Posted on by Tribuna da Internet
Carlos Newton
Todos já sabem que esse mundo muito louco, tomado pela pandemia da Covid-19, está destinado a sofrer um empobrecimento digno de economia de guerra, embora a China – sempre ela! – anuncie que vai crescer pelo menos 6% este ano, e ainda há quem acredite, como se fosse possível confiar em alguma informação proveniente de uma ditadura de tamanha arrogância, sem liberdade de imprensa e sem existência de oposição.
O fato concreto é que até mesmo os Estados Unidos se encontram em maus lençóis, porque a queda do desemprego e o crescimento do PIB estavam envolvidos numa bolha, que levou ao delírio todos os investimentos em bolsas (valores, mercadorias, futuro e derivativos) e a bolha acaba de estourar, trazendo à tona o agravamento da desigualdade social.
O presidente Donald Trump, que já estava praticamente reeleito, agora terá de enfrentar a realidade dos fatos, conforme o editorial de página inteira do The New York Times no último dia 9, transcrito aqui na TI.
MATRIZ E FILIAL – Se em nossa matriz USA as perspectivas são sombrias, o que se pode esperar aqui na filial Brazil? Quase nada. O presidente Jair Bolsonaro já deveria saber que seu Posto Ipiranga está de tanques vazios. Escolhido meses antes da eleição, Paulo Guedes teve tempo suficiente para traçar a reforma nacional, mas se enrolou todo, fez o serviço pela metade, e a reforma da Previdência teve de ser remendada pelo Congresso, porque a versão original era um presente aos banqueiros.
Em tradução simultânea, terceirizar a economia e entregá-la a Guedes não deu certo. O pequeno czar fracassou. E quem deveria estar próximo à demissão tinha de ser ele, mas foi salvo pelo coronavírus. Mesmo no embalo daquela empolgação com a vitória de Bolsonaro, Guedes conseguiu um PIB menor do que Henrique Meirelles, que no governo de Michel Temer fez o serviço mais duro de tirar o país dos escombros.
POR CONTA DA PANDEMIA – Agora, Guedes está tranquilo. Sabe que nada lhe acontecerá, quem está como bola da vez é o ministro da Saúde, e o fracasso da política econômica ficará por conta da pandemia, que maravilha viver, diria Vinicius de Moraes.
Se entendesse um mínimo de economia, Bolsonaro já teria se livrado de Guedes e entregado a economia a Henrique Meirelles, Armínio Fraga ou André Lara Resende, que exibem projetos mais consistentes, qualquer um deles faria melhor do que o atual ministro, que parece uma barata tonta, imita Bolsonaro e não diz coisa com coisa.
O pior é que se trata de um racista preconceituoso, que não quer encontrar empregada doméstica em avião de carreira e chama de parasitas os servidores públicos, que respondem enfrentando heroicamente a pandemia nos hospitais e postos de saúde.
NÃO ACEITA DEPOR – Investigado pelo Ministério Público Federal por conta dos prejuízos milionários que deu a fundos de pensão durante a Era Lula, na qual essas instituições previdenciárias se tornaram cabides de enriquecimento de sindicalistas, um elemento desse tipo jamais poderia conduzir a economia brasileira.
E que não se diga que as acusações são injustas e foram inventadas, pois se trata de denúncia formalizada pela Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar), após realização de auditorias e tudo o mais.
Como se sabe, Guedes se recusou a depor, alegou que tinha viagem marcada à Europa, depois ficou gripado, até hoje a Procuradoria-Geral da República está aguardando o depoimento, porque o ministro tem foro privilegiado.
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P.S. – Escrevendo sobre Paulo Guedes, que é um dos meus tipos inesquecíveis da famosa revista “Seleções do Reader’s Digest”, lembrei um personagem de Agildo Ribeiro que não viajava mais ao exterior porque tudo o que ele dizia era encarado como piada, os estrangeiros morriam de rir. E imagino o grande Agildo Ribeiro dizendo no exterior que o Brasil entregou a nona maior economia do mundo a um sujeito que é acusado de fraude em investimentos de fundos de pensão e ninguém reclamou, acharam normal. É claro que todo mundo iria rir dessa informação, pensando que era piada. (C.N.)
P.S. – Escrevendo sobre Paulo Guedes, que é um dos meus tipos inesquecíveis da famosa revista “Seleções do Reader’s Digest”, lembrei um personagem de Agildo Ribeiro que não viajava mais ao exterior porque tudo o que ele dizia era encarado como piada, os estrangeiros morriam de rir. E imagino o grande Agildo Ribeiro dizendo no exterior que o Brasil entregou a nona maior economia do mundo a um sujeito que é acusado de fraude em investimentos de fundos de pensão e ninguém reclamou, acharam normal. É claro que todo mundo iria rir dessa informação, pensando que era piada. (C.N.)