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segunda-feira, setembro 05, 2022

A mais nova heresia da impunidade

Luciana Asper
A força destrutiva da pandemia não poupou nada, nem ninguém e o nosso “modo sobrevivência” foi terreno ideal para o avanço ardiloso de todas as estratégias destrutivas do combate à corrupção. Quais são e até onde veremos os desdobramentos das anulações dos processos envolvendo as mais notórias confissões qualificadas de desvios e pagamento de propinas milionárias aqui e no exterior? Conhecemos algumas. Certamente não todas. Mas, em consulta pública junto ao Sistema Eletrônico de Execução Unificado-SEEU, veremos que estão sendo inaugurados em 2022, pedidos junto ao Poder Judiciário para que o poder público arque com indenizações por danos morais sofridos pelos “injustos perseguidos” e, ainda, outros almejando o reconhecimento do “direito” de restituição, com a devida correção monetária, dos valores que outrora foram devolvidos ao povo por ocasião das homologações dos acordos de colaboração.


Sim, este é o atual interesse apresentado por aqueles que “conquistaram” com força, vigor e velocidade as anulações das suas persecuções criminais na Lava Jato. Isso não é devaneio nem enredo de filme, é simplesmente uma escolha feita por nós, que não nos poupará. A impunidade é a autorização para a corrupção exponencial. Nossa tolerância de 500 anos, um rio caudaloso de iniquidade. Permaneceremos, entretanto, suportando cada uma das suas consequências: mais miséria, fome, injustiça e desigualdade social, mediocridade, subdesenvolvimento, precariedade dos serviços públicos essenciais, violação aos direitos fundamentais, pior saúde, educação, infraestrutura, saneamento básico e, claro, aumento do desemprego, indignidade, violência, percepção da corrupção e fuga de investimentos idôneos.


Em março de 2019, por 6 votos a 5, com o voto de desempate do Ministro Dias Toffoli, a nossa Suprema Corte, decidiu que crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, de alguma forma associados com caixa de campanha eleitoral, deveriam ser processados na Justiça Eleitoral e não na Justiça Federal. De 2014 a 2019 a competência da Justiça Federal para os mesmos processos havia sido reconhecida por todas as instâncias da Justiça, inclusive pela própria Suprema Corte. A partir daí, foi uma enxurrada de anulações por esta e outras inovações processuais. Em um dos processos posteriormente alcançados com a referida nulidade, um dos autores, que já havia tido suas penas e multas reduzidas ao mínimo legal em razão do acordo de colaboração homologado pelo STF, agora busca o arquivamento da execução do que foi homologado e pede, inclusive, a restituição, devidamente corrigida, dos R$ 5 milhões por ele devolvidos ao erário.


Não existe uma torneira de dinheiro público, exclusiva e inesgotável, para atender a este pleito. Cada centavo, real, milhão, bilhão que são apropriados de forma indevida do erário, seja por acordos espúrios, conchavos, corrupções, propinas, superfaturamentos, empréstimos subsidiados indevidos, isenções, imunidades tributárias, outras benesses e mesmo por meio de decisões judiciais com rótulo de “juridicamente legítimas” é o mesmo dinheiro que falta na vida dos brasileiros miseráveis dependentes de serviços públicos essenciais. Quem busca este dinheiro para seus interesses egoísticos deve saber que é a falta dele que causa as mortes em filas de hospitais, ou fruto da violência caótica ou de estradas esburacadas, bem como assassinou sonhos e projetos pela falta de educação e oportunidades dignas. Nunca é demais lembrar também que os cofres de onde sairiam estes R$ 5 milhões corrigidos é abastecido com os 22,5% de imposto que incidem sobre a “cestinha” de alimentos que os 104 milhões de brasileiros, que vivem com até R$ 413 mensais per capta, conseguem comprar. É um dinheiro muito suado, que leva no máximo um feijão aguado para mesa. Vamos seguir sacando destes cofres do povo e vamos usar a Justiça para isso?


