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quinta-feira, junho 09, 2022

Um soldado e um cabo




Por Bernardo Mello Franco (foto)

Na campanha de 2018, Eduardo Bolsonaro descreveu seu plano para o Supremo Tribunal Federal: “Se quiser fechar o STF, sabe o que você faz? Não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo”.

Jair Bolsonaro ainda não realizou o desejo do filho, mas já tomou outras medidas para minar a independência da Corte. A começar pelas indicações de Kassio Nunes Marques e André Mendonça.

Ao assinar a nomeação do pastor, o presidente anunciou que passaria a controlar 20% do Supremo. “São dois ministros que representam, em tese, 20% daquilo que nós gostaríamos que fosse decidido e votado”, disse. Os fatos dos últimos dias sugerem que ele tinha razão.

Desde que vestiram a toga, Nunes Marques e Mendonça se comportam como praças a serviço do capitão. Os votos da dupla são previsíveis: quase sempre coincidem com os interesses de Bolsonaro.

Na quinta passada, uma canetada de Nunes Marques anulou a cassação do deputado bolsonarista Fernando Francischini, acusado de propagar mentiras contra a urna eletrônica. A liminar foi festejada no Planalto, mas revoltou a maioria dos ministros do tribunal.

Na madrugada de terça, Mendonça escancarou a tabelinha e interrompeu o julgamento de um recurso contra a decisão de Nunes Marques. A manobra empurrou o caso para a Segunda Turma, poupando o colega de uma derrota acachapante no plenário. No colegiado menor, a liminar foi derrubada por 3 a 2. Para surpresa de ninguém, Mendonça deu o segundo voto a favor do bolsonarista.

Francischini é o novo espantalho de Bolsonaro em sua marcha golpista para tumultuar as eleições de outubro. Ontem o capitão voltou a hostilizar o Judiciário. Defendeu o aliado cassado e atacou os ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes.

Aos berros, o presidente-candidato falou em “fechar a imprensa” e repetiu a ameaça de descumprir ordens judiciais. “Eu fui do tempo em que decisão do Supremo não se discute, se cumpre. Eu fui desse tempo. Não sou mais”, avisou. Pelo visto, o soldado e o cabo não vão reclamar.
 
O Globo

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A consciência do juiz

Ministros do STF só precisam bajular superiores até ter a indicação confirmada

Por Hélio Schwartsman

Pelas teorias mais tradicionais, o magistrado deveria julgar apenas de acordo com a lei, abstendo-se de quaisquer considerações políticas, pessoais e até de reflexões sobre danos colaterais que possam advir de seu juízo. "Fiat iustitia, et pereat mundus" (faça-se justiça, mesmo que o mundo pereça), na fórmula de Immanuel Kant.

O problema é que não é legal quando o mundo perece, daí que é mais ou menos inevitável que juízes levem em conta não só a lei mas também o contexto sociopolítico e econômico antes de proferir suas sentenças. Isso é especialmente verdade nas cortes superiores nas quais se concentram causas de grande repercussão.

É sob essa chave que se deve interpretar a decisão do TSE do ano passado que cassara o mandato do deputado federal bolsonarista Fernando Francischini, o qual ganhou breve sobrevida graças a manobras de Kassio Nunes Marques e André Mendonça, a dupla de ministros do STF indicada por Bolsonaro. Francischini basicamente disse um monte de mentiras sobre a urna eletrônica. Ora, ver políticos mentindo sobre todos os assuntos não é exatamente inédito e raramente leva a cassações.

O que há de diferente no caso de Francischini é que ele ocorre em meio à campanha de Bolsonaro para erodir a confiança nas urnas e no Judiciário e, em última instância, a própria democracia. Diante disso, os ministros do TSE, num claro recado ao presidente, não hesitaram em enquadrar as falas do deputado nos delitos de uso indevido de meios de comunicação e abuso de poder político. É para isso que existem esses tipos abertos, em que cabe mais ou menos tudo.

Nessa queda de braço, o Judiciário está certo, e Bolsonaro, errado. Marques e Mendonça agiram contra a própria casa. Alguém deveria avisá-los que ministros do STF só precisam bajular superiores até ter a indicação confirmada pelo Senado. Depois, ficam livres para julgar segundo suas consciências, caso as tenham.

