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segunda-feira, julho 11, 2011

A hegemonia petista é tão nociva quanto foi a carlista

Osvaldo Lyra-EDITOR DE POLÍTICA

O deputado Jutahy Magalhães Júnior (PSDB) afirma que a hegemonia do PT hoje é tão ou mais nociva que a dos tempos áureos do carlismo. Para ele, é necessário enfrentá-la, “porque isso não é bom para o estado nem para o país”. Nesta entrevista à Tribuna, o deputado diz acreditar na união das oposições em 2012. No entanto, para que ela chegue competitiva à disputa, o tucano reforça a necessidade de o PMDB estar unido ao grupo.

Ao avaliar o governo Dilma, que já foi atingido por três grandes escândalos (Palocci, Aloprados e Transportes), Jutahy diz que isso é fruto da chamada herança maldita, gestada nos governos do ex-presidente Lula. O tucano diz também que a flexibilização para as obras da Copa é um escândalo, “é autorização para roubar”. E vai além: “O caos nos aeroportos é uma mistura de incompetência com malandragem”.

Tribuna – Acredita que a oposição marchará unida em 2012?
Jutahy Magalhães Júnior – Nosso objetivo é este. O PSDB tem um pré-candidato. Eu defendo que o PSDB tenha a candidatura do Imbassahy a prefeito, mas uma candidatura que não seja apenas partidária, que seja uma candidatura de unidade das forças políticas que desejam recuperar a cidade. É óbvio que para isso nós precisamos contar com apoio dos demais partidos que estão no campo da oposição. Agora, é óbvio que os demais partidos também têm suas alternativas.

Tribuna – Vê possibilidade de Imbassahy ser vice de ACM Neto?
Jutahy – Eu acho importante para a candidatura do Imbassahy, como qualquer candidatura de oposição, incluir nesse processo o PMDB. Acho que a presença do PMDB é um fator muito importante para as candidaturas de oposição, por isso que eu fiquei muito feliz de, no Dois de Julho, que é um ambiente no qual se demonstra quais são os caminhos, que dá visibilidade à cidade sobre quais são as possibilidades de aliança, saírmos juntos também com o PMDB.

Tribuna – Como observa a tentativa do PMDB em convencer o apresentador Mário Kertész a disputar 2012?
Jutahy – Eu acho que o PMDB trabalha com essa hipótese do Mário, o DEM trabalha com a hipótese do ACM Neto e Aleluia e nós do PSDB temos o nome do Imbassahy. Agora, o ideal é que tenhamos condições de, no momento final, de escolha, de ter uma candidatura única.

Tribuna – O senhor concorda com o ex-deputado João Almeida (PSDB), que critica a falta de um projeto único para as oposições na Bahia?
Jutahy – Eu acho que nós temos hoje, na Bahia, uma hegemonia do PT semelhante ao que o carlismo teve no passado. E, quando você tem um processo desse de hegemonia, você tem que enfrentá-lo, porque isso não é bom para o estado. Tanto não foi bom para a Bahia uma hegemonia carlista por muitos anos, como não é bom para o estado uma hegemonia petista nesse grau. O grande projeto que nós temos que ter é um projeto de país que a Bahia se inclua. O grande desafio hoje do Brasil e da Bahia é a geração de empregos de boa qualidade, esse é que é o grande desafio que nós temos que trabalhar.

Tribuna – Qual a avaliação que o senhor faz do governo Dilma com a queda do segundo ministro?
Jutahy – Em seis meses nós já tivemos três grandes escândalos. Dois resultaram em demissões dos ministros. O Palocci (Casa Civil), que caiu por causa os R$20 milhões de receita numa empresa de consultoria que ninguém conhecia. Agora esse gigantesco esquema de corrupção no Ministério dos Transportes e o escândalo dos Aloprados, do Mercadante, que foi denunciado pela subsecretaria de desenvolvimento econômico de Brasília. Ele era o mentor do dossiê dos chamados aloprados e nada aconteceu.

Tribuna – Há um sentimento de impunidade no Brasil? Isso é uma coisa que é irreversível?
Jutahy – Eu acredito que tem um momento agora muito simbólico, quando o procurador-geral da República defende a condenação de 36 réus no mensalão. Esse processo chegando a tê-lo e a haver condenação, será um passo muito grande e importante para rompermos o sentimento de impunidade. O que é que o procurador Gurgel definiu? O esquema tinha por objetivo mais do que uma demanda momentânea, fortalecer um projeto de poder do PT de longo prazo.

