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quarta-feira, setembro 07, 2022

O que diz Bolsonaro sobre compra de dezenas de imóveis por sua família




A compra de dezenas de imóveis pela família do presidente Jair Bolsonaro (PL) entrou no foco da campanha eleitoral.

Um vídeo da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o tema fala em "escândalo tamanho família". Já Bolsonaro, que nega irregularidades, recorreu à Justiça Eleitoral para tirar o material do ar.

A seguir, entenda quais são as suspeitas ligadas ao uso de dinheiro vivo para comprar imóveis, por que especialistas apontam que o uso de dinheiro vivo para essas transações pode ser um indício de práticas criminosas e o que Bolsonaro e seus familiares dizem sobre a questão.

Reportagem do portal UOL revelou que pelo menos 51 imóveis foram pagos total ou parcialmente com uso de dinheiro vivo pela família Bolsonaro. Em valores corrigidos pela inflação, a soma equivale hoje a mais de R$ 25 milhões.

A reportagem, publicada em 30 de agosto, diz que desde os anos 1990 até agora, a família negociou 107 imóveis ao todo. E que, entre os bens comprados com dinheiro vivo pela família, estão lojas, terrenos e casas. Segundo o levantamento do UOL, foram comprados com dinheiro vivo:

    8 imóveis por Bolsonaro e as ex-mulheres Rogéria e Ana Cristina;

    19 imóveis pelos filhos Carlos, Eduardo e Flávio;

    24 imóveis por irmãos de Bolsonaro e a mãe.

Um dos imóveis comprados por uma das ex-mulheres de Bolsonaro foi uma mansão no Lago Sul, em Brasília, avaliada em mais de R$ 3 milhões. Em 2021, o UOL revelou que Ana Cristina Valle e o filho Jair Renan moravam lá.

Na época dessa revelação, Ana Cristina disse que a casa era alugada. Só que neste ano, ao se candidatar a uma cadeira na Assembleia do Distrito Federal, ela incluiu o imóvel na declaração de bens à Justiça Eleitoral e com valor menor, de R$ 829 mil. Ou seja, passou a dizer que era a dona do imóvel.

Para esclarecer essa história, a Polícia Federal pediu à Justiça Federal autorização para apurar se Ana Valle cometeu crime de lavagem de dinheiro.

De toda forma, operações com dinheiro vivo não configuram crime, mas especialistas apontam que podem ter como objetivo dificultar o rastreio da origem do dinheiro. Inclusive há um projeto de lei em tramitação no Senado que defende a proibição do uso de dinheiro em espécie para transações imobiliárias para prevenir lavagem de dinheiro.

'Um vídeo da campanha de Lula sobre imóveis de Bolsonaro e familiares fala em 'escândalo tamanho família'

O que disse o presidente sobre esse caso?

Antes da publicação da reportagem, o UOL disse que procurou a assessoria do governo para comentar o caso, mas não houve manifestação.

Depois que a matéria foi ao ar, no entanto, Bolsonaro questionou qual seria o problema de comprar imóvel com dinheiro vivo.

"Qual é o problema de comprar com dinheiro vivo algum imóvel? Não sei o que está escrito na matéria. Qual o problema? Investiga, meu Deus do céu, investiga", disse.

Quatro anos antes, no entanto, Bolsonaro havia descartado o uso de dinheiro vivo em transações. Ele disse o seguinte ao jornal Folha de S.Paulo em 2018: "Levar em dinheiro e pagar? Geralmente é DOC. Levar em dinheiro não é o caso. Pode ser roubado. Tira do banco direto e manda para lá. Eu não guardo dinheiro no colchão em casa".

Já neste mês, ao ser questionado novamente sobre o tema, Bolsonaro deu a entender que parte dessas transações poderia ter sido paga com cheque ou transferência bancária.

A um mês da eleição, a campanha de Lula explora o assunto. Um vídeo que cita a reportagem do UOL termina com a seguinte pergunta: "de onde vem tanto dinheiro vivo da família Bolsonaro? É um escândalo tamanho família".

A equipe de Bolsonaro pediu para o Tribunal Superior Eleitoral, o TSE, para barrar o vídeo. Segundo a defesa do presidente, o material usado por Lula emprega "discurso de ódio" com o "indisfarçado propósito" de "erodir" a candidatura do presidente à reeleição.

BBC Brasil

O que os chilenos rejeitaram? Uma constituição que racharia o país




Bandeira nacional, integridade territorial e sistema jurídico único são valores que o voto esmagador pela rejeição tentou minar. 

Por Vilma Gryzinski

A bolsa subiu, o peso caiu e outros sinais indicaram que os chilenos optaram pelo realismo ao rejeitar a proposta de uma nova constituição.

Mesmo ao custo de parecerem esquizofrênicos: 78% dos eleitores que foram às urnas aprovaram a criação de uma constituinte em 2020. A maioria também elegeu representantes de esquerda e colocados sob o rótulo genérico de progressistas. E o quadro se completou com a eleição de um presidente que se diz socialista democrático, mas também já se definiu como mais radical do que os comunistas, Gabriel Boric.

