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sexta-feira, junho 10, 2022

Biden recebe Bolsonaro em cúpula esvaziada




Presidentes vão se reunir pela primeira vez durante Cúpula das Américas, que nesta edição foi boicotada por vários líderes. Governo brasileiro tenta evitar que Biden aborde ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral.

Uma potencial tensa reunião entre os presidentes de Brasil e Estados Unidos é esperada para esta quinta-feira (09/06) na Cúpula das Américas, que começou segunda e vai até esta sexta-feira em Los Angeles. Esta será a primeira vez que Jair Bolsonaro, um admirador declarado do ex-mandatário americano republicano Donald Trump, se encontrará com o democrata Joe Biden.

A primeira reunião bilateral entre Bolsonaro e Biden ocorrerá, portanto, um ano e meio depois que o democrata assumiu o governo dos EUA. Após Trump ser derrotado na eleição de novebro de 2020, Bolsonaro não escondeu sua insatisfação com a vitória de Biden.

O presidente americano, por outro lado, até mesmo antes de ser eleito, fez advertências contra a política ambiental do líder brasileiro.

Quando Bolsonaro aceitou o convite para a cúpula, a agência de notícias americana AP informou que ele havia pedido para Biden não questioná-lo sobre seus constantes ataques contra o sistema eleitoral brasileiro. Na ocasião, a AP citou três ministros do gabinete de Bolsonaro sob a condição de anonimato.

O conselheiro de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan, negou que o presidente americano tivesse concordado com quaisquer condições para o encontro com o brasileiro.

Segundo Sullivan, não haverá temas proibidos na conversa e os dois líderes devem abordar o tema de "eleições livres, transparentes e democráticas".

Os americanos ofereceram a reunião bilateral para Bolsonaro como forma de atrair a presença do presidente brasileiro para a cúpula e minimizar a ausência de outros líderes que boicotaram o encontro.

Concorrendo à reeleição, Bolsonaro tem aparecido em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Ainda nesta quinta-feira, a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, deve se reunir com líderes caribenhos para discutir a proteção ambiental e as mudanças climáticas. Já a primeira-dama, Jill Biden, será a anfitriã de um brunch para os cônjuges dos líderes.

Na sexta-feira, Biden deverá falar sobre migração, uma questão chave para o seu governo, já que cada vez mais pessoas têm fugido da violência e das dificuldades econômicas na América Latina e, com isso, rumado para a fronteira dos EUA com o México.

Biden conceituou seu novo plano migratório como detentor de uma "abordagem inovadora e integrada", com responsabilidade compartilhada em todo o hemisfério. Ainda assim, entretanto, forneceu poucos detalhes sobre o tema.

'Proximidade chinesa: o presidente da Argentina, Alberto Fernández, visitou o homólogo chinês, Xi Jinping, em fevereiro'

Relações com a China em foco

Nesta quarta-feira, uma das principais pautas do discurso de Biden foi o estreitamento das relações dos países latino-americanos com a China. Devido a isso, uma nova proposta econômica para a região foi anunciada pelo presidente americano, a Parceria das Américas para a Prosperidade Econômica.

A fala de Biden enfatizou o maior envolvimento econômico dos EUA na América Latina, incluindo mais investimentos e reforçando os acordos comerciais já existentes, em uma clara tentativa de afastar os líderes latino-americanos das promessas chinesas de investimentos em projetos de infraestrutura de larga escala na região. Ele também insistiu para que os governantes preservem e fortaleçam a democracia.

A iniciativa dos EUA visa a recuperação econômica e o investimento em países das Américas Central, do Sul e Caribe, a exemplo do revigoramento de instituições como o Banco Interamericano de Desenvolvimento, cadeias de suprimentos, comércio sustentável e energia limpa.

"Temos que investir para estarmos certos de que nosso comércio seja sustentável e responsável na criação de cadeias de abastecimento mais resistentes, mais seguras e mais sustentáveis", disse Biden nesta quarta-feira, durante o evento oficial de abertura da Cúpula das Américas.

Conforme um funcionário da administração do governo americano, porém, os esforços se concentrarão primeiramente nos "parceiros com os mesmos interesses" que já têm acordos comerciais com os EUA, em negociações que devem começar nos próximos meses.

'O presidente mexicano, Andres Lopez Obrador, declinou o convite americano em protesto às ausências de Cuba, Nicarágua e Venezuela'

Edição sem vários líderes

Sem a participação de Cuba, Nicarágua e Venezuela, países considerados ditaduras pelo governo americano, outros líderes decidiram não participar da edição deste ano da Cúpula das Américas.

Em protesto ao fato de os EUA não terem convidado líderes dessas três nações, os presidentes de Bolívia, Guatemala, Honduras e México não viajaram a Los Angeles – além desses, o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, cancelou a participação por ter contraído covid-19.

O presidente mexicano, Andres Manuel Lopez Obrador, por exemplo, enviou o ministro das Relações Exteriores. A ação foi seguida por outros líderes, o que, de certa forma, desacelera o anseio de Biden por um restabelecimento de relações mais fortes entre os EUA e a América Latina.

