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sexta-feira, janeiro 13, 2023

A realidade calou o sr. Aras




Em três anos e meio, o sr. Aras não viu nada de anormal. No domingo, o País conheceu as consequências dessa atitude

Em setembro do ano passado, durante a cerimônia de posse da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, parecia haver uma paralaxe cognitiva entre as autoridades presentes. De um lado, a presidente do STF alertava para “tempos particularmente difíceis da vida institucional do País, tempos verdadeiramente perturbadores”. De outro, o procurador-geral da República, Augusto Aras, dizia não ver nada de anormal. “É gratificante saber que tivemos um 7 de Setembro pacífico e ordeiro, sem violência”, disse Aras no plenário da Corte, referindo-se às celebrações do Bicentenário da Independência, que, sequestradas pelo então presidente Jair Bolsonaro para sua campanha eleitoral, foram tão tensas que exigiram medidas extraordinárias de segurança. As imagens do mesmo plenário depredado no domingo passado não deixam dúvida de quem tinha razão.

Não só com a ação desenfreada nas ruas se construiu o espetáculo de destruição, mas com a omissão nos gabinetes do poder. Como mostrou o Estadão, houve uma atuação persistente do procurador-geral da República para dificultar investigações das mobilizações golpistas por parte do Ministério Público. Aras extinguiu grupos de investigação e devolveu a procuradores pedidos de informações ao Exército e à polícia sobre acampamentos em quartéis. Só depois do leite derramado, na segunda-feira, ele criou uma “Comissão de Defesa da Democracia”.

Em 2019, ao indicá-lo para chefiar a Procuradoriageral da República (PGR), Bolsonaro disse que Aras seria a “rainha” no tabuleiro de xadrez de seu governo, ou seja, a peça mais poderosa na defesa do “rei” e no ataque aos seus desafetos. De fato, o procuradorgeral da República ignorou, sob argumentos supostamente técnicos, uma série de indícios de crimes envolvendo Bolsonaro e seus acólitos.

Aras não viu problema, por exemplo, no “orçamento secreto”, nos escândalos de corrupção nos Ministérios da Saúde e da Educação, nas confusões e sabotagens de medidas sanitárias por parte de Bolsonaro durante a pandemia e nos ataques à Justiça Eleitoral. Ante os indícios de rachadinhas de Flávio Bolsonaro, Aras apoiou o filho do “rei” em suas pretensões de foro privilegiado. Diversas vezes pediu o arquivamento de inquéritos, como os que versavam sobre a organização e financiamento dos atos antidemocráticos. Tão sistemáticas foram suas omissões, que diversas vezes foram revertidas pelo próprio STF.

A trajetória de Aras é tanto mais chocante por contrastar com o vício oposto que imperou na PGR nos tempos de Rodrigo Janot: a hostilidade jacobina à política. Na oscilação entre os extremos da omissão e do abuso, o Ministério Público enfraquece sua missão constitucional de proteger a ordem jurídica e o regime democrático. Nada ilustra mais essa desproteção que o rastro de destruição deixado na Praça dos Três Poderes. Não cabe ao Ministério Público perseguir políticos, tampouco servi-los. Seu dever é servir a Constituição, defendendo, nos limites do devido processo legal, a lei e a democracia. 

O Estado de São Paulo

Moraes testa limites da contundência em reação ao ataque antidemocrático no DF - Editorial




Se a reação inicial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aos ataques do 8 de janeiro pode ser classificada como moderada, as decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, relativas aos mesmos acontecimentos são de uma contundência passível de questionamento.

Lula descartou medidas extremas como decretar estado de sítio ou de defesa. Também evitou convocar as Forças Armadas para tomar conta da segurança, preferindo determinar intervenção na segurança do Distrito Federal.

O petista precisa obviamente responder à invasão criminosa das sedes dos Poderes, mas, politicamente, não deve passar a impressão de que deflagra uma perseguição a seus opositores ideológicos.

Moraes não se vê tolhido por esse tipo de consideração. No âmbito dos inquéritos especiais que preside, determinou o afastamento temporário do governador recém-reeleito do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), sem nem mesmo ter recebido um pedido desse teor —decisão delicada quando os golpistas questionam justamente um mandato obtido nas urnas.

