Por Roberta Cerqueira
A polícia conseguiu desbancar, na madrugada de ontem, uma quadrilha especializada em roubo de cargas, na BA- 093, Km 11, próximo ao município de Dias D’Ávila. Quatro pessoas estão presas e o líder do bando, o ex-policial Militar José Carlos da Paixão Santos, conhecido como “Nego”, 40 anos, está foragido. Foram apreendidos um revolver calibre 38, coletes de identificação da polícia, um giroflex (sinalizadores usados em carros de polícia), três veículos e seis celulares. Ira Oliveira de Andrade, 30, Luiz Vitorino de Almeida, 29, Pedro Eufrásio, 45 e o funcionário da Prefeitura de Candeias, Antônio José de Souza, conhecido como “Foen”, 34 estão presos no Centro de Operações Especiais (COE), da Polícia Civil. De acordo com a polícia, são constantes os assaltos na região do Polo Petroquímico, em Camaçari. “Há uma incidência muito grande de roubo de cargas de polietileno neste local, a partir desta informação iniciamos investigações em torno dos suspeitos”, informou o delegado João Uzzum, titular da Delegacia de Repressão a Roubos de Cargas (Decarga). A operação também contou com apoio do COE. “Sabíamos que eles fariam um assalto à uma carga e qual seria o ponto de encontro deles, então fizemos campana no local”, disse Uzzom. De acordo com ele, a ação foi iniciada às 17 horas da última quinta-feira e concluída por volta das 4 horas de ontem. A quadrilha já vinha sendo investigada há cerca de três meses. Ao realizar a abordagem, por volta das 19 horas, os cinco policiais e o delegado foram recebidos à tiros, deflagrados por “Nego”, que fugiu em seguida levando a arma. Os policiais encontraram outra arma, o revolver 38, no veículo dele, um Ford- Fiesta dourado. “Já que não houve flagrante com relação ao roubo, todos os presos foram autuados por formação de quadrilha, e o “Nego”, quando preso, responderá além deste crime, também por porte de arma e resistência. Conforme informações da polícia, todos, com exceção de “Foen”, já têm passagens na polícia. “Nego” responde por assaltos e formação de quadrilha, Ira por homicídio, assaltos e formação de quadrilha, Luiz Vitorino por estelionato e porte ilegal de arma e Pedro Eufrásio por assaltos à banco e formação de quadrilha. A polícia acredita que há outros envolvidos e ainda investiga a participação deste grupo em outros crimes. Dentre o material apreendido foram encontrados cartões e documentos de outras pessoas. Estamos investigando se eles atuam, também, em crime de estelionato.
Jovem executado com três tiros no Bate Facho
; Na Invasão do Bate Facho, atrás do mercado Extra na Avenida Paralela, no bairro do Imbuí. Wellington dos Santos, 19, apelidado de “Pintinho”, foi assassinado com três tiros, anteontem por volta das 15h30. O crime aconteceu na Rua principal da invasão, o jovem morreu no local. Moradores assustados nada revelaram sobre a execução e preferiram manter a lei do silêncio, temendo por suas vidas. O pai da vítima que não quis se identificar, não sabia dizer qual a motivação para o crime, mas acreditava que o motivo tenha sido um rixa com os colegas que moram no mesmo local. De acordo com o pai, a vítima morava com a mãe, não estudava e nem trabalhava, ele não sabia dizer se a morte estava relacionada com envolvimento de drogas. E salientou que seu filho não apresentava passagem pela polícia. “Nós não tínhamos muita aproximação, ele morava com a mãe, e não sei de suas procedências”, disse. A 9ª DP (Boca do Rio) apura o crime. No bairro do Arenoso, na Rua Virgínia Santa Isabel, Wilson de Jesus Oliveira, morreu depois de ser atingido com vários tiros, no final da tarde de anteontem. O crime aconteceu no final da Rua 21 de Abril, perto de uma boca-de-fumo, liderada pelo traficante apelidado de “Jô”.
Fonte: Tribuna da Bahia
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domingo, novembro 04, 2007
Plebiscito pode decidir 3º mandato de Lula
Tribuna da Bahia Notícias-----------------------
Uma reportagem publicada ontem na edição on-line do jornal espanhol El País (um dos mais influentes do mundo) afirma que a discussão sobre um possível terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já “está nas ruas”. Sob o título “Lula três”, o texto sugere que o assunto poderia ser decidido pela via do plebiscito, e que outra possibilidade, descartada por Lula neste momento, consistiria em apontar a primeira-dama Marisa Letícia para a corrida presidencial, a exemplo do que ocorreu na Argentina. A matéria faz referência a um projeto recentemente desengavetado no Congresso Nacional, que permitiria ao presidente convocar plebiscitos para decidir sobre questões importantes, como a possibilidade de reeleição indefinida. Segundo o correspondente do diário no Rio de Janeiro, Juan Arias, Lula tem evitado iniciar o debate sobre a ‘re-reeleição’, porque teme ser associado ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, que defende a renovação indefinida de mandatos no seu país. No Brasil, diz o correspondente, “já existem pesquisas de opinião, que não saem a público, para medir a percentagem de cidadãos que desejariam que Lula continuasse no poder”. O repórter não esclarece que pesquisas seriam essas. O texto faz referência a um debate iniciado pelo prefeito do Rio, o integrante do partido Democratas César Maia, que há algumas semanas acusou o governo Lula de passar mensagens “subliminares” com o número 3 em uma campanha de marketing do Banco do Brasil. “É certo que o número três, como publicidade subliminar de ‘Lula três’, já está em marcha, e aparece em diversos anúncios de Estado”, diz o El País. “Dessa maneira, se amanhã houver a possibilidade de um ‘Lula três’, através de um referendo, por exemplo, parte do trabalho já estaria feita.” O diário espanhol lembra que Lula já admitiu que continuará na política, e que poderia voltar a se candidatar nas eleições de 2014. “Isso, no pior cenário para ele”, diz o jornal. Em nome da aprovação da CPMF, governistas se uniram à oposição no Senado para sinalizar que a Casa não irá aprovar nenhuma proposta permitindo ao presidente Lula disputar um terceiro mandato. O tema foi levantado durante a reunião de ontem da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) depois de divulgado que a Câmara havia desarquivado um projeto permitindo reeleições infinitas. Reunida para ouvir três ministros defenderem a prorrogação da CPMF, a CCJ se tornou um centro de articulação contrário à proposta. Os ministros convocados para a sessão usaram suas falas para combater a idéia depois de informados que ela estava causando contrariedade na oposição. “Acho que é uma questão prematura, extemporânea e inadequada. Pelo que conheço do meu presidente ele não comunga da idéia. Essa discussão só o enfraquece e o prejudica”, disse o ministro Guido Mantega (Fazenda). “A proposta é completamente fora de propósito e tenho ouvido isso do próprio presidente”, acrescentou Paulo Bernardo (Planejamento). Em entrevista à Rádio Itatiaia, o ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral) também comentou o assunto. “O presidente Lula já falou que é contrário a isso. Eu entendo que, ao se dizer contrário e desautorizar expressamente, ele está dizendo também que qualquer parlamentar que tomar iniciativa nesse sentido está prejudicando o país e o próprio presidente”, afirmou. Logo no início dos trabalhos, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), havia procurado os governistas Romero Jucá (PMDB-RR) e Aloizio Mercadante (PT-SP) para dizer que o desarquivamento da proposta na Câmara iria azedar o clima da votação da CPMF e que eles precisavam agir. Enquanto Mercadante passava ao tucano reproduções do presidente se dizendo contra o terceiro mandato, Romero Jucá ligava para o ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) para saber o que estava acontecendo. Foi informado de que a iniciativa não era de conhecimento do Palácio do Planalto e que ele deveria dar declarações contrárias. “O presidente Lula não concorda com terceiro mandato. Mas se a Câmara aprovar essa matéria, ela não passa no Senado. O PMDB se junta à oposição e a derruba”, disse Jucá a jornalistas.
OAB nacional repudia proposta
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), mandou desarquivar, na surdina, em abril deste ano, PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que permite a reeleição sem limites para cargos majoritários —o que abriria caminho para a aprovação de um terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente em exercício do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ophir Cavalcante Júnior, afirmou anteontem que a entidade é contrária à a proposta. O pedido do desarquivamento, feito em fevereiro, partiu do deputado petista Fernando Ferro (PE). “A OAB é contrária a esse tipo de proposta e alerta a nação brasileira para os graves perigos para a democracia caso fosse aprovada uma PEC como essa. Um terceiro mandato para o presidente Lula seria um golpe na democracia, pois atenta contra a Constituição Federal, o Estado Democrático de Direito e é algo para o que o Brasil não está preparado.” Segundo Cavalcante Júnior, o Congresso Nacional não vai embarcar no que classificou como “armadilha” e que não aprovará uma PEC que é “flagrantemente contrária à República brasileira”. “Centralizar o poder de governo nas mãos de uma pessoa por um período vedado pela Constituição seria tornar esse país uma ditadura novamente, ainda que pela via democrática do voto.”
Aleluia vê Lula “por trás de tudo”
A idéia de um terceiro mandato do presidente Lula gera pavor na oposição. “Lula e Chávez se parecem muito, por isso vamos trabalhar radicalmente contra, vamos para a rua reagir à tentativa de golpe”, disse José Carlos Aleluia (DEM-BA). Para Aleluia, o próprio presidente estaria por trás da iniciativa: “O Devanir é homem de confiança do Lula. Não se pode aceitar que ele não está por trás disso”. A idéia tem ao menos dois entusiastas: os deputados federais Carlos Willian (PTC-MG) e Devanir Ribeiro (PT-SP), amigo do presidente. Ambos se dizem dispostos a levar a proposta adiante no Congresso, mas há dúvidas sobre o melhor formato para viabilizá-la. Willian pretende apresentar uma Proposta de Emenda Constitucional, como revelou o “Correio Braziliense”, para tramitar na Câmara a partir deste mês. A emenda abriria caminho para que os políticos com mandato no Executivo (governadores, prefeitos e presidente) pudessem estendê-lo e alteraria a duração do mandato para cinco anos. A PEC deverá ser apresentada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. ”A proposta já tem a simpatia de partidos da base, mas não posso revelar mais detalhes agora. Estamos analisando o texto. Limpando a pauta da Casa, provavelmente em novembro, vamos buscar assinaturas e apoio”, afirmou Willian. Se enfrentará críticas? “Isso é democracia, vai tramitar no Congresso, depois a população vai às urnas, não tem nada de Hugo Chávez não”, rebateu Willian. Ele afirmou que não pretende fazer alteração no tempo de mandato para senadores: “Teríamos que tirar três anos do mandato deles e ninguém quer perder três anos”, disse.
