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quinta-feira, setembro 08, 2022

Não é só Bolsonaro




Eleição vira referendo sobre o horror, e assuntos essenciais somem do debate

Por Vinicius Torres Freire 

A possibilidade de reeleição dá ao voto um caráter de referendo do primeiro mandato de presidentes. Quando está em causa a recondução de um Jair Bolsonaro (PL), trata-se também de referendar ou não a demolição da democracia e da civilidade, uma decisão mais extrema e que relega outros assuntos à periferia do debate.

Dado que o desafiante principal é Lula da Silva, o voto tem ainda algo de júri sobre o histórico político e judicial do petista. Graças à depravação bolsonarista, também ocupam o centro da conversa assuntos como "Deus, pátria e família", outras guerras culturais e ficções como a "ameaça comunista".

Debates econômicos à vera raramente são assunto de campanha eleitoral. Neste ambiente depravado, desapareceram até da conversa de círculos mais esclarecidos. No transe piorado em que vivemos desde 2013, temos adiado "sine die" a lida com a nossa situação crítica.

Não quer dizer que tudo vá explodir já em 2023. Países definham por vezes durante décadas, basta observar a vizinhança.

No ano que vem temos outro encontro marcado com um ajuste de contas, literalmente. Podemos faltar ao encontro ou à consulta, fingindo que não temos males econômicos graves e esperar de modo fantasista que eles passem, com o que a doença pode se tornar crítica e fatal também para a democracia.

Um exemplo. No ano que vem, ou deve cair o que sobra do teto de gastos ou resta a alternativa política e socialmente inviável de um ajuste de gastos draconiano imediato.

Os economistas Braulio Borges e Manoel Pires publicaram na "Conjuntura Econômica" uma estimativa do aumento possível do déficit. Dá 4,2% do PIB, cerca de R$ 430 bilhões, o equivalente a mais de um quinto de toda a presente despesa federal. Mais precisamente, é uma estimativa de risco de déficit adicional, que pode ocorrer ou não, a depender de decisões políticas e peripécias da economia mundial, entre outras.

Entram na conta a prorrogação do auxílio de R$ 600, reduções de impostos (sobre energia ou a loucura do reajuste da tabela do IR), reajuste de servidores, menos receita com commodities, esqueletos dos precatórios, mais despesa com a máquina e investimento públicos, ora abaixo do nível crítico, mais gasto com juros etc.

Vários economistas, como Nelson Barbosa, ministro da Fazenda de Dilma Rousseff, além de Borges e Pires, mas não só, sugerem que 2023 seja um ano de licença comedida para gastar, "waiver" (dispensa, licença) necessário enquanto se inventa nova maneira de evitar o crescimento sem limite da dívida pública —uma variante mais racional do teto de gastos.

Não vai ser bom, mas deve ser inevitável. Mas pode ser um desastre se os credores ("o mercado") avaliarem que se trata de mera enrolação. Ou se não for adotado também um programa imediato de mudança profunda, tocado por gente capaz e com apoio político, "reformas", com ou sem aspas, que altere a tributação, as prioridades orçamentárias ou que eleve a receita do governo, por exemplo. Isso vai doer e vai dar em conflito entre perdedores e ganhadores. Facilitar o investimento privado e usar o pouco de investimento público de modo mais esperto também ajuda e dói menos ou nada.

É possível também empurrar tudo com a barriga e esperar que outro quadriênio de crescimento a 1,4% ao ano não redunde em reanimação de projetos autoritários. Ou nos acostumarmos à estabilidade pantanosa da pobreza contínua com violência social ou criminal crônica e degradações adicionais.

Quem sabe o debate comece assim que se saiba do resultado da eleição, ao menos. Seja lá o que sair das urnas, não há a menor possibilidade que os "bons tempos" tenham voltado, sem mais. 

Folha de São Paulo

Petróleo desaba no exterior com risco de desaceleração da China




Os preços do petróleo no mercado internacional registram forte baixa nesta quarta-feira (7), com dados da economia chinesa renovando os temores dos investidores sobre o risco de desaceleração e possível recessão econômica global nos próximos meses.

