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terça-feira, outubro 11, 2022

PF faz operação, e STJ afasta governador de Alagoas apoiado por Lula no segundo turno


Candidato ao governo de Alagoas, Paulo Dantas (MDB) foi alvo da Polícia Federal nesta terça-feira (11)

Dantas contratou servidores fantasmas no seu gabinete

Camila Mattoso
Folha

O STJ (Superior Tribunal de Justiça) afastou Paulo Dantas (MDB) do cargo de governador de Alagoas. Ele é um dos alvos de uma operação da Polícia Federal deflagrada nesta terça-feira (11). A determinação judicial atendeu a um pedido da PF. Os fatos apurados são da época que Dantas era deputado estadual. A acusação é da prática de uso de funcionários fantasmas em seu gabinete.

A operação cumpre 31 mandados de busca e apreensão. Entre os endereços estão a Assembleia Legislativa e a sede do governo. O emedebista virou governador em maio, para um mandato tampão, após Renan Filho (MDB) deixar o cargo para disputar uma vaga ao Senado. A ministra do caso é Laurita Vaz. O afastamento do político tem prazo de 180 dias.

NO SEGUNDO TURNO – Dantas está no segundo turno da eleição para governador de Alagoas. Ele recebeu 46,64% dos votos válidos, enquanto seu adversário, Rodrigo Cunha (União), apoiado por Arthur Lira (PP), teve 26,74%. O emedebista é apoiado apoiado pelo ex-presidente Lula e pela família de Renan Calheiros.

Alagoas é o estado em que a maior parcela da população passa fome no Brasil, com 36,7% — número que é duas vezes a média nacional. Os dados são do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, que divulgou informações sobre segurança alimentar por estado no dia 14.

Por causa das eleições, Renan Filho renunciou ao seu mandato como governador em abril. Seu vice-governador, Luciano Barbosa, deixou o cargo nas eleições de 2020, assumindo a Prefeitura de Arapiraca.

ELEIÇÃO INDIRETA – O próximo na linha sucessória seria o presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, Marcelo Victor (MDB), que preferiu não assumir o governo e concorrer à reeleição, convocando eleições indiretas. Após imbróglios na Justiça, travados entre Arthur Lira e Renan Calheiros, Paulo Dantas foi eleito para um mandato até 31 de dezembro.

Sua campanha se baseia no que foi feito durante a gestão de Renan Filho, citando obras realizadas no período ou que estão sendo concluídas durante seu período no governo.

Dantas foi prefeito do município de Batalha durante dois mandatos e, em 2018, se tornou deputado estadual. Sua esposa, Marina Thereza Cintra Dantas (MDB), é a atual prefeita da cidade.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – É ilusão achar que a impunidade continuará prevalecendo eternamente. É apenas uma fase negativa que o país atravessa, causada pelas “interpretações” que o Supremo tem feito em normas constitucionais. Mas um dia isso mudará e o Brasil terá de seguir as normas jurídicas em uso nos países mais desenvolvidos. No caso da impunidade criminal, hoje o Brasil é o único país da ONU que não prende réus condenados após segunda instância, como Lula da Silva. Pense nisso. (C.N.)

Damares é cobrada pelos falsos crimes sexuais que inventou, e ela desconversa


O inferno se levantou contra Bolsonaro", diz Damares Alves em igreja

“A eleição não é política, é contra o inferno”, diz Damares

Aline Brito
Correio Braziliense

A ex-ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, eleita senadora pelo Distrito Federal nestas eleições, Damares Alves (Republicanos), publicou um vídeo no Instagram, na noite desta segunda-feira (10/10), em que expôs uma postagem do dia 2 de outubro onde ela é ameaçada de morte. A pastora disse ainda ser alvo do “ódio da esquerda” por expressar a fé cristã.

O vídeo foi publicado após o Ministério Público Federal do Pará (MPF/PA) cobrar ao Ministério da Mulher explicações sobre a declaração feita por Damares durante um culto na Igreja Assembleia de Deus Ministério Fama, em que ela afirmou ter descoberto supostos crimes sexuais cometidos contra crianças traficadas da Ilha do Marajó (PA). Na legenda da publicação, a ex-ministra deu a entender que falaria sobre os casos, mas não tocou no assunto.