O primado da Justiça, no dever de interpretar a lei em perfeita sintonia com os fins sociais a que se dirige e com as exigências do bem comum, a fidelidade à verdade para poder servir à Justiça, o proceder com lealdade e boa-fé em todos os atos do seu ofício, o aprimoramento no culto dos princípios éticos, o merecer da confiança da sociedade pela probidade pessoal são princípios que regem a atuação de todos os profissionais que atuam perante o Sistema de Justiça. Estão devidamente expressos no Código de Ética dos Advogados do Brasil e em todos os demais atos regulatórios das profissões vinculadas ao Direito e à Justiça, fruto da história das civilizações e da ideia da vocação institucional do Sistema de Justiça.


A impunidade de crimes confessados e comprovados passa pelo crivo do primado da Justiça, do bem comum e representa o remédio efetivo contra os atos que violam direitos fundamentais e impedem a liberdade e a igualdade em dignidade, como preconiza a Declaração Universal de Direitos Humanos? Um pedido de restituição de valores devolvidos ao erário por um autor confesso passa pelo princípio do primado da Justiça e dos fins sociais a que se dirige?


As respostas a estas perguntas deveriam gerar um imediato e constrangedor desconforto capaz de nos fazer recuar. Mas, se ainda restar dúvidas, justificativas e desculpas para o pleito, podemos tentar passar por estes outros crivos antes de bater às portas da Justiça:

a) Atendendo ao critério de lealdade e bem comum da sociedade- que custeia, com tributos pesados, o Sistema de Justiça- qual seria o provável resultado de enquete nas redes sociais sobre a admissibilidade de um pedido de restituição de valores devolvidos em razão de confissão feita em colaboração premiada homologada, esclarecidas todas as verdades sobre a procedência do dinheiro e não apenas as “vestimentas jurídicas” da anulação em que se fundamenta?

b) O “fundamento” deste pedido de restituição também “legitimaria” a restituição, devidamente corrigida, dos, pelo menos, R$ 6,28 bilhões que foram devolvidos, por exemplo, só à Petrobrás por força da Lava Jato?

c) De onde sairá este dinheiro? Sejam os primeiros R$ 5 milhões que se pede, sejam os bilhões totais recuperados em acordos de leniência ou de colaboração pela Lava Jato e em outras operações de combate à corrupção que seguem a mesma toada de anulações processuais?


Nossos comportamentos totalmente dissociados de respostas que parecem óbvias e únicas, convocam os operadores do direito, cada em sua esfera, magistrados, advogados, defensores, membros do Ministério Público, a um despertar para uma responsabilidade individual que cesse a movimentação ou tolerância de que o Sistema de Justiça se preste a entregar a mais pura e induvidosa injustiça, mediante o uso de embalagens de “juridicamente aceita”. A culpa não está no “Sistema” mas nas pessoas que dele fazem parte e dele se servem.


Qualquer um de nós que lê este artigo tem uma dívida social com aqueles que não tiveram acesso a mesma educação e capacidade para discernir este cenário e devemos buscar o que estiver ao nosso alcance para estancar esta cultura do egoísmo, da indiferença e frieza para defender que os recursos do povo sirvam ao povo e tão somente ao povo. Quem sabe, assim, um dia as misérias dos brasileiros sejam aliviadas.


*Luciana Asper y Valdés é promotora de Justiça do Distrito Federal, representante do MPDFT na Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro- ENCCLA, coordenadora do Programa Cidadão contra a Corrupção e do Projeto NaMoral pelo MPDFT e colaboradora do Programa “Culture of Lawfullness” da UNESCO/UNODC para a construção dos Guias de Política Pública para o Fortalecimento do Estado de Direito por Meio da EducaçãoInstituto Não Aceito Corrupção


Este texto reflete única e exclusivamente a opinião do(a) autor(a) e não representa a visão do Instituto Não Aceito Corrupção

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Clima da eleição deve ficar mais hostil devido à ‘polarização odiosa’, diz Tebet

Publicado em 5 de setembro de 2022 por Tribuna da Internet

Para Simone Tebet, hostilidade na campanha é resultado de 'polarização odiosa'.