Os preços do barril do tipo Brent oscilavam em baixa de 4,5% por volta das 14h35, a US$ 88,62 (R$ 462,79), renovando as mínimas desde o final de janeiro, antes da invasão da Ucrânia pela Rússia.

Dados da balança comercial do gigante asiático vieram significativamente abaixo das previsões, com o impacto negativo do aumento da inflação para a demanda no exterior, ao mesmo tempo em que o país voltou a conviver com novas restrições por causa da Covid-19 e com ondas de calor que interromperam a produção.

Os números divulgados nesta quinta mostraram que as importações de petróleo pela China caíram 9,4% em agosto em relação ao ano anterior, com a extensão das restrições de mobilidade por causa da pandemia, reduzindo a demanda por combustível.

Em termos consolidados, as importações chinesas cresceram apenas 0,3% em agosto, de 2,3% no mês anterior, e bem abaixo do aumento previsto de 1,1%. Tanto as importações quanto as exportações cresceram no ritmo mais lento em quatro meses.

Já as exportações aumentaram 7,1% em agosto em relação ao mesmo período do ano anterior, reduzindo o ritmo ante a alta de 18% em julho, mostraram dados oficiais nesta quarta-feira. Analistas esperavam um crescimento de 12,8%.

INVESTIDORES VEEM MANIFESTAÇÕES DE 7 DE SETEMBRO DENTRO DAS EXPECTATIVAS

Na contramão dos preços do petróleo no dia, os ADRs (American Depositary Receipts) da Petrobras, que chegaram a cair mais de 2% no início da sessão, inverteram de tendência e passaram a operar em leve alta -registravam valorização de 0,15% no início da tarde.

Os ADRs são recibos de ações negociados nas Bolsas americanas vinculados aos papéis das empresas cotados na B3, que ficam sujeitos ao humor dos investidores em relação aos ativos em dia de feriado no Brasil.

Já o índice de mercado EWZ, que acompanha as ações brasileiras e é cotado no exterior com base na carteira teórica do MSCI Brasil, registrava alta de 0,6%.

A percepção de agentes do mercado ouvidos pela Folha até aqui é a de que as declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL) e as manifestações não trouxeram um fato novo com peso suficiente para trazer algum impacto mais negativo para os preços dos ativos no mercado brasileiro.

“Me parece que foi ok, sem nenhum rompante de nenhum lado, sem nada muito sério. Acho que a novidade é que não teve nenhum problema, já que muita gente tinha a expectativa de que aconteceria algum problema neste 7 de Setembro, e acabou não acontecendo, pelo menos até agora”, diz Luiz Fernando Figueiredo, CEO da gestora Mauá Capital.

“Do ponto de vista mercado, todas as vezes que as coisas ruins não acontecem, acaba sendo bom, então acho que é um motivo para o mercado ficar um pouco mais tranquilo na abertura de amanhã [quinta, 8]”, acrescenta o ex-diretor do BC (Banco Central).

“Pelo que estou acompanhando, não teve nada de diferente. Mais do mesmo. O mercado já chegou a discutir como risco algum tipo de ruptura institucional. Mas a percepção é que essa probabilidade tem diminuído”, endossa Rafael Ihara, sócio e economista-chefe da Meraki Capital.

Leandro Saliba, sócio da gestora mineira AF Invest, interpreta as manifestações de maneira mais positiva. Ele diz que o tamanho das manifestações deve ser bem recebido pelo mercado, pela perspectiva de uma condução econômica de caráter mais liberal em um cenário de reeleição.

“Em Belo Horizonte, o desfile e a Praça da Liberdade estavam completamente lotados pelas famílias de verde e amarelo. Acredito que a repercussão será positiva para o mercado”, diz Saliba.

Economista-chefe da corretora Necton, André Perfeito também não vê nas manifestações observadas até agora algo que possa alterar de maneira relevante o sentimento dos investidores em relação ao desempenho do mercado.

“Acho que não teremos nenhum grande ruído, nem para cima nem para baixo, a não ser que a gente tenha algo muito exótico, no sentido de o Bolsonaro sugerir algum tipo de ruptura democrática”, afirma Perfeito,

“Se o presidente esticar demais a corda, podemos ter um evento político novo, mas não acho que isso vai acontecer”, diz o economista.