Nova fonte de preconceito
É antiga a queixa das populações do Nordeste e do Norte do País contra o preconceito sofrido das regiões Sul e Sudeste. Os erros históricos acumulados fizeram de nós os primos pobres da Nação, com a agravante de que aqui as diferenças interpessoais se agigantam, fruto da predominância de oligarquias que se perpetuaram no poder em benefício próprio. De fato, nenhum dos ciclos econômicos que marcaram essas regiões serviu para distribuir riqueza. Antes operaram como fator de aumento da concentração de renda. Foi assim com os ciclos da borracha, do gado, da cana-de-açúcar, do cacau. Com o café e a soja as coisas melhoraram um pouco, já que não há como falar de ciclo em relação às culturas de subsistência centradas no milho e no feijão. Quando vieram as agências de desenvolvimento, Sudene e Sudam, os subornos, os favorecimentos e os descalabros foram tantos que se impôs sua extinção. Ressurgem, agora, num contexto de renovadas esperanças. Que Deus seja louvado. O crescimento econômico regional, inferior ao das regiões mais desenvolvidas, não foi suficiente para impedir o aumento das disparidades. A conseqüência prática desse subdesenvolvimento comparativo é uma qualidade de vida inferior, sobretudo naquelas dimensões fundamentais, como educação, saúde e infra-estrutura. Como fator de compensação emocional, valendo como um troféu permanente, difundiu-se a crença nos valores morais e na resistência dos oriundos desses rincões bravios. “O sertanejo é antes de tudo um forte”. Não se intimida. Não se vende. Nos últimos quinze anos, porém, fatos gravíssimos perpetrados por alguns dos líderes regionais, quando guindados a postos de relevo nacional, têm comprometido essa afagante imagem. Tudo começou com o ex-governador de Alagoas Fernando Collor de Mello, eleito espetacularmente presidente aos quarenta anos, inteiramente liberto de alianças e compromissos paralisantes, do tipo hoje tão em voga. O enorme apoio popular e congressual que recebeu não impediu que enveredasse pelos caminhos da corrupção e fosse apeado do po?????????????????der pela via do primeiro e único impeachment presidencial de nossa história. Depois de uma trégua de alguns anos vieram em rápida sucessão os episódios envolvendo Antonio Carlos Magalhães, da Bahia e Jader Barbalho, do Pará. Ambos ocuparam a presidência do Senado. Antonio Carlos renunciou para fugir à cassação iminente, por quebra do decoro parlamentar, por haver comandado a violação do sigilo da votação eletrônica, episódio considerado como a mais grave violência institucional da história republicana. Acusado de desviar recursos da Sudam, Jader, igualmente, não resistiu e renunciou para não ser cassado. Chegou até a ser preso. O quarto grande escândalo foi protagonizado pelo folclórico deputado pernambucano Severino Cavalcante. A defenestração de Severino, destituído do mínimo de preparo e de compostura para exercer as elevadas funções de presidente da Câmara dos Deputados, se deveu à comprovada cobrança por ele de propinas para liberar ou prorrogar a licença de funcionamento de um dos restaurantes da Câmara. Convenhamos que a dose já era cavalar. As almas cândidas acreditavam que não era mais possível a repetição de casos tão prejudiciais a nossa imagem coletiva. Ledo engano. O vexame que ora o senador alagoano Renan Calheiros atravessa, pela sua duração, só perde para o de Fernando Collor, em interesse popular. É importante observar que todos esses envolvidos retornaram à cena política pelo voto popular, à exceção de Severino Cavalcante. Precisamente o autor do crime menor. Não adianta perguntar se e quando teremos mais. Cada povo tem os líderes que merece. O que importa é sabermos que temos gente de primeira do Norte e do Nordeste que honram seus mandatos. O problema é que hoje em dia para chegar a essas posições de maior relevo é preciso ter a coluna vertebral muito flexível. A ponto, quem sabe, de vender a alma ao diabo, que é o mesmo que trocar a honra por vantagens materiais. Joaci Góes é empresário e escritor. joacigoes@uol.com.br
Fonte: Tribuna da Bahia
Uma reportagem publicada ontem na edição on-line do jornal espanhol El País (um dos mais influentes do mundo) afirma que a discussão sobre um possível terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já “está nas ruas”. Sob o título “Lula três”, o texto sugere que o assunto poderia ser decidido pela via do plebiscito, e que outra possibilidade, descartada por Lula neste momento, consistiria em apontar a primeira-dama Marisa Letícia para a corrida presidencial, a exemplo do que ocorreu na Argentina. A matéria faz referência a um projeto recentemente desengavetado no Congresso Nacional, que permitiria ao presidente convocar plebiscitos para decidir sobre questões importantes, como a possibilidade de reeleição indefinida. Segundo o correspondente do diário no Rio de Janeiro, Juan Arias, Lula tem evitado iniciar o debate sobre a ‘re-reeleição’, porque teme ser associado ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, que defende a renovação indefinida de mandatos no seu país. No Brasil, diz o correspondente, “já existem pesquisas de opinião, que não saem a público, para medir a percentagem de cidadãos que desejariam que Lula continuasse no poder”. O repórter não esclarece que pesquisas seriam essas. O texto faz referência a um debate iniciado pelo prefeito do Rio, o integrante do partido Democratas César Maia, que há algumas semanas acusou o governo Lula de passar mensagens “subliminares” com o número 3 em uma campanha de marketing do Banco do Brasil. “É certo que o número três, como publicidade subliminar de ‘Lula três’, já está em marcha, e aparece em diversos anúncios de Estado”, diz o El País. “Dessa maneira, se amanhã houver a possibilidade de um ‘Lula três’, através de um referendo, por exemplo, parte do trabalho já estaria feita.” O diário espanhol lembra que Lula já admitiu que continuará na política, e que poderia voltar a se candidatar nas eleições de 2014. “Isso, no pior cenário para ele”, diz o jornal. Em nome da aprovação da CPMF, governistas se uniram à oposição no Senado para sinalizar que a Casa não irá aprovar nenhuma proposta permitindo ao presidente Lula disputar um terceiro mandato. O tema foi levantado durante a reunião de ontem da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) depois de divulgado que a Câmara havia desarquivado um projeto permitindo reeleições infinitas. Reunida para ouvir três ministros defenderem a prorrogação da CPMF, a CCJ se tornou um centro de articulação contrário à proposta. Os ministros convocados para a sessão usaram suas falas para combater a idéia depois de informados que ela estava causando contrariedade na oposição. “Acho que é uma questão prematura, extemporânea e inadequada. Pelo que conheço do meu presidente ele não comunga da idéia. Essa discussão só o enfraquece e o prejudica”, disse o ministro Guido Mantega (Fazenda). “A proposta é completamente fora de propósito e tenho ouvido isso do próprio presidente”, acrescentou Paulo Bernardo (Planejamento). Em entrevista à Rádio Itatiaia, o ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral) também comentou o assunto. “O presidente Lula já falou que é contrário a isso. Eu entendo que, ao se dizer contrário e desautorizar expressamente, ele está dizendo também que qualquer parlamentar que tomar iniciativa nesse sentido está prejudicando o país e o próprio presidente”, afirmou. Logo no início dos trabalhos, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), havia procurado os governistas Romero Jucá (PMDB-RR) e Aloizio Mercadante (PT-SP) para dizer que o desarquivamento da proposta na Câmara iria azedar o clima da votação da CPMF e que eles precisavam agir. Enquanto Mercadante passava ao tucano reproduções do presidente se dizendo contra o terceiro mandato, Romero Jucá ligava para o ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) para saber o que estava acontecendo. Foi informado de que a iniciativa não era de conhecimento do Palácio do Planalto e que ele deveria dar declarações contrárias. “O presidente Lula não concorda com terceiro mandato. Mas se a Câmara aprovar essa matéria, ela não passa no Senado. O PMDB se junta à oposição e a derruba”, disse Jucá a jornalistas.
OAB nacional repudia proposta
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), mandou desarquivar, na surdina, em abril deste ano, PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que permite a reeleição sem limites para cargos majoritários —o que abriria caminho para a aprovação de um terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente em exercício do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ophir Cavalcante Júnior, afirmou anteontem que a entidade é contrária à a proposta. O pedido do desarquivamento, feito em fevereiro, partiu do deputado petista Fernando Ferro (PE). “A OAB é contrária a esse tipo de proposta e alerta a nação brasileira para os graves perigos para a democracia caso fosse aprovada uma PEC como essa. Um terceiro mandato para o presidente Lula seria um golpe na democracia, pois atenta contra a Constituição Federal, o Estado Democrático de Direito e é algo para o que o Brasil não está preparado.” Segundo Cavalcante Júnior, o Congresso Nacional não vai embarcar no que classificou como “armadilha” e que não aprovará uma PEC que é “flagrantemente contrária à República brasileira”. “Centralizar o poder de governo nas mãos de uma pessoa por um período vedado pela Constituição seria tornar esse país uma ditadura novamente, ainda que pela via democrática do voto.”
Aleluia vê Lula “por trás de tudo”
A idéia de um terceiro mandato do presidente Lula gera pavor na oposição. “Lula e Chávez se parecem muito, por isso vamos trabalhar radicalmente contra, vamos para a rua reagir à tentativa de golpe”, disse José Carlos Aleluia (DEM-BA). Para Aleluia, o próprio presidente estaria por trás da iniciativa: “O Devanir é homem de confiança do Lula. Não se pode aceitar que ele não está por trás disso”. A idéia tem ao menos dois entusiastas: os deputados federais Carlos Willian (PTC-MG) e Devanir Ribeiro (PT-SP), amigo do presidente. Ambos se dizem dispostos a levar a proposta adiante no Congresso, mas há dúvidas sobre o melhor formato para viabilizá-la. Willian pretende apresentar uma Proposta de Emenda Constitucional, como revelou o “Correio Braziliense”, para tramitar na Câmara a partir deste mês. A emenda abriria caminho para que os políticos com mandato no Executivo (governadores, prefeitos e presidente) pudessem estendê-lo e alteraria a duração do mandato para cinco anos. A PEC deverá ser apresentada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. ”A proposta já tem a simpatia de partidos da base, mas não posso revelar mais detalhes agora. Estamos analisando o texto. Limpando a pauta da Casa, provavelmente em novembro, vamos buscar assinaturas e apoio”, afirmou Willian. Se enfrentará críticas? “Isso é democracia, vai tramitar no Congresso, depois a população vai às urnas, não tem nada de Hugo Chávez não”, rebateu Willian. Ele afirmou que não pretende fazer alteração no tempo de mandato para senadores: “Teríamos que tirar três anos do mandato deles e ninguém quer perder três anos”, disse.
Nova fonte de preconceito
É antiga a queixa das populações do Nordeste e do Norte do País contra o preconceito sofrido das regiões Sul e Sudeste. Os erros históricos acumulados fizeram de nós os primos pobres da Nação, com a agravante de que aqui as diferenças interpessoais se agigantam, fruto da predominância de oligarquias que se perpetuaram no poder em benefício próprio. De fato, nenhum dos ciclos econômicos que marcaram essas regiões serviu para distribuir riqueza. Antes operaram como fator de aumento da concentração de renda. Foi assim com os ciclos da borracha, do gado, da cana-de-açúcar, do cacau. Com o café e a soja as coisas melhoraram um pouco, já que não há como falar de ciclo em relação às culturas de subsistência centradas no milho e no feijão. Quando vieram as agências de desenvolvimento, Sudene e Sudam, os subornos, os favorecimentos e os descalabros foram tantos que se impôs sua extinção. Ressurgem, agora, num contexto de renovadas esperanças. Que Deus seja louvado. O crescimento econômico regional, inferior ao das regiões mais desenvolvidas, não foi suficiente para impedir o aumento das disparidades. A conseqüência prática desse subdesenvolvimento comparativo é uma qualidade de vida inferior, sobretudo naquelas dimensões fundamentais, como educação, saúde e infra-estrutura. Como fator de compensação emocional, valendo como um troféu permanente, difundiu-se a crença nos valores morais e na resistência dos oriundos desses rincões bravios. “O sertanejo é antes de tudo um forte”. Não se intimida. Não se vende. Nos últimos quinze anos, porém, fatos gravíssimos perpetrados por alguns dos líderes regionais, quando guindados a postos de relevo nacional, têm comprometido essa afagante imagem. Tudo começou com o ex-governador de Alagoas Fernando Collor de Mello, eleito espetacularmente presidente aos quarenta anos, inteiramente liberto de alianças e compromissos paralisantes, do tipo hoje tão em voga. O enorme apoio popular e congressual que recebeu não impediu que enveredasse pelos caminhos da corrupção e fosse apeado do po?????????????????der pela via do primeiro e único impeachment presidencial de nossa história. Depois de uma trégua de alguns anos vieram em rápida sucessão os episódios envolvendo Antonio Carlos Magalhães, da Bahia e Jader Barbalho, do Pará. Ambos ocuparam a presidência do Senado. Antonio Carlos renunciou para fugir à cassação iminente, por quebra do decoro parlamentar, por haver comandado a violação do sigilo da votação eletrônica, episódio considerado como a mais grave violência institucional da história republicana. Acusado de desviar recursos da Sudam, Jader, igualmente, não resistiu e renunciou para não ser cassado. Chegou até a ser preso. O quarto grande escândalo foi protagonizado pelo folclórico deputado pernambucano Severino Cavalcante. A defenestração de Severino, destituído do mínimo de preparo e de compostura para exercer as elevadas funções de presidente da Câmara dos Deputados, se deveu à comprovada cobrança por ele de propinas para liberar ou prorrogar a licença de funcionamento de um dos restaurantes da Câmara. Convenhamos que a dose já era cavalar. As almas cândidas acreditavam que não era mais possível a repetição de casos tão prejudiciais a nossa imagem coletiva. Ledo engano. O vexame que ora o senador alagoano Renan Calheiros atravessa, pela sua duração, só perde para o de Fernando Collor, em interesse popular. É importante observar que todos esses envolvidos retornaram à cena política pelo voto popular, à exceção de Severino Cavalcante. Precisamente o autor do crime menor. Não adianta perguntar se e quando teremos mais. Cada povo tem os líderes que merece. O que importa é sabermos que temos gente de primeira do Norte e do Nordeste que honram seus mandatos. O problema é que hoje em dia para chegar a essas posições de maior relevo é preciso ter a coluna vertebral muito flexível. A ponto, quem sabe, de vender a alma ao diabo, que é o mesmo que trocar a honra por vantagens materiais. Joaci Góes é empresário e escritor. joacigoes@uol.com.br
Fonte: Tribuna da Bahia
Bahia registra alta incidência de leishmaniose
Estado tem o terceiro maior coeficiente da região Nordeste da doença do tipo tegumentar americana
A Bahia tem o terceiro maior coeficiente da região Nordeste em incidência da leishmaniose tegumentar americana, sério problema de saúde pública. O estado, que registra seis casos por cem mil habitantes, apresenta o 11º maior coeficiente do Brasil (14,44). Avaliar as ações em andamento e definir novas estratégias para vigilância e controle da doença na Bahia, de modo a reduzir a incidência da doença, é o principal objetivo do seminário que a Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), por meio da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep), promove amanhã, quarta e quinta-feira, no Hotel Vila Velha.
O evento reunirá coordenadores da Divep, das Diretorias Regionais de Saúde (Dires) e dos municípios considerados de alto risco para a doença, além de representantes dos núcleos de entomologia e do Programa das Leishmanioses nas regionais.Também conhecida como ferida brava ou úlcera de bauru, a leishmaniose tegumentar americana é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma das seis mais importantes doenças infecciosas, pelo seu alto coeficiente de detecção e capacidade de produzir deformidades.
Durante o Seminário de Vigilância e Controle da LTA na Bahia serão abordados temas como Situação Epidemiológica da LTA no Mundo e no Brasil, Situação Epidemiológica e Entomológica da LTA na Bahia, Vetores da LTA, Educação em Saúde no Controle da LTA, Importância da Atenção Básica no Diagnóstico e Tratamento da LTA e Organização das Ações de Vigilância e Controle da LTA.
***
SINTOMAS
A LTA é uma doença infecciosa causada por um protozoário – Leishmania braziliensis –, transmitida pela picada das fêmeas de mosquitos flebotomídeos infectados, principalmente os conhecidos popularmente como birigui, mosquito-palha e corcundinha. Em geral, a doença não leva o paciente à morte, mas causa lesões cutâneas deformantes e dolorosas. O principal sintoma é o surgimento de lesões na pele e mucosas do nariz, boca e garganta.
Fonte: Correio da Bahia
A Bahia tem o terceiro maior coeficiente da região Nordeste em incidência da leishmaniose tegumentar americana, sério problema de saúde pública. O estado, que registra seis casos por cem mil habitantes, apresenta o 11º maior coeficiente do Brasil (14,44). Avaliar as ações em andamento e definir novas estratégias para vigilância e controle da doença na Bahia, de modo a reduzir a incidência da doença, é o principal objetivo do seminário que a Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), por meio da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep), promove amanhã, quarta e quinta-feira, no Hotel Vila Velha.
O evento reunirá coordenadores da Divep, das Diretorias Regionais de Saúde (Dires) e dos municípios considerados de alto risco para a doença, além de representantes dos núcleos de entomologia e do Programa das Leishmanioses nas regionais.Também conhecida como ferida brava ou úlcera de bauru, a leishmaniose tegumentar americana é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma das seis mais importantes doenças infecciosas, pelo seu alto coeficiente de detecção e capacidade de produzir deformidades.
Durante o Seminário de Vigilância e Controle da LTA na Bahia serão abordados temas como Situação Epidemiológica da LTA no Mundo e no Brasil, Situação Epidemiológica e Entomológica da LTA na Bahia, Vetores da LTA, Educação em Saúde no Controle da LTA, Importância da Atenção Básica no Diagnóstico e Tratamento da LTA e Organização das Ações de Vigilância e Controle da LTA.