FAKE NEWS AO VIVO – “Pensei muito antes de compartilhar com vocês este vídeo!”, escreveu Damares, que ainda afirmou: “Querem matar a mim e o presidente. Por que tanto ódio aos cristãos?”.

A ex-ministra começa o vídeo falando aos “evangélicos e católicos” e depois conta que decidiu “compartilhar essa informação com os irmãos porque muitos já viram inclusive nas redes sociais e agora, como já está sob investigação, a polícia já foi acionada, eu queria compartilhar com os irmãos”.

Em seguida, Damares mostrou uma ameaça que recebeu, por meio do Twitter, em 2 de outubro, dia do primeiro turno das eleições, logo após ter sido eleita senadora pelo DF. Na publicação, o usuário da rede social disse que a ex-ministra “precisa sofrer a dor da morte” e subiu a hashtag “#ExecutemDamares”.

FREQUENTES AMEAÇAS – A apoiadora do presidente Jair Bolsonaro (PL) revelou receber ameaças de morte com frequência, supostamente motivadas pelo “ódio aos cristãos” e que se torna alvo por ser pastora.

Ao longo dos quase três minutos de vídeo, Damares não falou sobre os casos de tráfico de crianças e exploração sexual que declarou ter descoberto. “A esquerda não precisa odiar tanto o cristão assim. Eu não tenho medo de ameaças”, finalizou a pastora.

Foi em um culto da Igreja Assembleia de Deus Ministério Fama, neste sábado (8/10) que Damares utilizou uma fala emocionada, baseada na defesa das crianças, na qual afirmou ter descoberto que “crianças brasileiras, de três, quatro anos, que quando cruzam as fronteiras sequestradas, os seus dentinhos são arrancados, para elas não morderem no sexo oral” e que só “comem comida pastosa para o intestino ficar livre na hora do sexo anal”.

GUERRA ESPIRITUAL – Na ocasião, Damares afirmou que diante do “horror” vivido contra as crianças, Bolsonaro se levantou para protegê-las e, por isso, vive “uma guerra espiritual” para ganhar as eleições deste ano.

Até o momento, não houve divulgação de provas sobre os crimes relatados pela senadora eleita. Em ofício encaminhado à secretaria executiva do Ministério das Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Tatiana Barbosa de Alvarenga, o Ministério Público Federal solicitou informações sobre os casos “indicando todos os detalhes que a pasta possua, para que sejam tomadas as providências cabíveis”.

O órgão também pediu para a pasta elencar as providências tomadas ao descobrir os casos e se houve denúncia à Polícia ou ao próprio Ministério Público.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Um assunto da maior gravidade, tratado de forma irresponsável pela ex-ministra. O invés de procurar Jesus na velha goiabeira e pedir que ele resolva logo os problemas aqui na Terra, Damares Alves prefere usar o nome de Deus em vão, para subir na vida meteoricamente. Com certeza, não conhece o velho ditado que Billy Blanco apregoa: “Mais alto o coqueiro, maior é o tombo”. Assim, só nos resta desejar que o inferno lhe seja leve, quando Damares cair lá de cima do coqueiro e se espatifar aqui na terra(C.N.)

O prefeito de Jeremoabo faz questão de cometer improbidade e corrupção, este Blog não cansa de publcar até a Justiça tomar uma providência

 


Está aí caros leitores a violação contra o erário público, violação contra o Art. 37, § 1º da Constituição Federal  que não é observado pelo prefeito por  se autopromover. A divulgação de material publicitário para autopromoção de prefeito configura ato de improbidade administrativa.

Essas fotos comprovam a prática de diversos atos de improbidade administrativa relacionados à autopromoção e a danos ao erário como também tais atos violam princípios da administração pública como a impessoalidade e a legalidade que é devida aos gestores públicos.

"Quando nos referimos aos chefes do poder executivo municipal, precisamos compreender que o que caracteriza promoção pessoal é exatamente o prefeito fazer o uso da máquina pública para se comunicar e se promover.

Ao falarmos de comunicação política, a primeira coisa que se torna necessário fazer é abrir a nossa Constituição Federal para entender quais os limites legais da comunicação e o que um político deve observar no momento de dar publicidade ao seu trabalho.

O que o prefeito não pode é fazer o uso da máquina pública para a promoção pessoal, não sendo permitido se promover nos canais e redes sociais da prefeitura e nem utilizar recursos ou funcionários públicos para alimentar sua rede social pessoal.