Convocada pela primeira vez pelo então presidente americano Bill Clinton, em Miami, em 1994, a Cúpula das Américas está em sua nona edição. A ideia dos encontros é fortalecer o crescimento econômico e a prosperidade em todo o continente americano por meio de valores democráticos e aumento das relações comerciais.

Desde então, as outras edições ocorreram em Santiago, Chile (1998); Quebec, Canadá (2001); Mar del Plata, Argentina (2005); Port of Spain, Trinidad e Tobago (2009); Cartagena, Colômbia (2012); Cidade do Panamá, Panamá (2015); e Lima, Peru (2018).

Deutsche Welle

O que já sabemos sobre 2026




Como o Brasil hoje se divide entre dois homens que ocuparam a presidência, seus futuros governos guardariam poucas surpresas. Quem não está atrelado a algum deles, já deve começar a olhar com atenção para 2026. O futuro já começou. 

Por Alexandre Borges (foto)

Você já sabe que em janeiro de 2022 será empossado, como presidente da república, Lula ou Bolsonaro. Não é spoiler, o final do filme é realmente previsível, mesmo com as ressalvas de praxe de que "tudo por acontecer". Se é assim, vamos falar de 2026.

Na eleição que coincidirá com a inédita Copa do Mundo da América do Norte, com jogos previstos para acontecer nos EUA, Canadá e México, as especulações sobre os candidatos competitivos é muito mais incerta e, por isso, mais interessante como exercício intelectual, mesmo que meramente especulativo.

Um nome que desponta como provável postulante ao Palácio do Planalto é Eduardo Leite, que terá apenas 42 anos de idade em 2026. Provável candidato à reeleição ao governo gaúcho, com discurso de centro-direita bem articulado e energético, a jovem revelação de Pelotas está construindo um caminho para Brasília que dificilmente será desviado. Sua movimentação tem sido cuidadosa, mesmo que deixando cicatrizes pelo caminho, como no embate fratricida com João Doria que deixou o PSDB ainda mais rachado e enfraquecido,

A surpresa, entretanto, é outro que também terá 42 anos na mesma disputa, o deputado federal André Janones. Na pesquisa Genial/Quaest divulgada quarta (8/6), o mineiro de Ituiutaba aparece como a segunda opção de voto para presidente de 32% dos eleitores de Lula e 23% de Bolsonaro, um desempenho sem paralelo entre seus concorrentes. Janones está plantando as sementes necessárias para uma colheita farta em quatro anos.

Como destacado na entrevista exclusiva que fiz com o deputado do Avante (antigo PTdoB) para a Gazeta do Povo (leia aqui), Janones tem números absolutamente estonteantes nas redes sociais e é o único político que rivaliza hoje no Brasil com Jair Bolsonaro nas mídias digitais. Ele recusa rótulos ideológicos com veemência, mesmo tendo sido filiado ao PT de 2003 a 2012. O primeiro analista político de peso que notou o desempenho extraordinário de Janones nas redes foi Renan Santos, ex-colunista deste jornal.

A maior decepção como político, até o momento, é Sergio Moro. Dado como candidato fortíssimo para representar a Terceira Via em 2022, com um pico de intenção de votos que chegou aos dois dígitos no final do ano passado, o ex-juiz colecionou tantos revezes e infortúnios nos últimos meses que hoje pode ser considerado um azarão para a disputa presidencial de 2026. Mesmo seu destino este ano como candidato é incerto, assim como seu futuro político.

Outra liderança do campo liberal que teve 2,5% dos votos para presidente em 2018, o empresário João Amoedo, parece carta fora do baralho eleitoral desde que o partido que fundou e patrocinou foi tomado por políticos mais "pragmáticos". Aos poucos, as novas lideranças vão transformando o Novo, na visão de seus detratores, no "PSOL do bolsonarismo", uma "linha auxiliar" que tenta aliar as benesses do governismo com uma pequena distância asséptica para sobreviver à nave-mãe se ela eventualmente submergir. Se as acusações são verdadeiras ou não, veremos.

Mais de 70% dos brasileiros se dizem, segundo as pesquisas, com o voto definido para 2 de outubro. Institutos que fazem pesquisas de campo, entrevistando eleitores de forma presencial, colocam Lula hoje como favorito, com chances de vitória no primeiro turno (cenário improvável, na minha humilde visão). Como o Brasil hoje se divide entre dois homens que ocuparam a presidência, seus futuros governos guardariam poucas surpresas. Quem não está atrelado a algum deles, já deve começar a olhar com atenção para 2026. O futuro já começou.

Gazeta do Povo (PR)

Farol baixo




Por Merval Pereira (foto)

'A lanterna na popa’ é o título do excelente livro de memórias escrito pelo ex-ministro e embaixador Roberto Campos, editado pela Topbooks em 1994. Tem a ver justamente com a visão do passado aos olhos do presente. A metáfora, desse modo, é virtuosa. A proposta de programa divulgada nestes dias pelo PT está baseada na versão perniciosa da lanterna na popa. Tenta voltar a um passado de glórias e se esquece do futuro.