Quando os eleitores se depararam com o resultado, um esmagador volume de 388 artigos distribuídos em 178 páginas criando um Estado tão hipertrofiado que entre seus deveres estava “proteger a gastronomia nacional”, caiu a ficha.

A rejeição avassaladora de 62%, muitos pontos acima da diferença de 10% prevista pelas pesquisas, expressou o repúdio às propostas que as esquerdas deslumbradas achavam o máximo. A mais rejeitada criava um estado plurinacional e um novo sistema de justiça para acomodar as tradições dos povos indígenas – mapuches na maioria -, que passariam a ser “coordenadas em plano de igualdade com o Sistema Nacional de Justiça”.

Pode fazer sentido na Bolívia, onde 55% da população é indígena e 28%, mestiça. No Chile moderno e dinâmico das últimas décadas soou não só como um sinal de atraso, mas como um perigo. Na região de Araucária, existe uma organização armada de mapuches que atacam fazendeiros e outros produtores, incendeiam florestas e bloqueiam estradas. Até o esquerdista Boric teve que mandar o exército para proteger a população dos atos de violência.

Reconhecer “os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam”, como diz a constituição brasileira, é a atitude correta em relação aos povos indígenas – embora não livre de conflitos. Os cerca de 900 mil indígenas brasileiros são 0,47% da população. No Chile, são 13%. Com o estabelecimento de um status separado para eles, seria criado um grupo privilegiado e até, se o sentimento se espalhasse, separatista, com amparo no texto constitucional.

A maioria dos chilenos não gostou, acreditando que a criação de mais direitos para um grupo, mesmo que for para reparar graves injustiças do passado, desequilibra o conceito de igualdade. Um só país, com território indivisível e símbolos como a bandeira respeitados parecem ideias reacionárias, principalmente diante do entusiasmo de grêmio estudantil do texto constitucional rejeitado, mas estão profundamente arraigadas.

No caso da bandeira, teve o agravante ocorrido durante um evento de apoio à aprovação. Um integrante de um grupo de drag queens enfiou uma bandeira entre as nádegas, expostas para o público. As colegas falaram em “abortar o Chile”. Imaginem o sucesso disso com eleitores que não gostam nada desse tipo de show.

Heraldo Muñoz, ex-chanceler no governo da socialista Michelle Bachelet e ex-embaixador no Brasil, resumiu criteriosamente no El País o que deu errado: “O processo constitucional esteve repleto de declarações e performances infelizes de alguns constituintes, premunidos de um espírito refundacional que gerou reticência entre a população e foi rechaçado porque surgiram dúvidas, inclusive em setores de centro-esquerda, sobre normas relativas à plurinacionalidade, à unidade do Estado, ao sistema político, aos pesos e contrapesos em um sistema presidencial, à institucionalidade judicial”.

Nicolás Maduro achou que tinha que meter a colher na “derrota do projeto histórico” e falou sobre “a dor para os povos da América Latina e do Caribe”. E ainda espetou Boric: “Faltou uma liderança firme, clara, credível, com apoio popular, que se pusesse à frente do texto constitucional”.

Boric sabia que a constituição “woke”, como é moda dizer, seria rejeitada e preparou o terreno para não parecer um perdedor total, o que não é muito fácil diante do fato que ele próprio criou um ar de plebiscito sobre seu governo, de apenas seis meses. Anunciou “prontos reajustes” no governo e gestos em direção à oposição. Apelou a um diálogo “sem maximalismos, violência e intolerância”. Na derrota, agiu certo. Tem que não se emparedar mais ainda do que já fez ao apostar tanto na aprovação da nova Carta Magna.

O Chile não está “polarizado”, “dividido” ou mergulhado em incertezas. Ao contrário, uma certeza muito grande foi expressa nas urnas: 62% da população não quer uma constituição que faça sucesso na “bolha” – as elites das redes sociais e dos meios de comunicação seduzidos pelas políticas identitárias – e não diga de onde sairiam os recursos para criar o paraíso sobre a terra, incluindo o dever do Estado de combater as mudanças climáticas. Criar paraísos é uma atividade comprovadamente perigosa como se viu ao longo da história humana, por redundar em seu oposto.

Uma nova constituição foi o resultado de um pacto nacional para criar uma alternativa aos protestos que a certa altura pareciam inclinados a devorar o país inteiro. Esse processo continua. “Claramente, haverá uma volta ao consenso centrista”, disse ao El País o diretor de uma consultoria política, Juan Pardo.

“Consenso centrista” pode não ser sexy como as propostas de refundação, mas é o que garante processos civilizados e construtivos – inclusive aos 38% que votaram pela constituição rejeitada.

Revista Veja

Ucrânia estima 50 mil soldados russos mortos na guerra




Em mais de seis meses de conflito, número de mortos entre as forças russas segundo o governo ucraniano é o dobro do estimado pelo Reino Unido. Moscou não informa cifras, e não há confirmação independente.