É necessário ter em mente que, quando tratamos do uso das redes sociais na política, as regras do uso para um político do Poder Executivo são diferentes das regras para políticos do Poder Legislativo. Como o foco é na caracterização da promoção pessoal de prefeitos, as regras abordadas são especificamente em relação ao poder executivo.

A Constituição Federal em seu art. 37, §1º, estabelece que é vedada a utilização do aparelho estatal para fins de autopromoção ou promoção pessoal, bem como tal ato poderia se caracterizar como improbidade administrativa, nos termos do art. 11 da Lei nº 8.429/1992, por ferir expressa vedação constitucional e violar princípios da Administração Pública já mencionados.

A promoção da imagem pessoal do prefeito mediante publicidade de atos, obras, programas, serviços e campanhas do município, bem com gastos com propaganda e publicidade desprovidas de interesse público veiculadas no órgão de divulgação oficial do município configuram improbidade administrativa.

Assim, qualquer uso do que é público para se comunicar configura improbidade administrativa, violando princípios da impessoalidade e moralidade administrativa.

Em relação às páginas oficias da prefeitura, a saída para não caracterizar promoção pessoal é sempre ter como objetivo a informação, falar sempre em nome da prefeitura e não em nome do prefeito" ..((https://marketingpoliticohoje.com.br/promocao-pessoal-prefeitos/))

O que vem causando perplexidade e indgnação é´que com todo esse estrondo Ensurdecedor ainda não fez com que o Ministério Público e a propria justiça já tenha estancado essa sangria contra o dinheiro do povo que provoca a falta de educação, a falta de merenda escolar, a falta de saúde, a falta de medicamentos, etc.

Situação vergonhosa é dos vereadores, que para acobertar as improbidades do seus colegas preferem permanecerem omissos.

Bolsonaro aposta em maior abstenção; estudo prevê efeito em votação acirrada




Nas apostas da campanha de Jair Bolsonaro (PL) para uma vitória nas urnas no segundo turno da eleição presidencial tem destaque um possível aumento do índice de abstenção em Estados onde a eleição já foi decidida, principalmente no Nordeste - base eleitoral mais fiel do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Numa votação que se projeta acirrada, o número de eleitores que não comparecem às urnas se tornou preocupação latente da campanha petista.

Com a surpresa de ter de enfrentar um segundo turno mais renhido do que o esperado, o combate à abstenção esteve presente nas manifestações de quase todos os governadores presentes na quarta-feira na reunião em que declararam apoio a Lula, em São Paulo.

No caso de Bolsonaro, um dos principais esforços da campanha está concentrado em aumentar a presença de votantes nos 12 Estados em que o presidente venceu e, ao mesmo tempo, confiar na desmobilização da máquina de candidatos às Assembleias Legislativas, Congresso e governos estaduais nas "áreas vermelhas", com eleitores mais pobres, o que ajudaria a desestimular o comparecimento.

Um estudo estatístico desenvolvido por Örjan Olsén, diretor da Analítica Consultoria, verificou qual seria o possível impacto da abstenção no total de votos dos dois candidatos no segundo turno. No modelo mais favorável a Bolsonaro, o peso do não comparecimento, isoladamente, poderia significar uma diferença de 0,5% dos votos válidos em favor do presidente - o que só definiria uma eleição em um cenário de acirramento da disputa, com a vitória sendo definida por uma margem pequena de votos, menor ainda do que aquela registrada entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), em 2014. Naquele ano, a petista obteve 51,64% dos votos e o tucano, 48,36%. Em um caso assim, a abstenção pode ser decisiva.

EXPECTATIVA. Um dos coordenadores da campanha de reeleição de Bolsonaro, Fábio Faria, ministro das Comunicações, disse ao Estadão que a campanha tem a expectativa de uma abstenção maior no segundo turno justamente nos Estados do Nordeste. "O voto útil foi 100% para o Lula. Na nossa conta o Lula vai ter, só de abstenção, menos 3,6% - diferença da abstenção do Bolsonaro para Lula", afirmou.

O não comparecimento dos eleitores nas unidades da Federação em que a disputa para governador já se definiu no primeiro turno impõe também um desafio aos bolsonaristas. O Rio, onde o governador Claudio Castro (PL) se elegeu no primeiro turno, por exemplo, deu a vitória a Bolsonaro.

