José Carlos Werneck
Se não desistir dessa ideia descabida de indicar seu filho para a Embaixada brasileira em Washington, o presidente da República, Jair Bolsonaro estará se arriscando inutilmente seu prestígio pessoal no Senado Federal. O fato é que, no Brasil, jamais um Presidente da República indicou o filho para uma função considerada de grande importância, embora o indicado seja formado por uma renomada universidade federal e tenha bom trânsito com familiares de Donald Trump.
Insistindo na indicação, Jair Bolsonaro assumirá o risco, totalmente desnecessário, de ter rejeitada a indicação pelo Senado Federal, onde a base do governo não é majoritária e a votação será secreta.
FALA DEMAIS – Muitos senadores ainda não digeriram a “célebre” frase do deputado Eduardo Bolsonaro, quando candidato, que seria apenas necessário um cabo e um soldado para fechar o Supremo Tribunal Federal.
Imagine-se essa tipo de declaração em um país como os Estados Unidos, onde seus cidadãos têm muito respeito e apreço pelas instituições democráticas, notadamente a Suprema Corte.
O último embaixador brasileiro em Washington que não era diplomata foi o general Juracy Montenegro Magalhães, político da UDN, nascido no Ceará, mas que fez sua carreira na Bahia. Foi indicado embaixador em 1964, por Castelo Branco, no início do regime militar, quando sucedeu Roberto Campos, notável economista e diplomata, nomeado embaixador em Washington pelo presidente João Goulart.
CREDENCIAIS – O mais impressionante foram as credenciais exibidas pelo deputado Eduardo Bolsonaro, em entrevista à imprensa, ao anunciar que aceitaria a indicação paterna:
“Já fiz intercâmbio, já fritei hambúrguer lá nos Estados Unidos, no frio do Maine, estado que faz divisa com o Canadá. No frio do Colorado, numa montanha lá, aprimorei o meu inglês, vi como é o trato receptivo do norte-americano para com os brasileiros”, afirmou o neodiplomata.