Em pouco mais de seis meses de guerra, o exército russo sofreu mais de 50 mil baixas, segundo dados ucranianos. O Estado-maior da Ucrânia anunciou nesta terça-feira (06/09) que exatos 50.150 soldados russos foram mortos em 195 dias de combates. Além disso, o exército ucraniano afirmou já ter destruído 2.077 tanques, 4.484 veículos blindados, 236 aeronaves e 207 helicópteros.

Não há confirmação independente dos números. O Ministério da Defesa do Reino Unido, por outro lado, estima um número significativamente menor, de cerca de 25 mil soldados russos mortos. A própria Rússia não fornece informações sobre suas baixas no conflito com a Ucrânia.

Na sexta-feira passada, separatistas pró-Rússia em Donetsk estimaram que pouco mais de 2.900 de seus combatentes morreram desde o início da invasão.

Kiev, por sua vez, raramente divulga dados sobre as próprias baixas: os últimos dados falam em 9 mil soldados mortos e 7 mil desaparecidos.

Em relação à morte de civis, as Nações Unidas registraram até agora mais de 5.700 óbitos. Já o governo ucraniano tem informado cifras muito maiores. Os separatistas mencionaram apenas 870 civis mortos em sua área.

Zaporíjia preocupa Zelenski

Os combates seguem ativos na região do Donbass, no leste ucraniano. Segundo o Estado-maior da Ucrânia, as forças russas bombardearam recentemente dezenas de localidades com artilharia e aviões de guerra. Além disso, oito ataques relâmpagos de forças russas foram repelidos em oito lugares no leste, incluindo nas proximidades da cidade de Bakhmut, na região de Donetsk.

E, de acordo com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, a situação na usina nuclear de Zaporíjia – ocupada por tropas russas – segue tensa. Segundo ele, a maior usina nuclear da Europa está pela segunda vez a "apenas um passo de uma catástrofe nuclear".

O último reator ainda em funcionamento da usina foi desligado na segunda-feira. Um funcionário relatou à emissora estatal alemã ARD que esse reator ainda é capaz de operar os sistemas de refrigeração, mas que isso não funcionará por muito tempo. Em seguida, seria necessário recorrer a geradores de emergência – estes, porém, seriam capazes de manter o fornecimento de energia para o resfriamento por no máximo 72 horas.

Sem avanços por falta de drones

Num contexto geral, o avanço russo está parado há semanas. Segundo o Ministério da Defesa do Reino Unido, as operações russas estão prejudicadas pela escassez de drones de reconhecimento.

"Diante das perdas em combate, é provável que a Rússia esteja encontrando dificuldades para manter estoques de veículos aéreos não tripulados, ou drones, exacerbados pela escassez de componentes devido às sanções internacionais", escreveu o ministério britânico em seu perfil no Twitter. "A disponibilidade limitada de drones de reconhecimento provavelmente está degradando a consciência situacional tática dos comandantes e dificultando cada vez mais as operações russas."

A Rússia tem confiado cada vez mais em drones nos últimos anos, especialmente para identificar alvos de artilharia. Mas os drones são vulneráveis, pois são um alvo relativamente fácil de ser derrubado e sofrem diversas avarias técnicas.

O governo do Reino Unido tem publicado regularmente informações de inteligência sobre o andamento da guerra. Moscou acusa Londres de executar uma campanha direcionada de desinformação.

Deutsche Welle

7 de setembro: após trauma, segurança do STF terá barreira de concreto e sistema antidrone




Supremo quer evitar que caminhões e manifestantes cheguem perto da Corte, como ocorreu em 2021, durante manifestações da militância favorável ao presidente Jair Bolsonaro.

Por Leandro Prazeres e Mariana Schreiber, em Brasília

Convocados pelo próprio presidente da República, apoiadores de Jair Bolsonaro voltarão a realizar atos em sua defesa no feriado de 7 de setembro em diferentes cidades do país, com destaque para Brasília e Rio de Janeiro.

Na capital federal, o presidente vai acompanhar de manhã a tradicional parada militar em celebração da independência, que neste ano completa 200 anos.

À tarde, ele participará de ato na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em iniciativa inédita que também contará com apresentação das Forças Armadas.

Novamente, uma das principais bandeiras dessas mobilizações é a crítica ao Supremo Tribunal Federal (STF), devido a decisões de ministros da Corte que contrariam o governo e atingem seus apoiadores, como a liminar que Edson Fachin deu na segunda-feira (5/9) restringindo o número de armas e munições que podem ser obtidas por CACs (caçadores, atiradores e colecionadores), sob a justificativa de conter o risco de violência política na campanha eleitoral.

É o caso também das investigações contra o presidente e seus aliados realizadas sob a jurisdição do ministro Alexandre de Moraes, que em agosto determinou uma operação da Polícia Federal contra oito empresários bolsonaristas suspeitos de apoiar a realização de atos antidemocráticos, o que eles negam.