Ordenou ainda, acertadamente, o desmantelamento de todos os acampamentos próximos a quartéis e a prisão em flagrante dos envolvidos nos atos de depredação em Brasília, entre outras medidas.

Na terça-feira (10), mandou prender Anderson Torres, o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) que fazia as vezes de secretário de Segurança Pública de Brasília, e do coronel Fábio Augusto Vieira, que comandava a Polícia Militar local.

Mesmo draconianas, as medidas tomadas contra autoridades já contam com o apoio da maioria dos ministros do Supremo, conforme julgamento nesta quarta (11).

Juristas poderão apontar exageros de Moraes, ainda que nenhum democrata vá questionar seu sentido geral. Os ataques do domingo foram extremamente graves e exigem pronta e firme resposta dos Poderes constituídos.

Moraes oferece longa fundamentação para as prisões de Torres e Vieira, na qual se vale de termos fortes, como "omissão dolosa e criminosa". Diz que as condutas das duas autoridades colocaram em risco a vida do presidente Lula.

Deve-se observar que vários dos perigos que o ministro aponta seriam sanados, no que diz respeito aos requisitos da prisão preventiva, por medida menos gravosa que o encarceramento —o afastamento dos suspeitos de suas funções.

Torres, aliás, já havia sido exonerado por Ibaneis Rocha, antes de o governador ser suspenso do cargo.

Ao insistir na necessidade da prisão, Moraes visa menos à manutenção da higidez do processo e mais à preservação da ordem pública, outra possibilidade para justificar a preventiva.

Autocontrole e decisões colegiadas ajudarão o ministro e a corte na difícil tarefa de serem enérgicos sem exceder os poderes que a Constituição lhes confere.

Folha de São Paulo

Invasores podem ser enquadrados como terroristas? Veja opinião de juristas



Ministro do Supremo, Alexandre de Moraes enxergou “fortes indícios” de que vândalos cometeram crimes previstos na Lei Antiterrorismo

Por Lucas Negrisoli e Pedro Augusto Figueiredo

Prédio do STF foi um dos alvos do invasores no último domingo (8) 

Desde a invasão aos prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF) no domingo (8), juristas e advogados têm debatido se os invasores podem ser enquadrados e condenados pelo crime de terrorismo. 

Em uma decisão publicada ainda no domingo, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, apontou a existência de “fortes indícios” de que os invasores cometeram o crime de terrorismo. Ele também determinou a dissolução dos acampamentos em frente aos quartéis generais em todo o Brasil e a prisão em flagrante de seus integrantes com base, em parte, na Lei Antiterrorismo aprovada durante o governo Dilma em 2016.

A legislação define terrorismo como “a prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública”.

É considerado ato de terrorismo, por exemplo, sabotar o funcionamento ou apoderar-se, ainda que temporariamente, do controle de prédios públicos. A pena é de 12 a 30 anos de prisão.

A lei, no entanto, determina que não constitui terrosimo “a conduta individual ou coletiva de pessoas em manifestações políticas [...] direcionados por propósitos sociais ou reivindicatórios, visando a contestar, criticar, protestar ou apoiar, com o objetivo de defender direitos, garantias e liberdades constitucionais”.

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ato terrorista em Brasília

Na decisão, Moraes citou a existência de indícios de que os invasores cometeram quatro crimes previstos na Lei Antiterrorismo, entre eles promover, integrar ou ajudar organização terrorista (pena de 5 a 8 anos de prisão); investir no financiamento de atos terroristas (15 a 30 anos) e realizar atos preparatórios para o cometimento desses crimes.

O ministro do STF também apontou a existência de indícios dos crimes de associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, ameaça, perseguição, incitação ao crime e dano ao patrimônio público — todos eles previstos no Código Penal.

Especialistas divergem sobre crime de terrorismo

Para o advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida, o Kakay, os atos ocorridos em Brasília podem ser considerados como terrorismo, mas não no âmbito legal. "São duas coisas distintas. A Lei Antiterrorismo de 2016 é muito restrita, então, estes atos que estão sendo feitos agora, tecnicamente, nós teríamos dificuldades de enquadrá-los nesta lei. No entanto, o conceito de terrorismo, que é um conceito internacional, aceito pela ONU, sem sombra de dúvidas se enquadra às ações que foram feitas agora nesta tentativa de golpe de Estado. Mas, para efeito de criminalização, de processo penal, a lei a ser usada é a Lei de Defesa do Estado Democrático de Direito”.