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SINTOMAS
A LTA é uma doença infecciosa causada por um protozoário – Leishmania braziliensis –, transmitida pela picada das fêmeas de mosquitos flebotomídeos infectados, principalmente os conhecidos popularmente como birigui, mosquito-palha e corcundinha. Em geral, a doença não leva o paciente à morte, mas causa lesões cutâneas deformantes e dolorosas. O principal sintoma é o surgimento de lesões na pele e mucosas do nariz, boca e garganta.
Fonte: Correio da Bahia
Vinte e três presos fogem da delegacia de Itinga
Grupo passou a noite no pátio de banho de sol e serrou três grades para alcançar a rua
Bruno Wendel
Opéssimo estado de conservação da carceragem, a superlotação das celas e uma possível conivência dos policiais de plantão resultaram, ontem de madrugada, na fuga em massa de 23 presos de uma mesma ala da 27ª Delegacia (Itinga). Depois de serrarem três grades, os detentos atingiram a sala de custódia e saíram do prédio. Para chegar à rua, pularam o muro da área externa. De acordo com um agente, num procedimento incomum, os reclusos haviam passado a noite no pátio usado para o banho de sol, em vez de ficarem nos xadrezes, como de hábito.
No início da manhã, policiais civis e militares realizaram buscas na região, mas não conseguiram capturar nenhum dos foragidos. A maioria dos fugitivos responde por assalto e foi transferida de outras delegacias. Com capacidade para 16 presos, a 27ªDP abrigava 35. Pouco mais de um mês atrás, em 29 de setembro, dez outros detentos também escaparam da unidade serrando algumas grades. Até ontem, segundo informações de agentes, nenhum deles havia sido localizado.
A fuga aconteceu entre as 3h30 e 4h30, mas os quatro agentes e o delegado Nilton José Costa Ferreira, que estavam de plantão, só descobriram o fato por volta das 5h, quando um deles foi à custódia e percebeu que uma das grades estava cortada. A 52ª Companhia Independente (Lauro de Freitas) foi acionada e uma guarnição auxiliou na revista da ala de onde os presos se evadiram. As celas 1, 2 e 3, antes ocupadas pelos detentos, não possuíam qualquer sinal de arrombamento, uma vez que a debandada aconteceu a partir do pátio, onde eles haviam passado a noite.
Oportunidade - Segundo um agente, os bandidos aproveitaram a circunstância de estarem no pátio para fugir. Cortaram uma grade da carceragem e outra da sala de custódia, arrombando depois o cadeado da porta. Serraram mais uma grade e chegaram à área em volta do prédio, de onde pularam o muro. Questionada sobre o porquê de os fugitivos terem pernoitado fora das celas, a agente de prenome Graça, coordenadora do plantão posterior à fuga, disse: “Só quem pode responder é o delegado”. E arrematou que “no meu plantão, lugar de preso é no xadrez!”.
Os delegados Nilton José e a titular da unidade Maria Dirce Ribeiro não foram encontrados para comentar o fato, assim como o diretor do Departamento de Polícia Metropolitana, delegado Ruy da Paz, e o delegado-chefe Antônio Laranjeira. Os foragidos são: Claudionor Rufino Santos, Wellington de Santana, José Roberto Guedes de Jesus, o “Nazaré”; Marcos Vinícius Santos Sacramento, conhecido como “Bum”; Adriano Sena de Santana, Bruno de Oliveira Santos, apelidado de “Bruninho”; Gleidson Fonseca dos Santos, José Carlos Santos Filho, Magnildo Pinheiro Nunes, Jackson Reis dos Santos, Agnaldo Souza de Jesus, Jonas Eckson dos Santos Cruz, Jessé Andrade Santos Mateus, Lucas Pinto Silva, Alisson Oliveira Santos, Edvandro Silva Santos, Emanoel Messias Caldas Moreira, Jefferson Gonçalves Pereira, o “Ninoboc”; Luís Carlos Bispo Santos, conhecido como “Carlão”; Alex Amorim dos Santos, Renato Silva da Cruz, Carlos Alberto Santos de Oliveira e José Henrique de Oliveira Neto.
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Evasão abortada no Complexo dos Barris
Algumas horas antes da evasão em massa da 27ªDP, a polícia conseguiu frustrar a fuga de presos da 1ª Delegacia e da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes, ambas localizadas no Complexo dos Barris. Depois de serrarem seis grades, eles usaram uma “teresa” (corda improvisada com lençóis) para subir ao nível da rua, uma vez que a carceragem fica no subsolo do prédio, mas logo foram descobertos pelos agentes de plantão. O Centro de Operações Especiais (COE) foi acionado e enviou uma equipe ao local.
A tentativa de fuga aconteceu por volta da 1h30, depois que presos serraram quatro celas da DH e duas da DTE. A carceragem do complexo é em formato de círculo e abriga detentos da DH, DTE e da Delegacia de Homicídios. Em seguida, eles tiveram acesso ao pátio do banho de sol e fizeram uma espécie de escada humana para chegar ao teto. Dali, depois de cortar outras grades, usariam a “tereza” para ganhar a liberdade.
Um dos agentes de plantão da 1ªDP terminou abortando a fuga. Teve a atenção despertada por um barulho que vinha da carceragem e, com um colega, resolveu vistoriar a área externa da unidade. Descobriram a corda improvisada e, logo depois, flagraram um dos presos que tentava cortar uma grade. Imediatamente, os policiais atiraram para o alto, levando os reclusos a retornarem às celas.
Durante revista aos xadrezes, foram recolhidas três serras e algumas facas improvisadas. Durante toda a manhã de ontem, policiais militares do 18º Batalhão (Centro Histórico) ficaram de prontidão defronte as duas unidades, enquanto soldadores consertavam as grades.
Durante o serviço, uma faísca de solda caiu sobre algumas peças de roupa e houve um princípio de incêndio, que gerou pânico entre os detentos. As chamas foram extintas pelos policiais do complexo, antes mesmo da chegada de uma equipe do Corpo de Bombeiros. Um preso passou mal devido à fumaça e foi socorrido ao Hospital Geral do Estado. Projetada para abrigar 32 reclusos, a 1ªDP está com 87. Com capacidade para 35 pessoas, a DTE está com 80.
Fonte: Correio da Bahia
Bruno Wendel
Opéssimo estado de conservação da carceragem, a superlotação das celas e uma possível conivência dos policiais de plantão resultaram, ontem de madrugada, na fuga em massa de 23 presos de uma mesma ala da 27ª Delegacia (Itinga). Depois de serrarem três grades, os detentos atingiram a sala de custódia e saíram do prédio. Para chegar à rua, pularam o muro da área externa. De acordo com um agente, num procedimento incomum, os reclusos haviam passado a noite no pátio usado para o banho de sol, em vez de ficarem nos xadrezes, como de hábito.
No início da manhã, policiais civis e militares realizaram buscas na região, mas não conseguiram capturar nenhum dos foragidos. A maioria dos fugitivos responde por assalto e foi transferida de outras delegacias. Com capacidade para 16 presos, a 27ªDP abrigava 35. Pouco mais de um mês atrás, em 29 de setembro, dez outros detentos também escaparam da unidade serrando algumas grades. Até ontem, segundo informações de agentes, nenhum deles havia sido localizado.
A fuga aconteceu entre as 3h30 e 4h30, mas os quatro agentes e o delegado Nilton José Costa Ferreira, que estavam de plantão, só descobriram o fato por volta das 5h, quando um deles foi à custódia e percebeu que uma das grades estava cortada. A 52ª Companhia Independente (Lauro de Freitas) foi acionada e uma guarnição auxiliou na revista da ala de onde os presos se evadiram. As celas 1, 2 e 3, antes ocupadas pelos detentos, não possuíam qualquer sinal de arrombamento, uma vez que a debandada aconteceu a partir do pátio, onde eles haviam passado a noite.
Oportunidade - Segundo um agente, os bandidos aproveitaram a circunstância de estarem no pátio para fugir. Cortaram uma grade da carceragem e outra da sala de custódia, arrombando depois o cadeado da porta. Serraram mais uma grade e chegaram à área em volta do prédio, de onde pularam o muro. Questionada sobre o porquê de os fugitivos terem pernoitado fora das celas, a agente de prenome Graça, coordenadora do plantão posterior à fuga, disse: “Só quem pode responder é o delegado”. E arrematou que “no meu plantão, lugar de preso é no xadrez!”.
Os delegados Nilton José e a titular da unidade Maria Dirce Ribeiro não foram encontrados para comentar o fato, assim como o diretor do Departamento de Polícia Metropolitana, delegado Ruy da Paz, e o delegado-chefe Antônio Laranjeira. Os foragidos são: Claudionor Rufino Santos, Wellington de Santana, José Roberto Guedes de Jesus, o “Nazaré”; Marcos Vinícius Santos Sacramento, conhecido como “Bum”; Adriano Sena de Santana, Bruno de Oliveira Santos, apelidado de “Bruninho”; Gleidson Fonseca dos Santos, José Carlos Santos Filho, Magnildo Pinheiro Nunes, Jackson Reis dos Santos, Agnaldo Souza de Jesus, Jonas Eckson dos Santos Cruz, Jessé Andrade Santos Mateus, Lucas Pinto Silva, Alisson Oliveira Santos, Edvandro Silva Santos, Emanoel Messias Caldas Moreira, Jefferson Gonçalves Pereira, o “Ninoboc”; Luís Carlos Bispo Santos, conhecido como “Carlão”; Alex Amorim dos Santos, Renato Silva da Cruz, Carlos Alberto Santos de Oliveira e José Henrique de Oliveira Neto.
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Evasão abortada no Complexo dos Barris
Algumas horas antes da evasão em massa da 27ªDP, a polícia conseguiu frustrar a fuga de presos da 1ª Delegacia e da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes, ambas localizadas no Complexo dos Barris. Depois de serrarem seis grades, eles usaram uma “teresa” (corda improvisada com lençóis) para subir ao nível da rua, uma vez que a carceragem fica no subsolo do prédio, mas logo foram descobertos pelos agentes de plantão. O Centro de Operações Especiais (COE) foi acionado e enviou uma equipe ao local.
A tentativa de fuga aconteceu por volta da 1h30, depois que presos serraram quatro celas da DH e duas da DTE. A carceragem do complexo é em formato de círculo e abriga detentos da DH, DTE e da Delegacia de Homicídios. Em seguida, eles tiveram acesso ao pátio do banho de sol e fizeram uma espécie de escada humana para chegar ao teto. Dali, depois de cortar outras grades, usariam a “tereza” para ganhar a liberdade.
Um dos agentes de plantão da 1ªDP terminou abortando a fuga. Teve a atenção despertada por um barulho que vinha da carceragem e, com um colega, resolveu vistoriar a área externa da unidade. Descobriram a corda improvisada e, logo depois, flagraram um dos presos que tentava cortar uma grade. Imediatamente, os policiais atiraram para o alto, levando os reclusos a retornarem às celas.
Durante revista aos xadrezes, foram recolhidas três serras e algumas facas improvisadas. Durante toda a manhã de ontem, policiais militares do 18º Batalhão (Centro Histórico) ficaram de prontidão defronte as duas unidades, enquanto soldadores consertavam as grades.
Durante o serviço, uma faísca de solda caiu sobre algumas peças de roupa e houve um princípio de incêndio, que gerou pânico entre os detentos. As chamas foram extintas pelos policiais do complexo, antes mesmo da chegada de uma equipe do Corpo de Bombeiros. Um preso passou mal devido à fumaça e foi socorrido ao Hospital Geral do Estado. Projetada para abrigar 32 reclusos, a 1ªDP está com 87. Com capacidade para 35 pessoas, a DTE está com 80.
Fonte: Correio da Bahia
Troca de acusações marca eleição na Associação dos Magistrados
FREDERICO VASCONCELOSda Folha de S. Paulo
Quem se surpreende com as discussões entre ministros do Supremo Tribunal Federal não imagina o nível da campanha para escolher, no próximo dia 9, o sucessor de Rodrigo Collaço, presidente da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), entidade que reúne 13.240 magistrados. Circulam dossiês apócrifos e e-mails sugerindo financiamento de campanha, uso da máquina e até acusações de fraude.
"É acima de tudo lamentável", diz Collaço. Ele não deverá ter dificuldade para fazer o sucessor, juiz Mozart Valadares, presidente da associação estadual de magistrados de Pernambuco, que tem apoio da grande maioria nas associações dos Estados. Pela oposição, concorre o juiz Carlos Hamilton Bezerra Lima, vice-presidente da associação que reúne os magistrados do Piauí.
Em nota distribuída a associados, a AMB atribui à chapa de oposição "uma campanha de baixo nível, lançando inverdades, ataques e infâmias, incompatíveis com o que se espera de um debate eleitoral, especialmente entre juízes".
Pesquisa recente mostra situação confortável para Valadares, que se licenciou da vice-presidência da AMB para concorrer. De 1.530 magistrados consultados, 83% julgaram "ótima ou boa" a atuação da entidade (apenas 2% consideraram ruim ou péssima) e 89% responderam que a associação "está no caminho certo".
A gestão de Collaço foi marcada pelo apoio ao Conselho Nacional de Justiça e pela luta contra o nepotismo no Judiciário. Defendeu uma política nacional de combate à corrupção, o fim do foro privilegiado e o voto aberto para promoção de juízes. "Foram propostas extraídas de ampla discussão entre as entidades filiadas", diz Valadares. "Representam o sentimento majoritário da magistratura. São teses que uma parcela mais conservadora não aceita", afirma.
A oposição
Bezerra Lima define a oposição como "um movimento de vanguarda", que teve origem entre juízes descontentes com a atuação da AMB. Cita o afastamento de entidades de juízes trabalhistas e de juízes federais, "irresignadas com a falta de tratamento isonômico" pela AMB. "Criaram um fosso entre juízes e desembargadores", diz o oposicionista. "A atual gestão indispôs os juízes contra os tribunais, e estes contra o CNJ."
Em mensagem de apoio à chapa de Bezerra Lima, o desembargador paulista Augusto Ferraz Mota de Arruda diz que a AMB transformou-se "numa preciosa aliada do governo executivo da União, tornando a magistratura nacional um corpo burocrático de Estado".