Em 2021, primeira vez que Bolsonaro convocou atos em seu apoio no 7 de setembro, a Corte foi surpreendida pela invasão da Esplanada dos Ministérios na noite anterior, por caminhões e manifestantes a pé, o que gerou fortes temores de que a sede do

Naquela ocasião, o presidente do STF, ministro Luiz Fux, chegou a telefonar para o chefe do Comando Militar do Planalto, Rui Yutaka Matsuda, para saber se o Exército estaria preparado para proteger a Corte em caso de necessidade.

Na ligação, informou que pediria ao presidente Bolsonaro a instauração de missão de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), para as Forças Armadas reforçarem a segurança, caso houvesse novas tentativas de furar bloqueios da Polícia Militar (PM).

A medida acabou não sendo necessária, graças a um reforço de segurança pela própria PM. Mas, diante do trauma do último ano, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal e o STF articularam um esquema mais forte de prevenção e defesa da sede do Supremo.

Alguns caminhoneiros tentaram acessar a Esplanada dos Ministérios já na noite de segunda-feira, fazendo buzinaço. Por isso, as forças de Segurança do DF anteciparam o bloqueio da via, que estava planejado originalmente apenas para as 17h de terça-feira.

"O acesso à Esplanada dos Ministérios foi bloqueado preventivamente, no início da noite dessa segunda-feira (5), conforme possibilidade prevista no planejamento inicial. As vias serão liberadas para o trânsito de veículos após finalização do desfile, atos previstos e, principalmente, mediante avaliação técnica de cenário, de forma que seja garantida a segurança na região", disse a Secretaria de Segurança, em nota à reportagem.

"Um grupo, com cerca de 15 caminhoneiros, que se dirigia à região foi orientado, na altura da Rodoviária do Plano Piloto, da impossibilidade de acessar e permanecer no local, por questões de segurança. O grupo seguiu, de forma pacífica, sentido Eixão Sul", acrescentou o órgão.

Estão sendo usados blocos de concreto antes da entrada da Esplanada, na altura da Biblioteca Nacional, a quase três quilômetros de distância do Supremo, para reforçar as barreiras de segurança.

Em 2021, os bloqueios da polícia contavam com efetivo pequeno e foram facilmente furados pelos manifestantes. Alguns caminhões ficaram estacionados na Esplanada e só deixaram o local no dia 9 de setembro, após o próprio presidente solicitar a desmobilização de caminhoneiros que bloqueavam rodovias pelo país em seu apoio.

"Ano passado foram muitos caminhões e havia o medo de isso acontecer de novo. A ideia é impedir que cheguem perto da Corte dessa vez", disse à BBC News Brasil um servidor do STF envolvido nos preparativos.

No Supremo, a avaliação é que Bolsonaro tem suavizado seu discurso de críticas ao Poder Judiciário e à Justiça eleitoral na tentativa de atrair o apoio de eleitores mais moderados, já que hoje aparece atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de intenção de voto.

No entanto, a reportagem apurou que a área de inteligência da Corte mantém preocupação com o radicalismo dos apoiadores do presidente.

O monitoramento dos grupos mobilizados para os atos de 7 de setembro indica que permanece um discurso agressivo contra o STF, com defesa do fechamento do Tribunal.

Além disso, gera preocupação a alta taxa de ocupação dos hotéis da capital, que está em 80%, indicando que o público no 7 de setembro deve ser significativo.

Esse ano, além dos caminhões, está prevista a chegada à Brasília de tratores do agronegócio, setor em que Bolsonaro tem forte apoio.

Alguns participarão do desfile de celebração da Independência, segundo confirmou o secretário de comunicação social da Presidência da República, André Costa, durante exibição do programa Voz do Brasil, na EBC, canal estatal.

O presidente do STF, Luiz Fux, passará o feriado em Brasília, monitorando os acontecimentos. Até a publicação dessa reportagem, ele não havia decidido ainda se participará do desfile de celebração da Independência.

Seguindo o protocolo tradicional, ele foi convidado a participar, assim como os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Efetivo maior e sistema antidrone

O efetivo que será usado na proteção da sede do STF neste 7 de setembro também foi ampliado em 70% na comparação com o ano passado - o número total não foi divulgado como estratégia de segurança.

Além da Polícia Judicial do próprio STF, houve reforço de policiais que atuam em outros edifícios do Poder Judiciário, como o Superior Tribunal de Justiça e o Tribunal Superior do Trabalho. Haverá também efetivo da Tropa de Choque da Polícia Militar do DF.

Esse efetivo terá desde armamentos não letais, como taser, spray de pimenta e gás lacrimogêneo, até armas de fogo.

Outra novidade é um sistema antidrone que será usado de forma experimental pelo STF. O espaço aéreo da Praça dos Três Poderes, onde ficam o Palácio do Planalto, o STF e o Congresso, já é fechado para uso de drones que não sejam autorizados por alguma dessas três instituições.

O sistema que será usado no 7 de setembro pela Corte permite identificar se há algum drone não autorizado na área e hackear seu controle para forçar seu pouso.