Folha de São Paulo

Bolsonaro: 'Descumprir ordem do STF não é uma afronta'




Em visita ao Rio de Janeiro, Bolsonaro criticou a decisão do TSE que cassou o deputado bolsonarista Fernando Francischini (União Brasil)

Presidente volta a atacar os ministros do STF e vem dizendo que as eleições podem ser fraudadas

Por Ana Mendonça

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta quarta-feira (8/6), que pode descumprir decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). Para o presidente, isso “não é uma afronta”.

Em visita ao Rio de Janeiro, Bolsonaro criticou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que cassou o deputado bolsonarista Fernando Francischini (União Brasil). O ex-parlamentar é acusado de divulgar fake news sobre as eleições de 2018. 

Ontem, a Segunda Turma do STF derrubou uma liminar de Kassio Nunes Marques que anulava a perda do mandato de Francischini.

Bolsonaro também repetiu as críticas que fez ao presidente do TSE, Luiz Edson Fachin, por ele ter se reunido com embaixadores para discutir a segurança das eleições.

“Decisão do Supremo se cumpre, não se questiona? Eu sou o capitão. O que eu faço? Não vou cumprir. Isso não é afronta. Nunca vi o Alexandre de Moraes comprar pão. Vivem perseguindo, prendendo deputado federal. Cassando mandato de deputado. O atual presidente do TSE foi o que tirou o Lula na cadeia. Fachin se reuniu com embaixadores. O que ele fez? Me acusou. Pediu pra reconhecer o resultado. Só faltou dizer algo, que o eleito será Lula. Todos queremos eleições limpas e transparentes”, afirmou.

Bolsonaro vem insistindo em ataques contra os ministros do STF e vem dizendo que as eleições podem ser fraudadas. Ontem, ele disse que Alexandre de Moraes não cumpriu um acordo com ele depois da publicação da carta que pacificou a crise entre os três poderes.

Estadão / Estado de Minas

Presidente da Funai diz que indigenista e repórter erraram ao não comunicar viagem




O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, disse na noite desta quarta-feira, 8, que o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips erraram ao não comunicar os órgãos de segurança sobre a viagem ao Vale do Javari, no Amazonas, e não pedir autorização à Funai para acessar o local. As declarações foram dadas ao programa jornalístico oficial Voz do Brasil, transmitido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

"Esta não foi uma missão comunicada à Funai. A Funai não emitiu nenhuma permissão para ingresso. É importante que as pessoas entendam que quando se vai entrar numa área dessas, existe todo um procedimento", disse Xavier, que é delegado da Polícia Federal e apoiado pela bancada do agronegócio no Congresso Nacional. Segundo ele, é "muito complicado quando duas pessoas apenas decidem entrar na terra indígena sem nenhuma comunicação aos órgãos de segurança e à Funai".

Xavier disse ainda que a Funai está participando das buscas na região - há cerca de 15 servidores do órgão envolvidos nas buscas, segundo ele. Bruno Pereira é servidor da Funai, mas estava licenciado do órgão desde janeiro de 2020, quando passou a trabalhar para uma entidade fundada pelos indígenas do Vale do Javari, a Univaja. Ele deixou a Funai por avaliar que não teria mais condições de trabalhar no órgão após ser exonerado do posto de coordenador de Indígenas Isolados e de Recente Contato (CGIIRC), segundo ex-colegas.

Mais cedo, Xavier já havia criticado Phillips e Pereira em uma outra entrevista, à rádio Jovem Pan. "O problema é que, infelizmente, as pessoas sabem do risco e insistem em ir lá sabendo desses riscos. À Funai, agora, o que cabe fazer é atuar efetivamente para tentar localizar essas pessoas e colocar bem claro às pessoas que pretendem ir nas áreas de indígenas isolados, que façam o procedimento correto que é pedir a autorização para a Funai e não se coloquem em risco", disse ele.

Segundo a entidade Indigenistas Associados (INA), que reúne servidores da Funai, as declarações de Marcelo Xavier são "equivocadas", uma vez que a dupla não chegou a entrar na área do Vale do Javari demarcado como terra indígena - portanto, não seria necessário pedir autorização alguma. "Não é verdade que Bruno e Dom tenham sido descuidados com solicitação de autorização de ingresso em terra indígena. Simplesmente, porque não ingressaram em terra indígena. A expedição realizada transcorreu nas imediações, mas não no interior da Terra Indígena Vale do Javari", disse a entidade, em nota.