Collaço diz que essa interpretação é "equivocada". Ele vê "uma atitude divisionista de entidades ligadas ao movimento oposicionista para defender o nepotismo. São segmentos que perderam privilégios".
Bezerra Lima alega "desigualdade do pleito". Diz que teve dificuldades para montar sua chapa, porque teve negado pedido para receber a relação dos associados. "O uso da máquina é inconteste. Passaram o rolo compressor por cima da oposição", diz. A AMB nega.
A suspeita de irregularidades na última eleição da AMB foi levantada pelo desembargador Ivan Sartori, do Tribunal de Justiça de São Paulo, no site do movimento da oposição. Sartori perdeu aquela eleição para Collaço e hoje é candidato a vice-presidente na chapa de Bezerra Lima.
Em troca de e-mails com juízes, Sartori cita "falta de lisura nas eleições passadas, urnas violadas, uso da máquina e financiamento da campanha pelas associações, principalmente a de Santa Catarina", Estado de origem de Collaço. "Não é de meu feitio criar dossiê e nem mesmo fui à Justiça. Mas agora, nesse pleito, nós iremos", diz Sartori.
A Associação dos Magistrados do Estado de Pernambuco emitiu "nota de repúdio", hipotecando apoio a Valadares, "vítima de aleivosas injúrias perpetradas em pseudo dossiê". "Quem tiver alguma questão em relação à minha pessoa, à minha conduta como magistrado, devia assumir a denúncia", diz o candidato da situação.
"A gente sempre vê a eleição como um momento para revigorar a AMB. Parece que o esforço maior da chapa da oposição é denegrir a entidade. Uma busca de atingir a legitimidade que a entidade alcançou", afirma Collaço.
Quem se surpreende com as discussões entre ministros do Supremo Tribunal Federal não imagina o nível da campanha para escolher, no próximo dia 9, o sucessor de Rodrigo Collaço, presidente da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), entidade que reúne 13.240 magistrados. Circulam dossiês apócrifos e e-mails sugerindo financiamento de campanha, uso da máquina e até acusações de fraude.
"É acima de tudo lamentável", diz Collaço. Ele não deverá ter dificuldade para fazer o sucessor, juiz Mozart Valadares, presidente da associação estadual de magistrados de Pernambuco, que tem apoio da grande maioria nas associações dos Estados. Pela oposição, concorre o juiz Carlos Hamilton Bezerra Lima, vice-presidente da associação que reúne os magistrados do Piauí.
Em nota distribuída a associados, a AMB atribui à chapa de oposição "uma campanha de baixo nível, lançando inverdades, ataques e infâmias, incompatíveis com o que se espera de um debate eleitoral, especialmente entre juízes".
Pesquisa recente mostra situação confortável para Valadares, que se licenciou da vice-presidência da AMB para concorrer. De 1.530 magistrados consultados, 83% julgaram "ótima ou boa" a atuação da entidade (apenas 2% consideraram ruim ou péssima) e 89% responderam que a associação "está no caminho certo".
A gestão de Collaço foi marcada pelo apoio ao Conselho Nacional de Justiça e pela luta contra o nepotismo no Judiciário. Defendeu uma política nacional de combate à corrupção, o fim do foro privilegiado e o voto aberto para promoção de juízes. "Foram propostas extraídas de ampla discussão entre as entidades filiadas", diz Valadares. "Representam o sentimento majoritário da magistratura. São teses que uma parcela mais conservadora não aceita", afirma.
A oposição
Bezerra Lima define a oposição como "um movimento de vanguarda", que teve origem entre juízes descontentes com a atuação da AMB. Cita o afastamento de entidades de juízes trabalhistas e de juízes federais, "irresignadas com a falta de tratamento isonômico" pela AMB. "Criaram um fosso entre juízes e desembargadores", diz o oposicionista. "A atual gestão indispôs os juízes contra os tribunais, e estes contra o CNJ."
Em mensagem de apoio à chapa de Bezerra Lima, o desembargador paulista Augusto Ferraz Mota de Arruda diz que a AMB transformou-se "numa preciosa aliada do governo executivo da União, tornando a magistratura nacional um corpo burocrático de Estado".
Collaço diz que essa interpretação é "equivocada". Ele vê "uma atitude divisionista de entidades ligadas ao movimento oposicionista para defender o nepotismo. São segmentos que perderam privilégios".
Bezerra Lima alega "desigualdade do pleito". Diz que teve dificuldades para montar sua chapa, porque teve negado pedido para receber a relação dos associados. "O uso da máquina é inconteste. Passaram o rolo compressor por cima da oposição", diz. A AMB nega.
A suspeita de irregularidades na última eleição da AMB foi levantada pelo desembargador Ivan Sartori, do Tribunal de Justiça de São Paulo, no site do movimento da oposição. Sartori perdeu aquela eleição para Collaço e hoje é candidato a vice-presidente na chapa de Bezerra Lima.
Em troca de e-mails com juízes, Sartori cita "falta de lisura nas eleições passadas, urnas violadas, uso da máquina e financiamento da campanha pelas associações, principalmente a de Santa Catarina", Estado de origem de Collaço. "Não é de meu feitio criar dossiê e nem mesmo fui à Justiça. Mas agora, nesse pleito, nós iremos", diz Sartori.
A Associação dos Magistrados do Estado de Pernambuco emitiu "nota de repúdio", hipotecando apoio a Valadares, "vítima de aleivosas injúrias perpetradas em pseudo dossiê". "Quem tiver alguma questão em relação à minha pessoa, à minha conduta como magistrado, devia assumir a denúncia", diz o candidato da situação.
"A gente sempre vê a eleição como um momento para revigorar a AMB. Parece que o esforço maior da chapa da oposição é denegrir a entidade. Uma busca de atingir a legitimidade que a entidade alcançou", afirma Collaço.
Promotoria apura elo entre caixa dois de MS e petistas
HUDSON CORRÊAda Folha de S.Paulo, em Campo Grande (MS)
Duas gráficas investigadas no suposto esquema de caixa dois do ex-governador de Mato Grosso do Sul Zeca do PT prestaram serviços de publicidade às campanhas de 2006 do senador Delcídio Amaral (PT-MS) e do deputado federal Vander Loubet (PT-MS).
O Ministério Público Estadual suspeita que parte do dinheiro público supostamente desviado no caixa dois, com a participação das gráficas Sergraph e Graficom, tenha ido para campanhas eleitorais, afirma o promotor de Justiça Marcos Antônio Martins Sottoriva.
Uma das gráficas, a Graficom, também consta como tendo prestado um serviço à campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006. No livro-caixa não há, porém, menção a Lula ou à campanha.
Segundo a Promotoria, foram desviados R$ 30 milhões em verbas de publicidade no governo Zeca do PT (1999 a 2006). O caixa dois era usado para fazer "diversos pagamentos", diz ainda a Promotoria.
Os nomes de Delcídio e Vander aparecem em um livro-caixa, apreendido na investigação, com anotações de supostos pagamentos mensais de R$ 25 mil a cada um, no período de agosto de 2004 a abril de 2005.
"Até as eleições"
No caso de Vander, à frente do nome dele aparece escrito "até as eleições". O petista foi candidato derrotado a prefeito de Campo Grande em 2004, dentro do período dos supostos pagamentos indicados no livro.
Denunciado sob acusação de ser operador do caixa dois, o ex-secretário de Governo Raufi Marques afirmou à Folha que as anotações se referiam a gastos de campanhas eleitorais, mas não admitiu caixa dois.
Procurado para dar mais detalhes e informar por que mantinha um livro de campanha, Marques afirmou que só voltará a falar à Justiça.
O livro-caixa foi apreendido na casa de Salete de Lucca, secretária de Raufi no governo.
O fato de as gráficas terem prestado serviço de campanha não significa que o dinheiro do suposto caixa dois foi usado para bancar despesas eleitorais de Vander e Delcídio. Mais, a Sergraph só prestou serviço de campanha em 2006 a Delcídio.
A Graficom tem como principal cliente o PT. A empresa recebeu R$ 179.296,35 por serviços de campanha na disputa do ano passado, sendo que R$ 176.116,35 foram pagos por candidatos petistas.
Notas frias
A Sergraph Gráfica e Editora Quatro Cores recebeu R$ 18.380 da campanha de Delcídio, candidato a governador derrotado em 2006. Essa empresa, segundo a Promotoria, emitia notas frias ao governo do Estado para comprovar impressão de material publicitário que nunca foi feito.
A administração petista pagava pelo material que não existia. A gráfica ficava com até 17% do valor, e as agências de publicidade, com 15%. O restante ia para o caixa dois de Zeca do PT, acusa a Promotoria.
O endereço da Sergraph em Uberaba (MG), que emitia as notas frias, não existe.
A Sergraph aparece com um CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) nas notas entregues à Justiça Eleitoral para comprovar prestação de serviço à campanha de Delcídio Amaral. Esse CNPJ, no site da Receita Federal, corresponde justamente ao endereço fantasma de Uberaba.
Lula
Alvo de busca e apreensão da Promotoria também na investigação de caixa dois, a Graficom Gráfica e Editora recebeu R$ 49.370 da campanha de Delcídio também por serviços de publicidade.
A Promotoria informou que ainda não analisou a documentação apreendida na gráfica. A prioridade é o material da Sergraph. Sottoriva disse se recordar de uma nota fiscal apreendida na gráfica referente à campanha de Lula. Na Justiça Eleitoral, consta que a campanha presidencial gastou R$ 10 mil com a gráfica Graficom, valor pago após Lula ter vencido.
Outro cliente da gráfica foi Vander Loubet. Ele pagou R$ 93,2 mil à gráfica em 2006. Nas eleições municipais de 2004, a campanha à prefeitura de Vander gastou R$ 130 mil com a empresa.
Duas gráficas investigadas no suposto esquema de caixa dois do ex-governador de Mato Grosso do Sul Zeca do PT prestaram serviços de publicidade às campanhas de 2006 do senador Delcídio Amaral (PT-MS) e do deputado federal Vander Loubet (PT-MS).
O Ministério Público Estadual suspeita que parte do dinheiro público supostamente desviado no caixa dois, com a participação das gráficas Sergraph e Graficom, tenha ido para campanhas eleitorais, afirma o promotor de Justiça Marcos Antônio Martins Sottoriva.
Uma das gráficas, a Graficom, também consta como tendo prestado um serviço à campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006. No livro-caixa não há, porém, menção a Lula ou à campanha.
Segundo a Promotoria, foram desviados R$ 30 milhões em verbas de publicidade no governo Zeca do PT (1999 a 2006). O caixa dois era usado para fazer "diversos pagamentos", diz ainda a Promotoria.
Os nomes de Delcídio e Vander aparecem em um livro-caixa, apreendido na investigação, com anotações de supostos pagamentos mensais de R$ 25 mil a cada um, no período de agosto de 2004 a abril de 2005.
"Até as eleições"
No caso de Vander, à frente do nome dele aparece escrito "até as eleições". O petista foi candidato derrotado a prefeito de Campo Grande em 2004, dentro do período dos supostos pagamentos indicados no livro.
Denunciado sob acusação de ser operador do caixa dois, o ex-secretário de Governo Raufi Marques afirmou à Folha que as anotações se referiam a gastos de campanhas eleitorais, mas não admitiu caixa dois.
Procurado para dar mais detalhes e informar por que mantinha um livro de campanha, Marques afirmou que só voltará a falar à Justiça.
O livro-caixa foi apreendido na casa de Salete de Lucca, secretária de Raufi no governo.
O fato de as gráficas terem prestado serviço de campanha não significa que o dinheiro do suposto caixa dois foi usado para bancar despesas eleitorais de Vander e Delcídio. Mais, a Sergraph só prestou serviço de campanha em 2006 a Delcídio.
A Graficom tem como principal cliente o PT. A empresa recebeu R$ 179.296,35 por serviços de campanha na disputa do ano passado, sendo que R$ 176.116,35 foram pagos por candidatos petistas.
Notas frias
A Sergraph Gráfica e Editora Quatro Cores recebeu R$ 18.380 da campanha de Delcídio, candidato a governador derrotado em 2006. Essa empresa, segundo a Promotoria, emitia notas frias ao governo do Estado para comprovar impressão de material publicitário que nunca foi feito.
A administração petista pagava pelo material que não existia. A gráfica ficava com até 17% do valor, e as agências de publicidade, com 15%. O restante ia para o caixa dois de Zeca do PT, acusa a Promotoria.
O endereço da Sergraph em Uberaba (MG), que emitia as notas frias, não existe.
A Sergraph aparece com um CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) nas notas entregues à Justiça Eleitoral para comprovar prestação de serviço à campanha de Delcídio Amaral. Esse CNPJ, no site da Receita Federal, corresponde justamente ao endereço fantasma de Uberaba.
Lula
Alvo de busca e apreensão da Promotoria também na investigação de caixa dois, a Graficom Gráfica e Editora recebeu R$ 49.370 da campanha de Delcídio também por serviços de publicidade.
A Promotoria informou que ainda não analisou a documentação apreendida na gráfica. A prioridade é o material da Sergraph. Sottoriva disse se recordar de uma nota fiscal apreendida na gráfica referente à campanha de Lula. Na Justiça Eleitoral, consta que a campanha presidencial gastou R$ 10 mil com a gráfica Graficom, valor pago após Lula ter vencido.
Outro cliente da gráfica foi Vander Loubet. Ele pagou R$ 93,2 mil à gráfica em 2006. Nas eleições municipais de 2004, a campanha à prefeitura de Vander gastou R$ 130 mil com a empresa.
Lula obrigou Petrobras a ceder, indica documento
JANAINA LAGEda Folha de S.Paulo, no Rio
Pressão direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva obrigou a Petrobras a assinar termo de compromisso com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e ceder gás para as usinas termelétricas, indicam correspondências às quais a Folha teve acesso.
A necessidade de cumprir esse compromisso provocou nesta semana a redução de 17% no fornecimento de gás a distribuidoras estaduais do Rio e de São Paulo e provocou prejuízos a indústrias e a proprietários de veículos movidos a gás.
Carta enviada em 10 de maio pelo presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, para o então ministro de Minas e Energia Silas Rondeau mostra que a empresa agiu contrariada, atendendo a determinação do presidente.