Em junho, um drone de pulverização despejou uma substância malcheirosa no público que assistia a um evento do PT em Belo Horizonte, com a presença de Lula.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do DF, o público que acompanhará o desfile passará por revistas nos bloqueios de acesso e não poderá ingressar na Esplanada com armas em geral, sejam verdadeiras ou imitações como brinquedos, artefatos explosivos, substâncias inflamáveis, sprays e aerossóis, garrafas de vidro e latas, drogas ilícitas, e mastros confeccionados com qualquer tipo de material para sustentar, ou não, bandeiras e cartazes.

Ato inédito no Rio de Janeiro

A celebração do feriado da Independência do Brasil com uma parada militar em Brasília é uma tradição que foi interrompida em 2020 e 2021 por causa da pandemia de covid-19.

A expectativa é que, após o desfile deste ano, Bolsonaro discurse para seus apoiadores na Esplanada dos Ministérios.

Depois, ele segue para o Rio de Janeiro, onde ocorre um ato inédito para celebrar o 7 de setembro, na praia de Copacabana, com participação das Forças Armadas.

Em nota enviada à BBC News Brasil, o Ministério da Defesa disse que haverá uma parada naval com desfile de navios militares na orla da cidade, um show da Esquadrilha da Fumaça, salto de paraquedistas, apresentação de bandas militares e execução de salva de tiros.

Um dos roteiros previstos da parada naval é que ela comece na Baía de Guanabara e passe pela Praia de Copacabana. O início da parada, no entanto, está marcado para as 09h30, e não está claro se ela vai se estender até coincidir com o ato pró-Bolsonaro.

A princípio, o desfile de veículos blindados que estava previsto para ser realizado no Centro do Rio não deverá acontecer e também não deverá ser transferido para Copacabana. A BBC News Brasil perguntou sobre os custos da mobilização militar no Rio de Janeiro em razão do 7 de setembro, mas a pasta não respondeu.

Preocupado com o uso eleitoral das Forças Armadas, o Ministério Público Federal, por meio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC-RJ), enviou ofícios ao Comando Militar do Leste, ao Comando do 1º Distrito Naval e ao Terceiro Comando Aéreo Regional em que questiona "as medidas que pretendem adotar ou já adotaram para garantir que as celebrações oficiais de 7 de setembro não se confundam com manifestações político-partidárias".

O ofício questiona também "as medidas que os comandos pretendem adotar ou já adotaram para prevenir que os seus subordinados se engajem eventualmente em manifestação do gênero durante tais celebrações".

Por que Copacabana?

Segundo cientistas políticos e pessoas próximas ao comando da campanha do presidente ouvidos pela BBC News Brasil, a famosa praia da zona sul carioca foi escolhida por três fatores: expectativa de apoio popular, já que se trata de um bairro com perfil de morador mais idoso e conservador; imagens aéreas impactantes nacional e internacionalmente; e a disponibilidade do efetivo das Forças Armadas que já atua no Rio de Janeiro.

"Em Copacabana, até pela geografia, com ruas mais estreitas, é mais fácil você dar a impressão de que uma manifestação está lotada. Em Brasília, cheia de espaços amplos, é muito mais difícil", afirma a cientista política Viviane Gonçalves, professora do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Para a doutora em Ciência Política pela PUC de São Paulo Deysi Cioccari, as imagens de ruas lotadas em Copacabana serão usadas para fortalecer a narrativa da campanha de Bolsonaro.

"Não se trata tanto de quantos votos ele vai conseguir ganhar, mas de reforçar essa narrativa (de apoio popular), especialmente nas redes sociais, onde Bolsonaro se mostra mais eficiente do que seu adversário", afirmou a especialista.

BBC Brasil / Estado de Minas

Rússia está comprando armas da Coreia do Norte, dizem EUA




Segundo Washington, notícia indica que militares russos enfrentam escassez severa de material bélico em sua invasão da Ucrânia devido às sanções ocidentais contra Moscou.

A Rússia está comprando milhões de foguetes e projéteis de artilharia de Coreia do Norte para utilizar na invasão da Ucrânia, de acordo com fontes da inteligência americana citadas em reportagem publicada nesta segunda-feira (06/09) pelo jornal The New York Times.

Segundo informações recentemente divulgadas pelos serviços americanos de inteligência, as sanções do Ocidente estão dificultando o acesso de Moscou aos mercados de armamento, obrigando a Rússia a "recorrer a 'Estados párias' para se abastecer" de material militar indispensável para a campanha em território ucraniano.

Isso indicaria que "os militares russos continuam a sofrer na Ucrânia uma escassez severa de fornecimento, devido parcialmente aos controles de exportação e às sanções''.

A notícia foi publicada poucos dias depois de o governo do presidente Joe Biden ter confirmado que a Rússia recebeu os primeiros carregamentos de drones de fabricação iraniana, comprados em agosto, alguns dos quais com problemas mecânicos, de acordo com Washington.

O New York Times reportou que funcionários do governo americano acreditam que a decisão da Rússia de recorrer ao Irã e mais recentemente à Coreia do Norte é um sinal de que as restrições impostas às exportações estão afetando a capacidade de Moscou para obter material bélico.

