAPOR) e diretor de amostragem na Universidade de Michigan.

O que é uma pesquisa quantitativa?

No período eleitoral, o mais comum é se deparar com as pesquisas quantitativas, que têm como principal objetivo quantificar informações – isto é, apontar, em números, qual a situação do pleito naquele determinado momento. Essas pesquisas apresentam dados como a intenção de voto para cada candidato e os índices de rejeição deles, entre outros temas, oferecendo um panorama numérico da corrida eleitoral.

As pesquisas quantitativas são realizadas por meio de questionários aplicados a um grupo de pessoas que deve representar uma determinada população ou eleitorado. As amostras, como são chamadas, levam em consideração características como idade, gênero, renda, escolaridade e localização.

O tamanho da amostra, segundo Raphael Nishimura, depende de alguns fatores, entre eles, a precisão desejada – geralmente, busca-se atingir uma margem de erro entre 1% e 5%, com 95% de confiança.

“O tamanho da amostra também está relacionado à forma como ela é selecionada. Em pesquisas eleitorais, isso pode ocorrer de duas maneiras, principalmente: os respondentes podem ser selecionados de forma aleatória, como em pesquisas telefônicas e online, ou através de múltiplos estágios de seleção, onde são escolhidos grupos de domicílios ou pessoas, um método mais comum em pesquisas presenciais e domiciliares”, explica Nishimura.

A pesquisa ser presencial ou telefônica faz diferença no resultado?

As pesquisas quantitativas podem ser realizadas presencialmente (conhecidas popularmente como “face a face”), por telefone ou online. Cada um desses métodos possui variações, o que explica, em partes, as diferenças nos resultados entre os institutos de pesquisa e o fato de suas pesquisas não serem diretamente comparáveis. Não existe um método certo ou errado, e cada um possui suas próprias vantagens e desvantagens, diz Sergio Simoni Jr, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP):

“Nas entrevistas presenciais, a vantagem é que é mais factível alcançar diferentes estratos da sociedade e chegar a um perfil mais representativo da população. No entanto, o processo é mais caro e mais demorado, pois exige a mobilização de entrevistadores, e há o risco de o entrevistado se sentir constrangido em dar certas respostas na presença do pesquisador, o que pode levar a opiniões menos sinceras em questões delicadas”, explica Simoni Jr, que também é pesquisador do Centro de Estudos e Opinião Pública (Cesop).

Segundo o professor, uma estratégia para captar opiniões sinceras, mesmo em temas sensíveis, é dar uma lista de afirmações e pedir ao entrevistado que indique quantos itens ele concorda ou já praticou, sem precisar especificar quais. Para metade dos respondentes, a lista contém um certo número de itens; para a outra metade, um item sensível é adicionado à lista. Ao comparar a média de concordância entre os grupos, dá para perceber se as pessoas podem estar mentindo.

Nas entrevistas remotas, diz o especialista, é mais difícil garantir que o entrevistado esteja realmente prestando atenção. Além disso, a população de baixa renda tem menor acesso à internet e menos habilidade para responder online, o que pode comprometer a representatividade da pesquisa.

“Quando o instituto não consegue atingir o percentual adequado de pessoas de um determinado estrato, utiliza-se a ponderação das respostas. Por exemplo, se há menos entrevistados de baixa renda do que o estimado na população, atribui-se um peso maior a essas respostas para equilibrar a proporção real”, afirma o pesquisador.

Como funcionam as pesquisas qualitativas?

Embora as pesquisas quantitativas ocupem os noticiários e sejam mais conhecidas pela população, são as pesquisas qualitativas que estão presentes no cotidiano das campanhas. Nas eleições, as qualis são usadas pelas campanhas para entender mais profundamente a opinião dos eleitores sobre diversos temas, ajudando a identificar os fatores que influenciam na escolha do voto e a compreender a percepção sobre cada candidato.

“As pesquisas qualitativas funcionam como um detector de desejos, frustrações e expectativas do eleitor comum. Sua dinâmica é um bate-papo e troca de ideias, seguindo um roteiro formulado com base em objetivos específicos. Essas sessões geralmente ocorrem em um ambiente sóbrio e duram entre 1h30 e 2h”, explica Renato Dorgan, CEO do Instituto Travessia, especialista em pesquisas qualitativas e quantitativas.