Simone Tebet promete incentivar as novas tecnologias

Ana Paula Grabois
Estadão

A candidata do MDB à Presidência da República, Simone Tebet, afirmou neste sábado, 3, que o clima entre as campanhas ficará ainda mais hostil nas próximas semanas. “Não tenho dúvida, isso é reflexo dessa polarização odiosa, é isso que o Brasil virou. Só nós temos condições de voltar a unir o Brasil e as famílias para que o País volte a olhar para os seus reais problemas”, afirmou a candidata na Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade Reatech Brasil, em São Paulo, acompanhada da vice de sua chapa, Mara Gabrilli (PSDB).

Na quinta-feira, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendeu propaganda eleitoral do presidente Jair Bolsonaro (PL) com apenas mensagem da primeira-dama Michelle Bolsonaro no rádio e na TV. O pedido ao TSE partiu de Simone Tebet.

CONTRA MICHELLE – O vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente, ao saber do pedido de Tebet ao TSE, escreveu em rede social: “Ué, trabalhando contra as mulheres?”.

Neste sábado, ela respondeu ao vereador. “Lugar de Presidência é lugar de coisa séria e de exemplo. A lei é muito clara, apoiador só pode constar na propaganda em 25%. Passou disso, é ilegal. Respeito a primeira-dama, é louvável que ela esteja ao lado do presidente fazendo campanha, mas é contra a lei, seja homem ou seja mulher, a lei vale para todos”, disse.

Tebet afirmou também que os investimentos em ciência e tecnologia ficarão fora do teto de gastos em seu eventual governo, assim como a Educação. “[O Ministério de] Ciência, Tecnologia e Inovação não vai ter corte em hipótese alguma, todo o dinheiro colocado no Orçamento vai ser executado e nós vamos tirar do teto. O teto de gastos permanece, mas Educação e Ciência, Tecnologia e Inovação ficam fora”, afirmou.

PELA TECNOLOGIA – “Tem que trocar presidente da República porque todo ano ele corta, praticamente zera o Orçamento da Ciência e Tecnologia”, disse Tebet, para quem “ciência, tecnologia e inovação nunca foram levados a sério no Brasil”.

Ela defendeu que a tecnologia disponível às pessoas com deficiência chegue a todos no País. “Há dois Brasis, o Brasil da pessoa com deficiência que é rica e tem condições de comprar e o da pessoa com deficiência que depende do SUS. A tecnologia está ali pronta para ela, mas lamentavelmente o governo não faz o dever de casa e não coloca o dinheiro dos impostos à disposição, principalmente na área da saúde”, afirmou.

A candidata do MDB disse que vai fazer “o maior programa de inclusão da história” para pessoas com deficiência, a cargo de Mara Gabrilli. O programa trata de educação, qualificação ao trabalho, acessibilidade (com transferência de recursos da União a municípios) e reabilitação. “São 45 milhões de brasileiros, é um estado de São Paulo e, infelizmente, 90% vivem em situação de pobreza – isso a gente tem que mudar”, disse Gabrilli.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Com todo o respeito, Simone Tebet é uma política importante e que deve ser prestigiada. Infelizmente, porém, não tem condições de ocupar Presidência, porque anunciou que tenciona privatizar a Petrobras. Devido à enorme repercussão negativa, Simone Teber recuou e disse que não privatizará nossa maior estatal. Mas não se pode confiar numa candidata cujo programa econômico, elaborado por extremados, aborda a questão da Petrobras tão levianamente. (C.N.)

 

Bolsonaro pode alcançar Lula?