Certa vez, em 1983, com o país ansiando por eleições diretas, uma entrevista coletiva do então governador de São Paulo, Franco Montoro, foi interrompida por alguém que gritou do fundo da sala, incomodado com a obviedade das propostas: “Farol alto, Montoro, farol alto”. Era o jornalista e escritor Otto Lara Resende, que faria 100 anos neste ano e será celebrado pela Academia Brasileira de Letras (ABL), de que fez parte. E ele provocou: “Por que você não lidera uma campanha pelas eleições diretas? ”. O resto é História.

Pois o farol do PT, em vez de alto, ilumina o passado. Quando é um passado virtuoso, como a política de meio ambiente, muito bem. Mas o ex-presidente Lula deixa de ser uma contraposição ao atual presidente Bolsonaro quando não resiste a medidas populistas. Como faz agora, ao falar da crise do preço dos combustíveis. Desafiou ontem, numa entrevista, Bolsonaro a ter coragem de dizer “basta” à Petrobras, determinando, “com uma canetada”, que a estatal deixe de repassar a alta internacional dos preços do petróleo aos consumidores:

— Vocês vão ver que toda essa briga da redução do ICMS não vai resultar na bomba nem no botijão de gás nem no diesel, aquilo que ele [Bolsonaro] está criando de expectativa.

Lula deu sua receita:

— O que poderia fazer era o subsídio em cima desse lucro enorme da Petrobras.

Ora, tudo de que Bolsonaro gostaria seria resolver essa questão “com uma canetada” e subsidiar o preço dos combustíveis com os dividendos da Petrobras, que, segundo Lula, teve “lucros enormes”. Já mudou o presidente da Petrobras três vezes, mas esbarra sempre na legislação e nas normas internas, criadas com rigor justamente para evitar que o governo, acionista majoritário, abusasse de seu poder como aconteceu nos governos petistas.

Nada mais parecido que o raciocínio dos dois para resolver um problema complexo: uma solução simplista e errada. Bolsonaro quer torrar a privatização da Eletrobras, mais os dividendos da Petrobras, para subsidiar um combustível do passado. A declaração, que parecia improvisada, de Lula dizendo que vai “abrasileirar” o preço dos combustíveis está reproduzida no programa de governo, em linguagem mais elaborada:

— No caso dos preços dos combustíveis e tarifas de energia elétrica, é necessário implementar políticas que envolvam a consideração dos custos de produção no Brasil, os efeitos sobre os orçamentos dos consumidores e a expansão da capacidade produtiva setorial.

A mágica de regulação dos preços já foi tentada no governo Dilma e resultou numa crise econômica que enfrentamos até hoje. No programa do PT há apenas citações passageiras sobre os combustíveis do futuro: “mudar o padrão de consumo de energia no país, participando do esforço mundial para combater a crise climática”; “avanço da transição ecológica e energética para garantir o futuro do planeta, apoiando o surgimento de uma economia baseada na biodiversidade de todos os biomas brasileiros”.

Quanto ao papel da Petrobras nessa transição, poucas linhas, a não ser a indicação de que a estatal “será colocada de novo a serviço do povo brasileiro, e não dos grandes acionistas estrangeiros”. Como “de novo?”. Os fatos demonstram que a estatal foi colocada a serviço dos petistas e de seus aliados políticos, além de ajudar na política externa dos países esquerdistas vizinhos, como no caso da refinaria Abreu e Lima, feita para agradar a Chávez, o protoditador venezuelano que nos deu um calote bilionário.

O PT se gaba, em seu projeto de governo, de ter instituído “uma política de Estado de prevenção e combate à corrupção e de promoção da transparência e da integridade pública”. Mas “se esquece” de mencionar o mensalão e o petrolão, esquemas corruptos financiados com dinheiro desviado. O PT volta a apostar no pré-sal, antes chamado de “bilhete premiado”, agora de “passaporte para o futuro”, que “ajudará o desenvolvimento brasileiro e a transição energética, tanto no desenvolvimento tecnológico como nos próprios projetos de expansão de fontes renováveis de energia”.

O Globo

Putin compara invasão da Ucrânia às conquistas de Pedro, o Grande




O presidente russo, Vladimir Putin, comparou, esta quinta-feira, as suas ações na invasão da Ucrânia à conquista da costa do Báltico por Pedro, o Grande, durante a guerra do século XVIII contra a Suécia.

Depois de visitar uma exposição em Moscovo dedicada ao 350.º aniversário do czar Pedro, o Grande, Putin disse a um grupo de jovens empresários: "Vocês têm a impressão de que, ao lutar contra a Suécia, ele estava a roubar algo. Não estava, estava a recuperar".

Quando Pedro, o Grande, fundou São Petersburgo e declarou a cidade capital russa, "nenhum dos países da Europa reconheceu este território como pertencente à Rússia", disse Putin. "Todos a consideravam parte da Suécia. Mas desde tempos imemoriais, os eslavos viviam lá ao lado dos povos fino-úgricos", acrescentou.

"É nossa responsabilidade também recuperar e fortalecer", continuou o presidente russo numa aparente referência à ofensiva da Rússia na Ucrânia. "Sim, houve momentos na história do nosso país em que fomos forçados a recuar, mas apenas para recuperar as nossas forças e seguir em frente".