"Apesar de possíveis questionamentos sobre as obrigações legais e contratuais da empresa de garantir esta disponibilidade adicional de energia, a Petrobras está plenamente empenhada em cumprir os compromissos assumidos no termo, atendendo a missão atribuída pelo senhor presidente da República", afirma trecho da correspondência.
A decisão sobre a assinatura do termo foi tomada em reunião no dia 19 de abril com a presença do presidente Lula e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Segundo o relato de um dos participantes da reunião, a estatal assinou o documento sob a pressão do presidente Lula, que chegou a dizer que o presidente Fernando Henrique Cardoso teve o apagão porque foi mal informado por assessores e que estava presente ao encontro para evitar que a situação se repetisse.
Cumprindo regras da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o ONS (Operador Nacional do Sistema) determinou a entrada das térmicas para poupar os reservatórios das hidrelétricas.
A Petrobras é a responsável por fornecer o gás necessário para a entrada em operação das térmicas. Com isso, decidiu limitar o volume de gás entregue às distribuidoras ao montante previsto em contrato e destinar o restante para a geração de energia.
Na correspondência, o governo já mostrava, em abril deste ano, preocupação com o abastecimento no período de 2008 a 2010.
Em carta a Gabrielli, o então ministro Silas Rondeau afirma que "o período compreendido entre 2008 e 2010 representa um grande desafio para as áreas de planejamento, operação e monitoramento energético, principalmente no âmbito do setor de energia elétrica".
O ex-ministro destaca que o país se tornará mais dependente da geração termelétrica para complementar a matriz energética e que a oferta de gás natural será "fundamental" para definir os parâmetros de atendimento à demanda.
As correspondências obtidas pela Folha --envolvendo a cúpula da Petrobras e dos ministérios da Casa Civil e Minas e Energia-- mostram o processo que terminou com a substituição do então diretor da área de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, por Graça Foster, apadrinhada da ministra Dilma Rousseff. A Folha não conseguiu ontem contato com a assessoria da Presidência, da Casa Civil e da Petrobras, em razão do feriado.
Em carta enviada a Rondeau no dia 29 de março, antes da assinatura do termo, no dia 4 de maio, Ildo Sauer afirmou que a Petrobras entendia que sua obrigação de fornecimento de gás ou de outro combustível restringia-se ao necessário para o atendimento de contratos firmes de gás para térmicas de terceiros e dos contratos de venda de energia.
O ex-diretor dizia que uma reserva de geração de cerca de 3 GW, sem contrato de venda de energia, significaria prejuízo anual de US$ 1,5 bilhão à Petrobras e de cerca de US$ 500 milhões para outros setores da economia. Sauer apontava que a sociedade seria penalizada porque voltaria a consumir combustíveis mais caros e de maior impacto ambiental.
A estatal sugeria a antecipação de usinas a óleo combustível e a construção de novas usinas remuneradas como reservas de geração. O imbróglio entre a estatal e a Aneel era um dos atritos entre Sauer e Rousseff, que é presidente do Conselho de Administração da Petrobras e conduziu a reformulação do novo modelo do setor.
No início de agosto, a Petrobras enviou carta ao diretor-geral da Aneel, Jerson Kelman, pedindo que eventuais divergências sobre o entendimento do termo não fossem divulgadas à imprensa porque poderiam "ocasionar danos à imagem da Petrobras".
A estatal, que não havia cumprido o termo que assinara com a Aneel, pediu que a data de aplicação de multas fosse postergada para o dia 1º de outubro e alegava que o motivo para o não cumprimento do termo era resultado de orientação da Presidência da República.
Pressão direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva obrigou a Petrobras a assinar termo de compromisso com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e ceder gás para as usinas termelétricas, indicam correspondências às quais a Folha teve acesso.
A necessidade de cumprir esse compromisso provocou nesta semana a redução de 17% no fornecimento de gás a distribuidoras estaduais do Rio e de São Paulo e provocou prejuízos a indústrias e a proprietários de veículos movidos a gás.
Carta enviada em 10 de maio pelo presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, para o então ministro de Minas e Energia Silas Rondeau mostra que a empresa agiu contrariada, atendendo a determinação do presidente.
"Apesar de possíveis questionamentos sobre as obrigações legais e contratuais da empresa de garantir esta disponibilidade adicional de energia, a Petrobras está plenamente empenhada em cumprir os compromissos assumidos no termo, atendendo a missão atribuída pelo senhor presidente da República", afirma trecho da correspondência.
A decisão sobre a assinatura do termo foi tomada em reunião no dia 19 de abril com a presença do presidente Lula e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Segundo o relato de um dos participantes da reunião, a estatal assinou o documento sob a pressão do presidente Lula, que chegou a dizer que o presidente Fernando Henrique Cardoso teve o apagão porque foi mal informado por assessores e que estava presente ao encontro para evitar que a situação se repetisse.
Cumprindo regras da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o ONS (Operador Nacional do Sistema) determinou a entrada das térmicas para poupar os reservatórios das hidrelétricas.
A Petrobras é a responsável por fornecer o gás necessário para a entrada em operação das térmicas. Com isso, decidiu limitar o volume de gás entregue às distribuidoras ao montante previsto em contrato e destinar o restante para a geração de energia.
Na correspondência, o governo já mostrava, em abril deste ano, preocupação com o abastecimento no período de 2008 a 2010.
Em carta a Gabrielli, o então ministro Silas Rondeau afirma que "o período compreendido entre 2008 e 2010 representa um grande desafio para as áreas de planejamento, operação e monitoramento energético, principalmente no âmbito do setor de energia elétrica".
O ex-ministro destaca que o país se tornará mais dependente da geração termelétrica para complementar a matriz energética e que a oferta de gás natural será "fundamental" para definir os parâmetros de atendimento à demanda.
As correspondências obtidas pela Folha --envolvendo a cúpula da Petrobras e dos ministérios da Casa Civil e Minas e Energia-- mostram o processo que terminou com a substituição do então diretor da área de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, por Graça Foster, apadrinhada da ministra Dilma Rousseff. A Folha não conseguiu ontem contato com a assessoria da Presidência, da Casa Civil e da Petrobras, em razão do feriado.
Em carta enviada a Rondeau no dia 29 de março, antes da assinatura do termo, no dia 4 de maio, Ildo Sauer afirmou que a Petrobras entendia que sua obrigação de fornecimento de gás ou de outro combustível restringia-se ao necessário para o atendimento de contratos firmes de gás para térmicas de terceiros e dos contratos de venda de energia.
O ex-diretor dizia que uma reserva de geração de cerca de 3 GW, sem contrato de venda de energia, significaria prejuízo anual de US$ 1,5 bilhão à Petrobras e de cerca de US$ 500 milhões para outros setores da economia. Sauer apontava que a sociedade seria penalizada porque voltaria a consumir combustíveis mais caros e de maior impacto ambiental.
A estatal sugeria a antecipação de usinas a óleo combustível e a construção de novas usinas remuneradas como reservas de geração. O imbróglio entre a estatal e a Aneel era um dos atritos entre Sauer e Rousseff, que é presidente do Conselho de Administração da Petrobras e conduziu a reformulação do novo modelo do setor.
No início de agosto, a Petrobras enviou carta ao diretor-geral da Aneel, Jerson Kelman, pedindo que eventuais divergências sobre o entendimento do termo não fossem divulgadas à imprensa porque poderiam "ocasionar danos à imagem da Petrobras".
A estatal, que não havia cumprido o termo que assinara com a Aneel, pediu que a data de aplicação de multas fosse postergada para o dia 1º de outubro e alegava que o motivo para o não cumprimento do termo era resultado de orientação da Presidência da República.
O celular pode ser usado no vôo? Pode.
Fiz essa pergunta a um engenheiro holandês da KLM durante uma apresentação de novas tecnologias no aeroporto Charles de Gaulle, mês passado. Ele respondeu convicto, refletindo a opinião corrente na Europa. Lá, aquele discurso das comissárias mandando desligar os aparelhos em breve será passado. Do lado de cá do Atlântico o veto segue, como explico depois.
O engenheiro era ligado ao projeto que a Air France KLM cria com a suíça OnAir - provedora de sistemas de conectividade escolhida pela European Aviation Safety Agency. Há um A319 voando em fase de certificação, transformado em antena de telefonia móvel que troca informações com o solo. A vantagem, segundo o técnico, está no fato de os celulares atuais exigirem pouca potência para capturar a rede - em torno de 20 miliwatts - o que não ocorria quando a proibição foi baixada, há algumas décadas.
O avanço da tecnologia, seja dos aparelhos celulares, seja dos sistemas wireless de bordo - para o entretenimento, por exemplo, como os monitores portáteis do 777 - obrigou os fabricantes de aviões a prepararem os equipamentos de vôo mais blindados contra a interferência.
Além disso, há a questão econômica: as duas empresas vão entrar num mercado bilionário - como nunca foi o daqueles telefones por cartão de crédito, instalados nos braços dos assentos. Por ser cara e pouco prática, a tecnologia por satélite se tornou desinteressante em larga escala. Não por acaso, o novo modelo - que permite navegação na internet e troca de emails e SMS, foi adotado também pela China, o maior mercado do mundo. A OnAir tem parte do capital controlado pela Airbus.
Chegamos então aos EUA, onde a FAA trancou o assunto, após questionamentos sobre segurança e incômodo a bordo. Quem é contra lembra que as bombas de Madri, em 2004, foram acionadas por celulares. Esse temor traria pressão adicional enorme sobre as equipes de raios-X, atrasando os embarques e derrubando a adesão das empresas de baixo custo. Alguns europeus também estão nessa trincheira. O Telegraph, que faz campanha contra a liberação, afirma que, só na Grã-Bretanha houve 20 incidentes de interferência entre janeiro de 2000 e agosto de 2005. Quem é do ramo estranha.
Em um artigo para a Computerworld, o engenheiro americano Mike Elgan sustenta que o efeito não só não foi comprovado, como revela que muitos dos fones usados pelos pilotos têm entrada de celular. E que o hábito de ligar do cockpit é corrente, só pouco comentado.
Para completar, o veto dos EUA é para evitar a air rage. 'Fúria no ar', na tradução livre, é o pesadelo dos comissários: a combinação de ansiedade, álcool, pressurização e, agora, a irritação com o vizinho de assento. Alguém que não larga o celular é um chato, mas pode ser, potencialmente, a faísca para uma guerra a bordo.
Fonte: JB Online
O engenheiro era ligado ao projeto que a Air France KLM cria com a suíça OnAir - provedora de sistemas de conectividade escolhida pela European Aviation Safety Agency. Há um A319 voando em fase de certificação, transformado em antena de telefonia móvel que troca informações com o solo. A vantagem, segundo o técnico, está no fato de os celulares atuais exigirem pouca potência para capturar a rede - em torno de 20 miliwatts - o que não ocorria quando a proibição foi baixada, há algumas décadas.
O avanço da tecnologia, seja dos aparelhos celulares, seja dos sistemas wireless de bordo - para o entretenimento, por exemplo, como os monitores portáteis do 777 - obrigou os fabricantes de aviões a prepararem os equipamentos de vôo mais blindados contra a interferência.
Além disso, há a questão econômica: as duas empresas vão entrar num mercado bilionário - como nunca foi o daqueles telefones por cartão de crédito, instalados nos braços dos assentos. Por ser cara e pouco prática, a tecnologia por satélite se tornou desinteressante em larga escala. Não por acaso, o novo modelo - que permite navegação na internet e troca de emails e SMS, foi adotado também pela China, o maior mercado do mundo. A OnAir tem parte do capital controlado pela Airbus.
Chegamos então aos EUA, onde a FAA trancou o assunto, após questionamentos sobre segurança e incômodo a bordo. Quem é contra lembra que as bombas de Madri, em 2004, foram acionadas por celulares. Esse temor traria pressão adicional enorme sobre as equipes de raios-X, atrasando os embarques e derrubando a adesão das empresas de baixo custo. Alguns europeus também estão nessa trincheira. O Telegraph, que faz campanha contra a liberação, afirma que, só na Grã-Bretanha houve 20 incidentes de interferência entre janeiro de 2000 e agosto de 2005. Quem é do ramo estranha.
Em um artigo para a Computerworld, o engenheiro americano Mike Elgan sustenta que o efeito não só não foi comprovado, como revela que muitos dos fones usados pelos pilotos têm entrada de celular. E que o hábito de ligar do cockpit é corrente, só pouco comentado.
Para completar, o veto dos EUA é para evitar a air rage. 'Fúria no ar', na tradução livre, é o pesadelo dos comissários: a combinação de ansiedade, álcool, pressurização e, agora, a irritação com o vizinho de assento. Alguém que não larga o celular é um chato, mas pode ser, potencialmente, a faísca para uma guerra a bordo.
Fonte: JB Online
Mitos e verdades sobre a TV digital
Alexandre Carauta
Aguardada com pompa e circunstância, a tevê digital inspira expectativas e dúvidas na mesma proporção. Quando estrear no Brasil, dia 2 de dezembro, provavelmente só um centésimo dos 11 milhões de paulistanos aproveitará a tecnologia. Para consumi-la, não basta ter um televisor de plasma ou LDC (tela de cristal líquido), equívoco comum entre os que correm às lojas. Um equívoco de três mil reais.
O ingresso no admirável mundo novo depende de três condições básicas: conversor de sinal (set-top box), uma caixinha comprada à parte; alta resolução (HDTV), de preferência máxima (Full HD, com conversor incluso); e tela larga (proporção 16:9). O pacote parte de R$ 7 mil, aproximadamente.
Tamanho não é, em princípio, documento. A chave para a imagem perfeita está na resolução, não nas polegadas.
A maioria dos televisores tradicionais tem, no máximo, 500 linhas, 200 a menos do nível mínimo exigido para alta resolução - sem a qual é impossível reproduzir a imagem superior da tevê digital. Fidelidade integral, só com Full HD: 1.080 linhas.
- À medida que as telas crescem, precisam de resoluções maiores. O espectador só verá uma imagem 100% fiel à original se o aparelho tiver 1.080 linhas de resolução - explica o engenheiro de computação Helio Sinohara, sócio da Feature Home, especializada em automação doméstica.