Ele acrescenta que os movimentos do mercado local devem seguir sob maior influência dos fatores macroeconômicos da economia global.

A própria alta das ações brasileiras no exterior vem na esteira da valorização das principais Bolsas americanas nesta quarta -o S&P 500 avançava 1,1%, o Dow Jones tinha ganhos de 1,2%, e o Nasdaq subia 1,5%.

A perspectiva de desaceleração da economia global contribui para um cenário de menor necessidade de aumento dos juros, com um horizonte que passa a se desenhar mais favorável para as ações de empresas negociadas nas Bolsas, diz o economista da Necton.

POR LUCAS BOMBANA

Reuters / FolhaPress / Daynews

Brasil tem muito a celebrar no Bicentenário - Editorial




Apropriação do 7 de Setembro pelo bolsonarismo não pode eclipsar as conquistas do país em 200 anos

A celebração do Bicentenário da Independência marcada para hoje contará com uma montagem cênica do grito de Dom Pedro I no Parque da Independência, no bairro do Ipiranga, em São Paulo, perto de onde ele deu o grito de “independência ou morte” há 200 anos, ao lado do museu recém-reformado. No Rio, a comemoração da efeméride deverá ocorrer perto do Forte de Copacabana. Em várias outras capitais e cidades brasileiras estão previstas homenagens. Mesmo considerando todas as festividades, o conjunto ficará aquém do que deveria.

O principal motivo é a apropriação do 7 de Setembro e das cores da bandeira por uma facção política, o bolsonarismo, que afastou a maioria da população. Num eco dos atos golpistas que promoveu na data nacional no ano passado, o presidente Jair Bolsonaro convocou para hoje uma série de manifestações de sua campanha à reeleição, com a indefectível “motociata” e todo o kit que mobiliza seu eleitorado mais fanático (a novidade será uma “jet skiata” em Copacabana). Diante do perfil belicoso e do culto às armas entre os bolsonaristas, o simples temor de confrontos e atos violentos contribui para manchar uma data em que, apesar de tudo, o país tem muito a celebrar.

Os 200 anos de uma nação como o Brasil merecem exaltação. Em 1822, éramos 4,7 milhões concentrados numa pequena faixa de terra junto ao litoral. Hoje a população gira em torno de 215 milhões, a quinta maior do mundo, espalhada por todos os pontos do território nacional. Em dois séculos, o país evitou o esfacelamento dos vizinhos da América Latina, acabou com a injustiça e a vergonha da escravidão, hospedou milhões de imigrantes de todos os continentes, integrou-se com base no idioma comum herdado dos portugueses, enriquecido com as contribuições milionárias africana, indígena e tantas outras. Construiu uma cultura própria, admirada no mundo todo, de excelência reconhecida em todos os campos artísticos, para não falar no futebol e nos esportes.

Integrar um país de dimensão continental não foi tarefa simples. Até o começo dos anos 1970, nas viagens entre as capitais do Sudeste e do Sul, os veículos eram obrigados a trafegar pela praia. Grandes investimentos em infraestrutura ligaram todos os pontos do país, garantiram a produção de eletricidade limpa, serviram de base à expansão da indústria. Ao mesmo tempo que se tornava uma potência agrícola, o país foi paulatinamente deixando de ser rural.

Hoje o Brasil está entre as dez maiores economias do mundo. Tem empresas que constroem aviões, motores elétricos, explora petróleo, fabrica carros e domina dezenas de setores de negócios. Somos os maiores exportadores mundiais de soja, café, suco de laranja, açúcar, carne de frango e bovina. Em milho, o terceiro, em carne suína, o quarto. Toda essa atividade econômica foi lastreada por investimentos pesados em pesquisa. Sete das dez melhores universidades da América Latina estão no Brasil, segundo levantamento recente da revista Times Higher Education.

