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segunda-feira, janeiro 08, 2024

Militares das Forças Armadas seguem livres de responsabilização um ano após 8/1


Por Fábio Victor, Cézar Feitoza e José Marques | Folhapress

Ataques 8/1
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Oficiais da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal foram denunciados e presos sob acusação de conivência com os ataques do 8 de janeiro. Quase 1.400 participantes diretos e indiretos das ações na praça dos Três Poderes tiveram destino semelhante. Os financiadores começaram a ser responsabilizados e cobrados, tanto pelo Ministério Público Federal como pela AGU (Advocacia-Geral da União).
 

Já altos oficiais das Forças Armadas até o momento estão livres de responsabilização, apesar de vozes influentes dos Três Poderes considerarem que parte deles foi no mínimo omissa.
 

"Certamente há autoridades [das Forças Armadas] que de alguma forma incentivaram. Eu me lembro de uma frase do general Braga [Netto] dizendo para aqueles manifestantes que eles tivessem fé e portanto prometendo algum tipo de evolução, isso poucos dias antes desses desdobramentos", disse à Folha o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
 

Tanto Gilmar como seu colega Alexandre de Moraes consideram que houve tolerância indevida da cúpula do Exército em relação ao acampamento em frente ao quartel-general da corporação, em Brasília, local de onde partiram e para onde voltaram os golpistas do 8 de janeiro.
 

"Eles não deveriam ter existido. Não faz sentido, de maneira nenhuma, pessoas se estabelecerem em frente a quartéis. Isso traz responsabilidade para todos os que admitiram", afirma Gilmar.
 

Para Moraes, a manutenção dos acampamentos "foi um erro muito grande". Em entrevista à Folha, o ministro contou que afirmou "várias vezes" a autoridades do governo anterior que os acampamentos não representavam "liberdade de expressão", como defenderam os então comandantes das Forças Armadas numa nota emitida em novembro do ano passado, depois da vitória de Lula (PT) sobre Jair Bolsonaro (PL).
 

"Isso não é permitido em nenhum lugar do mundo. Não há também, como se levantou à época, impunidade ou inviolabilidade nesses locais por serem locais militares. Obviamente que não. A administração é militar, mas os crimes praticados lá podem e devem ser combatidos pela polícia", disse Moraes, lembrando que acampamentos do tipo foram desmantelados em locais em que o Ministério Público ou a prefeitura solicitaram tal medida à Justiça.
 

"Manifestação na frente de quartel pedindo golpe militar, pedindo volta do AI-5, pedindo a quebra do regime democrático, pedindo o fechamento de Poderes, é crime. Isso o Supremo já pacificou. Agora o processo vai analisar a autoria de cada um", acrescentou o ministro, que é relator dos inquéritos do STF relativos aos ataques.
 

O subprocurador-geral Carlos Frederico Santos, responsável no Ministério Público Federal pelas primeiras denúncias do 8 de janeiro —com a recente mudança no comando da PGR (Procuradoria-Geral da República), ele entregou o cargo—, diz que a investigação em relação à suposta omissão dos militares das Forças Armadas é "mais complexa". Ele também criticou a condução das ações iniciais da Polícia Federal com o STF, à revelia do MPF.
 

"Nós não participamos diretamente das primeiras medidas tomadas em relação aos militares das Forças Armadas. O Ministério Público só foi notificado quando já estava tudo pronto", afirmou em relação ao depoimento simultâneo de 80 fardados em abril. "Não houve uma discussão prévia sobre uma estratégia de investigação a respeito desse tema. E deveria ter havido."
 

"Ouviram todos juntos, simultaneamente. Isso traz prejuízo para a investigação. Não temos pessoas suficientes para acompanhar todos os depoimentos. Facilitaria que a investigação tivesse sido fragmentada –primeiro ouvir os oficiais de base, depois ouvir oficiais superiores e depois ouvir os praças", comentou.
 

O único aborrecimento às Forças Armadas até aqui veio do relatório final da CPI do 8 de janeiro no Congresso Nacional, que pediu o indiciamento de 22 militares, entre eles nove oficiais-generais, sendo dois ex-comandantes (Freire Gomes, do Exército, e Almir Garnier, da Marinha).
 

A comissão, porém, não teve força política para tomar o depoimento de generais de quatro estrelas ligados a Bolsonaro, e em Brasília se desconfia dos efeitos práticos do relatório.
 

Tanto que a aprovação do relatório final da CPI representou um alívio para a cúpula do Exército, após dez meses sob tensão. A caserna vive agora seu momento mais pacífico, sem que investigações apontem para a responsabilização de militares de alta patente pelos fatos que culminaram nos ataques.
 

Apesar de a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) incluir militares graúdos na lista de indiciados, a avaliação é de que a maioria deles tinha ligação direta com o ex-presidente Bolsonaro e as suspeitas estavam relacionadas à atuação deles com o ex-mandatário.
 