Outro requisito para assegurar a qualidade digital é a tela larga, com proporção de cinema (16:9). No formato quadrado predominante (4:3), característico da tevê analógica, a imagem fica achatada.
- Os fornecedores devem informar com clareza essas características, para que o consumidor não escolha um aparelho incompatível à tecnologia digital - alerta Rodrigo Terra, promotor de Justiça do Ministério Público do Rio .
Ao aumentar de dois para cinco canais, ou mais, a troca do padrão analógico pelo digital representa também um avanço de som. Principalmente se as caixas forem adequadas à tecnologia e ao sistema surround 5.1 (seis canais, um para graves); harmonizadas (suportem potências equivalentes); e ajustadas às dimensões do ambiente.
As gerações mais recentes das engenhocas sonoros (a caçula 7.1 ainda é rara por aqui) foram desenvolvidas para criar o que os técnicos chamam de "sensação de realidade". Afinada com a freqüência digital, a combinação de canais autônomos transporta o espectador para cena do filme ou o lance do jogo. Dependendo do grau de sofisticação, o aparato chega a R$ 20 mil.
Para abrir as portas à qualidade superior de áudio e imagem, o consumidor encara uma sopa de letras: set-top box, Full HD, widescreen, HDMI. Num intervalo de seis meses a dois anos, tais dispositivos estarão plenamente integrados ao televisor.
- A tendência é o equipamento incorporar o conversor e outros dispositivos importantes para captar melhor o conteúdo da tevê digital. A integração talvez não seja ampliada por uma conveniência de mercado: é estratégico vender alguns aparelhos separadamente - ressalva Sinohara.
Para mergulhar na interatividade, outro cartão de visitas da tevê digital, o espectador precisa de ingredientes fornecidos pelas emissoras. Tecnicamente, terá o mundo aos pés: poderá comprar em lojas virtuais, escolher o ângulo pelo qual vai acompanhar a partida de futebol, montar a ordem da programação etc. Mas na fase inicial, até meados do próximo ano, só parte destas aplicações interativas será possível.
Quando estiver em ponto de bala, a tevê digital vai aposentar o modelo de grade idealizado por Walter Clark, prevê o coordenador de rádio e televisão da Universidade Estácio de Sá, o jornalista Sérgio Carvalho: "o telespectador escolherá ao que assistir, quando assistir e como assistir. Vai virar editor. Poderá ver uma corrida toda como se estivesse no carro de Felipe Massa, por exemplo".
Fonte: JB Online
Aguardada com pompa e circunstância, a tevê digital inspira expectativas e dúvidas na mesma proporção. Quando estrear no Brasil, dia 2 de dezembro, provavelmente só um centésimo dos 11 milhões de paulistanos aproveitará a tecnologia. Para consumi-la, não basta ter um televisor de plasma ou LDC (tela de cristal líquido), equívoco comum entre os que correm às lojas. Um equívoco de três mil reais.
O ingresso no admirável mundo novo depende de três condições básicas: conversor de sinal (set-top box), uma caixinha comprada à parte; alta resolução (HDTV), de preferência máxima (Full HD, com conversor incluso); e tela larga (proporção 16:9). O pacote parte de R$ 7 mil, aproximadamente.
Tamanho não é, em princípio, documento. A chave para a imagem perfeita está na resolução, não nas polegadas.
A maioria dos televisores tradicionais tem, no máximo, 500 linhas, 200 a menos do nível mínimo exigido para alta resolução - sem a qual é impossível reproduzir a imagem superior da tevê digital. Fidelidade integral, só com Full HD: 1.080 linhas.
- À medida que as telas crescem, precisam de resoluções maiores. O espectador só verá uma imagem 100% fiel à original se o aparelho tiver 1.080 linhas de resolução - explica o engenheiro de computação Helio Sinohara, sócio da Feature Home, especializada em automação doméstica.
Outro requisito para assegurar a qualidade digital é a tela larga, com proporção de cinema (16:9). No formato quadrado predominante (4:3), característico da tevê analógica, a imagem fica achatada.
- Os fornecedores devem informar com clareza essas características, para que o consumidor não escolha um aparelho incompatível à tecnologia digital - alerta Rodrigo Terra, promotor de Justiça do Ministério Público do Rio .
Ao aumentar de dois para cinco canais, ou mais, a troca do padrão analógico pelo digital representa também um avanço de som. Principalmente se as caixas forem adequadas à tecnologia e ao sistema surround 5.1 (seis canais, um para graves); harmonizadas (suportem potências equivalentes); e ajustadas às dimensões do ambiente.
As gerações mais recentes das engenhocas sonoros (a caçula 7.1 ainda é rara por aqui) foram desenvolvidas para criar o que os técnicos chamam de "sensação de realidade". Afinada com a freqüência digital, a combinação de canais autônomos transporta o espectador para cena do filme ou o lance do jogo. Dependendo do grau de sofisticação, o aparato chega a R$ 20 mil.
Para abrir as portas à qualidade superior de áudio e imagem, o consumidor encara uma sopa de letras: set-top box, Full HD, widescreen, HDMI. Num intervalo de seis meses a dois anos, tais dispositivos estarão plenamente integrados ao televisor.
- A tendência é o equipamento incorporar o conversor e outros dispositivos importantes para captar melhor o conteúdo da tevê digital. A integração talvez não seja ampliada por uma conveniência de mercado: é estratégico vender alguns aparelhos separadamente - ressalva Sinohara.
Para mergulhar na interatividade, outro cartão de visitas da tevê digital, o espectador precisa de ingredientes fornecidos pelas emissoras. Tecnicamente, terá o mundo aos pés: poderá comprar em lojas virtuais, escolher o ângulo pelo qual vai acompanhar a partida de futebol, montar a ordem da programação etc. Mas na fase inicial, até meados do próximo ano, só parte destas aplicações interativas será possível.
Quando estiver em ponto de bala, a tevê digital vai aposentar o modelo de grade idealizado por Walter Clark, prevê o coordenador de rádio e televisão da Universidade Estácio de Sá, o jornalista Sérgio Carvalho: "o telespectador escolherá ao que assistir, quando assistir e como assistir. Vai virar editor. Poderá ver uma corrida toda como se estivesse no carro de Felipe Massa, por exemplo".
Fonte: JB Online
Opinião - CPMF, a voz do contribuinte!
Alcides Amaral, jornalista e ex-presidente do Citibank no Brasil alcides.amaral@jb.com.br
Durante a aprovação da prorrogação da CPMF na Câmara dos Deputados, o que se viu foi uma negociação acalorada entre governo federal e deputados da oposição para que o tributo fosse prorrogado por mais quatro anos. As bases são as mesmas (0,38% sobre a movimentação financeira do contribuinte) o que, fatalmente, tornará o tributo permanente, pois os valores envolvidos em 2011 serão bem maiores do que os R$ 38 bilhões atuais. Foi uma festa em liberação de emendas e distribuição de cargos públicos aos senhores deputados para que o governo obtivesse os votos necessários. Em momento algum, repito, em momento algum, o "contribuinte" foi lembrado. Ficamos, passivamente, assistindo à festa pela televisão enquanto nossos representantes satisfaziam seus interesses pessoais.
Com a ida do projeto para o Senado, as coisas ficaram mais difíceis para o governo. Além de possuir minoria naquela casa, a oposição adotou a postura de "empurrar com a barriga" as negociações, pois quanto mais perto do fim do ano chegamos, a situação fica mais crítica para o governo. Se a CPMF for aprovada até fim de dezembro, já possui validade a partir de 2 de janeiro de 2008. Se, por caso, a aprovação ultrapassar dia 31 de dezembro de 2007, a validade do que for aprovado só acontecerá três meses após. Isto é, o governo perderia um quarto dos impostos previstos para 2008. Desastre total para Lula e companhia.
Não é por outra razão que vemos diariamente o governo trazer uma nova proposta de como atender os interesses dos senadores e governadores. Coisas absurdas são cogitadas - estabelecer limite por salário do contribuinte, por exemplo (como se os bancos tivessem condições de prestar tal serviço ao governo). O Sistema Bancário teria de fazer recadastramento de todos os seus clientes para poder apurar qual o salário de cada um deles HOJE, pois, por força dos aumentos espontâneos ou aqueles negociados com o sindicato, AMANHÃ o salário já pode ser diferente.
Outra colocação de algumas autoridades de Brasília é incluir a prorrogação da CPMF no bojo da reforma tributária. Pior cenário possível não há, pois a reforma tributária - como deve ser efetuada - não aconteceu no primeiro mandato do presidente Lula e não acontecerá neste segundo mandato também.
O que chama a atenção é que a "voz do contribuinte", aquele que paga a conta, foi novamente ignorada. Os "defensores" do povo continuam ignorando os interesses daqueles que os elegeram. Daí sugerirmos que Fiesp, Firjan, OAB e outras organizações de classe se juntem à proposta do "contribuinte", escalonando o imposto por 10 anos, com alíquota reduzida em 0,03% a cada ano, a partir de 2008. Assim, chegaríamos em 2017 - quando a CPMF se tornaria definitiva - com a alíquota de 0,08%, para atender os interesses legítimos da Receita Federal de flagar aqueles que burlam impostos.
Foi uma surpresa ler nos jornais de sexta-feira que os ministros Paulo Bernardo (Planejamento) e Guido Mantega (Fazenda) já estão efetuando alguns comentários nessa linha. O ministro Paulo Bernardo afirmou na Comissão de Constituição e Justiça que "eu defendo que a CPMF seja permanente, com redução das alíquotas". Disse ainda que "manter o tributo é importante para o combate à sonegação" além de "gerar alguma arrecadação".
Já o ministro Mantega afirmou que "não vejo a possibilidade de extinção desse tributo em quatro anos. O que podemos é vislumbrar desoneração ao longo dos anos".
Tais declarações soam como violino para nós que temos defendido exatamente o escalonamento por 10 anos. O governo deixaria de arrecadar anualmente R$ 3 bilhões (na moeda atual), o que nos parece perfeitamente exeqüível para um país que tem um uma dívida interna superior a R$ 1,2 bilhão e que vê sua arrecadação elevada anualmente pelo crescimento da economia e pelo aumento da carga tributária. Neste ano de 2007, de acordo com o economista Amir Khair, a carga tributária deverá passar de 34,23% do PIB para 35,36%, sendo que a União abocanhará 87,2% desse aumento.
Parece-nos, pois, que estamos perto de um acordo, desta vez com a participação do "contribuinte". Não veremos a CPMF ser extinta em 2008, mas teremos certeza de que dentro de 10 anos ela será uma página virada na vida do povo brasileiro.
Fonte: JB Online
Durante a aprovação da prorrogação da CPMF na Câmara dos Deputados, o que se viu foi uma negociação acalorada entre governo federal e deputados da oposição para que o tributo fosse prorrogado por mais quatro anos. As bases são as mesmas (0,38% sobre a movimentação financeira do contribuinte) o que, fatalmente, tornará o tributo permanente, pois os valores envolvidos em 2011 serão bem maiores do que os R$ 38 bilhões atuais. Foi uma festa em liberação de emendas e distribuição de cargos públicos aos senhores deputados para que o governo obtivesse os votos necessários. Em momento algum, repito, em momento algum, o "contribuinte" foi lembrado. Ficamos, passivamente, assistindo à festa pela televisão enquanto nossos representantes satisfaziam seus interesses pessoais.
Com a ida do projeto para o Senado, as coisas ficaram mais difíceis para o governo. Além de possuir minoria naquela casa, a oposição adotou a postura de "empurrar com a barriga" as negociações, pois quanto mais perto do fim do ano chegamos, a situação fica mais crítica para o governo. Se a CPMF for aprovada até fim de dezembro, já possui validade a partir de 2 de janeiro de 2008. Se, por caso, a aprovação ultrapassar dia 31 de dezembro de 2007, a validade do que for aprovado só acontecerá três meses após. Isto é, o governo perderia um quarto dos impostos previstos para 2008. Desastre total para Lula e companhia.
Não é por outra razão que vemos diariamente o governo trazer uma nova proposta de como atender os interesses dos senadores e governadores. Coisas absurdas são cogitadas - estabelecer limite por salário do contribuinte, por exemplo (como se os bancos tivessem condições de prestar tal serviço ao governo). O Sistema Bancário teria de fazer recadastramento de todos os seus clientes para poder apurar qual o salário de cada um deles HOJE, pois, por força dos aumentos espontâneos ou aqueles negociados com o sindicato, AMANHÃ o salário já pode ser diferente.
Outra colocação de algumas autoridades de Brasília é incluir a prorrogação da CPMF no bojo da reforma tributária. Pior cenário possível não há, pois a reforma tributária - como deve ser efetuada - não aconteceu no primeiro mandato do presidente Lula e não acontecerá neste segundo mandato também.
O que chama a atenção é que a "voz do contribuinte", aquele que paga a conta, foi novamente ignorada. Os "defensores" do povo continuam ignorando os interesses daqueles que os elegeram. Daí sugerirmos que Fiesp, Firjan, OAB e outras organizações de classe se juntem à proposta do "contribuinte", escalonando o imposto por 10 anos, com alíquota reduzida em 0,03% a cada ano, a partir de 2008. Assim, chegaríamos em 2017 - quando a CPMF se tornaria definitiva - com a alíquota de 0,08%, para atender os interesses legítimos da Receita Federal de flagar aqueles que burlam impostos.
Foi uma surpresa ler nos jornais de sexta-feira que os ministros Paulo Bernardo (Planejamento) e Guido Mantega (Fazenda) já estão efetuando alguns comentários nessa linha. O ministro Paulo Bernardo afirmou na Comissão de Constituição e Justiça que "eu defendo que a CPMF seja permanente, com redução das alíquotas". Disse ainda que "manter o tributo é importante para o combate à sonegação" além de "gerar alguma arrecadação".
Já o ministro Mantega afirmou que "não vejo a possibilidade de extinção desse tributo em quatro anos. O que podemos é vislumbrar desoneração ao longo dos anos".
