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Bernardo MelloO Globo
Eleito na esteira da popularidade do então presidenciável Jair Bolsonaro, o governador do Rio, Wilson Witzel, tem construído uma rede de aliados dentro e fora do estado para forjar musculatura própria, de olho nas eleições municipais do ano que vem e também na conjuntura política de 2022. Depois de ensaiar uma ruptura com o PSC no fim do ano passado, Witzel se consolidou como um dos líderes do partido com as bênçãos do pastor Everaldo Pereira, reeleito no fim de junho para o comando da executiva nacional.
Alinhado a Everaldo, Witzel fortaleceu sua presença em Brasília e se aproximou de lideranças locais e nacionais.
ARTICULAÇÕES – Enquanto o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), articula uma chapa tucana forte para o Rio, buscando palanques no estado para a disputa presidencial, Witzel tem angariado apoios de lideranças de outras siglas, inclusive do próprio PSDB. O ex-deputado Otávio Leite, presidente estadual da legenda até ano passado, já ensaiou um movimento para o PSC de Witzel. Leite continua com aliados na direção tucana no Rio, mas se afastou para assumir a secretaria estadual de Turismo e é próximo ao governador.
Outro parceiro de Witzel é o deputado estadual Rodrigo Amorim, escolhido na sexta como candidato do PSL de Jair Bolsonaro à Prefeitura do Rio em 2020. Antes, Amorim chegou a ser sondado por Witzel sobre uma eventual filiação ao PSC. Integrantes do PSL e do PSC não descartam uma chapa com os dois partidos, que teria ainda o apoio do PSD do senador Arolde de Oliveira.
PRESIDENCIÁVEL – Procurado pelo GLOBO, Witzel não se manifestou oficialmente sobre seus planos políticos. Mesmo um alinhamento em 2020 não significa que Witzel permanecerá perto da família Bolsonaro na próxima eleição presidencial. O deputado federal Otoni de Paula, que colocou seu nome à disposição do PSC para ser candidato à prefeitura da capital no próximo ano, reconhece o desejo de Witzel de se lançar à Presidência, e considera algo “que ninguém pode tirar”. “É o desempenho dele como governador que poderá credenciá-lo a isso” — afirmou Otoni.
Pastor Everaldo, que foi presidenciável em 2014, também incentiva o sonho distante presidencial do governador do Rio, embora evite antecipar uma disputa com a família Bolsonaro.
“É legítimo esse desejo para qualquer governador, de qualquer estado. Mas tenho, como prática de vida, não colocar o carro na frente dos bois. O PSC está preocupado, no momento, em aprovar as reformas que podem destravar o Brasil. O presidente Bolsonaro pode contar conosco para isso“— desconversa Everaldo.
NACIONALIZAÇÃO – Witzel foi aclamado presidente de honra do PSC na última convenção nacional. A sugestão partiu de Wilson Lima, governador do Amazonas, o único estado além do Rio sob comando da legenda.
A nacionalização do nome de Witzel incluiu a criação da Secretaria Extraordinária de Representação do Rio em Brasília, em maio. A prática, adotada por alguns estados, elevou o status do escritório na capital federal.
O escolhido para assumir a nova secretaria foi o ex-deputado André Moura (PSC), que atuou como líder do governo do ex-presidente Michel Temer na Câmara.
EM BRASÍLIA – André Moura vinha desempenhando papel semelhante para prefeituras do Sergipe, seu reduto eleitoral, em caráter informal. Segundo Moura, a missão principal é acompanhar o andamento de convênios do Estado do Rio com o governo federal, além de estruturar projetos para que os municípios recebam verbas de emendas parlamentares:
“Tenho conversado com a bancada federal, por orientação do governador, sobre a reforma da Previdência, por exemplo. Mas minha missão é voltada para o Rio”, explica o assessor.