Pereira está desaparecido junto com o jornalista britânico desde a manhã deste domingo, dia 05. Apenas na manhã desta terça-feira, dia 07, o Comando Militar da Amazônia, do Exército, e a Marinha mobilizaram aeronaves para intensificar a busca pelos dois desaparecidos. Os dois sumiram durante uma viagem de barco entre a comunidade ribeirinha de São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte. Como mostrou o Estadão, Pereira foi mencionado em um bilhete apócrifo com ameaças, escrito por pescadores ilegais que atuavam na área e dirigido à entidade para a qual o indigenista trabalhava.

Estadão / Dinheiro Rural

Após veto a Moro, PSOL questiona MP sobre domicílio eleitoral de Tarcísio de Freitas


Tarcísio de Freitas


Após o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo anular a mudança de domicílio eleitoral do ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil) do Paraná para São Paulo, a Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo vai avaliar um questionamento enviado ao Ministério Público Eleitoral sobre a mudança do ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) para o Estado. Segundo a PRE-SP, o caso "está para homologação ou arquivamento". A decisão será tomada até o final do dia.

Candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL) no maior colégio eleitoral do Brasil, Tarcísio é carioca e morava em Brasília antes de decidir disputar o Palácio dos Bandeirantes.

O pedido de investigação sobre Tarcísio foi feito pelo presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, e enviado para 127° Promotoria Eleitoral em São José dos Campos, onde o ex-ministro alugou um apartamento em setembro do ano passado.

"O caso de Moro se aplica também a Tarcísio Freitas. O ministro de Bolsonaro não mora em São Paulo e pretende ser candidato representando a máquina do governo federal. Isso é um desrespeito com os eleitores de São Paulo", disse o Medeiros ao Estadão.

A assessoria do ex-ministro afirmou que Tarcísio tem contrato de aluguel em seu nome, em São José dos Campos, e que apresentou os documentos previstos em lei para a mudança de domicílio. "Vale lembrar que o domicilio eleitoral é analisado caso a caso pelo Tribunal Superior Eleitoral, e que o pré-candidato já comprovou vínculos familiares, afetivos, e profissionais, com o Estado, legitimando o reconhecimento do domicilio, conforme jurisprudência farta do TSE", disse em nota.

Ao Estadão, Juliano Medeiros minimizou, porém, o caso da ex-ministra Marina Silva (Rede), que também mudou o domicílio eleitoral para São Paulo para disputar uma vaga de deputada federal e é cotada até para vice na chapa de Fernando Haddad (PT). A Rede e o PSOL se uniram em uma federação para disputar as eleições 2022. Segundo Medeiros, Marina mora em São Paulo.

Em nota, Marina diz que "intensificou a sua atuação política nos grandes centros, com destaque no Estado de São Paulo" e que "todos os requisitos legais foram observados" ao transferir seu domicílio para São Paulo.

"Nos termos da legislação eleitoral e do posicionamento consolidado do TSE, o domicílio eleitoral pode ser demonstrado não só pela residência com ânimo definitivo, mas também pela constituição de vínculos políticos, econômicos, sociais ou familiares", diz a ex-ministra. De acordo com a nota, Marina possui família e residência no Estado.

O que diz a legislação

A legislação eleitoral exige que o candidato tenha mudado de endereço no mínimo três meses antes da transferência do título eleitoral. No caso de Moro, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo concluiu que o ex-juiz não conseguiu provar "vínculo" com a capital paulista.

Moro trocou de endereço em março deste ano e havia apresentado como provas comprovantes de aluguel em um hotel e em um flat na cidade. Com a decisão, ele não poderá sair candidato pelo Estado, mas ainda pode entrar com recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O questionamento contra Moro foi feito pelo deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) e pelo diretório municipal do PT.

Eduardo Cunha

O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PTB), que é carioca, também trocou domicílio eleitoral para São Paulo. A mudança foi aprovada pelo TRE-SP. Mesmo estando inelegível até 2027 devido à Lei da Ficha Limpa, Cunha, que está filiado ao PTB, alegou que mantém articulação política na cidade e diz que pretende disputar uma vaga na Câmara por São Paulo.