A derrota da Suécia na Grande Guerra do Norte (1700-1721) fez da Rússia a principal potência no Mar Báltico e um importante ator nos assuntos europeus. Porém, com os laços da Rússia com o Ocidente atualmente enfraquecidos pela invasão da Ucrânia, as autoridades de Moscovo estão minimizar a afinidade de Pedro, o Grande com a Europa e a concentrar-se no seu papel na expansão dos territórios russos.

Mais de três séculos depois de tentar aproximar a Rússia da Europa, os russos marcaram o 350.º aniversário do czar Pedro, o Grande, com o país profundamente isolado devido ao conflito na Ucrânia. Pedro I reinou primeiro como czar e depois como imperador de 1682 até à sua morte em 1725.

Jornal de Notícias (PT)

O "julgamento de fachada" em Donetsk e a cidade que decide o "destino do Donbass"




Severodonetsk está sob combates de rua intensos, mas a Ucrânia admite reconquistar posições nas cidades nos próximos dias, o que pode decidir o "destino do Donbass". Na República Popular de Donetsk, que é controlada por rebeldes pró-Rússia, dois britânicos e um marroquino, que lutavam com as forças armadas da Ucrânia, foram condenados à morte no que foi chamado um "julgamento de fachada", despertando preocupações internacionais. Os pontos-chave desta quinta-feira:

- As forças ucranianas só controlam os arredores de Severodonetsk, mas a Ucrânia admitiu "reconquistar" posições na cidade em "dois ou três dias", após o uso das armas de artilharia "ocidentais" de longo alcance. Por outro lado, uma autoridade ocidental acredita que a cidade vai acabar por cair nas mãos dos russos. Petro Kuzyk, comandante do batalhão da Guarda Nacional de Svoboda, disse que os combates de rua estão a ocorrer sob forte artilharia russa que colocaram em perigo as tropas de ambos os lados. Segundo o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, "a batalha por Severodonetsk é uma das mais difíceis desde o início da invasão russa" e "o destino do Donbass está a ser decidido lá".

- As forças pró-russas da autoproclamada república popular de Donetsk, reconhecida pelo Kremlin, anunciaram o início da batalha por Sloviansk que, juntamente com Kramatorsk, serão os principais objetivos russos no Donbass. Permanecem na cidade cerca de 24 mil habitantes.

- A Ucrânia está a ter entre 100 e 200 baixas militares por dia, segundo um conselheiro sénior de Zelensky. É o maior número estimado até agora. Por sua vez, o número de soldados russos mortos pode chegar a 20 mil, de acordo com a última avaliação de um alto funcionário ocidental.

- Dois britânicos e um marroquino capturados pelas forças russas na Ucrânia foram condenados à morte, informou a agência de notícias russa RIA Novosti. Aiden Aslin, Shaun Pinner e Saaudun Brahim compareceram num tribunal na República Popular de Donetsk, que é controlada por rebeldes pró-Rússia. O tribunal não é reconhecido internacionalmente. Os homens são acusados de serem mercenários. Porém, as famílias dos britânicos dizem que estavam nas forças armadas da Ucrânia. Segundo o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, os homens eram "soldados" e deveriam ter os direitos dos prisioneiros de guerra.

- Trabalhadores camarários estão a remover corpos dos escombros de arranha-céus na cidade devastada ucraniana de Mariupol, criando uma "caravana de morte sem fim". Numa busca em cerca de dois quintos dos prédios, encontraram de 50 a 100 corpos em cada um. Os corpos estão a ser levados para morgues e valas comuns. Na mesma cidade, os pensionistas começaram a ser pagos em rublos russos.

- O bloqueio dos cereais continua. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, anunciou que não foi alcançado qualquer acordo com a Turquia sobre a exportação dos cereais da Ucrânia. Já Zelensky apelou à exclusão da Rússia da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), com acusações a Moscovo de que está a bloquear e roubar cereais ucranianos. Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, acusou a Ucrânia está a atrasar as exportações de grãos por não remover minas dos seus portos no Mar Negro.

- Zelensky comparou a invasão da Rússia à pandemia de covid-19 e descreveu armas e sanções como uma vacina. "Armas e sanções são uma vacina contra o covid-22 trazida pela Rússia".

- O Kremlin anunciou que não espera que a Gazprom corte o fornecimento de gás a mais clientes europeus. A empresa de energia russa já interrompeu o fluxo de suprimentos a alguns países, incluindo a Polónia e a Finlândia, depois de se terem recusado a fazer pagamentos em moeda russa.

- Cerca de 60 navios de guerra, lanchas e navios de abastecimento estão a participar em manobras táticas navais da Frota do Báltico da Marinha Russa, que começaram esta quinta-feira no Mar Báltico.

- O presidente da Polónia, Andrzej Duda, criticou os homólogos francês e alemão por manterem conversações com o líder russo, Vladimir Putin, apesar da invasão da Ucrânia. "E alguém falou assim com Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial? (...) Alguém lhe disse que se tinha de salvar a sua face? Que as coisas tinham que ser feitas de forma a não humilhar Adolf Hitler?", acrescentou.