A expectativa atual no quartel-general do Exército, segundo generais ouvidos pela Folha, é a de que, com o cenário adverso revertido, a Força consiga se desvencilhar das consequências jurídicas dos processos sobre o 8 de janeiro.
 

O comandante do Exército, Tomás Paiva, agiu diretamente para garantir a estabilidade na caserna.
 

Ele marcou uma série de reuniões com o ministro Alexandre de Moraes, do STF, com o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, com o presidente da CPI do 8 de janeiro, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), e outros políticos. Em todas as investidas, contou com o apoio do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que o auxiliou em alguns contatos.
 

A ofensiva do Exército ocorreu após a caserna ver acumularem notícias sobre as descobertas das suspeitas envolvendo o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e sua família.
 

Os militares se incomodaram que as revelações foram acompanhadas de operações da PF contra militares em dia de celebração do Exército, quando havia comemoração de datas festivas da Força ou anúncio importante para a caserna.
 

A ação de Tomás teve efeito. A PF, por exemplo, adiou uma operação que mirava o general Braga Netto para não coincidir com as festividades do Dia da Independência, em 7 de Setembro, após os apelos feitos pelos militares a Andrei e Moraes.
 

Investigadores ainda decidiram não realizar busca e apreensão contra um general do Alto Comando do Exército, mesmo diante de suspeitas sobre a participação do militar em planos golpistas, segundo relatos feitos à Folha.
 

A operação era considerada certa na PF, com previsão de data para acontecer, mas o planejamento acabou cancelado e as buscas, suspensas.
 

Uma articulação considerada essencial pelo Exército para garantir estabilidade institucional para a corporação foi a de Tomás e de Múcio junto a Moraes. O magistrado foi um dos destinatários das reclamações da caserna das operações da PF contra militares em dias festivos.
 

A proximidade entre os dois vem dos tempos em que Moraes foi ministro da Justiça do governo Temer e precisou lidar de perto com o Exército na segurança e inteligência das Olimpíadas do Rio. Tomás era chefe de gabinete do então comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas.
 

"Tenho um relacionamento há algum tempo já com as Forças Armadas, um relacionamento respeitoso. Acredito na seriedade das Forças Armadas, que, enquanto instituição, não falharam na República", diz Moraes.
 

O ministro rejeita as críticas de que tal proximidade o faça poupar os militares de eventuais punições pelo 8 de janeiro. "De forma alguma. Também tenho uma ótima relação com a Polícia Federal, tenho uma belíssima relação, talvez até mais próxima, com a Polícia Militar, e isso não me impediu, nem impedirá as investigações em relação à Polícia Militar. Como uma boa relação institucional não está impedindo e não impedirá uma investigação séria e correta em relação às Forças Armadas."
 

"Até porque, assim como a Polícia Militar e a Polícia Federal, as Forças Armadas também têm interesse em tirar dos seus quadros aqueles que não defendem a democracia, aqueles que são golpistas", completou Moraes
 

JUSTIÇA MILITAR CONDENA CORONEL A 1 MÊS E 18 DIAS POR VÍDEO
 

Se na Justiça comum, foro designado pelo STF para eventuais processos de militares envolvidos no 8 de janeiro, nenhum fardado foi ainda responsabilizado, na Justiça Militar apenas um oficial foi condenado, e a uma pena branda. O coronel da reserva Adriano Camargo Testoni foi sentenciado a um mês e 18 dias de detenção por publicar vídeo em ofensa a seus superiores hierárquicos.
 

Outros dois casos foram enviados pelo STM (Superior Tribunal Militar) ao Supremo. Um deles investiga o coronel da reserva José Placídio Matias dos Santos, que publicou nas redes sociais que Brasília estava "agitada com a ação dos patriotas" e que seria uma "excelente oportunidade para as FA [Forças Armadas] entrarem em jogo, desta vez do lado certo".
 

Ele também fez ameaças ao ministro da Justiça, Flávio Dino.
 

Em fevereiro, o Ministério Público Militar pediu para não julgar o coronel, sob o argumento de que não se tratava de crimes sob a responsabilidade da Justiça Militar. A solicitação foi inicialmente negada, mas o STM decidiu enviar o processo para o Supremo.
 

Da mesma forma, ficou sob responsabilidade do Supremo uma investigação sobre um tenente-coronel que chefiava o Batalhão da Guarda Presidencial e se tornou suspeito de dificultar a prisão de golpistas dentro do Palácio do Planalto.

 

PF prende homem acusado de fraude bilionária por meio de criptoativos


Por Redação

PF prende homem acusado de fraude bilionária por meio de criptoativos
Foto: Divulgação

A Polícia Federal prendeu, na madrugada deste domingo (7), um operador financeiro com expertise de lavagem de dinheiro por meio de criptoativos do Brasil. O homem, conhecido como “Rei do Cripto” foi detido na área migratória do aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos (SP), quando tentava embarcar em voo com destino à cidade de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.


Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão contra o investigado e sua companheira, tendo em vista que o mandado expedido quando da deflagração da Operação Colossus não foi cumprido em razão de não terem sido localizados no país.


De acordo com a PF, em Dubai, o homem fixou residência a fim de possibilitar a continuidade da prática criminosa de forma a dificultar a atuação das autoridades policiais brasileiras. A prisão ocorreu após dias de monitoramento do investigado pela corporação.


Segundo a investigação, o homem é responsável por diversos atos de lavagem de capitais por meio do recebimento de recursos financeiros de origem ilícita no país e sua disponibilização como criptoativos, tanto no exterior quanto no território nacional, dissimulando e ocultando a origem dos valores mediante sucessivas transações realizadas por diferentes empresas de fachada. Além da prática dos crimes de falsidade ideológica, evasão de divisas, funcionamento irregular de instituição financeira e falsa identidade em operação de câmbio.


A prisão é um desmembramento da investigação iniciada no âmbito da Operação Colossus, quando foi verificado que uma das empresas controladas pelo investigado movimentou, entre os anos de 2017 e 2021, mais de R$ 13 bilhões entre créditos e débitos, sem apresentar registros de emissão de Notas Fiscais compatíveis com a movimentação bancária levantada, além de evidências de operação com dinheiro proveniente de tráfico de drogas e outros crimes.


Ainda, há provas de que, mesmo residindo no exterior, o investigado continua praticando delitos, tendo sido identificada conta bancária pertencente a empresa titularizada por “laranja” e por ele utilizada para o recebimento e transferência de recursos. Com registros de atuação ao longo do último ano, em apenas dez meses a conta bancária por ele utilizada apresentou movimentação bancária superior a R$ 1,4 bilhões.


Nesse contexto, considerando a reiteração delitiva, a gravidade em concreto da conduta e a fixação de residência fora do país sem a comunicação formal às autoridades, foi decretada sua prisão preventiva a fim de resguardar a ordem pública, a instrução criminal e a aplicação da lei penal.

Moraes tomou mais de 6 mil decisões sobre o 8 de janeiro no STF em 2023; 146 novas ações devem ser julgadas até abril


Por Redação

Moraes tomou mais de 6 mil decisões sobre o 8 de janeiro no STF em 2023; 146 novas ações devem ser julgadas até abril
Foto: Carlos Moura / SCO / STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, é o relator das ações ligadas aos atos golpistas do 8 de janeiro na Corte e ao longo de 2023, tomou mais de 6 mil decisões relacionadas ao episódio. 

 

Os números são do relatório elaborado pelo gabinete do ministro, que apresenta um balanço de todas as providências imediatamente adotadas desde a invasão às sedes dos Três Poderes, como a prisão da cúpula da segurança pública no Distrito Federal; o afastamento do governador a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU); a dissolução total dos acampamentos em frente aos quarteis e em quaisquer vias públicas; bloqueios e apuração sobre os ônibus utilizados; além de bloqueios a perfis e canais em redes sociais que continuavam a estimular os atos violentos.

 

Entre as decisões, 255 que autorizaram busca e apreensão em mais de 400 endereços, 350 quebras de sigilo bancário e telemático que levaram a mais de 800 diligências (coleta de provas), além de decisões sobre prisões, liberdades provisórias ou renovação de prisões (cumprindo os requisitos legais que indicam a necessidade de reavaliação das prisões preventivas).

 

Os dados indicam que, no dia 8 de janeiro, foram presas em flagrante 243 pessoas na Praça dos Três Poderes ou nos prédios invadidos. Entre os dias 8 e 9 de janeiro, mais 1.929 pessoas que estavam em frente aos quarteis foram conduzidas à Academia Nacional de Polícia, sendo que 775 foram liberadas no mesmo dia em virtude da idade, por terem filhos melhores ou apresentarem comorbidades. Ficaram detidas 1.397 pessoas, inicialmente, que passaram por audiências de custódia, que envolveram 72 magistrados do TJ-DFT e da Justiça Federal. Após as audiências, o ministro Alexandre de Moraes analisou todos os casos e 459 presos receberam liberdade provisória mediante cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar e outras medidas.

 

Ao longo de 2023, 81 pessoas foram presas em operações policiais a partir das investigações da Polícia Federal. Mensalmente, uma série de prisões passou a ser reavaliada ou liberdades provisórias passaram a ser concedidas mediante cautelares. Em março, por exemplo, foi mantida a prisão de Marcelo Fernandes Lima, que furtou uma réplica da Constituição de 1988 do edifício-sede do tribunal. Já no mês de junho, foi renovada a prisão de Debora Rodrigues, presa em março por ter pichado a Estátua da Justiça com os dizeres “Perdeu Mané”.