Problemas que pareciam insolúveis, como hiperinflação e dívida externa, ficaram para trás. Outros que pareciam prestes a ser resolvidos, como fome e desmatamento, infelizmente voltaram. É evidente que os desafios para os próximos 200 anos são gigantescos. O mais urgente é construir um consenso político que permita ao país voltar a crescer de modo sustentável, capaz de gerar riqueza para toda a população. É a melhor resposta para combater pobreza e desigualdade. Muito já foi feito para aprimorar as áreas de educação e saúde, mas muito mais resta por fazer.

Num país em que o arcabouço institucional ainda deixa a desejar e em que o capital ainda é insuficiente para os investimentos necessários ao crescimento, vencer tais desafios passará inevitavelmente pela redefinição do papel do Estado, hoje tomado de assalto por grupos de interesse específicos que precisam ser combatidos. A melhor forma de garantir o consenso necessário para isso é a democracia, uma conquista de poucas décadas apenas.

Ao contrário do que imaginam aqueles que tentam solapá-la com o discurso fácil, infantil e sedutor dos salvadores da pátria, não há atalhos. Divergências são intrínsecas à política. É apenas com o diálogo, o confronto de ideias e a disputa pelo voto que a sociedade brasileira conseguirá superá-las para obter novas conquistas. E só assim chegará mais perto da meta tão bem descrita nas palavras célebres de Dom Pedro I: “o bem de todos e a felicidade geral da nação”.

O Globo

Economia do Brasil está mesmo 'pujante' como disse Bolsonaro no 7 de setembro?




O presidente Bolsonaro e a primeira-dama do Brasil, Michelle, participam do desfile de 7 de Setembro de 2022

Em seu discurso durante o desfile de 7 de setembro em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou a economia brasileira como "pujante".

"Quando parecia que tudo estaria perdido para o mundo, eis que o Brasil ressurge com uma economia pujante, com uma gasolina das mais baratas do mundo, com um dos programas sociais mais abrangentes do mundo, que é o Auxílio Brasil", disse o candidato à reeleição.

"Com recorde de criação de empregos, com inflação despencando e com um povo maravilhoso, entendendo onde o seu país poderá chegar", continuou.

Mas, afinal, a economia do Brasil está mesmo tão bem quando o presidente afirmou?

Crescimento econômico

Em termos de desempenho econômico, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,2% no segundo trimestre de 2022 em relação ao trimestre anterior, acima das expectativas dos economistas, que era de uma alta de 0,9%.

Na comparação anual, a alta do PIB (Produto Interno Bruto) foi de 3,2%, segundo divulgou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no início do mês.

Com esse resultado no segundo trimestre, o Brasil ocupa o 7º lugar dentro de um ranking de 26 países, segundo levantamento elaborado pela agência de classificação de risco Austin Rating.

Na lista, o país fica a frente de nações como Estados Unidos (24°), Canadá (23°), Reino Unido (20°) e Alemanha (19°), mas atrás de Holanda (1°), Turquia (2°), Arábia Saudita (3°), Israel (4°), Colômbia (5°) e Suécia (6°).

Em termos de previsões futuras, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê crescimento de 1,7% para o PIB brasileiro em todo o ano de 2022, segundo dados de julho.

Esse recorte coloca o Brasil na 16ª posição entre os países do G20, em termos de projeção de crescimento.


Gasolina

'As variáveis que influenciam de forma mais robusta o preço da gasolina no Brasil atualmente são o preço do barril de petróleo no mercado internacional e a taxa de câmbio'

Em seu discurso, Bolsonaro afirmou que o Brasil tem "uma gasolina das mais baratas do mundo".

De acordo com o ranking de 168 países elaborado semanalmente pela consultoria Global Petrol Prices, o Brasil tem atualmente a 36ª gasolina mais barata.

A empresa considera o valor médio do litro de gasolina em dólares e comparou os dados mais recentes de todos os países até 5 de setembro.

Segundo a consultoria, a média do litro no Brasil está em US$ 1,019. Para efeito de comparação, o país onde o combustível alcança seu valor mais baixo atualmente é a Venezuela, a US$ 0,022, e o mais alto Hong Kong, a US$ 2,967.

A Global Petrol Prices explica que as diferenças entre os valores do litro da gasolina nas diferentes nações em seu ranking devem-se a vários tipos de impostos e subsídios para o combustível.