As qualis não possuem a mesma precisão metodológica que as quantitativas em relação à amostra, pois não têm o objetivo de representar todo o universo do eleitorado. Elas são realizadas com grupos específicos, de oito a dez pessoas, que, embora não tenham valor estatístico, simbolizam os sentimentos de determinado segmento. “A definição do perfil do grupo é algo essencial, seja por classe, idade, aprovação de determinada gestão, intenção de voto a determinado candidato ou um cruzamento de vários destes elementos”, afirma Dorgan.

Segundo o especialista, a pesquisa qualitativa é fundamental em dois momentos ao longo do ano eleitoral. No primeiro quadrimestre, é comum que as campanhas realizem uma “quali ambiental” para avaliar a percepção dos eleitores sobre a cidade, os serviços públicos, a aprovação e desaprovação do prefeito, o posicionamento dos principais pré-candidatos, além de identificar quais discursos de construção e desconstrução ressoam melhor naquele pleito.

“No segundo momento do ano eleitoral, entre junho e agosto, a quali é utilizada para definir os primeiros vídeos de campanha, a marca, o slogan, as principais estratégias de desconstrução dos adversários, como tirar votos do oponente, conquistar indecisos e estabelecer qual será a narrativa principal das eleições.”

Uma campanha pode utilizar uma pesquisa qualitativa, por exemplo, para avaliar a reação de um grupo específico de eleitores a uma peça publicitária ou a um discurso do candidato

Como o ‘Estadão’ vai tratar as pesquisas nas eleições de 2024?

O Estadão entende o resultado das pesquisas como um elemento relevante da corrida eleitoral, mas que não pode ser visto de forma isolada. Por isso, o jornal noticia os resultados dos principais institutos, mas não os levará para a manchete de suas diferentes plataformas. O que receberá estes espaços de maior destaque são análises das tendências indicadas por um conjunto de pesquisas ou de movimentos das campanhas que tiveram como um dos seus indutores os resultados de pesquisas. Como forma adicional de auxiliar as suas audiências a ler os resultados, o Estadão passará a linkar este guia em todas as suas matérias sobre pesquisa. A exemplo de 2022, o Estadão optou por não contratar pesquisas próprias nas eleições de 2024.

Bianca Gomes/Estadão ConteúdoPoliticaLivrwe

Ministério de Alckmin descobre nova fraude em importações, e prejuízo já chega a R$ 100 milhões

 Foto: Tomaz Silva/Arquivo/Agência Brasil

Geraldo Alckmin11 de agosto de 2024 | 16:38

Ministério de Alckmin descobre nova fraude em importações, e prejuízo já chega a R$ 100 milhões

economia

Comandado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços descobriu uma nova fraude em importações que burlavam medidas antidumping aplicadas pelo Brasil. De acordo com investigação da pasta encerrada nesta sexta-feira, 9, chapas de alumínio para impressão off-set que entravam no País com registro de Taiwan eram, na verdade, produzidas na China.

Essas falsas declarações de origem de produtos importados já causaram um prejuízo de R$ 100 milhões ao Brasil desde 2021, afirma o governo Lula.

O antidumping é uma medida de defesa comercial aplicada contra mercadorias que entram no País com preços desleais, prejudicando a indústria nacional. Descoberta a fraude, o MDIC é responsável por interromper o esquema, e a Receita Federal pode cobrar a diferença dos valores não recolhidos.

No caso das chapas de alumínio, a fraude se deu porque as sobretaxas aplicadas para China e Taiwan são diferentes: de US$ 2,09 a US$ 2,35 o quilo importado no primeiro caso, e de apenas US$ 0,19 no segundo caso. Ou seja, ao fraudar a origem do produto, o exportador pagava menos de 10% do valor devido em sobretaxas.

Só neste ano, o MDIC interrompeu seis operações irregulares. A primeira delas foi de importação de ácido cítrico do Camboja. Também foram identificadas fraudes na importação de laminados a frio do Vietnã e Turquia; de objetos de louça da Malásia; e de pneus agrícolas de Hong Kong.

“Temos um trabalho permanente contra fraudes e desvios envolvendo importações”, afirmou à Coluna do Estadão a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres.