 

Os dados indicam que, em dezembro de 2023, 70 pessoas ainda seguiam presas por conta dos atos golpistas, sendo quatro pessoas presas no próprio mês de dezembro.

 

Ao longo do período, foram recebidas 1.345 denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que acusou os envolvidos diretamente nos atos de vandalismo de associação criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; tentativa de golpe de Estado; dano qualificado contra o patrimônio da União; e deterioração de patrimônio tombado.

 

Aqueles que estavam em frente aos quarteis foram acusados de incitação ao crime e associação criminosa. Para estes que cometeram crimes menos graves, a ação penal foi suspensa para que a PGR analisasse a possibilidade excepcional de Acordos de Não Persecução Penal (ANPP). Até o mês de dezembro de 2023, 38 acordos foram homologados com acusados pelos crimes menos graves (aqueles que estavam em frente aos quarteis). Nesses acordos, os réus admitiram os crimes e se comprometeram a pagar multas e a fazer curso sobre a democracia, por exemplo.

 

Em agosto, a PGR denunciou a cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; tentativa de golpe de Estado; dano qualificado contra o patrimônio da União; deterioração de patrimônio tombado; e violação de deveres a eles impostos. A denúncia, para deliberação de abertura ou não de ação penal, deve ser analisada pelo STF na segunda semana do mês de fevereiro de 2024.

 

Das ações penais abertas até dezembro de 2023, 30 pessoas foram julgadas e condenadas pelos crimes mais graves a penas que chegaram a até 17 anos de prisão. Outras 29 ações penais tiveram julgamento iniciado em dezembro e as análises devem ser concluídas após o retorno dos trabalhos do Judiciário, em fevereiro de 2024. Conforme o relatório, outras 146 ações penais já têm data prevista de julgamento em 10 sessões virtuais que acontecerão até o mês de abril de 2024.

PF mira financiadores do 8/1 na Operação Lesa Pátria; Bahia tem 2 mandados de busca e apreensão


Por Redação

PF mira financiadores do 8/1 na Operação Lesa Pátria; Bahia tem 2 mandados de busca e apreensão
Foto: Divulgação PF

A Polícia Federal está realizando na manhã desta segunda-feira (8) a Operação Lesa Pátria, que cumpre 46 mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva. A operação que está na terceira fase está acontecendo na Bahia, Distrito Federal, Tocantins, Minas Gerais, Santa Catarina, Maranhão, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso, Goiás, Paraná e Rondônia.

 

A ação acontece depois da autorização  do Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Ele estabeleceu a indisponibilidade de R$ 40 milhões em bens, ativos e valores dos investigados.

 

"Os fatos investigados constituem, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido", diz a nota da PF sobre a operação. 

 

Em Rondônia, os agentes apreenderam um arsenal em poder de um PM alvo da operação. Segundo os investigadores, as armas são todas registradas.

 

A operação desta segunda surgiu nas quatro frentes de investigação, que foram iniciadas após os ataques de 8 de janeiro.

O sonho de golpe virou um pesadelo para os bolsonaristas

 

em 8 jan, 2024 8:00

Adiberto de SouzA

Hoje está fazendo um ano da fatídica tentativa de golpe concebida por bolsonaristas radicais, insatisfeitos com a vitória nas unas do presidente Lula da Silva (PT). Felizmente, a democracia resistiu aos terroristas, que terminaram presos e processados após depredarem as sedes dos três podres, em Brasília. Diante do fracassado ato golpista, os bolsonaristas se deram conta que o buraco é mais embaixo. Muitos também perceberam, tardiamente, que foram massa de manobra dos fascistas patrocinadores dos acampamentos golpistas instalados em frente aos quartéis do Exército. Os bolsonaristas radicais fantasiados de verde e amarelo viram o nebuloso sonho de um golpe militar se transformar num pesadelo, pois estão respondendo por uma série de crimes, inclusive o de terrorismo. Tomara que a derrocada desses infelizes tenha servido de exemplo a outros tantos idiotas que insistem em desacreditar as urnas eletrônicas e afrontar os poderes constituídos do Brasil, talvez por se acharem mais realistas do que o rei. São uns energúmenos. Misericórdia!

Sob nova direção

Após ter oficializado na Igreja Católica a união de 22 anos com o deputado federal Gustinho Ribeiro (Republicanos), a prefeita de Lagarto, Hilda Ribeiro (SD), se licenciou por 10 dias, entregando a gestão do município ao vice Fábio Frank (SD). A ilustre disse ter certeza que o prefeito interino “exercerá um excelente trabalho e continuará cuidando da nossa cidade”. Ah, o casamento de Gustinho e Hilda foi o evento político deste começo de ano, tendo sido prestigiado, entre outros, pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL), o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, e o governador de Sergipe, Fábio Mitidieri (PSD). Aff Maria!

Cadê a fábrica?