O estudo feito por Olsén mostra que um crescimento hipotético de 5% na abstenção nos 14 Estados onde Lula venceu - ao mesmo tempo que houvesse uma redução na mesma proporção nas unidades onde Bolsonaro foi vitorioso - daria ao presidente 856 mil votos válidos a mais e retiraria 219 mil do petista.

"É que a queda da abstenção nos Estados onde Bolsonaro venceu também traria votos novos a Lula, pois em nenhuma das outras regiões a vantagem do presidente foi tão grande quanto a registrada em favor de Lula na Região Nordeste", afirmou Olsén, que é doutor em Comunicação Pública pela Syracuse University, em Nova York.

Seu modelo estatístico mostra que se pode ganhar até 0,5% de votos válidos por meio da aposta no crescimento da abstenção. Esta dificilmente ultrapassa um aumento de 3% de um turno para outro. Ou seja, se Bolsonaro pretende vencer a eleição, terá de lutar pela virada de votos dos eleitores que pretendem votar em Lula.

PREFEITOS. Um dos principais apoiadores do presidente, o governador reeleito de Minas, Romeu Zema (Novo), aposta na virada de votos, no convencimento de quem optou por Lula no primeiro turno. O político anunciou seu apoio a Bolsonaro na semana passada, dois dias após a votação em primeira etapa, e foi o anfitrião de um evento de campanha com o presidente da República na sede da Federação das Indústrias de Minas (Fiemg).

Ao Estadão, Zema disse que pretende mobilizar a Associação Mineira dos Municípios (AMM) para garantir a capilaridade da campanha no segundo turno da disputa presidencial. A entidade representativa dos chefes dos Executivos municipais mineiros congrega 820 das 853 prefeituras do Estado, o segundo maior colégio eleitoral do País. "Os prefeitos de Minas comeram o pão e a rosca que o diabo amassou com a gestão do PT (no Estado)", disse o governador reeleito.

Zema passou também a usar suas redes sociais para convencer conterrâneos que deram a vitória a Lula no Estado no primeiro turno por uma diferença de 560 mil votos.

O problema das pesquisas e das campanhas é que nem sempre é possível detectar quem vai se abster. No primeiro turno, o eleitor de Lula se absteve mais do que o de Bolsonaro, conforme pesquisa Genial/Quaest: 45% dos que deixaram de votar pretendiam eleger o petista, enquanto só 25% queriam reeleger o presidente.

Esse dado mostra por que o combate à abstenção virou uma obsessão para o comando da campanha petista já no primeiro turno, quando a equipe de Bolsonaro chegou a questionar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o passe livre garantido no transporte público por prefeitos de diversos Estados.

Na opinião do cientista político Antonio Lavareda, a abstenção compulsória, aquela que leva o eleitor mais pobre a deixar de votar por falta de dinheiro ou por necessidade de trabalhar no dia da eleição, prejudica mais o candidato petista. Do ponto de vista da campanha de Lula, esse deveria ser o principal foco no segundo turno: levar o eleitor que faltou ao primeiro turno a votar agora.

"Acredito que é possível ampliar a votação em todas as regiões do Brasil, diminuindo até os votos brancos e nulos", afirmou o senador eleito pelo Piauí, Wellington Dias (PT), um dos coordenadores da campanha do ex-presidente. "Sou do Nordeste, e vamos trabalhar lá para o crescimento."

O governador eleito do Amapá, Clécio Luís, do Solidariedade, foi ainda mais direto. "Nos Estados em que a eleição já terminou (caso do Amapá) temos uma tarefa que é não deixar que a abstenção seja alta. Na medida em que os cargos locais já foram preenchidos temos uma tarefa de fazer o povo entender que nós somos todos Brasil", afirmou.

TRANSPORTE. Apostar na manutenção do transporte público e, principalmente, no passe livre, se transformou em um mantra entre os petistas, como o senador Jaques Wagner (PT-BA). Mas não só.

"Onde estão os votos que a gente pode conquistar? Eles estão na abstenção, nos do Ciro (Gomes) e nos da Simone (Tebet). Nós vamos correr atrás. Vamos fazer um apelo aos filiados de cada partido para correr atrás dos votos. Temos condição de aumentar muito os votos. Nós temos um problema de transporte, que vai ser um grande desafio, principalmente no Nordeste, que tem uma grande zona rural", declarou a governadora do Piauí, Regina Sousa (PT).