- A União Europeia atribuiu mais 205 milhões de euros em assistência humanitária à Ucrânia, anunciou a Comissão Europeia, que revelou ainda que vai disponibilizar 20 milhões de euros, através do programa de financiamento Conselho Europeu da Inovação, para apoiar pelo menos 200 empresas ucranianas em fase de arranque na área da tecnologia.

- No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson afirmou que o aumento do custo de vida não deve ser motivo para abandonar o apoio à Ucrânia, atitude que seria "moralmente repugnante".

- Mais de 7,2 milhões de pessoas saíram da Ucrânia devido à guerra e 2,3 milhões atravessaram a fronteira em sentido contrário até terça-feira, segundo dados divulgados pela ONU.

Jornal de Notícias (PT)

O Brasil foi abandonado - Editorial




Bolsonaro e seus sócios do Centrão largaram o País à própria sorte para cuidar de seus interesses eleitorais. Resultado: 33 milhões de brasileiros com fome

O País voltou a ser assombrado pelo espectro da fome em uma escala que não se via desde a década de 1990. De acordo com os dados do 2.º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19, divulgados ontem, são 33,1 milhões de brasileiros que dormem e acordam todos os dias sabendo que não terão o que comer. Além desse inacreditável contingente de nossos concidadãos vivendo em condições sub-humanas, equivalente às populações da Bélgica, de Portugal e da Suécia somadas, mais da metade da população brasileira (58,7%) está submetida a algum grau de insegurança alimentar (leve, moderada ou grave).

Aí está a dimensão do retrocesso patrocinado por um dos piores presidentes da história brasileira. O nome de Jair Bolsonaro estará indelevelmente ligado à degradação da dignidade de milhões de seus governados, seja por sua comprovada incapacidade moral e administrativa para o cargo, seja por sua notória aversão ao trabalho. A fome já seria inadmissível mesmo que fosse algo localizado; sendo verificada em larga escala, mesmo em um país em que há fartura de alimentos, trata-se de uma atrocidade.

Bolsonaro e seus sócios do Centrão no Congresso abandonaram o País à própria sorte porque não estão interessados no bem-estar dos brasileiros a não ser na exata medida de seus objetivos eleitoreiros. Por essa razão, há profunda desconexão entre as prioridades da atual cúpula do Estado e as da esmagadora maioria dos cidadãos – a começar pela mais primária delas, a de fazer três refeições por dia.

Um governo que fosse digno do nome, com apoio de um Legislativo igualmente cioso das necessidades mais prementes daqueles a quem cumpre representar, estaria empenhado dia e noite em garantir o bem-estar de seus governados antes de qualquer coisa, proporcionando-lhes as condições mínimas para uma vida digna por meio de políticas públicas responsáveis, bem elaboradas e implementadas. Mas não é isso o que acontece. 

Desde que assumiu o cargo, Bolsonaro só tem olhos para a reeleição. Nunca governou de fato o País nem jamais demonstrou interesse em fazê-lo. Populista, toma decisões sempre de supetão e sem qualquer planejamento, para responder a questões imediatas, deixando para depois ou simplesmente ignorando problemas de longo prazo. Assim chegamos à fome.

Os presidentes das duas Casas Legislativas, por sua vez, também parecem estar mais preocupados com a recondução aos cargos na próxima legislatura do que em aliviar o padecimento real da população. Só isso explica a chancela às teses estapafúrdias de Bolsonaro, como essa obsessão em torno dos combustíveis, como se a causa raiz para o aumento do número de brasileiros passando fome do ano passado para cá (mais 14 milhões de pessoas) fosse o preço do litro do diesel e da gasolina.

A fome que dói nesses tantos milhões de brasileiros não decorre diretamente da pandemia de covid-19, da delinquência de Vladimir Putin ao invadir a Ucrânia nem da alta dos preços dos combustíveis. A fome é o resultado mais perverso da acefalia governamental do País há quase quatro anos. É corolário desse arranjo macabro engendrado por um presidente da República extremamente fraco que, para não ser ejetado do poder, se viu obrigado a vender sua permanência no cargo a oportunistas no Congresso, franqueando-lhes nada menos que o controle sobre parte do Orçamento sem a necessidade de prestar contas.

A pusilanimidade do presidente da República, portanto, explica muita coisa. Mas, em defesa de Bolsonaro, é bom dizer não se teria chegado ao atual estado de coisas inconstitucional sem a colaboração decisiva de parte considerável da classe política, que ignora o que vem a ser interesse público. 

Conforme a Constituição, a “dignidade da pessoa humana” é fundamento da República Federativa do Brasil (artigo 1.º, III), e um dos objetivos dessa República é “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais” (artigo 3.º, III). Além disso, o artigo 6.º cita a “alimentação” como um dos direitos sociais. Para o consórcio político que sustenta o bolsonarismo, essas determinações são letra morta. 

O Estado de São Paulo

'Violência não acabou', diz comitê que investiga ataque ao Capitólio dos EUA




A violência provocada pelo ataque ao Capitólio dos Estados Unidos no ano passado "não acabou", disse nesta quinta-feira (9) o comitê que investiga a invasão e a possível responsabilidade do então presidente Donald Trump.