No começo de 2023, o governo de Sergipe anunciou que a empresa Maquigeral iria instalar no estado uma fábrica de mini tratores, num investimento de R$ 116 milhões. Depois, não se falou mais no empreendimento, que deveria gerar cerca de 300 empregos diretos. Alguém sabe informar se as obras de instalação da fábrica já foram iniciadas? Tomara que essa conversa não seja igual àquela ocorrida em 2019, quando empresários prometeram montar em Sergipe uma fábrica de caminhões movidos a gás. Depois de muito lero-lero, os investidores pisaram no freio e não se falou mais no assunto. Marminino!

Trair e coçar…

É estranho ouvir políticos reclamando que foi traído ou que o governo estadual está cheio de ocupantes de cargos em comissão que apoiam a oposição. Ora, e qual é o político que não acende uma vela para Deus e outra para o diabo? Aos indigitados que andam por aí, com anzol nas costas, procurando “traíras”, vale lembrá-los o velho adágio popular: trair e coçar, é só começar. Danôsse!

De braços dados

O ex-governador Jackson Barreto (MDB) e o presidente do União Brasil, André Moura, se uniram em favor da pré-candidatura de Janilson Alves (União) à prefeitura de Santa Rosa de Lima. Durante a festa de filiação do pretendente a prefeito, JB e André nem pareciam aqueles adversários que viviam se bicando. Na campanha eleitoral de 2022, o ex-governador chegou a declarar que não subiria em palanque de corruptos, numa indireta para Moura. Resta saber por quanto tempo vai durar essa união política dos dois. Home vôte!

De olho na Prefeitura

Chamuscada nas últimas eleições, após a derrocada do candidato a governador Valmir de Francisquinho (PL), a direita começa a se organizar para disputar a Prefeitura de Aracaju. A última vez em que os direitistas conquistaram o comando da capital foi em 2012, com o saudoso ex-prefeito João Alves Filho, derrotado por Nogueira ao tentar a reeleição em 2016. Claro que ainda estamos distantes da refrega eleitoral, porém o fato de Edvaldo não poder concorrer, por ter sido reeleito em 2020, aumenta as esperanças de quem sonha em substituí-lo e permite antever que as eleições em Aracaju serão das mais disputadas. Aguardemos, portanto!

Barbas de molho

Comenta-se nas esquinas de Sergipe que a folha corrida de muitos pré-candidatos às prefeituras e câmaras municipais não suporta um rápido olhar jurídico. É só os processos destes camaradas começarem a ser esmiuçados pela Justiça Eleitoral para cair a máscara de muita gente. No momento certo, muitas cabeças vão rolar. E não poderia ser diferente. É preciso expurgar da política aqueles que entraram na vida pública unicamente para meter a mão grande no dinheiro do povo. A estes, aconselha-se colocar as barbas de molho enquanto esperam a hora de a onça beber água. Arre égua!

Sebo nas canelas

O prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) retomou as sessões de fisioterapia visando ficar em forma para participar da 39ª Corrida Cidade de Aracaju 2024. Devendo contar com a participação de oito mil atletas, o evento acontecerá no dia 23 de março próximo, e vai pagar R$ 200 mil em prêmios aos primeiros colocados. A Corrida terá três largadas, sendo que a maior será de 24 quilômetros, entre as cidades de São Cristóvão a Aracaju e faz parte das comemorações pela mudança da capital de Sergipe. Supimpa!

Faturando com a fé

O Brasil tem igreja para todos os gostos e bolsos. A expansão da fé acontece em ritmo intenso no país. Para se ter ideia da força desse negócio da fé, a cada hora surge no país uma nova organização religiosa. Segundo o jornal O Globo, a facilidade para a abertura de novas igrejas, o fortalecimento do movimento neopentecostal e a crise econômica são apontados como motivos que podem explicar tal fenômeno. Aliás, enquanto tiver ingênuos para pagar dízimo, vai ter pastor ficando rico nesse Brasilzão de meu Deus. Só Jesus na causa!

Três a três

Com a posse do suplente de deputado estadual Sérgio Reis (PSD), marcada para ocorrer esta semana, Lagarto passará a ter três representantes na Assembleia. Além do pessedista, também são lagartenses os parlamentares Ibrain de Valmir (PV) e Áurea Ribeiro (Republicanos). Reis substituirá o deputado Jorginho Araújo (PSD), que reassumirá a Secretaria Estadual da Casa Civil. Itabaiana é outro município sergipano que também conta com três deputados estaduais: Luciano Bispo (PSD), Luizão Donatrampi (União) e Marcos Oliveira (PL). Então, tá!