De acordo com José Alfredo Baracho, professor de direito constitucional da PUC Minas e advogado, durante as ações, autoridades da Federação não estavam presentes e, apesar do rastro de destruição deixado na capital federal, não houve impedimento de funcionamento das instituições – que, inclusive, reagiram a elas. 

Dentre as reações, estão as decisões do próprio Moraes e a determinação de intervenção no Distrito Federal, assinada pelo presidente Lula (PT).

"Entendo que não há como enquadrar os atos na Lei Antiterrorismo. Foram atos de vandalismo, e existem tipos penais próprios para esse tipo de ação. O enquadramento como terrorismo está sendo posto no sentido de um ataque aos Três Poderes, mas nenhuma autoridade estava presente, e o trabalho delas não foi impedido. Simbolicamente, os atos são muito graves e deve haver punição exemplar, mas não podem ser classificados como terrorismo", defende o especialista.

O professor de direito constitucional Nuno Rebello argumenta que não há problema em usar o termo “terrorismo” de forma coloquial. A questão, defende, é quando textos jurídicos, como a decisão de Moraes, usam a tipificação. 

“Não é uma leitura que pode ser feita como se fosse um garimpo, escolhendo o que quero utilizar do que diz a lei. A interpretação de leis que visam a punição não podem ser muito flexíveis a quem visa condenar, mas sim a quem pode ser condenado”, argumenta.

Ainda, Rebello explica que o texto prevê que o julgamento de crime de terrorismo seja da Justiça Federal, não do STF. “Caso fosse considerado terrorismo, não seria apontado pelo STF. Reitero: não sou a favor de vandalismo, e acho bastante razoável que em termos populares se use o termo terrorismo, mas não no caráter técnico”, conclui.

O Tempo

Mídia de extrema direita nos EUA aplaudiu vândalos de Brasília



Atos terroristas em Brasília 

Por Sandra Cohen

Teóricos da conspiração e apoiadores de Bolsonaro, como Tucker Carlson, Alex Jones e Steve Bannon, propagaram mentiras para justificar ação de terroristas.

Tal como ocorreu no ataque ao Capitólio, há dois anos em Washington, a mídia de extrema direita dos EUA aplaudiu os terroristas bolsonaristas pelas invasões de domingo em Brasília, propagando todo o tipo de mentiras, exageros e erros crassos de informação, sem oferecer a seu público evidências para respaldá-los.

Tucker Carlson, o principal âncora da Fox News, retratou a depredação como uma reação frustrada e furiosa dos apoiadores de Bolsonaro à eleição fraudada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    “Um criminoso condenado chamado Lula da Silva é agora o presidente do país mais importante da América do Sul. Milhões de pessoas no Brasil entendem exatamente o que aconteceu e sabem que sua democracia foi sequestrada possivelmente para sempre”, alegou o apresentador, que em junho passado esteve no Brasil para entrevistar o ex-presidente brasileiro. 

O programa que leva o seu nome é transmitido em horário nobre e registrou em 2022 uma média de 3,3 milhões de espectadores diários.

A defesa dos desordeiros reverberou em outros redutos de extrema direita. O radialista e teórico da conspiração Alex Jones afirmou que os ataques às sedes do Congresso, da Presidência e do STF foram promovidos por agentes do governo infiltrados entre os apoiadores de Bolsonaro.

“Foi provocação do Lula logo depois que ele soube que Bolsonaro havia saído do Brasil por que iam prendê-lo por acusações forjadas?”, questionou.

Vale abrir um parênteses para lembrar quem é Alex Jones. Proprietário do canal InfoWars, ele foi condenado a pagar US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,1 bilhões) às famílias das vítimas por negar o massacre de 20 crianças e seis adultos em uma escola de Connecticut, em 2012.

Veja onde aconteceram as ações golpistas em Brasília

Com sua tese de que o ataque à escola foi inventado pelo governo americano com o intuito de “tirar as armas” dos cidadãos, Jones causou perseguições e ameaças aos parentes das vítimas. As mentiras eram propagadas na mesma velocidade em que ele acumulava uma fortuna com a venda de suplementos alimentares anunciados em seu site.