Na primeira das seis audiências que serão transmitidas pela televisão, o painel de parlamentares buscará mostrar que Trump e seu círculo íntimo cometeram crimes em uma conspiração criminosa para reverter a vitória de Joe Biden nas eleições de 2020, que culminou no ataque mortal ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

"A democracia continua em perigo", alertou o democrata Bennie Thompson, presidente do comitê da Câmara dos Representantes que investiga o ataque, em comentários preparados publicados pouco antes da primeira audiência.

"A conspiração para frustrar a vontade do povo não acabou. Há pessoas sedentas por poder neste país, mas não têm amor nem respeito pelo que faz dos Estados Unidos um grande país", completou.

Jamie Raskin, democrata e membro do painel, disse recentemente em um evento na Universidade de Georgetown, em Washington, que as audiências "vão contar uma história que realmente vai explodir o teto".

"Nenhum presidente fez algo parecido com o que aconteceu aqui (...), tentando organizar um golpe para reverter uma eleição e contornar a ordem constitucional", declarou.

"E usar uma insurgência de grupos extremistas violentos domésticos, nacionalistas brancos e grupos racistas, grupos fascistas, para apoiar o golpe", acrescentou.

Os principais testemunhos serão ouvidos pela primeira vez, enquanto os advogados mostrarão textos, fotografias e vídeos para trazer à luz supostos planos que o governo Trump começou a desenvolver antes das eleições.

- "O maior movimento" -

A primeira audiência está marcada para 20h00 (21h00 de Brasília), quando o painel "apresentará material inédito" sobre o "6 de janeiro (...) e fornecerá ao povo americano as conclusões sobre os esforços coordenados (...) para reverter o resultado das eleições de 2020 e impedir a transferência de poder", resumiu um assessor da comissão encarregada da investigação.

Trump chamou a investigação de uma "caça às bruxas" sem fundamento, mas as audiências públicas estavam em sua mente nesta quinta-feira, quando postou uma série de mensagens em sua rede social, a Truth Social, defendendo a insurreição, que classificou como "o maior movimento na história do país" para fazer com que os Estados Unidos "voltem a ser grande".

"Tratava-se de uma eleição fraudada e roubada, e um país que estava prestes a ir para o INFERNO", acrescentou.

O líder republicano na Câmara dos Deputados, Kevin McCarthy, afirmou nesta quinta-feira que esta comissão é "a mais política e a menos legítima da história dos Estados Unidos".

"Não vejo uma sessão no horário nobre sobre o preço da gasolina, sobre como combater a inflação, alimentar nossas crianças e tornar nossas ruas mais seguras", disse ele em entrevista coletiva.

Seu partido já prometeu enterrar o trabalho da comissão se ela assumir controle do Congresso nas eleições de meio de mandato em novembro.

- "Atores ilegais" -

Posteriormente, o comitê, que entrevistou mais de 1.000 testemunhas, deverá agendar audiências a partir das 10H00 locais nos dias 13, 15, 16 e 21 de junho.

O grupo analisará diferentes esquemas ilegais que, segundo assegura, foram orquestrados pelo governo Trump para mantê-lo no poder, inclusive para infiltrar em falsos "grandes eleitores".

Os "grandes eleitores" são as pessoas indicadas para votar no presidente em nome dos estados após as eleições.

Também vai expor um suposto plano para apreender máquinas de votação e um suposto complô para atrasar a certificação de Biden como presidente pelo Congresso por meio do violento ataque ao Capitólio, que deixou vários mortos e mais de 100 policiais feridos.

Os investigadores querem examinar com detalhe o atraso de 187 minutos que levou para que mais policiais entrassem para reforçar o Capitólio e determinar por que há uma lacuna de quase oito horas nos registros telefônicos das ligações feitas da Casa Branca enquanto a violência se espalhava.

Um dos principais desafios do comitê é demonstrar a existência de uma relação direta entre a suposta conspiração para reverter a eleição, o discurso de Trump que incentivou a turba a marchar até a sede do Congresso e a posterior captura do Capitólio.

A questão de saber se Trump infringiu a lei já foi respondida em alguns aspectos.

O juiz federal David Carter decidiu em março que "a ilegalidade do plano era óbvia".

O comitê enfrenta o desafio de apresentar um relato convincente e dramático, já que grande parte das evidências já foram reveladas ao público.

As pesquisas de opinião colocam essa investigação muito abaixo na lista de preocupações dos americanos.

AFP / Estado de Minas

Biden e Bolsonaro pregam reaproximação entre EUA e Brasil




Líder americano recebe presidente brasileiro na Cúpula das Américas e diz que Brasil possui "instituições eleitorais sólidas". Ambos deixam de lado as divergências e adotam discurso em prol da democracia.

O presidente Jair Bolsonaro foi recebido nesta quinta-feira (09/06) pelo líder americano, Joe Biden, na ocasião da Cúpula das Américas, realizada em Los Angeles, na Califórnia.

Em um breve pronunciamento antes do início da reunião a portas fechadas, Biden afirmou aos jornalistas que o Brasil é uma "democracia vibrante", e fez uma defesa sutil do sistema eleitoral brasileiro, ao dizer que o país possui "instituições eleitorais sólidas".