Tais declarações soam como violino para nós que temos defendido exatamente o escalonamento por 10 anos. O governo deixaria de arrecadar anualmente R$ 3 bilhões (na moeda atual), o que nos parece perfeitamente exeqüível para um país que tem um uma dívida interna superior a R$ 1,2 bilhão e que vê sua arrecadação elevada anualmente pelo crescimento da economia e pelo aumento da carga tributária. Neste ano de 2007, de acordo com o economista Amir Khair, a carga tributária deverá passar de 34,23% do PIB para 35,36%, sendo que a União abocanhará 87,2% desse aumento.
Parece-nos, pois, que estamos perto de um acordo, desta vez com a participação do "contribuinte". Não veremos a CPMF ser extinta em 2008, mas teremos certeza de que dentro de 10 anos ela será uma página virada na vida do povo brasileiro.
Fonte: JB Online
Risco de politização é concreto
BRASÍLIA.A possibilidade da TV pública eventualmente ser transformada em instrumento de propaganda do governo é um risco admitido por Tereza Cruvinel. As experiências da América Latina - caso da VTV, na Venezuela de Hugo Chávez, e da Cubavisión, em Cuba - mostram emissoras frágeis diante da influência dos partidos no poder. Até na Inglaterra, a renomada BBC, tida como referência mundial de TV pública, sofreu pressões do então primeiro-ministro Tony Blair no noticiário da Guerra do Iraque.
- O que nós temos que assegurar quanto à TV pública é a sua natureza pública - disse Tereza, em audiência na Câmara. - Nós vamos fazer jornalismo sem adjetivos. Agora, eu não vou te assegurar que algum ministro não vá querer fazer alguma matéria a favor dele.
Em um dos seus artigos mais controversos, a medida provisória que cria a TV pública obriga todas as operadoras de TV por assinatura a ceder dois canais de sua programação para o governo, de graça. O lobby das emissoras de TV paga tem pressionado pela retirada desse item do texto da MP.
- Trata-se de um confisco de ativos que pertencem a essas operadoras - critica o presidente da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura, Alexandre Annemberg, para quem poucas emissoras possuem espaços vagos para ceder esses canais sem nenhum tipo de compensação financeira. (K. C.)
Fonte: JB Online
- O que nós temos que assegurar quanto à TV pública é a sua natureza pública - disse Tereza, em audiência na Câmara. - Nós vamos fazer jornalismo sem adjetivos. Agora, eu não vou te assegurar que algum ministro não vá querer fazer alguma matéria a favor dele.
Em um dos seus artigos mais controversos, a medida provisória que cria a TV pública obriga todas as operadoras de TV por assinatura a ceder dois canais de sua programação para o governo, de graça. O lobby das emissoras de TV paga tem pressionado pela retirada desse item do texto da MP.
- Trata-se de um confisco de ativos que pertencem a essas operadoras - critica o presidente da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura, Alexandre Annemberg, para quem poucas emissoras possuem espaços vagos para ceder esses canais sem nenhum tipo de compensação financeira. (K. C.)
Fonte: JB Online
Políticos negam rótulo eleitoreiro
BRASÍLIA. Com todo o lobby no Senado e na Câmara para devolver aos deputados e governadores o direito de criar municípios em pleno ano eleitoral, qualquer ligação disso com as campanhas é mera especulação, gritam os incentivadores da PEC 13/2003.
- A proposta tem resistências porque passa a imagem de que pode ser uma farra política - lamenta o senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS). - Mas temos que pensar em termos de desenvolvimento. Podemos reparar onde há regiões mais desenvolvidas. É onde há mais municípios.
Mais enfático, o senador lembra que "não há perspectiva imediata de emancipação".
- E não haverá discurso eleitoreiro. O custo de criação é mínimo. Precisam de escolas? Construir escolas será bom. E uma Câmara com sete ou 11 vereadores não é cara - acrescenta o senador.
O deputado estadual Alexandre Postal (PMDB-RS), presidente da Unale e um dos entusiastas da Bancada da Emancipação, rebate de imediato qualquer insinuação de movimento político e ganho eleitoral.
- Não é um bonde de irresponsáveis que está à frente da proposta - ataca. - Há distritos em que o cidadão mora a 40 quilômetros da cidade, e onde passa uma viatura duas vezes por ano.
Para o parlamentar, a descentralização do poder da União na questão é fundamental para o desenvolvimento dos rincões, onde a verba municipal é escassa.
- Desafio alguém encontrar um município que seja pior do que antes, como distrito. A conversa de que é para criar cabos eleitorais é ultrapassada. Hoje em dia há internet, tevê, o povo é mais consciente.
Diante de todas as evidências de que o movimento cresce às vésperas das campanhas municipais - o que pode esquentar o clima político e rechear o pacote de promessas nos rincões - a preocupação do grupo para evitar o mote eleitoral é tão grande que, no encontro com o presidente interino do Senado, o deputado baiano Clóvis Ferraz (DEM) desabafou:
- Não queremos um festival. Queremos regras rígidas, mas que devolvam às assembléias a prerrogativa de legislar sobre o assunto.
Fonte: JB Online
- A proposta tem resistências porque passa a imagem de que pode ser uma farra política - lamenta o senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS). - Mas temos que pensar em termos de desenvolvimento. Podemos reparar onde há regiões mais desenvolvidas. É onde há mais municípios.
Mais enfático, o senador lembra que "não há perspectiva imediata de emancipação".
- E não haverá discurso eleitoreiro. O custo de criação é mínimo. Precisam de escolas? Construir escolas será bom. E uma Câmara com sete ou 11 vereadores não é cara - acrescenta o senador.
O deputado estadual Alexandre Postal (PMDB-RS), presidente da Unale e um dos entusiastas da Bancada da Emancipação, rebate de imediato qualquer insinuação de movimento político e ganho eleitoral.
- Não é um bonde de irresponsáveis que está à frente da proposta - ataca. - Há distritos em que o cidadão mora a 40 quilômetros da cidade, e onde passa uma viatura duas vezes por ano.
Para o parlamentar, a descentralização do poder da União na questão é fundamental para o desenvolvimento dos rincões, onde a verba municipal é escassa.
- Desafio alguém encontrar um município que seja pior do que antes, como distrito. A conversa de que é para criar cabos eleitorais é ultrapassada. Hoje em dia há internet, tevê, o povo é mais consciente.
Diante de todas as evidências de que o movimento cresce às vésperas das campanhas municipais - o que pode esquentar o clima político e rechear o pacote de promessas nos rincões - a preocupação do grupo para evitar o mote eleitoral é tão grande que, no encontro com o presidente interino do Senado, o deputado baiano Clóvis Ferraz (DEM) desabafou:
- Não queremos um festival. Queremos regras rígidas, mas que devolvam às assembléias a prerrogativa de legislar sobre o assunto.
Fonte: JB Online
Farra dos municípios à vista
Leandro Mazzini
BRASÍLIA. Mojuí, no Pará, e Charlau, no Rio Grande do Sul, são dois distritos de Santarém e Novo Hamburgo, respectivamente, onde a população vive a expectativa de ter um prefeito que atenda às suas reivindicações. São apenas dois casos entre 817 distritos que querem entrar oficialmente no mapa do Brasil como municípios. E, se vingar uma articulação em andamento no Congresso, isso pode acontecer em pleno ano eleitoral, aumentando em muito as chances de candidatos que vão prometer mundos e fundos a esses redutos.
Os 817 distritos estão na fila para emancipação, segundo levantamento nacional feito pela Associação Gaúcha das Aéreas Emancipandas, e o número cresce desde 1997, logo depois de aprovada pelo Congresso a Emenda Constitucional 15/1996. A partir de então, foi o governo federal quem puxou para si a responsabilidade de criar novas cidades - 57 até agora. Mas, num forte lobby, a Bancada da Emancipação atravessou o salão azul do Congresso e chegou ao gabinete do presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), disposta a mudar esse cenário.
Liderados pelo presidente da União Nacional dos Legislativos Estaduais (Unale), o deputado estadual Alexandre Postal (PMDB-RS), os chamados municipalistas reuniram-se com Viana, semana passada, e saíram do gabinete com a primeira conquista. A pedido da bancada - que reúne uns 10 senadores e pelo menos 60 deputados federais, todos ex-estaduais - eles conseguiram desengavetar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 13/2003, do senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS). A PEC altera a redação do parágrafo 4º do artigo 18 da Constituição, e devolve aos governadores e assembléias legislativas a autonomia para a emancipação.
- Tenho total apreço pela matéria e acho que ela deve ser votada, porque está pronta para entrar na pauta - disse Tião Viana durante o encontro. - É preciso definir regras e não concentrar poderes.
O discurso saiu em sintonia com o que pregam os municipalistas do Congresso. A matéria está na pauta desta semana. Mas em outra frente, a conhecida Confederação Nacional dos Municípios (CNM), com forte presença no Congresso, cobra também a regulamentação da Emenda 15, até hoje em débito. A não regulamentação dessa emenda deixa quase na "clandestinidade" os 57 municípios criados desde 1997 pela União, adverte a CNM.
Num acordo com a Bancada da Emancipação, a CNM tratou de contornar o problema para não perder a vez. A PEC 13/03, se aprovada, oficializa essas cidades por tabela. Como nos casos de Figueirão (MS), a última promovida a muicípio, em 2004, e a famosa Luís Eduardo Magalhães (BA), bem conhecida do setor do agronegócio.
É a Bahia, aliás, que puxa a fila dos pedidos de emancipação parados nas assembléias. São 141 distritos com o sonho de ganhar um paço municipal e encher uma casinha de vereadores. Os entusiastas do projeto explicam a euforia. Justificam que o governo federal é ausente nos rincões.
- A emancipação é uma forma de barrar a migração a curto prazo, de evitar a favelização das capitais e de descentralizar os investimentos no desenvolvimento sócio-econômico - argumenta o autor da PEC, senador Zambiasi.
Com toda a cautela possível, obviamente, para não fazer de qualquer bairro populoso às margens de uma metrópole uma cidade sem que haja necessidade.
- Não se pode deixar que bairros sejam emancipados - acrescenta. Há emendas à PEC que prevêem uma distância mínima entre as cidades emancipadas, entre outros pontos. Há "freios" constitucionais para evitar erros.
Assim como o otimista Zambiasi, o líder do grupo que foi ao gabinete do presidente do Senado, o deputado estadual Alexandre Postal, acredita na aprovação da PEC.
- A proposta tem todas as condições de ser aprovada, e é altamente positiva - comenta. - Não se pode ficar trancando essa porta por onde entram investimentos nos municípios.
O otimismo tem uma explicação numérica. Se passar em dois turnos pelo Senado - precisa de 3/5 dos votos de cada Casa - a PEC entra no plenário da Câmara com o apoio de pelo menos 150 deputados, além do voto certo dos 60 da bancada.
Mesmo aprovada para o ano que vem, os governadores só poderão criar municípios a partir de 2012, quando serão realizadas, novamente, eleições municipais.
Pela proposta original, deverá ser obedecido o prazo de um ano para a realização de plebiscitos nos distritos e estudos de viabilidade. Mas em anos eleitorais, esse critério não chega a ser um obstáculo. Basta lembrar que a baiana Luís Eduardo foi oficializada em pleno calor da campanha municipal de 2000.
Fonte: JB Online
BRASÍLIA. Mojuí, no Pará, e Charlau, no Rio Grande do Sul, são dois distritos de Santarém e Novo Hamburgo, respectivamente, onde a população vive a expectativa de ter um prefeito que atenda às suas reivindicações. São apenas dois casos entre 817 distritos que querem entrar oficialmente no mapa do Brasil como municípios. E, se vingar uma articulação em andamento no Congresso, isso pode acontecer em pleno ano eleitoral, aumentando em muito as chances de candidatos que vão prometer mundos e fundos a esses redutos.
Os 817 distritos estão na fila para emancipação, segundo levantamento nacional feito pela Associação Gaúcha das Aéreas Emancipandas, e o número cresce desde 1997, logo depois de aprovada pelo Congresso a Emenda Constitucional 15/1996. A partir de então, foi o governo federal quem puxou para si a responsabilidade de criar novas cidades - 57 até agora. Mas, num forte lobby, a Bancada da Emancipação atravessou o salão azul do Congresso e chegou ao gabinete do presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), disposta a mudar esse cenário.
Liderados pelo presidente da União Nacional dos Legislativos Estaduais (Unale), o deputado estadual Alexandre Postal (PMDB-RS), os chamados municipalistas reuniram-se com Viana, semana passada, e saíram do gabinete com a primeira conquista. A pedido da bancada - que reúne uns 10 senadores e pelo menos 60 deputados federais, todos ex-estaduais - eles conseguiram desengavetar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 13/2003, do senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS). A PEC altera a redação do parágrafo 4º do artigo 18 da Constituição, e devolve aos governadores e assembléias legislativas a autonomia para a emancipação.
- Tenho total apreço pela matéria e acho que ela deve ser votada, porque está pronta para entrar na pauta - disse Tião Viana durante o encontro. - É preciso definir regras e não concentrar poderes.
O discurso saiu em sintonia com o que pregam os municipalistas do Congresso. A matéria está na pauta desta semana. Mas em outra frente, a conhecida Confederação Nacional dos Municípios (CNM), com forte presença no Congresso, cobra também a regulamentação da Emenda 15, até hoje em débito. A não regulamentação dessa emenda deixa quase na "clandestinidade" os 57 municípios criados desde 1997 pela União, adverte a CNM.
Num acordo com a Bancada da Emancipação, a CNM tratou de contornar o problema para não perder a vez. A PEC 13/03, se aprovada, oficializa essas cidades por tabela. Como nos casos de Figueirão (MS), a última promovida a muicípio, em 2004, e a famosa Luís Eduardo Magalhães (BA), bem conhecida do setor do agronegócio.
É a Bahia, aliás, que puxa a fila dos pedidos de emancipação parados nas assembléias. São 141 distritos com o sonho de ganhar um paço municipal e encher uma casinha de vereadores. Os entusiastas do projeto explicam a euforia. Justificam que o governo federal é ausente nos rincões.
- A emancipação é uma forma de barrar a migração a curto prazo, de evitar a favelização das capitais e de descentralizar os investimentos no desenvolvimento sócio-econômico - argumenta o autor da PEC, senador Zambiasi.
Com toda a cautela possível, obviamente, para não fazer de qualquer bairro populoso às margens de uma metrópole uma cidade sem que haja necessidade.
