Carlos Chagas
Não passou despercebido. mas ficou sem maiores comentários o novo sacrifício feito pelo personagem que, sem sombra de duvidas, teria a unanimidade nacional caso houvesse eleição para escolher o maior dos brasileiros da atualidade. Falamos do vice-presidente José Alencar, que no último dia 3 não se desincompatibilizou. Se quisesse, estaria eleito por antecipação para o governo de Minas, da mesma forma como conquistaria uma cadeira no Senado. A simples menção dessas duas possibilidades causou horror entre gregos e troianos, ou seja, do governador Aécio Neves ao PT mineiro, e ao PMDB, o sentimento foi de pavor.
Por certo que ninguém passou recibo. Pelo contrário, todos aplaudiram a hipótese de Alencar disputar em outubro o Palácio da Liberdade ou a volta ao Senado. Mas tremeram uns e outros diante da desarrumação político-partidária que uma decisão dessas causaria em suas projeções.
O vice-presidente chegou a declarar que seu futuro eleitoral dependeria dos médicos, ou seja, se o liberassem pelo diagnóstico da cura do câncer que o acometeu, estaria disposto. Só que não foram os médicos, de resto cautelosos, a causa de sua disposição por permanecer no Palácio do Jaburu. Foi seu espírito cívico e sua profunda devoção por Minas Gerais. Percebeu que pelo óbvio passeio que seria o seu reencontro com as urnas, viraria a política mineira de pernas para o ar. Começando por melar os planos do presidente Lula de conciliar o inconciliável, ou seja, reunir numa só aliança Hélio Costa, do PMDB, e Fernando Pimentel e Patrus Ananias, do PT. Depois, porque reduziria a pó a pretensão do já agora ex-governador Aécio Neves de fazer governador o seu vice, Antonio Anastásia. Iriam todos para o fundo do poço.
Assim, em função de sua lealdade para o presidente Lula e de sua devoção eterna para Minas, José Alencar sacrificou-se. Ficou.
Vulgarização
Do jeito que as coisas vão, nem mesmo os cientistas políticos darão atenção às pesquisas eleitorais. A mais recente, da Vox Populi, divulgada no fim de semana, causou tanta emoção no país quanto causaria a notícia de mais um dia de sol no litoral do Nordeste. Porque revelou, a consulta, o mesmo que outras anteriores, com as variações geradas pela metodologia de cada empresa: se as eleições fossem hoje, José Serra estaria eleito, tanto faz se batendo Dilma Rousseff por 9, 5 ou 4 pontos, dependendo da presença ou não de Ciro Gomes. Nas simulações para o segundo turno, as que realmente importam, o ex-governador de São Paulo até aumentaria a diferença.
Seria bom que os institutos dessem uma parada. Suspendessem as consultas por algum tempo, quem sabe até depois da Copa do Mundo. Porque o risco é de sedimentarem o fato consumado e aumentarem o desinteresse popular pela eleição. De tanto ver Serra na frente, o cidadão comum poderá dar de ombros e aceitar os números como definitivos, quando na realidade poderá não ser bem assim.
Melhor seria, para os pesquisadores manterem a credibilidade de suas pesquisas e continuarem amealhando clientes para as eleições futuras, que promovessem um intervalo. Não propriamente comercial, mas com vistas a não vulgarizar suas atividades comerciais…
Fonte: Tribuna da Imprensa