O motim em Brasília foi caracterizado como uma ação de “combatentes da liberdade” por Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump, que também encorajou os simpatizantes a invadirem a sede do Congresso americano, há dois anos.

Ali Alexander, outro ativista de teorias conspiracionistas que em 2020 ajudou a organizar os comícios pró-Trump “Pare o roubo”, definiu a eleição no Brasil como fraudulenta e apoiada pela CIA. “A Suprema Corte do Brasil é ilegítima e a mais corrupta integrante do país. Eles não respeitam a lei ou o povo. Façam o que for necessário”, escreveu.

A mesma tese, de envolvimento da agência de inteligência nos distúrbios, foi explanada por Matthew Tyrmand, convidado do podcast The Charlie Kirk Show.

G1

Punição a Bolsonaro une parlamentares do Brasil e dos EUA




Prisioneiro do próprio tumulto, ele provocou inédita união de forças políticas de centro e de esquerda do Brasil e dos Estados Unidos. 

Por José Casado (foto)

Mudaram o ambiente e a agenda política em Brasília.

Até a semana passada debatiam-se as chances reais de Jair Bolsonaro algum dia enfrentar consequências processuais pela instabilidade que ajudou a criar nos últimos quatro anos.

A invasão do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, no domingo (8), mudou o rumo da discussão entre parlamentares e juízes: já não é “se” mas “quando”.

O desfecho com punição virou questão de tempo, contado a partir de fevereiro nos calendários político e judiciário.

Em três semanas o Congresso retoma as atividades. Começar com a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a insurreição e no alvo central estará Bolsonaro.

O STF vai reabrir com resoluções sobre a pilha de processos (há 1.159 novos) que relatam a história do extremismo bolsonarista no governo, na campanha eleitoral e na organização da rebelião do último fim de semana.

Bolsonaro virou prisioneiro do próprio tumulto. Conseguiu a proeza de ser reconhecido dentro e fora do país por sua principal contribuição à vida politica brasileira nas últimas três décadas — a manipulação do ódio como modo de fazer política.

Foi além: provocou inédita união de forças políticas de centro e de esquerda do Brasil e dos Estados Unidos, onde se refugiou na sexta-feira 30 de dezembro para eternizar sua ausência em Brasília num rito simbólico da democracia, o da transferência de poder ao sucessor eleito, Lula.

Mais de 60 parlamentares brasileiros e americanos subscreveram uma aliança para enfrentar “os esforços dos atores autoritários e antidemocráticos de extrema-direita para anular os resultados legítimos das eleições e arruinar nossas democracias”. Equiparam as invasões de domingo em Brasília ao ataque dos seguidores de Donald Trump à sede do Congresso dos EUA, em janeiro de 2021.

“Não é nenhum segredo que, no Brasil e nos Estados Unidos, agitadores de ultradireita estão coordenando esforços” — afirmam em documento. “Por causa das eleições brasileiras de 30 de outubro, o congressista brasileiro Eduardo Bolsonaro seu reuniu com o ex-presidente Trump, junto com os ex-assessores de Trump [na Casa Branca] Jason Miller e Steve Bannon, que estimularam Bolsonaro a impugnar os resultados das eleições no Brasil (…) Pouco depois das reuniões, o partido de Bolsonaro [PL] procurou invalidar milhares de votos. Todos os envolvidos devem prestar contas.”

Acrescentam: “As democracias se baseiam na transferência pacífica do poder. Assim como os extremistas de extrema-direita estão coordenando seus esforços para minar a democracia, devemos permanecer unidos em nossos esforços para protegê-la.”

Tanto em Washington quanto em Brasília aumenta a pressão sobre Bolsonaro, filhos parlamentares, aliados políticos e empresariais. Como ocorre no caso Trump, a discussão já não é “se”, mas “quando”.

Revista Veja

Ataques em Brasília: o recrutamento de militantes que antecedeu as invasões




"Estamos recrutando pessoas que tenham disponibilidade para ir a Brasília de ônibus que sairá no domingo e volta na quinta feira. Tudo pago."

Por Leandro Prazeres

Anúncios como esse circularam em grupos com milhares de integrantes em redes sociais como o Telegram, Facebook e WhatsApp nos dias que antecederam a invasão das sedes dos três poderes em Brasília, no domingo (8/1), indicando a possibilidade de financiamento para os atos que agora estão no alvo das autoridades. A existência de uma rede financiando a ida de militantes bolsonaristas é uma das principais linhas de investigação da Polícia Federal desde os atos do domingo.