Pedro Rodrigues, sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), explica que as variáveis que influenciam de forma mais robusta o preço da gasolina no Brasil atualmente são o preço do barril de petróleo no mercado internacional e a taxa de câmbio, já que a commodity é cotada em dólares.

Mas além dos preços no mercado internacional, existem outros fatores que podem influenciar o preço dos combustíveis, ainda que de maneira mais sutil.

Segundo Rodrigues, vale citar os tributos — tais como PIS/Cofins e ICM — e o percentual de mistura do etanol na gasolina.

É justamente a política tributária do governo brasileiro, somada ao real em valorização frente ao dólar, que está fazendo com que o preço caia mais no Brasil do que em outros países.

"Além de ter a queda no preço global do petróleo, o Brasil aplicou uma política que reduziu ainda mais a alíquota tributária, reduzindo também o preço final dos combustíveis. Por isso que, em termos percentuais, o preço por aqui caiu mais que em outros países", explica o sócio-diretor do CBIE.

Desemprego

'Brasil registrou, no mês de julho, um estoque de 42,2 milhões de empregos formais'

O presidente também citou um "recorde de criação de empregos".

O país registrou, no mês de julho, um estoque de 42,2 milhões de empregos formais. Os dados divulgados pelo Ministério do Trabalho mostram que esse valor é o recorde da série histórica do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

Segundo o Ministério do Trabalho, o estoque de empregos formais é o número total de vínculos com carteira assinada ativos contabilizados a partir da declaração do Novo Caged. Esses números não incluem servidores públicos e trabalhadores autônomos mesmo com CNPJ.

Em termos de novos empregos, o Brasil criou 218,9 mil empregos com carteira assinada no mês e 1,6 milhão de vagas de emprego formal de janeiro a julho de 2022.

Já segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada no final de agosto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação caiu para 9,1% no trimestre encerrado em julho, o que representa uma queda de 1,4 ponto percentual na comparação com o trimestre terminado em abril. O índice se igualou com o menor da série desde dezembro de 2015.

Inflação

Já quando se trata da queda da inflação, na variação mensal de junho para julho, o Brasil registrou uma deflação de 0,68% no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), segundo o IBGE.

A queda aconteceu, porém, após seguidos aumentos nos níveis de inflação. No acumulado dos últimos 12 meses, por exemplo, a inflação no país é de 10,07%, mesmo com a queda registrada em julho.

'PIB brasileiro cresceu 1% no primeiro trimestre de 2022'

Nesse recorte, o Brasil apresenta a 4ª maior taxa de inflação entre os países do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo, segundo dados do início de agosto da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

No grupo, o país só perde para a Turquia, que acumula inflação de 79,6% nos últimos 12 meses, e para a Argentina e Rússia, com taxas de 71% e 16,7%, respectivamente.

Inflação nos países do G20. Índice de preços ao consumidor acumulado em 12 meses nos países até julho, em %*. *Ou até o dado mais recente informado ou projetado para o país .

Quando considerada a inflação geral do G20 nos últimos 12 meses, de 9,25%, a taxa brasileira também é superior.

Já em termos de previsões futuras, o Boletim Focus divulgado na segunda-feira (05/09) mostrou continuidade do movimento de melhora das expectativas de inflação para este e o próximo ano.

Para 2022, a estimativa para alta do IPCA — índice de inflação oficial — foi reduzida pela 10ª semana seguida, de 6,70% para 6,61%. Há um mês, a projeção era de 7,11%.

Em relação a 2023, a mediana recuou pela terceira semana consecutiva, de 5,30% para 5,27%, contra 5,36% quatro semanas antes.

As taxas continuam indicando, porém, que o Banco Central (BC) deve estourar por três anos consecutivos sua meta, após o descumprimento já observado em 2021, com o IPCA de 10,06%.

O alvo para 2022 é de 3,50%, com tolerância superior de até 5,00%, enquanto, para 2023, a meta é de 3,25%, com banda até 4,75%.

BBC Brasil

O que é o 'episódio triplo' de La Niña que preocupa a ONU




O prolongamento do La Niña agravará a seca no Chifre da África, que ameaça a subsistência de cerca de 18 milhões de pessoas, alerta a OMM

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) alertou que existe o risco de 2022 ter o terceiro episódio consecutivo do fenômeno climático La Niña.