Eduardo Gayer/Estadão ConteúdoPoliticaLivrwe

O facão da liberdade e do respeito, por André Curvello*

 Foto: Divulgação/Arquivo

André Curvello12 de agosto de 2024 | 07:16

O facão da liberdade e do respeito, por André Curvello*

exclusivas

Chico Mendes morreu em 22 de dezembro de 1988, aos 44 anos, em Xapuri, no Acre. Seringueiro brutalmente assassinado. “Chico, onde houver uma vida sua voz será ouvida como força de oração do amor pela terra que não se encerra no coração. Sou mais um nessa guerra quebrando a serra da devastação”. Dos autores Almir de Araujo e Marquinhos Lessa, a canção “Louvor a Chico Mendes” foi imortalizada na voz da baiana Simone em 1989.

Neste sábado, 10 de agosto, morreu Tuíre Kayapó, ícone da resistência indígena. Ela tinha 54 anos e foi vítima de um câncer no útero. Tem uma foto simbólica em que Tuíre, então com 19 anos, encosta o facão no rosto de um engenheiro da Eletronorte, durante uma audiência pública para debater a construção de uma usina hidrelétrica no rio Xingu. O fato é que as obras ficaram paralisadas por 20 anos, o projeto foi “melhorado”, transformando-se hoje em Belo Monte.

O gesto de resistência imortalizou Tuíre e o seu facão. Não pode ser interpretado como ato de violência. Ali, a guerreira Kaypó mostrou a sua indignação contra o sistema perverso vulnerável aos mais diversos tipos de tentação, quando esquece os princípios básicos de cuidado e atenção ao meio ambiente.

Chico Mendes e Tuíre Kayapó viveram suas vidas no Norte do Brasil, esquecido pela conveniência e pela distância de tudo, menos na vida global. Os dois guerreiros são símbolos de luta e de liberdade. Autênticos, gritaram pela vida de todos nós, não foram ouvidos como deveriam, mas deixaram um legado alicerçado no respeito. Sim, nada mais do que o respeito. Respeito pela vida.

Nos tempos de hoje, a velocidade nos induz a banalizar os fatos por mais terríveis que sejam. A vida parece passar tão rápido que nos faz perder o senso crítico com tudo. Ai, terminamos sendo cúmplices de crimes diários da desinformação que têm lugar nas redes sociais e na própria imprensa tradicional. Os veículos de comunicação passaram a se preocupar muito mais com a audiência e com a velocidade de informar do que com a qualidade do conteúdo. Isso contribui para formar uma sociedade cada vez mais rasa e superficial.

Os veículos de comunicação esqueceram da responsabilidade social que deveriam ter. Estão priorizando a audiência. Os meios digitais priorizam cliques e conteúdos sensacionalistas e mais nada. Nada mesmo. O objetivo é faturar cada vez mais, com seus proprietários estando distantes do compromisso de informar e contribuir com uma sociedade melhor e mais solidária. Os sites se proliferarm, a exigência do diploma de jornalista não existe mais e todos nós estamos reféns das informações produzidas à base do nada e muitas vezes eivada pelo ódio – motivada pela estupida polarização que tomou conta do Brasil -, sem qualquer cuidado com a reputação alheia.

Chico Mendes lutou contra a destruição. Tuíre e o seu facão defenderam a vida e o respeito. Este dois ícones devem sempre estar nas nossas mentes. Diferente de nós, eles tiveram tempo de lutar e se preocupar com os outros. Enfrentaram a velocidade e deram contribuição autêntica para o fortalecimento do Estado Democrático de Direito.

*André Curvello é secretário de Comunicação da Bahia.

* André CurvelloPoliticaLivre

Opinião: Progressistas no governo Jerônimo é uma exposição em um museu de grandes novidades


Por Fernando Duarte

Opinião: Progressistas no governo Jerônimo é uma exposição em um museu de grandes novidades
Foto: Reprodução/ Instagram @marionegromontejr

O Progressistas finge que não é base aliada do governo de Jerônimo Rodrigues apenas para não parecer adesista de primeiro instante. Antes mesmo do primeiro turno das eleições em 2022, integrantes da legenda, insatisfeitos com o rompimento, mantiveram fortes vínculos com o arco de alianças petistas na Bahia. Terminada a eleição e confirmada a vitória de Jerônimo, o embarque aconteceu naturalmente, especialmente na Assembleia Legislativa da Bahia. Agora, já não há mais o que esconder: passado o pleito de outubro, o partido oficializa o retorno ao seio do governo da Bahia.