Voo cego

Num artigo sobre a viagem que fez a Canindé do São Francisco, o professor doutor da Universidade Federal de Sergipe, Claudefranklin Monteiro Santos, se queixa da falta de sinalização nas rodovias estaduais: “Estranho como na terra de Marcelo Déda [Simão Dias] não tenha uma placa sequer indicando uma via de acesso para Pinhão, por exemplo (inclusive no retorno). Ou mesmo na principal rótula de Nossa Senhora da Glória, que nos aponte o caminho para Monte Alegre e Poço Redondo ou mesmo Canindé. Nesse sentido, bendito o GPS e também o adágio que diz: “quem tem boca, vai a Roma”. Coitados dos turistas que se aventuram pelas mal cuidadas estradas de Sergipe. Crendeuspai!

INFONET

Não é problema ser de direita. O problema é ser fascista e golpista

  em 8 jan, 2024 3:30 

Blog Cláudio Nunes: a serviço da verdade e da justiça

   “O jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter.” Cláudio Abramo.

Numa democracia é normal o debate entre a direita e a esquerda e suas concepções ideológicas. Porém, no Brasil, querem transformar um atentado a democracia como uma simples manifestação política. Não foi!

O que aconteceu em 08 de fevereiro de 2023 foi um atentado a democracia fora das regras do jogo da Constituição. Os bandidos queriam acabar com o STF, com a democracia e rasgar a Constituição.

Ainda bem que agora começa a se punir alguns empresários terroristas que, ao invés de cuidarem de suas empresas resolveram apostar na baderna e no fim da democracia.

Estes empresários financiadores são nada mais do que criminosos e devem ser punidos. São bandidos!

Por isso é preciso uma punição exemplar, sem Anistia! Do contrário outros fascistas vão achar que têm o direito de tentar novamente um golpe, ameaçar as pessoas e as instituições. Ou seja, praticar um crime.

Não tem anistia para golpistas! Eles não respeitaram a Democracia e a Constituição.

 O ex-ministro do STF, o jurista sergipano Carlos Ayres Britto refletiu muito bem em entrevista ao Correio Brasiliense sobre os atos ocorridos em 08 de fevereiro de 2023, e avaliou que  o ódio ainda está à espreita da democracia:

Não por acaso, o 8 de janeiro é chamado de dia da infâmia, porque foi uma tentativa de golpe de Estado e, ao mesmo tempo, um atentado ao Estado Democrático de Direito. Numa linguagem mais simplificada: um democraticídio. Entendo que ali houve uma orquestração, uma mentalização, algo concebido, premeditado, financiado, orquestrado e perpetrado, tudo sequenciadamente contra a democracia brasileira em última análise. Porque a democracia é o princípio dos princípios da Constituição de 1988. É o único princípio subjetivamente falando. O único princípio continente. A Constituição é a lei das leis. Formalmente, é o princípio continente, tudo é conteúdo da Constituição no sentido de que as leis, os decretos, os regulamentos, as medidas provisórias, todos os atos normativos se dão à luz da Constituição. Substantivamente, o princípio dos princípios desta Constituição de 1988 é a democracia. Liberdade de imprensa: princípio constitucional, conteúdo da democracia; liberdade de expressão: princípio constitucional, conteúdo do princípio continente da democracia. Diga-se mesmo: separação dos Poderes; inviolabilidade parlamentar por opiniões palavras e votos; a própria República, a própria Federação. Tudo conteúdo do princípio continente, desse invólucro de tudo que se chama democracia. O que aconteceu, portanto, foi um atentado à democracia.”

 Enquanto isso nas redes sociais em Sergipe: “Eu sou o (a) único (a) do país, eu posso, eu faço.” Menos, menos porque a queda é alta mesmo usando lexotan diariamente...

 

 O “anjo” Gabriel “Operador” E no período natalino, quando estava num curto período de férias, o titular deste espaço foi informado, através de dados concretos, que um parlamentar de Sergipe tem um “anjo” Gabriel “operador”. Tudo será acompanhado, na “sombra”, é lógico.

Ex-deputado federal Jerônimo Reis passou por cirurgia Na madrugada da última sexta-feira, 05, o ex-prefeito de Lagarto passou por uma cirurgia para retirada de nódulos do pâncreas decorrentes de uma pancreatite. A cirurgia foi bem sucedida e ele agora está na UTI, como prevê o protocolo médico.

Mensagens e orações A família Reis, por meio de nota divulgada pelo secretário Sérgio Reis, agradeceu pelas orações e mensagens de carinho. Fica aqui nosso imenso desejo pelo pronto restabelecimento da saúde do ex-prefeito de Lagarto Jerônimo Reis.

Carmópolis Na última quarta-feira, 04, o governador Fábio Mitidieri esteve em Carmópolis, visitando a obra de revitalização do Parque das Mangueiras e o espaço Monte Carmelo, dedicado a Nossa Senhora do Carmo, atingido por fortes ventos no último dia 20. O Parque das Mangueiras é um importante polo de lazer, cultura e práticas de esportes da região que terá ordem de serviço para reforma ainda este mês.