Bolsonaro adotou um tom ameno e foi até amigável com o americano, o chamando, a certa altura, de "companheiro". Ele ressaltou a importância da parceria entre os dois países, e assegurou Biden que sempre vai optar pelas vias democráticas. 

O brasileiro, porém, deixou no ar uma crítica ao sistema eleitora brasileiro, dizendo que seu desejo é que haja "eleições limpas" no Brasil.

"Temos muito em comum, como nosso amor compartilhado pela liberdade e democracia", afirmou. Como é habitual em seus pronunciamentos em eventos internacionais, Bolsonaro enalteceu as riquezas naturais do Brasil, mas forneceu algumas informações duvidosas sobre a situação do meio ambiente no país.

"Nos sentimos muitas vezes ameaçados em nossa soberania, mas o Brasil preserva seu território. Mais de 85% da Amazônia brasileira é preservada, nossa legislação ambiental é muito rígida", afirmou. 

Desafios eleitorais

Este foi o primeiro encontro entre os dois presidentes, desde que Biden chegou à presidência dos EUA, em janeiro de 2020. A Casa Branca considera o brasileiro como uma figura politicamente "tóxica", mas o esvaziamento da Cúpula das Américas em razão da ausência de líderes de nações importantes na região, como o México, fez com que Biden estendesse o convide ao Palácio do Planalto.

Para garantir a presença do Brasileiro, Biden aceitou a realização de um encontro bilateral paralelo à Cúpula. Os líderes, embora tenham objetivos diferentes no evento, têm em comum o fato de enfrentarem este ano eleições decisivas para as pretensões políticas de ambos.

Em apenas cinco meses, o americano enfrentará as eleições legislativas, na qual muitos analistas avaliam que seu partido arrisca perder a frágil maioria que possui atualmente no Congresso.

Bolsonaro, por sua vez, corre sério risco de não conseguir se reeleger. Pesquisas de opinião o colocam bem atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas intenções de voto. Alguns levantamentos sinalizam a possibilidade de uma derrota já no primeiro turno das eleições.

O presidente brasileiro ainda demonstra mágoa por ter sido ignorado por Biden e pelos demais líderes internacionais da reunião do G20, em 2019 no Japão. "Passou por mim como se eu não existisse", se queixou, repetindo algumas teorias populares na extrema direita americana, de que o líder da Casa Branca estaria senil.

Fiel à cartilha de Trump

Bolsonaro, um admirador declarado do ex-presidente republicano Donald Trump, chegou a contestar o resultado das eleições presidenciais americanas.

O brasileiro repetiu alegações alardeadas por Trump, até hoje não comprovadas, de que teria havido fraude na votação. A atitude gerou repulsa na Casa Branca, que colocou o Brasil em segundo plano de sua diplomacia.

Desde o início de seu governo, Biden deixou as comunicações com o governo Bolsonaro a cargo de seu gabinete, e buscou uma aproximação com o presidente argentino, Alberto Fernández, inclusive o convidando para visitar a Casa Branca, em julho deste ano.

Antes mesmo de ser eleito, Biden já criticava as políticas ambientais do governo brasileiro e expressava preocupações com o estado da democracia no Brasil.

O governo americano se manifestou em diversas ocasiões contra as declarações de Bolsonaro que buscam lançar dúvidas sobre o sistema eleitoral brasileiro.

Sua ameaça de não aceitar o resultado do pleito caso seja derrotado é vista como uma réplica das atitudes de Trump, que resultaram a invasão do Capitólio por seus apoiadores, em janeiro de 2020.

Segundo apurou a agência de notícias AP, ao aceitar o convide para a Cúpula das Américas, Bolsonaro teria pedido para que Biden não o questionasse sobre seus constantes ataques contra o sistema eleitoral.

Mas, o conselheiro de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan, negou que o presidente americano tivesse concordado com quaisquer condições, e assegurou que não haveria temas proibidos na conversa. Segundo a Casa Branca, o tema da realização de "eleições livres, transparentes e democráticas" no Brasil estava na pauta do encontro.

Em Los Angeles, na saída do hotel a caminho Cúpula, Bolsonaro disse a jornalistas que seu antagonismo em relação a Biden já teria sido superado.

"Não vim aqui tratar desse assunto. Já é um passado. Vocês sabem que eu tive um excelente relacionamento com o presidente Trump. O presidente agora é Joe Biden, é com ele que eu converso, ele é o presidente e não se discute mais esse assunto", afirmou.

"Sempre tive enorme consideração pelo povo americano, temos valores em comum, como a democracia e liberdade, e será um bom encontro com o presidente Biden", afirmou.

"Assuntos sigilosos"

Bolsonaro, em entrevista à emissora CNN antes da reunião com Biden, disse que o objetivo da conversa era buscar uma reaproximação com Washington. "Nunca tivemos problema com os Estados Unidos. O Brasil está aberto para conversar e ter relação com qualquer país.”

Segundo o brasileiro, entre os temas a serem discutidos estavam questões de energia e "assuntos sigilosos".

Os Estados Unidos ofereceram a reunião bilateral para Bolsonaro como forma de garantir sua presença na Cúpula e minimizar a ausência de outros líderes que boicotaram o encontro, após Washington se recusara convidar países considerados não democráticos.