Apesar da ação da campanha de Bolsonaro, o passe livre para eleitores no dia do voto tem defensores até entre seus apoiadores. É o caso de Zema. "Sou totalmente favorável. Qualquer obstáculo ao eleitor não é bem-vindo e, para as pessoas mais humildes, o preço do transporte público pode ser um obstáculo."

Manifestações como essas, feitas pelas duas campanhas, mostram por que a logística pode ter um peso tão grande em uma eleição cada vez mais acirrada e polarizada, como a de 2022. 

Estadão / Dinheiro Rural

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Para onde vamos?




Por Gaudêncio Torquato (foto)

Para frente, para trás ou para os lados? De pronto, explico o óbvio: caminhar para a frente é avançar na trilha, para trás é voltar, retroceder, e andar de lado significa permanecer na mesma posição, movendo os passos sem sair da linha horizontal. Essas são as direções que se apresentam como alternativas ao país nesse momento da mais simbólica disputa eleitoral da contemporaneidade.

Lula e Bolsonaro podem conduzir o país por qualquer uma dessas trilhas, afastando-se da dualidade entre o Bem e o Mal, erguendo a bandeira do progresso e da harmonia social ou seria isso um sonho? Terão envergadura para assumir compromissos com a ordem democrática e, mais que isso, a férrea determinação de inserir o Brasil na rota do futuro, meta que vai além do rol de promessas mirabolantes de campanha?

O governante que o Brasil precisa deve assumir, de maneira clara, a defesa dos preceitos constitucionais, a partir dos direitos individuais e coletivos, a liberdade de expressão e a instauração de políticas voltadas para a pluralidade, a diversidade e a causa ambiental. E preservar o que de bom já foi feito em administrações passadas.

Temos um perfil para vestir esse figurino? Vamos lá. Lula e Bolsonaro, ao longo de suas trajetórias, construíram uma identidade que gera intensa polêmica. Um e outro são adornados com as vestes do Arcanjo e do Demônio, alternando-se o traje de acordo com a origem dos trombeteiros. Ou seja, tanto um como outro trocam de posição.

A banda de Luiz Inácio o considera autêntico defensor da democracia, por sua jornada de lutas contra a ditadura e por sua identificação com as demandas das massas carentes. Hoje, ainda é visto como extensão do socialismo clássico.

Já Bolsonaro lapidou seu perfil nos fornos dos anos de chumbo, servindo ao Exército, chegando ao posto de capitão. Na política, tornou-se um ícone da direita conservadora, expressando apoio à tortura e aos torturadores. O fiel soldado extremista acabou sentado na cadeira presidencial, na esteira de escândalos que assolaram o terreiro petista.

O passado, desse modo, emerge como gigantesca sombra que acolhe ambos. Dessa textura, extrai-se a questão: não é possível passar uma borracha no passado. As pessoas mudam, mas certos valores continuam a balizar sua índole.

Tem sentido votar e/ou rejeitar um candidato por feitos ou desfeitos de ontem? Sim. Mas o passado não pode ser apenas a chave da porta do poder. Urge saber o que pensam, hoje, os contendores, sob a crença de que alguns fenômenos do passado se tornaram obsoletos.

Seria conveniente que, no momento em que duas visões bem diferentes travam feroz luta pela conquista do comando do país, os candidatos fossem avaliados por sua índole, seus compromissos, suas crenças, seus programas e, sobretudo, por sua identificação com o ideário da democracia e do Estado de Direito. Quais são as carências, potenciais e demandas das classes sociais? Quem tem as melhores ideias para proporcionar o bem-estar social?

É claro que as bandas raivosas e ensandecidas, que atuam como tuba de ressonância dos candidatos, não têm interesse em resgatar o grande discurso, em superpor o substantivo sobre o adjetivo rancoroso. O ódio, a revanche, a falsidade são armas da campanha, usadas como anzol para fisgar eleitores incautos.