A publicação frisa que ainda não há informações sobre a quantidade das remessas e que os primeiros dados sobre os negócios com a Coreia do Norte ainda não foram confirmados por fontes independentes.

Mesmo assim, um funcionário da administração dos Estados Unidos disse que, além dos foguetes de artilharia de curto alcance e munições, é possível que a Rússia tente comprar da Coreia do Norte "equipamento adicional" no futuro.

"O Kremlin deveria sentir-se alarmado por ter de comprar seja o que for da Coreia do Norte", disse Mason Clark, que dirige a seção Rússia no Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), um think tank americano.

Cooperação

A Coreia do Norte tem procurado estreitar relações com a Rússia, enquanto Europa e o Ocidente se afastaram do país, culpando os Estados Unidos pela crise da Ucrânia e condenando a "política hegemônica" do Ocidente, justificando a ação militar da Rússia na Ucrânia como um meio de proteção russo.

Os norte-coreanos afirmaram ter interesse em enviar trabalhadores para ajudar a reconstruir os territórios ocupados pela Rússia no leste ucraniano. O embaixador da Coreia do Norte em Moscou se reuniu recentemente com enviados dos dois territórios separatistas apoiados pela Rússia na região ucraniana do Donbass e expressou otimismo sobre a cooperação no "campo de migração laboral''.

Em julho, a Coreia do Norte tornou-se a única nação, além de Rússia e Síria, a reconhecer a independência dos territórios de Donetsk e Lugansk, alinhando-se ainda mais a Moscou em relação ao conflito na Ucrânia.

A exportação de armas norte-coreanas para a Rússia seria uma violação das resoluções da ONU que proíbem o país de exportar ou importar armas de outros países. O possível envio de trabalhadores para os territórios controlados pelos russos na Ucrânia também violariam uma resolução da ONU exigindo que Estados-membros repatriassem todos os trabalhadores norte-coreanos de seu território até 2019.

Há suspeitas de que a China e a Rússia não têm implementado completamente as sanções da ONU impostas à Coreia do Norte, dificultando os esforços liderados pelo governo dos EUA para tentar privar a Coreia do Norte de suas armas nucleares.

Mais de 30 testes em 2022

As notícias sobre os negócios bélicos da Coreia do Norte com a Rússia chegam no momento em que a administração Biden se preocupa cada vez mais com a intensificação das atividades da Coreia do Norte rumo à obtenção de armas nucleares.

A Coreia do Norte testou mais de 30 mísseis balísticos neste ano, incluindo seus primeiros lançamentos de mísseis balísticos intercontinentais desde 2017, enquanto o líder Kim Jong-un pressiona para avançar seu arsenal nuclear, apesar da pressão e das sanções lideradas pelos EUA.

O presidente russo, Vladimir Putin, e Kim trocaram recentemente correspondência em que ambos se dizem a favor de uma cooperação "abrangente'', "estratégica e tática" entre os dois países.

Moscou, por sua vez, emitiu declarações condenando o renascimento do exercícios militares conjuntos em larga escala de Estados Unidos e a Coreia do Sul este ano, que a Coreia do Norte considera como um ensaio de invasão.

A Rússia, junto com a China, pediu a flexibilização das sanções da ONU impostas à Coreia do Norte por causa de seus testes nucleares e de mísseis.

Ambos os países são membros do Conselho de Segurança da  ONU, que aprovou um total de 11 rodadas de sanções contra Pyongyang desde 2006.

Em maio, Rússia e China vetaram uma proposta liderada pelos EUA para impor novas sanções à Coreia do Norte por causa de seus testes de mísseis deste ano.

Alguns especialistas dizem que provavelmente Kim pode ter reforçado sua decisão de manter suas armas nucleares por pensar que o ataque russo aconteceu justamente porque a Ucrânia abriu mão de seu arsenal nuclear.

Deutsche Welle

Itália: "o novo perigo"




O novo “perigo para a Democracia” é agora mais sutil e está mais próximo, e em vez de encarnar figuras masculinas, com ar de ferrabrases, assume a forma de uma mulher. 

Por Jaime Nogueira Pinto

Os alarmes vão subindo de tom, enquanto, num coro orquestrado, os porta-vozes euro-americanos da esquerda liberal chique – Le Monde, El País, La Repubblica, The Guardian, The New York Times – anunciam o novo perigo iminente. Desta vez o perigo não assume a forma de um milionário populista, como Trump, ou de um militarista, como Jair Bolsonaro (que o impoluto Lula da Silva irá neutralizar em Outubro); ou de paleocatólicos, como os polacos do Direito e Justiça, ou sequer do Inimigo Número Um do Progresso e das Luzes, o demónio reaccionário de Budapeste, Viktor Orbán. O perigo é agora mais subtil e está mais próximo, e em vez de encarnar figuras masculinas com ar de ferrabrases, assume a forma de uma mulher. Uma mulher de 45 anos, talvez de aspecto demasiadamente feminino para os fluidos gostos dos partidários do novo despertar; uma mulher com o ar tranquilo de executiva de outros tempos ou até de arcaica dona de casa americana, saída de um dos idílios paternalistas de Norman Rockwell. Um perigo.