Antes do encontro, Kristina Rosales, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, explicou a decisão em uma entrevista à revista Veja. "Estamos cientes de que alguns presidentes preferiram não participar da Cúpula, como é o caso do presidente do México. E há outros países que decidimos não convidar: Cuba, Venezuela e Nicarágua", afirmou.

"Nosso objetivo é que todos cumpram a Carta Democrática Interamericana. Os países que participam da Cúpula precisam ser democráticos, e esses três, não são."

Deutsche Welle

A importância estratégica de Sievierodonetsk na Ucrânia




Separatismo pró-russo começou em Sievierodonetsk, 2º maior centro industrial do leste ucraniano, que agora se tornou o foco da ofensiva russa na região de Donbass.

Por Roman Goncharenko

Apenas algumas semanas depois de os últimos soldados ucranianos na cidade portuária de Mariupol se renderem ao exército russo, na esperança de uma troca de prisioneiros, a Ucrânia pode perder mais um grande centro em Donbass: a cidade de Sievierodonetsk.

Sievierodonetsk e a vizinha Lysychansk são as duas últimas grandes cidades na região de Lugansk ainda sob o controle de Kiev. De acordo com o estado-maior ucraniano, a Rússia está concentrada na captura de Sievierodonetsk. Enquanto isso, tropas ucranianas que defendem a área correm o risco de ficarem encurraladas, como ocorreu em Mariupol.

Antes da guerra, Sievierodonetsk contava mais de 100 mil habitantes. A cidade surgiu durante a época soviética, a partir de uma vila próxima à fábrica de produtos químicos Azot, a maior da Ucrânia. Nos anos 1950, a nova cidade na fronteira das regiões de Lugansk, Donetsk e Kharkiv recebeu o nome do rio Seversky Donets.

O proprietário da Azot é o oligarca e magnata da mídia Dmytro Firtasch, que vive na Áustria desde 2014 e pode ser extraditado para os Estados Unidos devido a suspeitas de corrupção. A fábrica em Sievierodonetsk produz principalmente fertilizantes, a maior parte destinada à exportação.

'Ponte que liga Sievierodonetsk e Lysychansk foi destruída'

Nos últimos anos, devido ao conflito no Donbass, a bacia do rio Donets, a fábrica, como muitas na região, teve que lidar com paralisações de sua produção. Além da Azot, há outras indústrias químicas na cidade. Em Lysychansk, há uma refinaria que antigamente pertencia a empresários russos, mas que não está em operação há tempos.

Separatismo no Donbass

Sievierodonetsk também é notória por ter sido palco da primeira tentativa de dividir a Ucrânia, há 18 anos. Em 28 de novembro de 2004, reuniu-se na cidade o Congresso Pan-Ucraniano dos Deputados de Todos os Níveis, de que participaram principalmente representantes do pró-russo Partido das Regiões.

Presença de tropas russas no leste da Ucrânia

A sigla surgiu no Donbass e dominou a região. Durante os protestos da Revolução Laranja, pró-Ocidente, na capital Kiev, o partido ameaçou proclamar uma região autônoma com Kharkiv como centro, que incluiria ainda as oitos regiões do sul e oeste da Ucrânia, além da Crimeia e Sebastopol.

O então prefeito de Moscou Yuri Lujkov, que trabalhou na fábrica da Azot quando jovem, foi um dos oradores do evento. Posteriormente recebeu o título de cidadão honorário de Sievierodonetsk, embora as autoridades ucranianas tivessem proibido sua entrada no país devido a suas declarações separatistas sobre Sebastopol.

'Azot produz principalmente fertilizantes'

Em 2004, os organizadores do evento ficaram apenas na ameaça. Para muitos observadores, no entanto, o Congresso é considerado a primeira tentativa, embora sem sucesso, de dividir política e formalmente a Ucrânia.

A segunda tentativa ocorreu dez anos depois, em 2014. Depois que o Kremlin anexou a península da Crimeia, separatistas locais armados juntos com cossacos vindos da Rússia tomaram o poder em Sievierodonetsk, Lysychansk e Rubizhne.

Na segunda quinzena de julho de 2014, porém, o exército ucraniano libertou a região e Sievierodonetsk se tornou seu centro de administração civil-militar. Várias instituições e universidades de Lugansk se mudaram para a cidade. Agora, elas mudaram suas sedes novamente para o oeste ucraniano.

Importância estratégica

Sievierodonetsk e Lysychansk têm importância estratégica por serem a ligação para outras regiões da Ucrânia. A atenção principal é dada a uma rodovia entre Lysychansk e Bachmut, em Donetsk, por onde é feito o abastecimento dos militares ucranianos. Até recentemente rota de evacuação de civis, hoje a rodovia é considerada perigosa demais, devido aos bombardeios.

A conquista de Sievierodonetsk e Lysychansk possibilitaria ao exército russo chegar à fronteira administrativa da região. Além disso, de lá os militares russos poderiam lançar uma ofensiva para o oeste, em direção a Kramatorsk, um outro centro administrativo de Donetsk. Kramatorsk é uma das últimas grandes cidades industriais no Donbass ainda totalmente controlada por Kiev.

Deutsche Welle

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