Precisamos tirar da agenda os velhos cacoetes, o “nós e eles” e o “eles e nós”. Lula precisa ouvir o sussurro das ruas e entender que já não basta construir muros na sociedade ou igrejinhas para o PT. Se quer consolidar uma frente ampla em defesa da democracia, deve acenar com a bandeira da união, da paz social e do progresso. Muito cuidado com o furo do teto de gastos e o controle da imprensa, coisas que integram a cartilha lulista.

Bolsonaro não pode avocar as pérfidas ações dos tempos de chumbo, atraindo as massas com uma lengalenga que lembra a tensão da Guerra Fria, quando o lema era: “comunistas comem criancinhas”. Os tempos são outros. Jair, que se diz amigo de Vladimir Putin, deve melhorar a retórica destrambelhada e assumir postura condizente com a liturgia do cargo. Cuidado com o assistencialismo populista, herança do passado e isca de pesca eleitoral.

Luis Inácio: Venezuela, Cuba, Nicarágua ou Coréia do Norte são sistemas fracassados. Longe de serem alçados ao altar de referências. Aos dois candidatos, um conselho simples: interpretem as mensagens que o eleitor transmitiu com seu voto. Vejam que o 2º turno foi uma opção para analisar melhor os pleiteantes.

Não procurem pinçar nos recados do eleitor traços de esquerdismo ou direitismo. Classificar a comunidade política sob o prisma ideológico é um erro. As massas querem conforto, segurança, educação, serviços públicos de qualidade. Pergunte-se a um anônimo na multidão: “o senhor é de esquerda ou de direita”? Responderá com cara de espanto: “Como”? Só uma fração da comunidade é enrolada no lençol ideológico.

Este analista não quer descartar o debate internacional sobre ideologias – esquerda, direita, socialismo, Estado paquidérmico, Estado enxuto, liberalismo, social-democracia. Até é possível enxergar uma onda direitista soprando em vários recantos. Mas, nesse momento, o que está em jogo em nossas plagas é a meta de proporcionar um PNBF maior (Produto Nacional Bruto da Felicidade) para o bem da coletividade.

P.S. Queria ver pesquisas sobre a opção do eleitor – esquerda, direito, centro. Seria bem provável que apontasse para o bolso e para a barriga.

O Tempo

Luta em comum - Editorial




Com 3 premiados, Nobel da Paz ilumina resistência da sociedade a Putin e aliados

O Nobel da Paz teve três premiados neste ano, mas o objetivo de seu comitê foi um só —laurear a resistência em prol da liberdade.

O ativista Ales Bialiatski, da Belarus, o Memorial, grupo de direitos humanos da Rússia, e o Centro para Liberdades Civis da Ucrânia dividiram o Prêmio Nobel da Paz de 2022. Trata-se de um recado claro contra o autoritarismo na região.

Os organizadores do Nobel escaparam da tentação de condecorar o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, evitando o risco de polêmicas à frente com a escolha de um governante —como ocorreu na premiação do americano Barack Obama, em 2009.

O Nobel segue a tradição de conferir foco ao papel da sociedade civil na promoção da paz, com destaque óbvio para os diretamente afetados pela guerra na Ucrânia.

O Memorial, grupo de direitos humanos mais antigo da Rússia, com mais de três décadas de atuação, chegou a ter seu fechamento ordenado em 2021 pela Suprema Corte do país, aliada a Vladimir Putin, e hoje enfrenta perseguição judicial e política.

A entidade foi designada como "agente estrangeiro", rótulo criado pela autocracia russa em 2012 para deslegitimar organizações da sociedade civil que recebem financiamento de fora. Ela atua especialmente na preservação da memória de milhões de russos perseguidos e mortos durante a era stalinista na antiga União Soviética.

Já o Centro para Liberdades Civis da Ucrânia, fundado em 2007 e liderado por mulheres, tem se dedicado a monitorar desaparecimentos forçados no contexto da invasão russa ao território ucraniano.

O ditador de Belarus, Alexander Lukashenko, aliado de Putin e reeleito em 2020 num pleito com indícios de fraudes, também ficou sob o holofote internacional com a premiação de Bialiatski, 60, que se encontra preso pela ditadura.

O laureado é o diretor da principal organização de direitos humanos do país, a Viasna (primavera). Ao premiá-lo, o comitê norueguês honra presos políticos e manifestantes reprimidos com violência, incluindo tortura, na esteira de protestos ocorridos em 2020.

