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sábado, março 15, 2025

Redemocratização: há 40 anos, Sarney assumia a Presidência do Brasil

 

Brasil

...

Por JORNAL DO BRASIL
redacao@jb.com.br

Publicado em 15/03/2025 às 17:37

Alterado em 15/03/2025 às 17:45

José Sarney faz o juramento ao tomar posse no dia 15 de março de 1985 Foto: Arquivo/Senado



Por Alex Rodrigues - O regime 

democrático brasileiro completa 40

 anos neste sábado (15). É o mais

 longo período democrático ininterrupto

 da história do país desde a proclamação

 da República, em 1889.

Embora fruto de um longo processo para

 pôr fim a 21 anos de ditadura civil-militar

 (1964/1985), a redemocratização ficou

 marcada pela posse de José Sarney na

 Presidência da República, em 15 de 

março de 1985.

Até aquele momento, Sarney era o vice

 do presidente eleito Tancredos Neves. 

Os dois tinham sido eleitos dois meses

 antes, pelo voto indireto, ou seja, pelo

 Congresso Nacional. Contudo, o estado

 de saúde de Neves, que já estava com 

problemas, se agravou e ele precisou ser

 internado na véspera da cerimônia de

 posse (14). Sarney, então, assumiu o

 cargo interinamente.

"Ele [Neves] não queria que o operassem 

sem ver que a transição democrática seria

 feita, pois sabia que podíamos ter um 

retrocesso político caso nos dividíssemos",

 relembrou Sarney ao participar, na manhã

 de hoje, em Brasília, de um evento alusivo

 à data.

Destacando que o Brasil atravessava um

 momento conturbado, marcado pelas

 incertezas quanto ao futuro político do país

 e pelo temor de que os militares não aceitassem

 restituir o poder à sociedade civil e, em algum

 momento, reestabelecer o voto direto, Sarney

 contou que Tancredo só aceitou se submeter a

 uma cirurgia no intestino quando lhe asseguraram 

que Sarney seria empossado, que a Constituição

 Federal seria respeitada e "que a lei governaria a

 transição democrática".

Neves morreu no dia 21 de abril, após 39 dias

 internado. Oficialmente, a causa foi uma infecção

 generalizada. Ele tinha 75 anos de idade. Com sua

 morte, o Congresso efetivou Sarney na presidência.

"Foram anos de muita luta. Posso guardar as batalhas

 íntimas de que participei para que tivéssemos uma

 transição democrática tranquila. Tivemos muitas

 hipóteses de retrocessos, mas conseguimos atravessá-las",

 ponderou Sarney 

Ele também conta que, na condição de chefe-supremo

 das Forças Armadas, instruiu o então ministro do Exército,

 general Leônidas Pires Gonçalves, a "colocar as Forças

 Armadas de volta aos quarteis".

"Sendo comandante-chefe, transmiti [aos militares]


 minhas diretrizes. Eram duas. Primeiro, que o dever

 de todo comandante é zelar pelos seus subordinados

. Segundo, que a transição seria feita com as Forças

 Armadas e não contra elas, pois isso tinha sido objeto

 de um pacto construído por todos os líderes [políticos]", contou o ex-presidente, classificando a transição democrática como uma conquista do povo.

Reencontro com a democracia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou as redes sociais 

para celebrar a data. Em seu perfil no X, Lula escreveu que

 mais que a mera posse de um novo presidente da República,

 15 de março de 1985 entrou para a História como "o dia em

 que o Brasil marcou o reencontro com a democracia".

"O presidente José Sarney governou sob a constante ameaça 

dos saudosos da ditadura, mas com extraordinária habilidade

 e compromisso político criou as condições para que

 escrevêssemos a Constituição Cidadã de 1988, e mudássemos

 a história do Brasil", destacou Lula.

"Nestes 40 anos de democracia, apesar de momentos

 muito difíceis, demos passos importantes para a

 construção do país que sonhamos. Um país democrático, 

livre e soberano. Temos enormes desafios pela frente, mas o

 Brasil é hoje o país que cresce com inclusão social", 

acrescentou o presidente, sustentando que todo dia é 

dia de celebrar a democracia.

"É preciso defendê-la todos os dias daqueles que,

 ainda hoje, planejam a volta do autoritarismo.

 É preciso mostrar às novas gerações o que foi e

 o que seria viver novamente sob uma ditadura,

 e ter todos os direitos negados, inclusive o direito

 à vida", finalizou Lula.

Permanente construção

Em uma mensagem enviada por vídeo, a presidenta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, afirmou que a democracia está em permanente construção.

"Quarenta anos se passaram desde aquele 15 de março. Depois de mais de 20 anos de regime autoritário, minha geração pode testemunhar a chegada a uma das margens que buscávamos: um Estado Democrático de Direito no qual tomasse posse como nosso representante na Presidência da República o grupo que tinha chegado exatamente a partir das lutas nas praças, da legitimação nas ruas do Brasil", relembrou a ministra.

"Não foram tempos fáceis. Nem os que antecederam [imediatamente à escolha indireta de Tancredo e Sarney], extremamente tumultuados pela carência de direitos, ausência de respeito à dignidade, principalmente à liberdade de pensar, de participar, de todas as pessoas no Brasil", reforçou Cármen Lúcia, elogiando a gestão de Sarney por ter assegurado a realização de uma Assembleia Constituinte que contou com a participação não só das mulheres, como de outros grupos sociais.

"Tivemos, nestes 40 anos, neste processo de redemocratização, a presença da mulher muito mais do que em outros momentos da História brasileira. Ainda é aquém do que é preciso para termos a igualdade devidamente assegurada não apenas em textos normativos, mas na dinâmica da vida. Para termos democracia, é preciso termos liberdade e igualdade", disse a ministra. (com Agência Brasil)

 

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