 

Logicamente, não é uma posição unânime. O lado de João e Cacá Leão dificilmente vai aceitar - e ser aceito - como parte da base aliada de Jerônimo. Foi traumática a forma com que ambos foram “enxotados” pelo então governador Rui Costa e mesmo por Jaques Wagner, que foi o responsável pelo anúncio público que o então vice não realizaria o sonho do mandato tampão. Por isso, podemos naturalizar que o posicionamento deles em Salvador vai ser preponderante e o PP se manterá como aliado de Bruno Reis em caso de reeleição.

 

O contraponto do núcleo Leão é Mário Negromonte Jr. Desde a época em que o pai dele era militante partidário, havia um acordo de coexistência pacífica entre as famílias no controle da sigla. Porém, Mário Jr. representa um nível de governismo ligeiramente acima do clã Leão, o que explica o movimento intensificado ao longo dos últimos meses para que o PP se reaproximasse de Jerônimo. Então, Negromonte e Leão voltaram a ficar em “lados opostos” da condução da legenda na Bahia.

 

Há um empecilho extra, contudo, para que o Progressistas coloque os dois pós na base do PT da Bahia - além da posição do clã Leão. O presidente nacional do partido, senador Ciro Nogueira (PI), insiste em manter distanciamento do petismo em diversos âmbitos. Não que isso seja imutável, claro. Ciro aderiu ao bolsonarismo e virou defensor-mor de Jair Bolsonaro depois que foi alçado a chefe da Casa Civil. Essa equidistância é estratégica para o piauiense, razão pela qual pode ser difícil o endosso da direção nacional nesse adesismo. Então, é necessário que Ciro faça vista grossa para o movimento de Negromonte Jr. e companhia.

 

Inclusive, o Progressistas sendo um pouco governo e um pouco independente (oposição, nunca) é algo bem padrão para o comportamento do partido. Aconteceu no passado, acontece agora e vai acontecer no futuro. É algo bem típico para um partido que existe para garantir governabilidade - independente de quem estiver no poder. Por isso, não estranhemos quando se confirmar a apuração do editor de política Mauricio Leiro, de que em outubro haverá a formalização do embarque no governo Jerônimo. Afinal, o partido vai permanecer com a mesma posição na esfera federal e com um pé na prefeitura de Salvador (caso Bruno seja reeleito). Tudo como antes...

Ex-ministro Delfim Netto morre em São Paulo aos 96 anos


Por Redação

Ex-ministro Delfim Netto morre em São Paulo aos 96 anos
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Ex-ministro da Fazenda e ex-deputado federal, Antônio Delfim Netto morreu na madrugada desta segunda-feira (12), aos 96 anos.

 

Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde o dia 5 de agosto por complicações em seu quadro de saúde.

 

Delfim Netto deixa uma filha e um neto. De acordo com a família do ex-ministro, não haverá velório aberto e o enterro será restrito aos parentes.

 

Professor emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Delfim Netto ocupou o cargo de ministro da Fazenda entre os anos de 1967 e 1974.

 

Foi também ministro do Planejamento entre 1979 e 1985, ministro da Agricultura (1979) e embaixador do Brasil na França (1975-1977).

Brasil fecha a Olimpíada abaixo da meta, mas desta vez as mulheres brilharam


Rebeca Andrade é a maior medalhista da história do Brasil

Pedro do Coutto

Encerrada a Olimpíada de Paris, com vários recordes quebrados, a pergunta que se pode fazer é: até onde vai o limite humano? Nas competições, especialmente as de velocidade, os resultados foram impressionantes, sobretudo nas provas de cem metros rasos. O evento foi marcado por um espetáculo de superação e empenho pela vitória.

Entre celebrações, conquistas improváveis e decepções, o Brasil encerrou a sua participação com 20 medalhas no total, sendo três ouros, sete pratas e dez bronzes. Os números ficam abaixo das últimas edições se levarmos em consideração o total de medalhas de ouro.

RECORDE – Nas Olimpíadas de Tóquio e Rio de Janeiro, o Brasil bateu seu recorde ao subir no lugar mais alto do pódio em sete oportunidades. Antes, o recorde era de Atenas 2004, quando cinco medalhas douradas foram garantidas pela delegação brasileira. Em outras edições os números eram mais modestos, com três medalhas no máximo.