Os anúncios com ofertas de transporte gratuito para Brasília foram encontrados pela reportagem da BBC News Brasil em diferentes redes sociais, como o Telegram, WhatsApp e Facebook.

Normalmente, os anúncios indicam as datas de partida dos ônibus e números de telefone para o contato dos supostos organizadores. É o caso da convocação citada no início desta reportagem.

'Anúncio ofereceu transporte e alimentação gratuitos para militantes dispostos a irem a Brasília'

A reportagem conseguiu obter mensagens indicando oferta de ônibus para militantes bolsonaristas saindo de cidades como Campinas, no interior de São Paulo, Blumenau, em Santa Catarina, e em Cascavel, no Paraná.

Um dos pontos que chamou atenção nas mensagens foi a aparente gratuidade do transporte e a promessa de que os militantes teriam abrigo e alimentação bancados assim que chegassem a Brasília.

'Postagem em grupo de bolsonaristas oferece transporte gratuito para "patriotas" saindo de Blumenau'

A indicação é de que, assim que chegassem em Brasília, os militantes recrutados seriam alocados no acampamento de bolsonaristas que se formou em frente ao Quartel General do Exército.

A aglomeração durou mais de um mês e só foi desmobilizada após a invasão das sedes dos 3 poderes, no domingo. Pelo menos 1,5 mil pessoas foram detidas e encaminhadas para delegacias e para um ginásio após a desocupação do acampamento em frente ao QG do Exército.

Segundo o Ministério da Justiça, eles poderão responder pelos crimes de golpe de estado, dano de patrimônio e lesão corporal. As penas podem chegar a 15 anos de prisão.

A reportagem ligou para os telefones indicados em três postagens que anunciavam o recrutamento de militantes em direção a Brasília.

Num dos casos, uma mulher atendeu a chamada e negou seu envolvimento no caso. Segundo ela, seu telefone estaria sendo usado de forma indevida.

'Em outra postagem, há indicação de que tudo seria custeado para quem se dispôs a ir a Brasília'

A reportagem também telefonou para outra pessoa indicada como o contato que organizava caravanas do Paraná para Brasília.

Ela disse ser bolsonarista, mas negou que estivesse por trás da organização do transporte de militantes para a capital federal.

No terceiro caso, nenhuma das duas pessoas cujos telefones estavam indicados na postagem atenderam às chamadas.

A legislação prevê penas de até quatro anos de prisão para quem financiar atos contra o Estado e a ordem política e social.

Financiamento na mira

O transporte de milhares de militantes bolsonaristas para Brasília é uma das principais linhas de investigação da Polícia Federal e da Polícia Civil do Distrito Federal desde os atos do domingo.

Informações colhidas pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal apontam que, no dia do evento, pelo menos 140 ônibus com militantes haviam chegado a Brasília até aquele momento.

Segundo o ministro da Justiça, Flávio Dino, as autoridades locais e federais apreenderam pelo menos 40 ônibus que transportavam militantes e iniciaram o processo de identificação dos responsáveis pelo fretamento dos veículos.

Segundo o portal UOL, o ministro afirmou, sem detalhar, que entre os supostos financiadores teriam sido identificados representantes do agronegócio, comerciantes e pessoas com certificado de caçador, atirador ou colecionador de armas (CACs).

"Já foram identificados os primeiros financiadores, sobretudo aqueles relativos aos ônibus, aqueles que organizaram o transporte, que contrataram os ônibus. Estas pessoas estão todas identificadas", disse o ministro, segundo o portal.

Na segunda-feira (9/1), durante uma entrevista coletiva, Dino sinalizou que entre os suspeitos de financiarem os atos de domingo estariam pessoas ligadas ao agronegócio.

"Eu prefiro não me intrometer em investigações que competem à PF e é precoce porque pode revelar ideia de generalização. Há pessoas vinculadas a este segmento econômico que participaram, é inequívoco, mas isso não significa generalização", disse.

Em outra frente das investigações sobre o financiamento dos atos está a Advocacia-Geral da União (AGU).

Veículos como os portais G1 e UOL veicularam e a BBC News Brasil confirmou a informação de que o órgão teria identificado pelo menos 100 empresas suspeitas de custear os gastos de manifestantes em Brasília. A expectativa é de que a AGU peça o bloqueio dos bens dessas empresas nos próximos dias.