A agência meteorológica da Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que há 70% de probabilidade de que esse fenômeno continue durante os meses de setembro e novembro deste ano.

Se isso acontecer, será a primeira vez neste século que há um "episódio triplo" do La Niña.

O fenômeno climático atual teve início em setembro de 2020.

Se durar até o final do ano, atingirá três invernos consecutivos, razão pela qual é considerado um "episódio triplo".

A OMM também estimou que há 55% de chance de que o La Niña continue até fevereiro de 2023.

O que é a La Niña?

Os fenômenos La Niña e El Niño são as duas fases opostas do mesmo padrão climático, conhecido entre os cientistas como El Niño-Oscilação Sul (Enso).

O Enso é um fenômeno natural em que a temperatura superficial no Oceano Pacífico, próximo da Linha do Equador, se altera. E isso tem consequências importantes para o clima ao redor do planeta.

O El Niño é a fase quente e geralmente aparece primeiro.

Ele ocorre quando as condições de pressão do ar mudam, enfraquecendo os ventos alísios no Hemisfério Sul do Pacífico.

Assim são conhecidos os ventos que costumam soprar de leste a oeste naquele oceano, desde regiões subtropicais de alta pressão até zonas equatoriais de baixa pressão.

O que acontece no El Niño


Os ventos alísios transportam águas superficiais quentes da zona equatorial da costa da América do Sul em direção à Ásia, do outro lado do Pacífico.

Isso faz com que as águas das profundezas, que são mais frias, subam em direção à superfície.

Mas quando esses ventos enfraquecem, ou sopram na direção oposta, eles carregam água quente do Sudeste Asiático para a América do Sul.

O La Niña é justamente o oposto: quando os ventos alísios são muito fortes, a subida das águas frias profundas é acelerada e a temperatura do mar cai abaixo do normal.

É por isso que o La Niña é considerado a fase fria do fenômeno.

O que acontece no La Niña

Geralmente, entre as duas fases, há um período conhecido como "zona neutra", em que nenhum dos dois eventos são notavelmente ativos e as temperaturas ficam na média.

O climatologista Alfredo Alpio Costa, especialista em mudanças climáticas do Instituto Antártico Argentino, explica que o Enso é bem irregular. Os ciclos de início do El Niño e o término do La Niña podem demorar entre dois e sete anos.

Mas esses dois fenômenos nem sempre se alternam de forma regular. Às vezes, como está acontecendo agora, apenas uma das fases se repete várias vezes, sem que o oposto apareça.

"Faz muitas décadas que não vemos três Las Niñas consecutivos", observa o especialista.

As consequências

Costa destaca que o Enso gera impacto em grande parte do mundo porque "a extensão do Oceano Pacífico equatorial é tão vasta que acaba afetando os padrões climáticos em escala global".

Sobre o La Niña, ele afirma que o evento provoca mudanças nas Américas, na Ásia, na África e na Oceania, "mas não tanto na Europa", onde o clima é afetado por outros fatores meteorológicos.

"Os efeitos do La Niña no mundo são muito variados: no leste da Argentina, no sul do Brasil e no Uruguai, produz seca", detalha.

"Porém, no nordeste do Brasil, no norte da Austrália e no sudeste da Ásia é o oposto, com aumento das chuvas. E partes de China, Índia e Japão, além do oeste do Canadá e sul do Alasca (EUA) acabam afetadas por temperaturas mais baixas do que o esperado", diz.

"A África Oriental também é atingida pela seca", alerta.

Num relatório sobre "o primeiro episódio triplo de La Niña deste século", o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, destacou o impacto que o fenômeno terá neste continente.

"Infelizmente, os dados mais recentes sobre o La Niña confirmam projeções climáticas regionais que apontavam para um agravamento da devastadora seca no Chifre da África, cujas consequências afetarão milhões de pessoas", escreve.

Estima-se que 18 milhões de indivíduos enfrentam fome severa como resultado da pior seca da região em 40 anos.

'O Chifre da África está passando pela pior seca em 40 anos'

Mudança climática?