Tribuna – Voltando ao Ministério dos Transportes, o senhor acha que o PR tem condições de continuar à frente da pasta com o próprio Valdemar da Costa Neto e o próprio Alfredo Nascimento controlando os destinos da pasta?
Jutahy – É um absurdo, não é? O ministro sair com suspeita de corrupção, com denúncias gravíssimas que não permitiram que ele continuasse no cargo, e ser um dos mentores do seu substituto é desmoralizante para o governo e uma ofensa para a população.

Tribuna – Sobre Palocci, a tentativa de blindagem dele que envolveu o ex-presidente Lula e envolveu setores do PT, o senhor acha que tem algo que possa ser explicado melhor?
Jutahy – Essa é a chamada herança maldita. Essa é a real herança maldita. Esse esquema do Ministério dos Transportes vem desde o período de Lula. Por que estão com tantos cuidados? Essa é uma operação que aconteceu durante os oito anos do governo Lula em que a presidente Dilma era chefe da Casa Civil. Essa é a real herança maldita.

Tribuna – E a questão da flexibilização para as obras da Copa, deputado... Vê risco nisso?
Jutahy – Isso é um escândalo, é autorização para roubar. São três coisas que são absurdas. Além da PEC atual, a 8666 tem problemas, as mudanças são todas para pior. Você fazer uma licitação sem projeto básico, tudo passa a ser subjetivo, do preço à fiscalização. A tendência de obras públicas terem questões subjetivas é sempre superfaturamento. Sigilo de preço durante a concorrência, não há nenhuma vantagem objetiva para concorrência, mas uma vantagem gigantesca para quem conseguir levantar os preços. Por tráfico de influência, por corrupção.

Tribuna – O PT está no terceiro mandato no poder. Acredita que o PSDB corre risco de chegar dividido em 2014?
Jutahy – O mais importante nesse momento é termos a clareza de que a nossa grande função é ser atuantes na oposição. Nosso papel agora é fiscalizar e isso está claro que tem funcionado em função basicamente da imprensa livre do Brasil. A queda do Palocci e o esquema do Ministério dos Transportes, tudo isso é fruto de ação da imprensa brasileira com o PSDB atuando junto aos órgãos de controle, dando ressonância. E você, com isso, inibe operações lesivas ao país. Por exemplo, essa operação que o BNDES tinha articulado da fusão Carrefour-Pão de Açúcar. R$ 3,9 bilhões para fusão de empresas de varejo com juros subsidiados. Um ambiente de conflito entre acionistas e de cartel contra os consumidores. Esse é o papel da oposição. Eu, por exemplo, fiz discurso aqui (em Brasília) mostrando tudo o que representava isso e mostramos que estamos alerta. Nossa função é primeiro fiscalizar todos os atos lesivos no país, como esse projeto escandaloso do trem-bala...

Tribuna – O senhor acha que o projeto vai ser posto em prática?
Jutahy – Isso é uma das maiores loucuras já pensadas em investimento público na história do Brasil. Incrível é que baianos (políticos) votaram em favor disso. A base do governo toda votou a favor desse escândalo. No mínimo R$ 55 bilhões (cinquenta e cinco bilhões de reais)... Os baianos da base governista votaram R$ 55 bilhões e o metrô de Salvador continua parado.

Tribuna – Falando de Copa do Mundo, sobre essa questão de caos nos aeroportos, falta vontade política?
Jutahy – É uma mistura de incompetência com malandragem. Incompetência porque se deixou chegar a esse ponto e malandragem porque, diante da urgência, todas as brechas para as maracutaias, com esse regime diferenciado, são usadas para justificar necessidade de não passarmos um vexame na Copa.

Tribuna – Salvador estará preparada para a Copa, ou há risco de vexame?
Jutahy – O que eu desejo para a Bahia é que haja obras estruturantes para o estado. O Brasil está fazendo Copa do Mundo em doze sedes. Quantos jogos nós vamos ter na Bahia? O que interessa para o povo da Bahia é ter o metrô funcionando, as estradas matando menos gente, os aeroportos baianos melhorados. Nós temos uma situação gravíssima nos aeroportos da Bahia. Você não tem um aeroporto no oeste da Bahia de qualidade. Você tem cinco milhões de toneladas de grãos no oeste baiano e não tem um aeroporto na região que permita pousar jatos.