A invasão

A invasão às sedes dos três poderes aconteceu na tarde de domingo. Milhares de militantes bolsonaristas romperam o bloqueio de alguns policiais militares e entraram no Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF). Móveis, computadores e obras de arte foram destruídos ou parcialmente destruídos.

A ordem só foi restituída após o reforço do policiamento na área. Após a invasão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou a intervenção na segurança pública do Distrito Federal, prevista para durar até o 31 de janeiro. Horas mais tarde, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, afastou temporariamente o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). O afastamento tem duração de 90 dias.

As investigações apuram se houve conivência de Ibaneis e outros agentes públicos nos momentos que antecederam a invasão. Entre eles está o ex-secretário de Segurança Pública e ex-ministro da Justiça durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, Anderson Torres. Na terça-feira, a PF cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão contra ele. Torres, porém, está de férias nos Estados Unidos.

Nos últimos dias, Torres lamentou o ocorrido e rebateu acusações de que ele foi conivente com os atos do domingo. 

BBC Brasil

GSI não preparou esquema de segurança para dia de ataque golpista ao Planalto

Quinta-Feira, 12/01/2023 - 16h00

Por Cézar Feitosa | Folhapress

Imagem sobre GSI não preparou esquema de segurança para dia de ataque golpista ao Planalto
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

Mesmo diante do risco de invasão aos prédios públicos, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) decidiu não reforçar a segurança do Palácio do Planalto e deixou somente a guarda comum de fim de semana para resguardar a sede do Executivo no domingo (8).
 

O general Gonçalves Dias, escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para chefiar o GSI, informou a interlocutores do Exército na sexta (6) e no sábado (7) que o cenário era de tranquilidade.
 

Segundo relatos feitos à Folha, ele afirmou por mensagens de WhatsApp e ligações que a Secretaria de Segurança Pública tinha um plano de segurança que proibia o acesso de manifestantes na Praça dos Três Poderes -fato que, na visão dele, mitigava riscos de invasão ao prédio.
 

O caso não é visto no Exército como uma dispensa do batalhão, que só atua quando convocado pelo GSI em casos excepcionais.
 

Apesar disso, a atuação de G.Dias, como é chamado, é questionada por aliados de Lula e integrantes da Força. Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo e confirmou a Folha de S.Paulo, as medidas de reforço da segurança foram adotadas na prática apenas no dia dos ataques.
 

Sem a convocação de pessoal, o Palácio do Planalto amanheceu no domingo somente com seis sentinelas e dois guardas do BGP (Batalhão de Guarda Presidencial).
 

Por volta das 12h, com a descida de bolsonaristas radicais para a Esplanada dos Ministérios, o GSI fez uma primeira solicitação, por ligação telefônica, para o envio de um pelotão.
 

Os 36 militares chegaram por volta das 13h, após realizar trajeto alternativo do Setor Militar Urbano até o Palácio do Planalto, entrando por um dos anexos da sede do Executivo. Outras duas levas de militares foram enviadas ao Planalto durante o dia.
 

Com a primeira invasão ao Palácio, por volta das 15h, o comandante Militar do Planalto, Gustavo Dutra, decidiu enviar duas companhias para tentar retirar os golpistas de dentro do prédio.
 

Segundo pessoas com conhecimento do assunto, o chefe do GSI não havia solicitado o envio das tropas. Ele somente formalizou o pedido após os militares já terem sido enviados para retirar os bolsonaristas que depredavam o prédio.
 

As tropas enviadas somam 173 militares. Por ordem do comandante do batalhão, coronel Paulo Jorge Fernandes da Hora, a maioria dos soldados subiu ao quarto andar e começou a esvaziar o Planalto de cima para baixo.
 

Conforme a crise se instalava, outra companhia com mais 120 militares foi enviada para debelar os ataques ao palácio. A pedido dos próprios militares, a Polícia Militar entrou no prédio e ajudou a retirar os radicais.
 

Militares que atuaram no esvaziamento do Palácio do Planalto disseram que os policiais estavam exaltados porque um colega deles, que fazia a guarda a cavalo, havia sido espancado por golpistas.
 