Em 24 participações na história olímpica, o Brasil deixou de ganhar medalha de ouro em 10 edições: Paris 1924, Los Angeles 1932, Berlim 1936, Londres 1948, Roma 1960, Tóquio 1964, Cidade do México 1968, Munique 1972, Montreal 1976 e Sydney 2000.

Neste ano, o Brasil marcou um ponto importante. Pela primeira vez na história, as mulheres conquistaram mais medalhas que os homens para o país. Os resultados do ciclo olímpico inteiro já indicavam que isso iria acontecer. Das 20 medalhas, 12 foram delas, sete deles e uma mista, na competição do judô por equipes.

ORGULHO – Com isso, o Brasil termina os Jogos Olímpicos Paris 2024 com muitos motivos para se orgulhar, sobretudo diante do desempenho feminino, com medalhas inéditas, passando pela reafirmação de ídolos que entraram no patamar de maiores nomes brasileiros das modalidades e por desempenhos nunca antes conquistados.

Entre tantas performances de destaque, temos que ressaltar, é claro, a maior de todas, a ginasta Rebeca Andrade, que virou ícone mundial ao ser reverenciada por Simone Biles no pódio, e a maior medalhista da história do Brasil, com seis pódios no total. Glória eterna aos atletas brasileiros.

Governador Fábio Mitidieri está entre os piores do Brasil

 em 12 ago, 2024 8:29

Adiberto de Souza

Os governistas acenderam o sinal de alerta após a divulgação da pesquisa feita pela AtlasIntel colocando o governador Fábio Mitidieri (PSD) como um dos piores do Brasil, ficando à frente apenas dos governantes de Pernambuco, Rio de Janeiro e Amazonas. Para se ter uma ideia, exagerados 50% dos sergipanos desaprovam a gestão do pedessista. E olha que, embora também muito mal colocado, Mitidieri já esteve menos pior. Consulta de opinião feita pela AtlasIntel no ano passado colocava o fidalgo na 22ª posição do ranking nacional, sendo desaprovado por 31% dos entrevistados. Vários fatores têm contribuído para a queda da popularidade do governador sergipano, a exemplo da falta de obras estruturantes no estado, a crise permanente da Saúde, a ausência dos prometidos milhares de empregos, etcétra e tal. Ressalte-se que, enquanto mais de 120 mil pessoas passam fome em Sergipe, o Executivo gasta milhões em folguedos, aponto de Mitidieri ser identificado como um governador festeiro. Ao reprovar a gestão do pedessista, o povo deixa claro que quer mais chopp do que espuma, prefere mais pão do que o animado circo custeado pelos contribuintes. Home vôte!

Mandou representante

A candidata a prefeita de Aracaju, Candisse Carvalho (PT), mandou uma representante para a Parada Gay realizada, ontem, na Orla de Atalaia. Alegando ter ido à Brasília cuidar “dos interesses dos aracajuanos e aracajuanas”, a distinta escalou a ativista Adriana Lohanna (PT) para representá-la no evento. Pelas redes sociais, a prefeiturável exaltou a diversidade e a representatividade presentes 23ª Parada LGBTQIAPN +. Candisse informou, ainda, ter isso à capital federal apresentar ao presidente Lula da Silva (PT) o seu plano de governo para Aracaju. Então, tá!

Em família

Ao empossar, hoje, o primo Cláudio Mitidieri (PSB) como secretário estadual da Saúde, o governador Fábio Mitidieri (PSD) aumenta o poderio da família na gestão. Antes da chegada do parente no 1º escalão, o pedessista já contava com a esposa Érica na poderosa Secretaria de Ação Social. Visando garantir um emprego mais vistoso para o primo, o governador exonerou o médico Walter Pinheiro da Saúde, que aceitou ocupar a presidência de um órgão do 2º escalão. É como diz o ditado popular: Mateus, primeiro os meus. Marminino!

Bem aí o blá-blá-blá

As propagandas para as eleições municipais de outubro estarão liberadas a partir da próxima sexta-feira. Esse será o primeiro pleito no Brasil diretamente impactado por novas tecnologias de inteligência artificial (IA), aquelas capazes de produzir imagens e sons sintéticos muito próximos do real. Além de divulgar desinformação, também é proibido veicular preconceitos de origem, etnia, raça, sexo, cor, idade, religiosidade, orientação sexual e identidade de gênero. As propagandas vão até o dia 30 de setembro. Ah, bom!