- Não se pode deixar que bairros sejam emancipados - acrescenta. Há emendas à PEC que prevêem uma distância mínima entre as cidades emancipadas, entre outros pontos. Há "freios" constitucionais para evitar erros.
Assim como o otimista Zambiasi, o líder do grupo que foi ao gabinete do presidente do Senado, o deputado estadual Alexandre Postal, acredita na aprovação da PEC.
- A proposta tem todas as condições de ser aprovada, e é altamente positiva - comenta. - Não se pode ficar trancando essa porta por onde entram investimentos nos municípios.
O otimismo tem uma explicação numérica. Se passar em dois turnos pelo Senado - precisa de 3/5 dos votos de cada Casa - a PEC entra no plenário da Câmara com o apoio de pelo menos 150 deputados, além do voto certo dos 60 da bancada.
Mesmo aprovada para o ano que vem, os governadores só poderão criar municípios a partir de 2012, quando serão realizadas, novamente, eleições municipais.
Pela proposta original, deverá ser obedecido o prazo de um ano para a realização de plebiscitos nos distritos e estudos de viabilidade. Mas em anos eleitorais, esse critério não chega a ser um obstáculo. Basta lembrar que a baiana Luís Eduardo foi oficializada em pleno calor da campanha municipal de 2000.
Fonte: JB Online
Choque de gestão rumo à PF do futuro
Vasconcelo Quadros
BRASÍLIA. Policial preparado na linha de frente do combate ao crime, o diretor do Departamento de Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, há dois meses no cargo, está colocando um ingrediente diferente nas mudanças que a corporação sofrerá nos próximos 15 anos: um choque de gestão para construir o que ele vem chamando de Polícia Federal de 2022. Durante os finais de semana e feriados, ele e os demais diretores que substituíram a equipe do delegado Paulo Lacerda - hoje diretor geral da Abin - têm se debruçado em longas discussões sobre as deficiências e a capacidade de uma polícia que cresceu no atacar a corrupção, mas que na realidade tem uma estrutura limitada para se consolidar como polícia de Estado e independente do humor de quem hierarquicamente a governa.
- A prospecção de cenários permite planejar nossa atuação e desenvolver ferramentas de gestão para reduzir improvisos - disse o diretor da PF.
Os debates, que levam o nome de Atualização de Cenários Prospectivos, já foram incorporados à rotina dos novos dirigentes e deles sairão as definições para, segundo Corrêa, aliar a produção de provas mais robustas contra criminosos à capacidade de se auto-gerir como instituição.
A mais interessante conseqüência dessa meta, uma vez cumprida, será a autonomia administrativa - com a consolidação de um orçamento próprio, hoje na casa de R$ 3 bilhões, destinado às metas projetadas pela corporação - e melhora na capacidade humana e tecnológica para investigar o crime para reduzir a impunidade no país.
É uma novidade numa corporação que no passado funcionou como mero apêndice da ditadura e, em especial, porque a iniciativa parte de um diretor conhecido internamente como cana dura - conceito que o caracterizara como policial de linha de frente.
Os adversários do novo homem forte do DPF não falam publicamente, mas insinuam que a nomeação de Luiz Fernando Corrêa teve a finalidade de "aparelhar" a corporação em decorrência do avanço da polícia sobre a até então intocável elite do poder, cuja ousadia marcante ou a gota d'água que entornou o caldo dos políticos governistas, teria sido as revelações e buscas na casa do irmão do presidente Lula, Genival Inácio da Silva, o Vavá, supostamente envolvido com a quadrilha de caça-níqueis.
O desempenho da PF nos últimos dois meses mostraram que é difícil se imaginar um controle político sobre a corporação: foram 187 ações contra o crime listadas no site do DPF, 26 delas classificadas como operações planejadas em diferentes pontos do país. Destas, uma quebrou o esquema de uma grande multinacional na importação ilegal de produtos de informática (a Cisco Systems, na Operação Persona), outra desmontou a máfia que adicionava soda cáustica e água oxigenada no leite (Operação Ouro Branco) e uma terceira (Operação Metástase) atacou os desvios de dinheiro na Fundação Nacional da Saúde (Funasa), prendendo apadrinhados do líder do governo no Senado e um dos principais políticos da base aliada, o senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Ainda não se viu uma grande operação que defina o estilo Corrêa, mas há sinais: a polícia continua com liberdade para agir dentro da lei, mandou parar com a excessiva exposição de presos - os espetáculos de mídia caracterizados por vazamentos privilegiando determinados veículos com o fornecimento de imagens de suspeitos ou trechos de diálogos em grampos - e tem determinado mais rigor na análise de indícios e provas contra suspeitos.
Fonte: JB Online
BRASÍLIA. Policial preparado na linha de frente do combate ao crime, o diretor do Departamento de Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, há dois meses no cargo, está colocando um ingrediente diferente nas mudanças que a corporação sofrerá nos próximos 15 anos: um choque de gestão para construir o que ele vem chamando de Polícia Federal de 2022. Durante os finais de semana e feriados, ele e os demais diretores que substituíram a equipe do delegado Paulo Lacerda - hoje diretor geral da Abin - têm se debruçado em longas discussões sobre as deficiências e a capacidade de uma polícia que cresceu no atacar a corrupção, mas que na realidade tem uma estrutura limitada para se consolidar como polícia de Estado e independente do humor de quem hierarquicamente a governa.
- A prospecção de cenários permite planejar nossa atuação e desenvolver ferramentas de gestão para reduzir improvisos - disse o diretor da PF.
Os debates, que levam o nome de Atualização de Cenários Prospectivos, já foram incorporados à rotina dos novos dirigentes e deles sairão as definições para, segundo Corrêa, aliar a produção de provas mais robustas contra criminosos à capacidade de se auto-gerir como instituição.
A mais interessante conseqüência dessa meta, uma vez cumprida, será a autonomia administrativa - com a consolidação de um orçamento próprio, hoje na casa de R$ 3 bilhões, destinado às metas projetadas pela corporação - e melhora na capacidade humana e tecnológica para investigar o crime para reduzir a impunidade no país.
É uma novidade numa corporação que no passado funcionou como mero apêndice da ditadura e, em especial, porque a iniciativa parte de um diretor conhecido internamente como cana dura - conceito que o caracterizara como policial de linha de frente.
Os adversários do novo homem forte do DPF não falam publicamente, mas insinuam que a nomeação de Luiz Fernando Corrêa teve a finalidade de "aparelhar" a corporação em decorrência do avanço da polícia sobre a até então intocável elite do poder, cuja ousadia marcante ou a gota d'água que entornou o caldo dos políticos governistas, teria sido as revelações e buscas na casa do irmão do presidente Lula, Genival Inácio da Silva, o Vavá, supostamente envolvido com a quadrilha de caça-níqueis.
O desempenho da PF nos últimos dois meses mostraram que é difícil se imaginar um controle político sobre a corporação: foram 187 ações contra o crime listadas no site do DPF, 26 delas classificadas como operações planejadas em diferentes pontos do país. Destas, uma quebrou o esquema de uma grande multinacional na importação ilegal de produtos de informática (a Cisco Systems, na Operação Persona), outra desmontou a máfia que adicionava soda cáustica e água oxigenada no leite (Operação Ouro Branco) e uma terceira (Operação Metástase) atacou os desvios de dinheiro na Fundação Nacional da Saúde (Funasa), prendendo apadrinhados do líder do governo no Senado e um dos principais políticos da base aliada, o senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Ainda não se viu uma grande operação que defina o estilo Corrêa, mas há sinais: a polícia continua com liberdade para agir dentro da lei, mandou parar com a excessiva exposição de presos - os espetáculos de mídia caracterizados por vazamentos privilegiando determinados veículos com o fornecimento de imagens de suspeitos ou trechos de diálogos em grampos - e tem determinado mais rigor na análise de indícios e provas contra suspeitos.
Fonte: JB Online
Choque de gestão rumo à PF do futuro
Vasconcelo Quadros
BRASÍLIA. Policial preparado na linha de frente do combate ao crime, o diretor do Departamento de Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, há dois meses no cargo, está colocando um ingrediente diferente nas mudanças que a corporação sofrerá nos próximos 15 anos: um choque de gestão para construir o que ele vem chamando de Polícia Federal de 2022. Durante os finais de semana e feriados, ele e os demais diretores que substituíram a equipe do delegado Paulo Lacerda - hoje diretor geral da Abin - têm se debruçado em longas discussões sobre as deficiências e a capacidade de uma polícia que cresceu no atacar a corrupção, mas que na realidade tem uma estrutura limitada para se consolidar como polícia de Estado e independente do humor de quem hierarquicamente a governa.
- A prospecção de cenários permite planejar nossa atuação e desenvolver ferramentas de gestão para reduzir improvisos - disse o diretor da PF.
Os debates, que levam o nome de Atualização de Cenários Prospectivos, já foram incorporados à rotina dos novos dirigentes e deles sairão as definições para, segundo Corrêa, aliar a produção de provas mais robustas contra criminosos à capacidade de se auto-gerir como instituição.
A mais interessante conseqüência dessa meta, uma vez cumprida, será a autonomia administrativa - com a consolidação de um orçamento próprio, hoje na casa de R$ 3 bilhões, destinado às metas projetadas pela corporação - e melhora na capacidade humana e tecnológica para investigar o crime para reduzir a impunidade no país.
É uma novidade numa corporação que no passado funcionou como mero apêndice da ditadura e, em especial, porque a iniciativa parte de um diretor conhecido internamente como cana dura - conceito que o caracterizara como policial de linha de frente.
Os adversários do novo homem forte do DPF não falam publicamente, mas insinuam que a nomeação de Luiz Fernando Corrêa teve a finalidade de "aparelhar" a corporação em decorrência do avanço da polícia sobre a até então intocável elite do poder, cuja ousadia marcante ou a gota d'água que entornou o caldo dos políticos governistas, teria sido as revelações e buscas na casa do irmão do presidente Lula, Genival Inácio da Silva, o Vavá, supostamente envolvido com a quadrilha de caça-níqueis.
O desempenho da PF nos últimos dois meses mostraram que é difícil se imaginar um controle político sobre a corporação: foram 187 ações contra o crime listadas no site do DPF, 26 delas classificadas como operações planejadas em diferentes pontos do país. Destas, uma quebrou o esquema de uma grande multinacional na importação ilegal de produtos de informática (a Cisco Systems, na Operação Persona), outra desmontou a máfia que adicionava soda cáustica e água oxigenada no leite (Operação Ouro Branco) e uma terceira (Operação Metástase) atacou os desvios de dinheiro na Fundação Nacional da Saúde (Funasa), prendendo apadrinhados do líder do governo no Senado e um dos principais políticos da base aliada, o senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Ainda não se viu uma grande operação que defina o estilo Corrêa, mas há sinais: a polícia continua com liberdade para agir dentro da lei, mandou parar com a excessiva exposição de presos - os espetáculos de mídia caracterizados por vazamentos privilegiando determinados veículos com o fornecimento de imagens de suspeitos ou trechos de diálogos em grampos - e tem determinado mais rigor na análise de indícios e provas contra suspeitos.
Fonte: JB Online
BRASÍLIA. Policial preparado na linha de frente do combate ao crime, o diretor do Departamento de Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, há dois meses no cargo, está colocando um ingrediente diferente nas mudanças que a corporação sofrerá nos próximos 15 anos: um choque de gestão para construir o que ele vem chamando de Polícia Federal de 2022. Durante os finais de semana e feriados, ele e os demais diretores que substituíram a equipe do delegado Paulo Lacerda - hoje diretor geral da Abin - têm se debruçado em longas discussões sobre as deficiências e a capacidade de uma polícia que cresceu no atacar a corrupção, mas que na realidade tem uma estrutura limitada para se consolidar como polícia de Estado e independente do humor de quem hierarquicamente a governa.
- A prospecção de cenários permite planejar nossa atuação e desenvolver ferramentas de gestão para reduzir improvisos - disse o diretor da PF.
Os debates, que levam o nome de Atualização de Cenários Prospectivos, já foram incorporados à rotina dos novos dirigentes e deles sairão as definições para, segundo Corrêa, aliar a produção de provas mais robustas contra criminosos à capacidade de se auto-gerir como instituição.
A mais interessante conseqüência dessa meta, uma vez cumprida, será a autonomia administrativa - com a consolidação de um orçamento próprio, hoje na casa de R$ 3 bilhões, destinado às metas projetadas pela corporação - e melhora na capacidade humana e tecnológica para investigar o crime para reduzir a impunidade no país.
É uma novidade numa corporação que no passado funcionou como mero apêndice da ditadura e, em especial, porque a iniciativa parte de um diretor conhecido internamente como cana dura - conceito que o caracterizara como policial de linha de frente.
Os adversários do novo homem forte do DPF não falam publicamente, mas insinuam que a nomeação de Luiz Fernando Corrêa teve a finalidade de "aparelhar" a corporação em decorrência do avanço da polícia sobre a até então intocável elite do poder, cuja ousadia marcante ou a gota d'água que entornou o caldo dos políticos governistas, teria sido as revelações e buscas na casa do irmão do presidente Lula, Genival Inácio da Silva, o Vavá, supostamente envolvido com a quadrilha de caça-níqueis.
O desempenho da PF nos últimos dois meses mostraram que é difícil se imaginar um controle político sobre a corporação: foram 187 ações contra o crime listadas no site do DPF, 26 delas classificadas como operações planejadas em diferentes pontos do país. Destas, uma quebrou o esquema de uma grande multinacional na importação ilegal de produtos de informática (a Cisco Systems, na Operação Persona), outra desmontou a máfia que adicionava soda cáustica e água oxigenada no leite (Operação Ouro Branco) e uma terceira (Operação Metástase) atacou os desvios de dinheiro na Fundação Nacional da Saúde (Funasa), prendendo apadrinhados do líder do governo no Senado e um dos principais políticos da base aliada, o senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Ainda não se viu uma grande operação que defina o estilo Corrêa, mas há sinais: a polícia continua com liberdade para agir dentro da lei, mandou parar com a excessiva exposição de presos - os espetáculos de mídia caracterizados por vazamentos privilegiando determinados veículos com o fornecimento de imagens de suspeitos ou trechos de diálogos em grampos - e tem determinado mais rigor na análise de indícios e provas contra suspeitos.
Fonte: JB Online
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