Tribuna – Acredita que a iniciativa privada poderia ajudar um pouco mais nesse processo de desenvolvimento?
Jutahy – O PT atrapalhou imensamente, tentou demonizar todas as ações da iniciativa privada nos setores de infraestrutura e isso nos atrasou pelo menos dez anos.

Tribuna – Mas é fácil consertar isso?
Jutahy – Sim, mas se você tiver um modelo que seja eficiente.

Tribuna - Quem assumir a Prefeitura de Salvador em 2012 vai ter condição ainda de preparar a cidade para a Copa, melhorá-la?
Jutahy – A administração de João Henrique (PP) foi o maior desastre da história das administrações porque, além de ser uma péssima administração, as consequências dos seus atos vão perdurar por muitos anos. Eu desejo, como todos os brasileiros, que tenhamos uma boa Copa do Mundo, mas minha preocupação é que a população de Salvador e da Bahia tenha melhores condições de vida, não para a Copa, mas que os cidadãos baianos e que moram aqui tenham melhores atendimentos na saúde, tenham melhor situação na segurança pública e tenham infraestrutura decente. O grande medo que eu tenho é de ver a Bahia se transformar num curral eleitoral do Bolsa Família. O Bolsa Família é uma ação importante, necessária, mas não pode ser o objetivo de conquista de votos e esquecer do desenvolvimento do estado. O desenvolvimento do estado passa por geração de emprego de qualidade e o Brasil está jogando fora empregos. Um país como o nosso não pode aceitar passivamente a sua desindustrialização e nos transformarmos num mero exportador de produtos primários.

Tribuna – Até há pouco tempo o senhor era aliado do governador Jaques Wagner. Ao longo da entrevista, pontuou bastante o caos em algumas áreas do estado. Como observa essa mudança política?
Jutahy – Eu acho primeiro o seguinte: eu fui uma pessoa que ao longo de muitos anos votou contra a hegemonia do carlismo, porque sempre achei que isso era danoso para o nosso estado. Sempre teve características que eu combati, principalmente a visão autoritária e centralizadora. Hoje, a hegemonia petista no Brasil também tem gerado problemas gravíssimos no nosso país. A banalização do mal, a permissividade que encara os atos de corrupção, o mensalão, os aloprados, a falta de planejamento de longo prazo, é algo que tem que ser combatido. Isso é uma luta nacional.

Tribuna – O PSDB tem alguns setores que não conseguem se harmonizar. O partido corre o risco de chegar dividido em 2014?
Jutahy – Nosso trabalho é ter uma candidatura que pense o Brasil. Eu acho que o grande objetivo que vamos ter dentro do PSDB e dentro das oposições é superar os gargalos que o Brasil tem hoje. Os gargalos são claros, é o nosso desenvolvimento. Essa combinação de maior carga tributária do mundo em países em desenvolvimento, os juros reais mais altos do mundo e investimentos governamentais baixíssimos. Isso é um caminho que é nocivo para o Brasil. Um país como o nosso, com duzentos milhões de habitantes, não pode jogar fora sua indústria. Um país como o nosso, no caso da Bahia, o Brasil não pode aceitar ter R$ 15 milhões de teste na conta turismo. O Brasil é um país que tem potencial turístico enorme e o ministro do Turismo está preocupado com festas interioranas. Você não pode aceitar passivamente isso.

Tribuna – E na Bahia?
Jutahy – Num estado como a Bahia, a geração de emprego de alto nível não existe. Nossa indústria é muito para o mercado interno. Tirando celulose, é quase tudo para o mercado interno. Você tem um processo na Bahia de atraso no desenvolvimento em relação a estados até mesmo nordestinos. Estamos perdendo investimentos para estados do Nordeste. A luta contra a inflação é muito importante. Você ter uma inflação controlada é questão de popularidade, isso a gente já sabe desde o plano Real. Fernando Henrique Cardoso (FHC) foi eleito e reeleito em função do controle da inflação. Hoje isso não é mais suficiente.

Tribuna – Pra finalizar, qual a principal meta do PSDB de agora por diante?
Jutahy – Eu acho que o grande objetivo do PSDB é pensar o Brasil e ver as conse- quências que estamos sofrendo também em relação ao desenvolvimento da Bahia. Os erros da política econômica têm consequências no desenvolvimento do nosso estado.

Colaborou: Romulo Faro

Fonte: Tribuna da Bahia

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