Vídeos que circularam nas redes sociais sobre os momentos da ação mostram discussões entre os policiais e o coronel Paulo Jorge. Na versão divulgada pela internet, o militar teria atuado para evitar que os policiais prendessem os radicais que quebraram vidraças, quadros e objetos no interior do palácio.
 

Internamente, no entanto, o coronel afirmou que a situação no momento já estava controlada, com os golpistas sentados no chão, e atuou daquela forma para evitar que idosos e mulheres fossem agredidos pelos policiais.
 

A Folha de S.Paulo enviou perguntas ao GSI, Palácio do Planalto e ao general Gonçalves Dias sobre a atuação às vésperas e no dia da invasão dos bolsonaristas, mas não obteve resposta.
 

A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal finalizou na sexta-feira (6) o protocolo de ações integradas para o fim de semana.
 

No documento, ao qual a Folha teve acesso, a pasta afirma que o plano tinha como objetivo "promover ações de segurança pública a fim de assegurar o direito constitucional a livre manifestação pública, na Esplanada dos Ministérios e área central de Brasília, conforme atribuições legais de cada instituição".
 

O protocolo, no entanto, não incluiu o GSI ou outros integrantes do Palácio do Planalto. Integrantes do Gabinete de Segurança Institucional afirmaram à Folha que a pasta não foi convidada para reuniões de segurança e apenas foi informada do plano.
 

O plano previa que os ônibus com os manifestantes deveriam desembarcar no Setor Militar Urbano, região em que fica o QG do Exército. Os veículos deveriam depois ficar no estacionamento externo da Granja do Torto.
 

"Não será permitido o acesso de manifestantes à Praça dos Três Poderes, conforme acordado em reunião no dia 06 de janeiro de 2023 na SSP", diz trecho do documento.
 

O ofício ainda prevê que caberia à Polícia Militar do DF o planejamento da segurança da Esplanada, devendo "ficar em condições de empregar tropa especializada em controle de distúrbio, no caso de perturbação da ordem".
 

Lula fez novas críticas nesta quinta-feira (12) à atuação da segurança do Palácio do Planalto.
 

"Eu estou esperando a poeira baixar. Eu quero ver todas as fitas gravadas dentro da Suprema Corte, dentro do palácio. Teve muito agente conivente. Teve muita gente da PM conivente. Muita gente das Forças Armadas aqui de dentro coniventes. Eu estou convencido que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para essa gente entrar porque não tem porta quebrada. Ou seja, alguém facilitou a entrada deles aqui", disse a jornalistas.

Bahia Notícias

Minuta do golpe achada na casa de ex-ministro da Justiça foi escrita à mão, diz coluna

Quinta-Feira, 12/01/2023 - 17h07

Por Redação

Imagem sobre Minuta do golpe achada na casa de ex-ministro da Justiça foi escrita à mão, diz coluna 
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A minuta de um decreto para instaurar estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) encontrada pela Polícia Federal (PF) na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres foi escrita à mão. 

 

De acordo com a Coluna Guilherme Amado, no Metrópoles, parceiro do Bahia Notícias, o manuscrito será periciado pela Polícia Federal, para comparar com a caligrafia de Anderson Torres e de outros possíveis autores do texto.

 

Provavelmente, o material foi produzido após a realização das eleições e teria objetivo de apurar abuso de poder, suspeição e medidas ilegais adotadas pela presidência antes, durante e depois do processo.

Bahia Notícias

Lula expõe desconfiança com segurança no Planalto e diz que Forças Armadas não são poder moderador

Quinta-Feira, 12/01/2023 - 17h20

Por Matheus Teixeira, Marianna Holanda e Renato Machado | Folhapress

Imagem sobre Lula expõe desconfiança com segurança no Planalto e diz que Forças Armadas não são poder moderador
Foto: Divulgação / Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta quinta-feira (12), que as Forças Armadas não são "poder moderador como pensam que são" e expôs desconfiança com a segurança do Palácio do Planalto ao dizer que tem convicção de que policiais e militares deixaram os manifestantes golpistas invadirem a sede do Poder Executivo no último domingo (8).
 

O petista afirmou ainda que confia em José Múcio Monteiro, apesar dos desgastes que ele vem sofrendo, e disse que ele continuará à frente do Ministério da Defesa.
 