Turismo e emprego “Iremos reformar o balneário, promovendo turismo e emprego. Assim como estivemos fiscalizando a reforma do Complexo Turístico Religioso, que possui emenda do meu mandato como deputado federal, o Monte Carmelo conta com o apoio do governo para a reconstrução da imagem de Nossa Senhora do Carmo”.

Santa Rosa de Lima: André Moura promove filiação de Janilson Alves ao União Brasil O ex-deputado federal André Moura, presidente do União Brasil em Sergipe, conduziu a filiação de Janilson Alves, expressiva liderança política local e pré-candidato a prefeito em Santa Rosa de Lima. Este movimento visa fortalecer o partido para as eleições municipais deste ano na cidade.

Somação de forças Para André Moura, a adesão de Janilson Alves é crucial para construir o futuro político do município. “Hoje, concretizamos a filiação de Janilson, somando forças importantes, em um momento de união para fortalecer nossa voz e construir uma Santa Rosa de Lima mais justa e progressista”, destacou.

Lideranças O evento de filiação contou com a participação expressiva da população, vereadores e líderes locais e regionais, incluindo o prefeito de Siriri, Zé Rosa, acompanhado de vereadores do município, o ex-governador Jackson Barreto, o prefeito de Rosário do Catete, César Rezende, junto com vereadores, o vice-prefeito de Aparecida, Edson, Thalles Costa com vereadores de Moita Bonita, Franci de Showrica ao lado de vereadores de Divina Pastora, o ex-prefeito de Riachuelo, Aldé Leite, além de Julinho Leite, pré-candidato a prefeito de Riachuelo pelo União Brasil.

Laranjeiras: 49º Encontro Cultural foi mais um sucesso de interação e de público Aberto oficialmente na sexta-feira, a 49ª edição do Encontro Cultural foi um sucesso de interação na parte de interação e debate cultural, como também no tradicional cortejo cultura e shows realizados com uma altíssima participação dos sergipanos e turistas de todo o país. Por lá passaram também diversas autoridades, além do prefeito,  Juca, o governador Fábio Mitidieri, Secretário de Estado do Turismo, Marcos Franco, do presidente da Assembleia Legislativa, Jeferson Andrade, entre outros.

Cultura viva “O Encontro Cultural de Laranjeiras é um evento muito importante para mantermos vivas a cultura, a tradição e a identidade do nosso povo. Somente em Laranjeiras, existem quase 30 grupos folclóricos que preservam até hoje as raízes da nossa gente. Portanto, enquanto gestores, só temos que incentivar e investir. É uma riqueza imensurável”, disse Juca.

Cinquentário no próximo ano O presidente da Assembleia Legislativa destacou a riqueza cultural de Laranjeiras. É lindo de se ver tanta riqueza cultural neste município que é o berço da cultura sergipana. No próximo ano, iremos comemorar o cinquentenário deste evento tão grandioso, que movimenta toda a região do vale do Cotinguiba e outras de Sergipe. É uma honra estar ao lado do prefeito Juca e de tantas autoridades aqui presentes para celebrar o maior encontro de cultura do Brasil”, ressaltou Jeferson Andrade.

Referência “Laranjeiras é sempre um município-referência para a cultura sergipana. Por isso, o estado não pode deixar de apoiar esse grande evento que enaltece o nosso povo e a nossa história. Em 2025, vamos estar aqui novamente para celebrar os 50 anos do encontro cultural, junto com os sabedores e fazedores da cultura popular”, reforçou Fábio Mitidieri.

Parceria com consórcio público para a coleta seletiva Através de mais uma importante parceria da prefeitura de Laranjeiras/SE, através da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Consórcio Público da Grande Aracaju, Associação de Agentes da Reciclagem de Laranjeiras, foi desenvolvida uma grande força tarefa, com a coleta seletiva de materiais recicláveis, durante os dias de festa no Encontro Cultural de Laranjeiras. O trabalho consistiu em recolher pelas ruas históricas do município, e na Praça de Eventos, todos os tipos de materiais recicláveis possíveis para sua comercialização e reaproveitamento, que foram gerados durante os dias do Encontro Cultural.

Renda extra De acordo com o superintendente do CONSBAJU, Evaldino Calazans, o trabalho de coleta seletiva durante grandes eventos, nao só ajuda na limpeza da cidade como também, gera uma renda extra para as famílias que participam da associação local. Calazans informou ainda, que a associação recebeu fardamentos novos e equipamentos de proteção individual, que ajudam bastante, tanto na identificação da equipe, como também da segurança e proteção no trabalho desenvolvido.

Atuação A prefeitura de Laranjeiras, compreendeu a dimensão e a importância da coleta seletiva no Encontro Cultural, principalmente porque, caso não houvesse uma ação desse porte, todo material reciclável iria parar em aterros sanitários, diminuindo a vida útil dos aterros. A associação de Agentes da Reciclagem de Laranjeiras já atua no município desde 2021, e conta com o apoio da gestão municipal, tendo suporte do Consórcio Público da Grande Aracaju e vem se fortalecendo com novas formas de atuação.