A ONU esclarece que o Enso não é causado pelas mudanças climáticas.

"Trata-se de um fenômeno natural recorrente que vem acontecendo há milhares de anos", diz a agência.

No entanto, ela destaca que "alguns cientistas acreditam que [El Niño e La Niña] podem se tornar mais intensos e/ou mais frequentes como resultado das mudanças climáticas, embora ainda não esteja 100% claro exatamente como isso tudo acontece".

"As mudanças climáticas provavelmente afetarão o El Niño e o La Niña, em termos de eventos extremos. Pesquisas adicionais ajudarão a separar a variabilidade climática natural de quaisquer tendências relacionadas às atividades humanas", conclui o relatório.

BBC Brasil

Mistérios e surpresas da urna




Por Carlos Brickmann (foto)

Os velhos como todos, aprendem, e levam a vantagem de ter visto tudo acontecer. Eu vi, no início da década de 50, o professor Francisco Antônio Cardoso, com apoio do governador Lucas Nogueira Garcez, seis partidos, um pedaço do PTB, empresários, financistas, ser para prefeito de São Paulo por um pouco conhecido vereador Jânio Quadros. Vi Jânio se eleger governador e eleger como sucessor um ótimo político, ultra sério, com fama de pão-duro, sempre de paletó e gravata, o professor Carvalho Pinto – que nas urnas triturou o cacique Adhemar de Barros. Carvalho Pinto, respeitadíssimo, foi vencido pelo bem menos conhecido Orestes Quércia, que bateu recorde de votos para virar senador. Vi Jânio, como candidato de oposição à Presidência da República, derrotar o marechal Teixeira Lott, que tinha o apoio do popularíssimo presidente Juscelino Kubitschek e do maior conjunto de partidos do país, mais a turma do dinheiro. Vi o jovem Sarney, um deputado esquerdista, vencer a então invencível oligarquia de Vitorino Freire no Maranhão. São histórias que se repetem por todo o país.

Apesar disso, vemos Lula usar sua ampla vantagem para jogar parado na campanha. A vantagem é grande, Bolsonaro não pode ver jornalista mulher que a insulta, quer brigar com as urnas eletrônicas (que não são candidatas), mas não tem limites e já o mostrou. A vantagem é grande, 44x31, mas se esvai aos poucos. Ou Lula expande a base ou chega a 2 de outubro em risco.

 A aula chilena

No Chile, a Constituição foi revogada e a população votou pela criação de uma nova. Elegeu um governo de esquerda bem radical. E, pouco tempo depois, rejeitou a nova Constituição esquerdista apoiada pelo Governo há pouco eleito. Surpresa! Pois é, eleição tem disso. Fernando Henrique Cardoso estava com a eleição tão ganha para prefeito de São Paulo que seu partido tinha encomendado a festa da vitória num bufê excelente e caro. Eu fui ao bufê para sentir o clima. Não havia ninguém: só os garçons à espera.

Quem pensa que vai ganhar porque já ganhou está sujeito a imprevistos.

 Independência

O Brasil nunca cuidou muito de ensinar sua História nas escolas. Mas há algumas coisas nos ensinamentos escolares de que todos lembram: D. Pedro proclamou a Independência às margens do riacho Ypiranga, quando chegava a São Paulo. Independência ou Morte, dizem meus livros escolares, foi o que bradou na ocasião. O Brado Retumbante é citado no Hino Nacional como tendo sido proferido às margens plácidas do Ypiranga.

Pois bem: numa cerimônia macabra, o presidente Bolsonaro conseguiu trazer de Portugal ao Brasil o coração de D. Pedro, que é guardado longe do corpo, na cidade do Porto. E cadê o coração de D. Pedro no local onde foi proclamada a Independência? Nada! Nem passa por São Paulo, nem perto do principal museu do país destinado à Independência, recém-reformado. É pena: a festa programada para São Paulo é uma das melhores que já houve.