Estadão / Dinheiro Rural

Que os policiais sejam éticos e profissionais - internamente




Para que haja civilização, não basta punir. Como todos nós, os policiais precisam de virtudes aprendidas na infância. 

Por Deirdre McCloskey (foto)

A notícia sobre Genivaldo de Jesus Santos chegou à TV em todo o mundo. Da mesma forma você viu na TV brasileira em 2020 o vídeo que mostrou George Floyd, outro hoem negro, sendo assassinado por um policial branco de Minneapolis.

Recebemos as notícias sobre outros países através de um pequeno olho mágico. Ele é direcionado para os clichês mais óbvios relativos aos países, como a insensatez do Partido Republicano nos EUA ou cariocas e paulistanos brincando loucamente no Carnaval.

Os clichês são toscos, mas nem sempre enganosos. O Partido Republicano de fato endoidou completamente, ficou insano. Na semana passada, um candidato republicano a deputado pelo estado de Nova York foi expulso da eleição quando disse que cogitava votar pela proibição da compra de fuzis AK47 por adolescentes.

E, tanto no seu país quanto no meu, a polícia parece ser especialmente brutal com pessoas de ascendência africana. Talvez não, diz meu irmão conservador. Pode ser.

Seja como for, a polícia está autorizada a usar coerção sobre nós, às vezes brutal, e é preciso que seja autorizada. Precisamos de proteção, até de brutalidade, contra os bandidos. Como destacou um dos criadores da Constituição americana, James Madison: "Se os homens fossem anjos, governo nenhum seria necessário". O sociólogo alemão Max Weber resumiu há um século a própria definição de governo, dizendo que é "o monopólio de coerção em um determinado território".

Mas nesse caso precisamos vigiar quem detém o monopólio da coerção. A inovação hoje em dia é que podemos assistir a essa coerção pelo celular. Caso contrário, nem George Floyd nem Genivaldo de Jesus Santos seriam conhecidos.

Como todos nós, os policiais são hábeis em impedir que tomemos conhecimento de seus erros. Minneapolis demorou a formalizar uma queixa criminal contra o policial que ficou ajoelhado sobre o pescoço de Floyd por oito minutos e 46 segundos. Sem o vídeo, sua condenação por homicídio não teria acontecido.

Mas espere aí. Queremos mesmo que nossos policiais sejam contidos unicamente pela ameaça de serem filmados e depois levados à Justiça?

Não. Queremos que sejam éticos e profissionais, internamente. Para que haja civilização, não basta punir. Como todos nós, os policiais precisam de virtudes aprendidas na infância. Não precisam apenas ser vigiados. James Madison sabia disso também. A Constituição que ele redigiu está ameaçada agora nos Estados Unidos porque a ética e o profissionalismo foram postos de lado, e não apenas pela polícia.

No Brasil também?

Folha de São Paulo

Moraes viu indícios de favorecimento pessoal ao bloquear contas da mulher de Silveira




O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), viu indícios do crime de favorecimento pessoal ao mandar bloquear as contas da advogada Paola da Silva Daniel (esq.), que é mulher do deputado bolsonarista Daniel Silveira (dir.) (PTB-RJ).

O parlamentar acumula sucessivas multas por descumprir medidas cautelares impostas no processo em que foi condenado por ataques contra a democracia. Os valores chegam a R$ 645 mil. O STF chegou a mandar bloquear as contas do deputado para garantir o pagamento. Antes que a ordem fosse cumprida pelos bancos, Daniel Silveira transferiu R$ 100 mil para a mulher. Moraes determinou que ela seja ouvida pela Polícia Federal (PF) para que "esclareça as circunstâncias" da transferência.

Em manifestação enviada ao gabinete do ministro nesta quarta-feira, 8, a defesa do deputado pede o desbloqueio das contas de Paola. O principal argumento é que ela também é advogada no processo e que o congelamento das contas bancárias seria uma violação às prerrogativas profissionais.

O pedido diz ainda que, como mulher de Daniel Silveira, ela é "proprietária de parte dos bens". "Razão pela qual é absolutamente lícita a transferência realizada, por ser transação entre cônjuges que partilham a vida e o patrimônio", afirmam.