"Essa a imagem que eu tenho das Forças Armadas. Umas Forças Armadas que sabem que seu papel está definido na Constituição. As Forças Armadas não são o poder moderador como pensam que são. As Forças Armadas têm um papel na Constituição, que é a defesa do povo brasileiro e da nossa soberania contra possíveis inimigos externos. É isso o papel das Forças Armadas e está definido na nossa Constituição. É isso que quero que seja bem feito", disse o petista, em café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto.
 

Lula disse ainda estar "convencido" de que gente de dentro do palácio deixou golpistas entrarem no dia da invasão ao Planalto.
 

"Eu estou esperando a poeira baixar. Eu quero ver todas as fitas gravadas dentro da Suprema Corte, dentro do palácio. Teve muito agente conivente. Teve muita gente da PM conivente. Muita gente das Forças Armadas aqui de dentro coniventes. Eu estou convencido que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para essa gente entrar porque não tem porta quebrada. Ou seja, alguém facilitou a entrada deles aqui", afirmou.
 

Múcio está sob intensa fritura de aliados, após os atos golpistas de vandalismo no último domingo (8), que depredaram a sede dos Três Poderes em Brasília. O ministro era adepto da tese de saída pacífica dos manifestantes em frente ao quartel-general do Exército.
 

"Quem coloca ministro e tira ministro é o presidente da República. O Zé Múcio fui eu quem trouxe para cá, ele vai continuar sendo meu ministro, porque eu confio nele",
 

"Se eu tiver que tirar cada ministro a hora que ele comete um erro, sabe, vai ser a maior rotatividade de mão de obra da história do Brasil. Todos nós cometemos erros. Zé Múcio vai continuar", completou.
 

O presidente disse ainda que falou para o ministro da Defesa e os comandantes das Forças Armadas que, "por muito menos, teve gente presa e tortura na ditadura".
 

Lula recebeu, pela primeira vez, jornalistas nesta manhã. Mas, ao final do encontro, apenas cinco veículos puderam perguntar.
 

Como a Folha de S.Paulo mostrou, Múcio chegou a ser criticado, reservadamente, pelo próprio presidente.
 

Irritado com a facilidade com que os invasores chegaram ao Palácio do Planalto, Lula criticou, duramente, o desempenho de sua equipe frente aos atos de vandalismo que resultaram na depredação da sede do Executivo federal e também dos prédios do Congresso e do STF (Supremo Tribunal Federal).
 

Enquanto acompanhava a evolução dos ataques por meio de publicações nas redes sociais, Lula se queixou, especialmente, de Múcio e do ministro-chefe do GSI (Gabinete da Segurança Institucional), general Gonçalves Dias —aos quais telefonou, em tom de cobrança, já no início das invasões.
 

Segundo seus aliados, Lula reclama que Múcio tenha subestimado ameaças à segurança, apostando na saída gradual dos bolsonaristas acampados diante do quartel do Exército em vez de determinar sua retirada, como, por fim, aconteceu nesta segunda-feira (9).
 

De acordo com relatos desses interlocutores, o presidente avalia ainda que faltou firmeza a Múcio na relação com os comandantes das Forças Armadas e que o ministro não teria exercido sobre eles qualquer influência.
 

A cúpula do PT também passou a torcer, nos bastidores, para que o ministro da Defesa pedisse para deixar o cargo espontaneamente, citando desgaste pessoal ou apelo de familiares.
 

Seria uma saída honrosa para ele, que pouparia Lula da tarefa de demitir um aliado antigo com poucos dias de governo.
 

A aliados, contudo, Múcio admitia a pressão, mas disse nesta semana que é o momento de pessoas responsáveis se juntarem para ajudar o governo.
 

Durante o café da manhã com jornalistas, o presidente também disse que descartou GLO (Garantia de Lei e da Ordem), sugerida no domingo a ele por Múcio, porque senão seria um "golpe".
 

"Se eu tivesse feito GLO, eu teria assumido a responsabilidade de abandonar a minha responsabilidade. Aí sim estaria acontecendo o golpe que as pessoas queriam. O Lula deixa de ser governo para que algum general assuma. Quem quiser assumir o governo que dispute uma eleição e ganhe", afirmou.
 

O petista responsabilizou ainda a Polícia Militar do Distrito Federal pelos atos de domingo, dizendo que paga o salário deles e que eles não cumpriram sua função.

Bahia Notícias

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