O diabo de saias

O perigo é agora Giorgia Meloni, líder do partido Fratelli d’Italia e, nessa qualidade, cabeça da coligação de centro-direita que, ao que tudo indica, irá vencer as eleições italianas de 25 de Setembro.

Numa sondagem de vários institutos, anunciada pela Sky TG24 a 27 de Agosto, o Fratelli surge como o primeiro partido, com 24,7% das intenções de voto; seguem-se o Partito Democratico (PD), com 22,7%, La Lega, com 13,4%, 5 Stelle, com 10,9%, Forza Italia, com 8,4%, Terzo Polo, com 5,9%, I Verti/Sinistra, com 3,4%. Depois, vem uma série de partidos com menos de 3% de espectativas de voto.

O problema é que, em coligação, a vantagem do centro-direita é manifesta: os Fratelli de Meloni (24,7%) estão unidos à Lega de Salvini (13,4%) e à Forza Italia de Berlusconi (8,4%) e a soma dos três é 46,5%. Contra, a coligação da esquerda, Partito Democratico com I Verti/sinistra e + Europa, fica-se pelos 29,5%. O Movimento 5 Stelle vai às urnas sozinho.

Assim, e dado o sistema eleitoral italiano, que premeia as maiorias, é natural que a coligação liderada por Meloni tenha uma significativa maioria de lugares no Parlamento. O actual sistema eleitoral foi consagrado pelas reformas constitucionais a partir de 2017: é um sistema misto proporcional e maioritário que determina que 148 deputados e 74 senadores (37% do Parlamento) são eleitos em colégios uninominais, e os restantes, a maioria, 244 deputados e 122 senadores, são eleitos de forma proporcional.

Foi a lei constitucional de 19 de Outubro de 2020, votada por uma esmagadora maioria, que reduziu o número de deputados de 630 para 400 e o número de senadores de 315 para 200. A Itália, que era o país europeu com um maior número de parlamentares eleitos pelo povo (945 antes da reforma aprovada por referendo popular em 2021), deixou então de o ser.

Com as expectativas de voto indicadas pelas sondagens, o centro-direita pode esperar cerca de 250 deputados no Parlamento e de 125 senadores, o que fará de Giorgia Meloni a próxima primeira-ministra de Itália, com uma larguíssima vantagem.

O “perigo fascista”

Perante este cenário – e mesmo descontando a ignorância negligente ou culposa da generalidade dos jornalistas e comentadores sobre a Direita, as suas ideias, doutrinas e movimentos, que tende a aplicar a tudo o que não é esquerda o rótulo de “extrema-direita” e de “fascismo”, prescindindo, por uma vez, dos seus afamados “fact checks” –, percebe-se o alarme reinante.

É que a Itália é um país importante da Europa e da União Europeia, e uma vitória daquilo a que neo-esquerdistas, tardo-comunistas e ignorantes chamam “pós-fascismo” ou “ultra-direita” não deixará de ter consequências.

Mas haverá razão para tanto medo?

Os termos fascismo e fascista tornaram-se rótulos usados como insulto para neutralizar ou desqualificar inimigos políticos. Até no interior da Esquerda foi assim: nos anos Trinta, os comunistas de Moscovo – Estaline e Zinoviev – usaram o termo para o arremessar à social-democracia alemã, para eles cúmplice do fascismo. Mais tarde, durante a Guerra Fria e o conflito sino-soviético, várias seitas radicais esquerdistas o viraram contra os soviéticos, que descreviam como “sociais-fascistas”.

No seu programa fundacional, o fascismo italiano procurava fazer convergir a comunidade nacional com a ideia de justiça e solidarismo social. O combate à decadência foi determinante na ideologia fascista e a ideia de ruptura revolucionária e autoritária com a ordem parlamentar liberal foi essencial na doutrina e verificou-se na prática. Mussolini, o inventor do Fascismo, tinha uma ascendência intelectual e social socialista revolucionária, de sindicalista militante. Combinava essas raízes com a experiência das trincheiras e com uma cultura política italiana dominada pelo realismo maquiavélico. As teses paretianas sobre a circulação das elites e a permanência da oligarquia são também essenciais para perceber as raízes do fascismo.

Para a caracterização e o entendimento do triunfo do fascismo é ainda preciso levar em conta mais dois fenómenos: a “Grande Guerra” e a revolução bolchevique. A Grande Guerra acabou com a Belle Époque e com a douceur de vivre da Europa conservadora burguesa e liberal retratada por Proust, por Stefan Zweig e Joseph Roth. E destruiu os impérios continentais – o dos Habsburgo, o dos Hohenzollern, o dos Romanoff e até o Otomano – criando na MittelEuropa e na Eurásia uma grande fragmentação nacionalitária e identitária.