Daniel Silveira foi condenado a oito ano e nove meses de prisão por atacar ministros do STF e defender a ditadura militar. O presidente Jair Bolsonaro (PL) editou um decreto para perdoar a pena, mas é provável que o deputado fiquei inelegível. A candidatura de Paola tem sido ventilada pelo PTB como uma estratégia para tentar manter o espólio do marido na Câmara.

Estadão / Dinheiro Rural

Número de presos em São Paulo sobe 17%




O número de presos que ingressaram no sistema prisional do estado de São Paulo aumentou 17% em maio na comparação com abril. Segundo levantamento da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), o sistema prisional paulista registrou 7.357 novos ingressos de presos em maio, ante 6.301 de abril. 

Na avaliação da secretaria, o acréscimo está diretamente relacionado à Operação Sufoco e aos seus desdobramentos. A ação foi deflagrada no dia 4 de maio para dobrar o efetivo policial nas ruas, reforçando o combate ao crime e o aumento da sensação de segurança da população.

Tráfico de drogas

Segundo dados do governo, em 33 dias, a operação prendeu quatro mil pessoas por tráfico de drogas, tráfico internacional de armas de fogo, roubo, receptação, fraude em postos de combustíveis e outros crimes. As forças de segurança também apreenderam 21,1 toneladas de drogas e 240 armas de fogo ilegais e 9,9 mil veículos.

Além disso, o efetivo diário para patrulhamento ostensivo passou de cinco mil para 9,7 mil policiais.

Em abril, o governo de São Paulo informou que realizou acordo com as empresas de entrega por aplicativo para compartilhamento de bancos de dados e informações sob coordenação dos núcleos de inteligência das polícias visando facilitar a identificação de criminosos que tentam se passar por entregadores.

Agência Brasil / Dinheiro Rural

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Fiocruz produz insumos para diagnóstico da varíola dos macacos

Os primeiros casos suspeitos de varíola dos macacos (Monkeypox) no Brasil levaram a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) a produzir, no tempo recorde de uma semana, por meio do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), controles positivos para auxiliar no diagnóstico seguro da doença.

Os primeiros reagentes foram entregues à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), para serem distribuídos em, pelo menos, 20 países. Outra remessa de controles positivos foi distribuída hoje (8) aos laboratórios de referência do Brasil, atendendo a pedido da Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública (Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde).

Segundo a Fiocruz, os controles positivos refletem a capacidade nacional de produção de insumos críticos para o diagnóstico.

“Essa ação estratégica, iniciada após o aprendizado na cadeia de suprimentos vivenciado na emergência da covid-19, hoje se materializa no fortalecimento do arranjo produtivo local e amplia a capacidade de resposta nacional frente a emergências de saúde pública”, afirmou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima. Ela disse que, com o desenvolvimento dos controles positivos, a Fiocruz dá um importante passo para a autonomia e a independência na produção local de testes de diagnóstico.

Confiabilidade

O controle positivo garante a confiabilidade da reação durante a realização do teste molecular (qPCR), impedindo a ocorrência de erros que interfiram no resultado. O material desenvolvido pelo IBMP é destinado ao uso exclusivo em pesquisa, sob responsabilidade dos laboratórios brasileiros e latino-americanos de referência para controle do vírus Monkeypox.

De acordo com o gerente de Desenvolvimento Tecnológico do IBMP, Fabricio K. Marchini, foram utilizadas matéria-prima e expertise da própria instituição no desenvolvimento de kits para diagnóstico, somado ao que está publicado pela literatura científica internacional, para produzir as reações com qualidade e que possibilitem o diagnóstico molecular preciso e seguro do Monkeypox.

Atualmente, quatro laboratórios no Brasil estão aptos a diagnosticar a doença: Laboratório de Biologia Molecular de Vírus do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais/Fundação Ezequiel Dias, Laboratório Central de Saúde Pública de São Paulo/Instituto Adolfo Lutz e Laboratório de Referência em Enterovírus do Instituto Oswaldo Cruz.

Agência Brasil / Dinheiro Rural

Procuradoria no DF diz que AGU contraria interesse público ao defender Bolsonaro e Wal do Açaí




A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu uma investigação preliminar para apurar se há desvio de finalidade na atuação da Advocacia-Geral da União (AGU) para defender o presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-secretária parlamentar Walderice Santos da Conceição (centro), a Wal do Açaí, apontada como funcionária fantasma no gabinete dele quando era deputado federal.