Sessão de fotos

O presidente Lula da Silva (PT) recebeu em Brasília, sábado passado, cerca de 150 candidatos a prefeito do PT e de outros partidos aliados para uma sessão de fotos a serem usadas durante a campanha. De Sergipe, estiveram presentes os prefeituráveis Danilo Segundo (PT), da Barra dos Coqueiros, e Candisse Carvalho (PT), de Aracaju. Um dos organizadores do evento, o ministro sergipano Márcio Macêdo (PT) também gravou um vídeo para Danilo, que vem a ser a cara metade de Lurian Lula, filha querida do “Barba”. Aff Maria!

Multiplicação de bens

As declarações de bens da candidata a prefeita de Aracaju, Yandra de André (União) e de seu parceiro de chapa Belivaldo Chagas (Pode) chamaram a atenção do jornalista de O Globo, Lauro Jardins. O colunista destaca que “nos últimos anos, os dois se tornaram grandes fazendeiros”. Jardins escreve que quando disputou a eleição a deputada federal em 2022, Yandra declarou ao TSE um total de R$ 395 mil em bens, tendo de lá pra cá o patrimônio passado para R$ 2,2 milhões, um crescimento de 475%. Yandra declarou ser dona de 50% de três fazendas na Bahia. Já Belivaldo informou possuir quatro fazendas em Simão Dias. “As propriedades rurais não constavam na declaração de bens do candidato a vice em 2018”, escreveu Jardins. Creindeuspai!

Lagarto de luto

Uma multidão acompanhou, ontem, o sepultamento do ex-deputado estadual e ex-prefeito de Lagarto, Valmir Monteiro, que morreu no último sábado vítima de um câncer no intestino. O líder político foi deputado estadual por quatro mandados e prefeito de Lagarto por duas vezes. Valmir ainda desejava disputar novamente a Prefeitura daquele município nas eleições deste ano, mas o agravamento da doença o fez desistir do projeto político. Descanse em paz!

Amnésia política

Responda rápido: nas eleições de 2020, quais foram seus candidatos a prefeito e a vereador? Não lembra? Avexe-se não, pois você não é a única vítima desse esquecimento crônico. Boa parte do eleitorado também não sabe mais pra quem deu o voto nem nas eleições do ano passado. Isso acontece não por culpa do eleitor, mas porque a maioria dos políticos eleitos realizam mandatos medíocres. Muito por conta dessa amnésia política, o Brasil vive há anos numa maré de sapos dos diabos. Desconjuro!

Leis em excesso

O cidadão comum está regulado por milhares de leis e artigos que desconhece. O resultado disso é uma grave contradição, pois o princípio básico do direito brasileiro diz que a pessoa não pode alegar desconhecimento da lei para se eximir de responsabilidade. O excesso de leis e códigos deixa o cidadão comum confuso e o afasta da Justiça. Os congressistas querem ganhar o jogo de quem apresenta mais projetos e o resultado dessa disputa medíocre é a aprovação de leis de todo tipo para todos os gostos, causando uma enorme confusão na cabeça do contribuinte. Danôsse!

Elas são maioria

Em Sergipe e em outros quatro estados as mulheres pescadoras são maioria. Por aqui, 62% dos trabalhadores no setor são do sexo feminino. No Maranhão elas representam 56%, em Pernambuco, 55%; na Bahia, 68%; e em Alagoas, 58%. Estes percentuais mostram que a presença da mulher na pesca é muito forte. Os dados se referem às pessoas com o chamado Registro Geral do Pescador, ou seja, a carteirinha do pescador. Arre égua!

Parada Gay

E quem prestigiou a 23ª Parada LGBTQIAPN+ de Sergipe foi a candidata a prefeita de Aracaju, Niully Campos (Psol). A ilustre disse que foi prestigiar o evento para reafirmar “o nosso compromisso com a construção de uma cidade onde todas as pessoas possam ser quem são, sem medo, sem preconceito. A caminhada é longa, mas juntos somos mais fortes”, frisou. Niully ressaltou, ainda, que “a voz do nosso povo não será silenciada”. Ôxe!

INFONET

Em destaque

Ameaças à Democracia: Fake News e Desinformação Tentam Manipular Eleitores em Jeremoab

A situação que  descrevo concernente a vergonhosa desinformação do Prefeito Deri do Paloma em Jeremoabo reflete um cenário preocupante, em q...

Mais visitadas