por Paulo G. M. de Moura, cientista político
Tenho afirmado, aqui nesse espaço, que Alckmin vencerá Lula e presidirá o Brasil. Muito antes de as pesquisas apontarem o cenário atual, afirmei com todas as letras no título de um artigo publicado, em 26/06/2006: “Haverá segundo turno!”. Hoje, tenho dúvidas se haverá segundo turno, mas por razões opostas às da mídia e dos analistas do óbvio. Talvez não haja segundo turno porque Alckmin, possivelmente, derrote Lula no primeiro turno.
No dia 25 de abril passado, publiquei aqui um artigo no qual, pela primeira vez, abordei a hipótese de vitória de Alckmin em primeiro turno. O título daquele artigo era quase igual ao deste, somente que, com uma interrogação ao final. Naquela oportunidade, amparei minhas especulações na análise do comportamento dos eleitores brasileiros nas eleições municipais de 2004 e do referendo das armas de 2005, assim como em informações publicadas sobre pesquisas qualitativas encomendadas pelo PFL, sobre o comportamento eleitoral dos nordestinos.
Voltei ao assunto em 18/07 passado, afirmando que, se os estrategistas de Alckmin fizerem um estudo consistente sobre os resultados das urnas de votação do referendo das armas, e desenvolverem ações de marketing dirigidas aos segmentos do eleitorado que votaram no NÃO, terão em mãos um precioso mapa para a construção da vitória de Alckmin em primeiro turno.
Nas primeiras vezes em que fiz esse tipo de afirmação, ninguém me levou a sério. O contexto era de supremacia total de Lula nas pesquisas e na mídia. A euforia contaminava os petistas e o pessimismo os alquimistas. As manchetes prenunciavam a vitória de Lula em primeiro turno. O triunfalismo do petismo era tal que até aquele tipo de e-mail desaforado que eles costumam nos dirigir quando estão com o rei na barriga, e que eu não recebia desde a eclosão do escândalo do mensalão, voltei a receber.
Hoje o cenário é outro. Os comícios de Lula são vergonhosos na comparação com as praças lotadas que o petismo patrocinava no passado. A mídia lulista fecha o enquadramento das fotos de capa nos caciques empoleirados nos palanques ao lado de Lula, para esconder o vexame de público que o PT reúne para ouvi-lo. Lula está tenso. Arrogante. Bravateiro. Os petistas estão calados outra vez e, quando converso com políticos e cabos eleitorais experientes que estão percorrendo o interior do país em campanha, no contato direto com o povo, a hipótese de vitória de Alckmin em primeiro turno já não é desdenhada com tanta facilidade. Os mais ousados arriscam-se a concordar.
Estão errados aqueles que dizem que o povo não tem memória. Duvido que o povo tenha esquecido a avalanche de lama que adentrou nossos lares pela telinha eletrônica por seis meses seguidos. Por vezes chegam às minhas mãos relatórios de pesquisas localizadas, quantitativas e qualitativas, feitas por candidatos ao parlamento em suas regiões, e, em todos os casos, sem exceção, confirmam-se as informações que vêm das ruas trazidas por gente que percorre o interior e as periferias urbanas em campanha.
Obviamente há responsabilização aos deputados pela corrupção. Quem está em campanha precisa gastar muito tempo e conversa para dar explicações e provas de idoneidade antes de conseguir pedir votos aos eleitores. Mas a situação de Lula não é nada boa. O povo não esqueceu a corrupção e faz sim a conexão com Lula na hora de responsabilizar os autores dos crimes noticiados.
Há um efeito ilusório provocado pelas pesquisas publicadas que permite Lula liderar nas manchetes, mesmo com a realidade das ruas mostrando a situação que descrevo acima. Os institutos precisam reavaliar a forma como divulgam seus relatórios, sob pena de terem suas imagens ainda mais desacreditadas, como já vem ocorrendo. A mídia idem. A facilidade com que se lançam manchetes levianas apoiadas em leituras superficiais das pesquisas é impressionante, e o descrédito também se abaterá sobre a imprensa se esses procedimentos não forem revistos.
Quem se debruça sobre os relatórios dessas pesquisas encontra sobrados indicadores de que a memória da corrupção e as conexões que o povo faz dela, com Lula e o PT, estão lá, a espera de que o estímulo da propaganda negativa de Alckmin às traga à tona, provocando um abrupto tombo do molusco nas pesquisas, logo na primeira fase do horário eleitoral gratuito. Basta que o marketing de Alckmin saiba construir a alquimia perfeita entre a batida no molusco e a projeção da imagem positiva do tucano.
Essa alquimia já foi testada e deu certo. A combinação entre a propaganda do PFL e do PSDB na TV em junho permitiu alteração em curso no cenário eleitoral. O movimento de gangorra só não se acelerou em função desse gap de tempo sem propaganda política na TV. Minha expectativa é de que, logo na primeira fase do horário gratuito de propaganda eleitoral (HGPE), depois de uns dez dias de campanha na mídia, o efeito gangorra volte a produzir novos movimentos nas pesquisas. Mas, dessa vez, devem acontecer deslocamentos rápidos de grandes contingentes de eleitores de Lula para Alckmin, e é nesse contexto, se minha análise se confirmar, que avento a hipótese de vitória de Alckmin em primeiro turno.
Óbvio; o petismo não está morto e deve estar se preparando para reagir. Alckmin já recebeu dois golpes, mas sobreviveu. Primeiro foram as denúncias de controvérsias com verbas publicitárias no governo paulista e os vestidos da Dona Lu. Depois as insurreições do PCC em São Paulo. Esses e outros fatos serão esgrimidos contra o tucano. Mas a forma de neutralizar já está concebida, a meu ver. A vida pregressa e o recall dos fatos favorecem o tucano na guerra de imagens. O mercado eleitoral demanda alguém com o perfil de Alckmin. Trata-se, apenas, de resistir bem à carga do petismo e saber apresentar Alckmin com seus atributos naturais. Alckmin será presidente. Talvez no primeiro turno.
Fonte: Diegocasagrande
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