O órgão afirma que a atuação é "injustificável" e viola os princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade, eficiência e finalidade.

"Deveria a AGU estar atuando ao lado do MPF na busca da reparação dos danos causados ao erário, ao invés de estar exercendo a defesa daqueles que são acusados justamente de dilapidar o patrimônio público", diz um trecho da manifestação enviada pela Procuradoria no DF à Justiça Federal.

Bolsonaro e sua ex-secretária parlamentar são alvo de uma ação de improbidade administrativa que pede a devolução de R$ 28o mil. O valor corresponde aos salários pagos a Walderice entre 2003 e 2018. Segundo o processo, ela nunca exerceu qualquer atribuição relacionada ao cargo.

Ao assumir a defesa de Bolsonaro e Wal do Açaí, a AGU disse que tem autorização para "representar judicialmente agentes públicos, no que se refere a atos praticados no exercício das suas atribuições".

Na outra ponta, a Procuradoria da República no Distrito Federal diz que "há evidente incompatibilidade com o interesse público" na atuação da AGU.

"Condutas praticadas com abuso ou desvio de poder, como as que ensejaram a propositura da presente ação de improbidade, não se enquadram no exercício das atribuições legais, regulamentares ou constitucionais, tampouco encontra-se presente interesse público, a afastar, assim, a possibilidade de defesa judicial dos requeridos pela AGU", afirma.

Os procuradores sugerem dois caminhos: que Bolsonaro e Wal do Açaí constituam advogados privados ou apresentem cópia do procedimento de análise do pedido de representação judicial pela AGU para que a Justiça analise se foram preenchidos os requisitos legais.

A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara aprovou um convite para o advogado-geral da União, Bruno Bianco Leal, explicar o envolvimento da AGU no processo. Ele não é obrigado a comparecer.

COM A PALAVRA, A AGU

"A representação judicial de agentes públicos em ações judiciais e inquéritos tem por fundamento o artigo 22 da Lei n. 9.028/95, norma que confere segurança jurídica aos servidores de todas as esferas de Poder, para que sua autonomia decisória e funcional não fique cerceada por demandas, em sua grande dimensão, infundadas. Em última análise, a defesa do servidor questionado por sua atuação funcional traduz a defesa do próprio órgão a que pertence, em estrita sintonia com o interesse público.

Toda atuação da AGU é precedida da elaboração de análise técnico-jurídica, ocasião em que se avalia a presença dos requisitos legais, a exemplo da identificação de interesse público e pertinência do questionamento com as funções do cargo ou função.

No caso em questão, a atuação da AGU, em favor dos agentes públicos então vinculados à Câmara dos Deputados, foi precedida por rito de admissibilidade nos moldes da previsão legal e regulamentar. Toda a análise ocorreu em âmbito da Procuradoria Regional da União por membros e servidores sem cargo em comissão, o que mostra o total critério técnico utilizado. Os atos administrativos gozam de presunção de legitimidade e que o próprio MPF aponta não haver provas sobre o desvio de finalidade, tanto que formulou pedido de inversão do ônus da prova, algo que não encontra embasamento no sistema processual brasileiro, já que compete ao autor comprovar o fato constitutivo de seu direito."

Estadão / Dinheiro Rural

Mundo está à beira da maior crise sobre custo de vida do século, alerta Unctad




A guerra na Ucrânia coloca o planeta à beira da maior crise sobre o custo de vida da população global desta geração, segundo alerta a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês), em relatório divulgado nesta quarta-feira, 8. A entidade destaca que os choques nos preços de energia e alimentos, que elevam a inflação no mundo todo, podem provocar mais instabilidade política à medida em que reduzem a renda real das pessoas.

Em discurso durante evento de apresentação do relatório, a secretária-geral da Unctad, Rebeca Grynspan, alertou que a crise alimentar, por enquanto concentrada em países da Ásia e África, pode rapidamente se transformar em uma "catástrofe de proporções globais" em 2023. "Se a guerra continuar e os altos preços de grãos e fertilizantes persistirem na próxima temporada de plantio, a crise atual pode se estender a outros alimentos básicos, como o arroz, afetando bilhões de pessoas a mais", alertou.