Com a feliz opção de valorizar a força da sociedade civil, o Nobel ressalta a importância da memória e da exposição de violações como forma de encerrá-las.

Folha de São Paulo

Paisagem depois da batalha




O que pode acontecer é um candidato de esquerda vencer e governar com um Congresso de maioria conservadora

Por Fernando Gabeira (foto)

Na semana passada, tive pouco mais de 20 minutos para concluir meu artigo sobre as eleições. Era preciso conciliar o resultado ainda nebuloso com o limite para a entrega do texto.

Foi pouco tempo para entender tudo. Na verdade, até agora ainda existem zonas escuras, à espera de alguma luz que talvez só nos ilumine, plenamente, em 30 de outubro, data da votação em segundo turno.

Na terça-feira, numa entrevista ao jornal português Expresso, já pelo menos percebia algo: a frustração causada pelo resultado era superior ao que a realidade autorizava.

O problema central: todas as previsões foram baseadas nas pesquisas. Quando a realidade desmentiu parcialmente as pesquisas, em vez de aceitá-la, a tendência foi lamentar a perda de uma ilusão e subestimar as possibilidades da situação tal como ela era.

É inegável que o bolsonarismo avançou, elegendo senadores, dando votações espetaculares a ex-ministros que tiveram péssima atuação, como Eduardo Pazuello, na Saúde, ou Ricardo Salles, no Meio Ambiente.

A reação inicial foi afirmar que o Brasil é um país conservador. Aceitaria a expressão se fosse acompanhada do advérbio “majoritariamente”. É um país conservador, mas o candidato que defendeu políticas sociais mais amplas chegou à frente, com 6,2 milhões de votos de dianteira. Em alguns casos, São Paulo, Brasília (votação distrital) e Espírito Santo, candidatos de esquerda foram campeões de voto. Quatro índias foram eleitas para o Congresso, duas mulheres trans, 19 deputados LGBTQIA+.

Apesar da fidelidade de seu eleitorado, Bolsonaro ainda sofre a rejeição da metade do país, e isso pode selar sua sorte no segundo turno.

O que pode acontecer é a eleição de um candidato de esquerda que governe com um Congresso majoritariamente conservador. Mas não é algo novo, apenas dependerá de capacidade de negociação superior e respeito aos princípios republicanos.

Creio que também é simplificar demais dizer que foi uma eleição que opõe Sul e Sudeste ao Nordeste, ou pessoas de baixa renda e as mais bem pagas. Não é correto dizer que apenas os mais pobres votam a favor de uma política social. O que existe são alianças entre diferentes camadas, visões de mundo divergentes. Se apenas a prosperidade social determinasse o perfil de um país, como explicar que nos Estados Unidos republicanos e democratas se sucedam no poder?

Há sempre um choque entre as pessoas que veem no mérito um valor absoluto e as que compreendem a importância da solidariedade para manter o tecido social coeso. Não é necessário opor socialismo ao capitalismo. Em muitos lugares, como São Paulo, o impulso empreendedor é muito forte. É preciso contar com essa variável.

Da mesma forma, toda a polêmica sobre a população evangélica ganharia qualidade se não fosse apenas um tema de eleições. É preciso convivência cotidiana, proximidade para entender e interpretar os anseios desses fiéis, muitos vindos do interior para a vida difícil da periferia dos grandes centros.

Mesmo aceitando a ideia de que o Brasil é um país majoritariamente conservador, é preciso integrar também sua complexidade e acreditar que, no que depende de políticas sociais, a aliança progressista é vencedora e, possivelmente, será com mais frequência do que nos Estados Unidos.

A principal conclusão, mesmo antes do resultado final das eleições, continua válida: o ano que vem será difícil, não só pelos problemas econômicos, crise energética, eventos climáticos extremos, mas também porque ainda discutiremos algo que parecia sepultado para sempre: o perigo de um conflito nuclear.

O mínimo de sensatez nos convida a baixar a bola e enfrentar a nova fase com uma visão construtiva, sem ódio e radicalização artificial, porque numa conjuntura tão ameaçadora é preciso, pelo menos, economizar dificuldades.

O Globo

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PRÁTICAS ILÍCITAS, CORRUPTELAS E VENALIDADE NO ESTADO DO BRASIL A INÍCIOS DO SÉCULO XVII. O fracasso das tentativas de reforma de Filipe III para o Brasil.

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