 Festejando

O desfile cívico-militar é o que ocorre todos os anos, com seis mil homens das três Armas, mais 1.052 policiais, três mil civis e 117 veículos militares. O desfile começa hoje cedo, às oito, e vai até 12h30. Mas a festa continua, com os soldados da Brigada Paraquedista saltando na avenida. E à tarde o Museu do Ypiranga será reaberto, depois de mais dez anos fechado. Pelo que a TV mostrou, foi um trabalho muito bem-feito: até o quadro famoso de Pedro Américo na hora do Brado Retumbante está novo, todo restaurado.

 Sem caça-voto

Haverá autoridades no local (e ex-autoridades), como o ex-governador João Doria Jr, que não é candidato a nada). A pauta é a apresentação do Museu restaurado e de seus arredores, a região onde é provável que tenha ocorrido o Grito da Independência. O governador Rodrigo Garcia é candidato à reeleição, mas promete que o assunto não será sequer lembrado.

Um detalhe: não havia dinheiro para a reforma do Museu. Doria, então governador, reuniu doações de empresários (alguns recorreram à Lei Rouanet, que permite a isenção fiscal das quantias oferecidas, outros optaram por doações diretas). E está aí o Museu de volta à vida nacional.

Olha a fogueira!

A informação é de organismos oficiais: há vários dias que dizem ocorrem 3 mil incêndios simultâneos na Amazônia. Coincidência, talvez: mas em 2007, quando os índices de desmate eram tão altos quanto os atuais, a sequência de incêndios por dias seguidos era idêntica à atual. E isso não tem nada a ver com política ou eleições. Em 2007 o presidente era Lula e as eleições iriam ocorrer três anos depois.

O problema é outro: visivelmente o sistema federal de controle de fogo não dá conta da prevenção e combate e será preciso aperfeiçoá-lo e dar apoio ao pessoal, que é bom, para que possa agir.

Brickmann.com.br

EUA farão novo teste com míssil que atinge até 10 mil km




Será a segunda simulação em menos de um mês do míssil intercontinental Minuteman-3, que tem capacidade nuclear. Pentágono afirma que o objetivo é "demonstrar a prontidão das forças nucleares" americanas.

O Exército dos Estados Unidos anunciou que fará um novo teste com míssil balístico intercontinental. A simulação com o Minuteman-3 está prevista para ocorrer nesta quarta-feira (07/09), na segunda vez em menos de um mês que o país testará a arma não municiada.

O anúncio foi feito na terça-feira pelo general do Exército americano e porta-voz do Pentágono, Pat Ryder: "Haverá um teste operacional de um míssil balístico intercontinental Minuteman-3 a partir da Base da Força Aérea de Vandenberg, na Califórnia, na manhã de 7 de setembro".

Ryder também afirmou que o teste, considerado "rotineiro", já estava programado há bastante tempo, e que os EUA informaram com antecedêndia a Rússia e outros países sobre o lançamento.

O objetivo, segundo o Pentágono, "é demonstrar a prontidão das forças nucleares dos EUA e proporcionar confiança na segurança e eficácia da dissuasão nuclear do país", declarou o porta-voz a jornalistas.

O primeiro teste com o míssil Minuteman-3 ocorreu em 16 de agosto, com pelo menos duas semanas de atraso, segundo as autoridades americanas.

O adiamento teria ocorrido para evitar o aumento das tensões com a China. Nas semanas anteriores, o regime chinês havia realizado uma série de manobras militares ao redor de Taiwan, que mantém relações próximas com os EUA.

Ryder também reforçou que os testes ocorrem em datas próximas justamente devido ao adiamento do primeiro exercício.

Lançamento anterior no Pacífico

Fabricado pela Boeing, o Minuteman-3 é peça-chave na estratégia do Exército e do arsenal nuclear americano. Ele pode alcançar alvos a quase 10 mil quilômetros de distância e viaja a uma velocidade de aproximadamente 24 mil km/h.

No teste de 16 de agosto, a arma viajou cerca de 6.760 quilômetros, até o Atol de Kwajalein, nas Ilhas Marshall, no Oceano Pacífico.

Chamado oficialmente de LGM-30G Minuteman, o míssil intercontinental americano fica baseado em silos terrestres, pronto para ser utilizado em caso de combates nucleares.Os EUA têm 400 unidades desse armamento, que pode carregar três ogivas nucleares.

Deutsche Welle

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