Entre as medidas defendidas por ela para controlar os mercados globais e reduzir a volatilidade nos preços de commodities, será necessário reintegrar as produções de Rússia e Ucrânia à cadeia global, apesar da guerra. Sobre energia, a dirigente destacou o papel relevante do uso de reservas estratégicas para diminuir os preços, mas ressaltou que o mundo deve acelerar a transição para fontes renováveis.

Grynspan também defende que governos ao redor do mundo aumentam a proteção social por meio de "suporte focado" em grupos vulneráveis. A secretária-geral ainda afirmou que países emergentes necessitam "urgentemente" de apoio fiscal de instituições financeiras internacionais. Sem isso, várias nações seguirão com dificuldades de pagar por sua comida e energia, realizar o serviço da dívida e aumentar a proteção social, disse.

Por fim, ela instou a comunidade global a "fortalecer a arquitetura da dívida global". O Grupo dos Vinte (G20) deve restabelecer a Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida e os vencimentos de títulos soberanos precisam ser adiados em dois a cinco anos, argumentou.

Estadão / Dinheiro Rural

Os potes de ouro do setor elétrico




Mais um jeitinho está sendo articulado para conceder subsídios

Por Daniel Rittner (foto)

Mais um bomba com potencial bilionário pode cair no colo dos consumidores de energia elétrica. O artefato está sendo preparado pelos mesmos parlamentares que, com cara de condoídos pela dificuldade dos eleitores em pagar as contas de luz, querem rasgar contratos e suspender reajustes de tarifas. Em um setor tão impenetrável, cujas regras parecem ter sido escritas pelo demônio, convém explicar direitinho para impedir que uns poucos saiam ganhando com o desconhecimento de muitos.

Vamos lá: na virada do século, com o objetivo de impulsionar novas fontes de energia pouco competitivas à época, uma lei (9.427/96) garantiu subsídios para três tipos de projetos de geração elétrica: usinas eólicas, solares e de biomassa. A produção e o consumo de energia oriundos desses empreendimentos - até 30 megawatts (MW) de potência - passaram a contar com 50% de desconto pelo uso das redes de distribuição e de transmissão.

Foi uma política pública bem- sucedida, que deu um empurrão em tecnologias incipientes. Aos poucos, a conta tornou-se pesada demais. Em 2020, esses descontos representavam cerca de metade dos R$ 9,3 bilhões em subsídios na distribuição e na transmissão - o restante ia para a agricultura irrigada, consumidores rurais, companhias de água e esgoto. A curva projetada era insustentável.

O governo resolveu, então, extinguir esse incentivo. Afinal, eólicas e solares já vendiam seus megawatts por valor mais baixo do que hidrelétricas nos leilões de energia. Hora de caminhar pelas próprias pernas. Para não impor nada traumático, a lei (14.120/21) deu um prazo de 12 meses para que os investidores solicitassem na Aneel a outorga para novos empreendimentos, ainda preservando o benefício.

Deflagrou-se, no mercado, o que foi chamado de “corrida ao ouro” das renováveis. Quase três mil projetos deram entrada na agência até 2 de março - prazo fixado. São quase 200 mil MW para análise. É o equivalente a 15 usinas de Itaipu. Centenas de outorgas já saíram. Desvirtua-se objetivo de criar uma porta de saída para os subsídios, que são rateados nas tarifas e oneram os consumidores de todo o país.

Aí vem a bomba em gestação. Os projetos autorizados pela Aneel têm 48 meses para entrar em operação comercial e gozar do desconto por três décadas. Só que obviamente não existe, hoje, capacidade suficiente no sistema de transmissão para escoar 200 mil MW de energia nova para os centros de consumo. Articula-se, longe dos holofotes, um jeitinho na Câmara dos Deputados para garantir os subsídios a esses projetos. Mesmo se perderem a janela dos 48 meses para iniciar suas operações, os investidores terão acesso ao desconto até que sejam solucionadas as restrições para o escoamento. Na prática, o fim do benefício - como todos imaginavam em 2020 - não terá data para ocorrer e a conta das subvenções continuará em alta.

*

O professor Maurício Tolmasquim, da UFRJ, chama a atenção para o efeito de 8 mil MW adicionais em usinas térmicas que usam gás natural - fruto do “jabuti” na lei de privatização da Eletrobras - sobre as emissões de gases-estufa no setor elétrico.