Nesta confusão, depois da Revolução de 17, o medo dos bolcheviques levou as classes altas e as classes médias a apoiar as reacções anti-liberais, que foram de duas espécies: as militarizadas, ordeiras e conservadoras, como as que levaram ao poder Horthy, Piłsudski, Primo de Rivera e, em Portugal, depois da Ditadura Militar, Salazar; e as revolucionárias, fascistas ou nacional-populistas, que aconteceram na Itália, por via de um misto de movimento de massas e golpe de Estado – a marcha sobre Roma, em Outubro de 1922; ou na Alemanha, 11 anos depois, com o Machtergreifunghitleriano. Nestas, os instrumentos não foram os militares, os Exércitos, mas os movimentos de massas e as vitórias eleitorais.

Estas reacções ou revoluções – as nacionais autoritárias e as fascistas (sendo o nacional-socialismo um caso particular de fascismo pelo factor racial e as consequentes políticas de extermínio) – tiveram em comum a rejeição do processo de livre competição democrática partidária como processo de selecção dos governantes, uma rejeição fundamentada em textos teóricos e na prática política. E controlos policiais e censórios às liberdades fundamentais.

Ora os movimentos e governos que a Esquerda hoje acusa de fascistas (que corresponderiam aos fascismos italianos ou ao hitlerismo) e de “ultradireita” (que corresponderiam mais ao nacionalismo autoritário, tipo Salazar ou a Franco, embora para a maioria da crítica pouco informada funcione a amálgama) não têm, nem na teoria nem na prática, qualquer espécie de anti-democratismo. Na Polónia e na Hungria há oposição e eleições competitivas, juízes independentes e Estado de Direito.

Direita Nacional e Popular

Há, no entanto, traços comuns, tanto entre os movimentos fascistas e os regimes autoritários do entre-guerras, como entre os nacionalismos populares dos nossos dias: a defesa dos valores da Nação, da História, da independência nacional ou da Família. São, de resto, valores comuns às direitas, e o seu abandono pelos partidos clássicos e conservadores explica também o aparecimento e progresso dos novos movimentos ditos populistas.

Na Esquerda, o facto de os comunistas serem pela igualdade e os sociais-democratas também, não leva ninguém a chamar “comunistas” ou “estalinistas” aos sociais-democratas, nem a fazer amálgamas. O mesmo não acontece na Direita em que qualquer paralelo, por mais ténue, é prontamente amalgamado ao hitlerismo. E no sentido de ruptura ideológico-institucional há paralelos entre fascistas de ontem e populistas de hoje: o fenómeno da decadência, por exemplo, que há um século tinha mais valor e significado político, é hoje é sentido pelos europeus das classes trabalhadoras e médias, na desindustrialização e desnacionalização das suas economias. E o populismo é uma reacção ao aparente desinteresse da sorte dos povos das elites tradicionais económicas e políticas, mais voltadas para os “grandes desígnios” da comunidade internacional, do planeta e da espécie humana, animal e vegetal.

É também uma reacção aos riscos da marginalização das nações europeias na luta China-Estados Unidos, sobretudo na lógica da “cruzada democrática” de Biden, que as atira para o dualismo The West against the Rest, com os europeus a suportarem os custos do enfrentamento com a Rússia por causa da Ucrânia. Identitariamente, em vez de uma “conspiração dos judeus”, há uma imigração com características culturais e incidências civilizacionais que parte da população europeia considera alheia, hostil e desintegradora para a sua identidade nacional.

E, finalmente, reage ainda a uma ameaça paralela e também internacionalista, embora de natureza diferente, à do bolchevismo de há cem anos: o ataque cultural aos valores e instituições euro-ocidentais – à Religião, à Nação, à Família – pelas novas ideologias do Wokismo e da Cultura do Cancelamento.

Meloni e os FDI respondem a tudo isto, caracterizando o que é histórico, passado e o que permanece: Mussolini é História e pertence à História; como o fascismo e o uso da violência e as imposições anti-liberais e anti-democráticas do Estado totalitário são História e pertencem à História. O objectivo da coligação italiana de Centro-Direita é defender os valores nacionais e conservadores em termos democráticos, eleitorais, procurando e conquistando o voto do povo.

E hoje são as elites do sistema que, através dos seus órgãos de formação, informação e deformação, são desconfiadas e críticas do voto popular, ao ponto de insistirem permanentemente no perigo do populismo, como uma forma de “enganar o povo”, repetindo argumentos que há cem anos os fascistas e os autoritários usavam para justificar a supressão das liberdades e da Liberdade. Veja-se o processo, em Itália, de adiar as eleições, que durou até Draghi se demitir, precipitando a crise.

Isto ao mesmo tempo que, nas áreas onde estabeleceram, senão o monopólio, pelo menos a hegemonia, os Woke e os seus cúmplices reprimem, expulsam, regulam, silenciam, cancelam, intimidam.

Mas fora daí – e apesar de uma propaganda sistémica e sistemática – a generalidade do povo italiano parece manter a sua liberdade de escolha. Vamos ver no dia 25.

Observador (PT)

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