Expectativa 2024 já começa em clima de preparação e expectativa para o Sindicato das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas e das Empresas de Serviços Contábeis do Estado de Sergipe. O SESCAP/SE vai realizar a Convenção Estadual das Empresas de Serviços Contábeis, Auditorias e Perícias do Estado de Sergipe (COESCAP), no próximo dia 19 de janeiro. O evento será realizado no Centro de Convenções AM Malls, em Aracaju. 14 palestrantes estão confirmados para uma verdadeira imersão no setor da Contabilidade, com debates relacionados à tecnologia, comunicação ambiental, BPO Financeiro, produtividade e o futuro do setor.

Del Mar Hotel Aracaju: 1ª Edição do Sergipe Vinho Show em janeiro nos dias 12 e 13  A expectativa é grande para a 1ª Edição do Sergipe Vinho Show, evento que será realizado nos dias 12 e 13 de Janeiro de 2024 no Del Mar Hotel, em Aracaju, das 17h às 22h. Além da degustação de rótulos de vinhos premiados no mercado, o evento terá uma feira, palestras e workshops. A feira de vinhos conta degustação em estandes de  produtores, importadores e distribuidores de vinhos, além das vendas de uma variedade de rótulos. O ingresso da direito a uma taça de cristal personalizada do evento para degustação dos rótulos disponíveis. Garanta seu ingresso no Sympla aqui. A realização é do Clube Gourmet da Bahia com o patrocínio da Abrasel, Del Mar Hotel e Santo Vinho Wine Bar.

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Saiba por que no Brasil ninguém é mestiço, uma “carapuça racial” bem dispensável

Publicado em 7 de janeiro de 2024 por Tribuna da Internet

Escravidão Indígena no Brasil: características e por que não deu certo

Na colônia, o indígena era considerado “negro da terra”

Muniz Sodré
Folha

Segundo a mais confiável fonte de dados primários do país, a maioria da população brasileira é parda. O IBGE falou, está falado. Mas cabe uma ressalva sobre certa recepção pública desse achado. É que da palavra pardo se deduziu mestiço (do latim “mixticius”, misturado). Em termos etnológicos, a mistura seria combinar duas etnias. Dentro dessa lógica, se um louro dolicocéfalo alemão se casa com uma morena francesa, o filho será mestiço. O mesmo acontece com uma japonesa e um chinês. E, claro, uma ruandesa hutu com um tutsi.

Mas pode não ser nada disso. Troque-se o critério de etnia por cor da pele, o filho da francesa será branco europeu, o da japonesa branco asiático, e o da hutu, de cor preta, também não será considerado mestiço. Para dar credibilidade à mestiçagem, é preciso primeiro acreditar em raça, depois na realidade humana da mistura. Por isso, na prática, aquele nipo-chinês seria considerado mestiço tanto por japoneses como por chineses: predominaria a ilusão da raça, não a evidência da cor.

No paradigma colonial de branquitude, todo desvio desse padrão reprodutivo significa mestiçagem. Nos EUA, pode-se ser branquíssimo, mas uma “gota de sangue negra” (leia-se parentesco afro) produz o “half bred”, mestiço.

CLASSIFICAÇÃO FAKE – Como sangue nenhum tem cor além da vermelha, fica evidente que essa classificação é fake, manipulação de raça como categoria ideológica de dominação social.

A intelectualidade latino-americana embarcou na canoa da originalidade étnica, com prolíficas reflexões para-literárias. Entre nós, o luso-tropicalismo de Gilberto Freyre outorga à mestiçagem um singular estatuto civilizatório.

Razão: “Uma poligamia suavemente disfarçada, que teria obtido a aprovação de especialistas em eugenia, pois os pais, em muitos casos, eram homens de primeira qualidade”. Logo, “uma escravidão desse tipo foi útil ao desenvolvimento social no Brasil” (em “Escravidão, monarquia e o Brasil moderno”).

AQUI NO BRASIL – Respaldado pela biologia de machos brancos, o mestiço justificaria a própria escravidão. Aos pretos, caberia extinção progressiva. Mas esse desejo de morte, genocida, foi vencido pela vontade vital: dez por cento declaram-se negros, a maioria se diz parda, gradação cromática que não resulta de “raças” mescladas, e sim da força latente de uma diversidade a fogo brando, imperturbada pelo Estado.

Na Colônia, indígena era “negro da terra”. Não por cor, por categorização. Hoje, negro é pertencimento político-existencial, embasado num fenótipo que varia do mais ao menos escuro, dito pardo. É categoria de biopoder, designativa de um lugar móvel na luta contra a dominação da farsa histórica da raça. O que de fato somos todos: fenotipicamente diversos. Mestiço é uma carapuça racial, matizada por meio-sorriso literário.


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