De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que o próprio Tolmasquim presidiu por 11 anos, o lançamento de CO2 equivalente na atmosfera poderia cair 30% entre 2026 e 2031, se fosse adotado cenário no qual modelos matemáticos cruzam dados de segurança no abastecimento com o menor custo possível para a expansão do parque gerador. Entretanto, como há um dispositivo legal que impõe esses 8 mil MW em térmicas, as emissões deverão aumentar 74% de 2026 a 2031.

Nos fóruns internacionais, o Brasil tem sido cada vez mais questionado pela vergonhosa alta do desmatamento, mas sempre procura equilibrar as críticas com alguns trunfos, como a matriz elétrica limpa, sonho de qualquer europeu. “Não deveríamos perder esse ativo”, defende o professor.

Países como Dinamarca, Holanda, Áustria e Portugal já divulgaram planos de chegar a praticamente 100% de geração renovável em 2030. O Brasil faz um caminho inverso e corre o risco de perder protagonismo.

Tolmasquim acredita que é perfeitamente factível ancorar a expansão do sistema com usinas eólicas, solares e de biomassa. Ele sustenta que o problema não é construir mais térmicas, mas deixá-las como “inflexíveis” - no jargão do setor, isso significa que elas vão operar durante 70% do tempo. “O fato de estarem em localidades onde não há gás, nem linha de transmissão para escoar a energia, só aumenta a irracionalidade, mas está longe de ser o único ponto negativo.”

Operar um sistema com fontes intermitentes - nunca se sabe ao certo quando venta ou faz sol - tem lá suas dificuldades, mas já foi mais complicado. Hoje, graças ao banco de informações reunidas ao longo dos anos, sabe-se em qual lugar do país e a que horas usinas eólicas ou fotovoltaicas podem ser mais bem aproveitadas. Baterias logo poderão guardar megawatts gerados nos momentos de pico.

“O Brasil deveria ter uma meta de emissões líquidas zero na geração de eletricidade a partir de 2030. Isso é compatível com a segurança no fornecimento de energia, com térmicas flexíveis atendendo a ponta do sistema e complementando as renováveis quando necessário”, argumenta.

O primeiro leilão para contratar as usinas térmicas exigidas na Lei da Eletrobras está previsto para o segundo semestre. Ainda dá tempo de revisitar essa obrigação.

Valor Econômico

OMS confirma mais de mil casos de varíola dos macacos onde doença não é endêmica




A Organização Mundial da Saúde (OMS) contabiliza mais de mil casos confirmados de varíola dos macacos em 29 países onde a doença não é endêmica. Em coletiva de imprensa, o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou nesta quarta-feira que a enfermidade têm sido registrada principalmente, mas não apenas, em homens que mantêm relações sexuais com outros homens.

Tedros Adhanom explicou que o repentino surgimento de casos sugere que o vírus já circulava por algum tempo. "É um reflexo infeliz do mundo em que vivemos que a comunidade internacional só agora esteja prestando atenção à varíola do macaco porque ela apareceu em países de alta renda", criticou.

Segundo ele, há o perigo real de que o patógeno continue aparecendo. "A OMS está particularmente preocupada com os riscos deste vírus para grupos vulneráveis, incluindo crianças e mulheres grávidas", disse.

O diretor-geral acrescentou que a organização não recomenda a vacinação em massa contra a varíola dos macacos. "Nos poucos lugares onde as vacinas estão disponíveis, elas estão sendo usadas para proteger aqueles que podem estar expostos, como trabalhadores de saúde e pessoal de laboratório", explicou.

Tedros Adhanom orientou que as pessoas diagnosticadas com a doença se isolem e procurem profissionais de saúde. De acordo com ele, já há antivirais disponíveis, mas a oferta é limitada.

Coronavírus

Tedros Adhanom também disse nesta quarta que os números de casos e mortes por covid-19 seguem em queda, mas alertou que a crise sanitária provocada pela doença ainda está em curso. "A percepção de que pandemia acabou é compreensível, mas enganosa", disse, durante a coletiva de imprensa.

O diretor-geral da OMS chamou atenção para as disparidades no acesso global a vacinas contra o vírus. Segundo ele, o problema não é de falta de oferta, mas sim de demanda reduzida em alguns países. "68 países ainda não atingiram meta de vacinar 40% da população", pontuou.

Estadão / Dinheiro Rural

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