Datafolha mostra limite do voto no presidente, que precisa esticar eleição e depredar petista

Por Vinicius Torres Freire (foto)

Dos eleitores de Lula da Silva (PT), 17% dizem que ainda podem escolher outro nome, segundo o Datafolha. Entre os que votam em Jair Bolsonaro (PL), 16%. Suponha-se que Lula perca todos esses votos e não receba nenhum mais; que Bolsonaro não perca eleitor algum e ganhe o voto de todos aqueles que afirmam considerá-lo como alternativa. Na ponta do lápis, daria empate em cerca de 37% (Lula ora tem 45%, Bolsonaro 32%).

Eleição não é caso de conta na ponta do lápis. Mas, por um lado, é fácil perceber por essa continha que a situação de Bolsonaro não é lá muito fácil. Por outro, as pessoas podem simplesmente mudar de ideia.

A rejeição a Bolsonaro continua majoritária. Desde maio, flutua entre 51% e 55%. Note-se de passagem que o Datafolha pergunta em quem o eleitor "não votaria de jeito nenhum no primeiro turno". Feita a ressalva, Bolsonaro estaria assim derrotado em um segundo turno a não ser que a rejeição a seu adversário fosse maior ou igual. A rejeição a Lula está em 39% (era 33% em maio).

Resta, pois, ao bolsonarismo depredar Lula ainda mais, o chamando de "macumbeiro", "ladrão" e sabe-se lá que bala ponham na agulha a fim de fazer estrago adicional. Quanto a ganhar votos, a situação é difícil.

Entre os eleitores de Ciro Gomes (PDT), 65% "não votariam de jeito nenhum" em Bolsonaro (ao menos no primeiro turno); entre os de Simone Tebet (MDB), 66%. De resto, apenas 2% dos eleitores ainda não têm candidato algum.

Como um segundo turno é mais provável, a campanha ainda pode durar quase dois meses. Neste ano, o grosso das melhoras na economia da vida cotidiana já ocorreu. Mas é quase certo que o número de pessoas empregadas continue a aumentar até fins de outubro. O salário médio se recupera mais rapidamente (despiora, na verdade, mas acelerando).

No entanto, o grande aumento da miséria em 2021 pode ter deixado sequelas, nas emoções e no corpo, além do fato de muita gente viver ainda em condições atrozes.

A inflação geral caiu para menos de 10% ao ano em agosto, mas a inflação dos alimentos ainda corre a mais de 17% ao ano. Os R$ 600 do Auxílio Emergencial de abril de 2020 valem agora apenas R$ 434 em termos de poder de compra de comida.

A julgar por vários números do Datafolha, o Auxílio Brasil gordo não melhorou a situação de Bolsonaro de modo algum. Até agora, ressalte-se. Pode continuar a não fazer efeito, mas o pagamento do Auxílio Emergencial, a partir de abril de 2020, não elevou de pronto a popularidade de Bolsonaro, que continuou piorando até junho daquele ano. Além do mais, o governo pode tentar comprar mais alguns votos.

Sim, o país está um horror, perdeu 12 anos em termos socioeconômicos, não há "decolagem" e menos ainda euforia, mas esquerda e oposição em geral se recusam a ver os números mais simples e óbvios do que era despiora e agora é óbvia melhora. Algum efeito marginal isso terá na eleição, em uma campanha na qual o lulismo não oferece programa e ainda padece do envelhecimento sociocultural da arenga popularesca de Lula, que diz disparates semanais.

Em maio, a diferença entre Lula e Bolsonaro no primeiro turno era de 21 pontos; agora, é de 13.

Enfim, é óbvio que a eleição tem muitas facetas: a desumanidade essencial de Bolsonaro, a questão religiosa, feminismo, "pátria e família", saúde, decência humana básica, racismo, democracia, questões de classe, geracionais. Não é só a "eleição da fome", ainda que um terço do país mal tenha o que comer (logo, dois terços têm, note-se). De mais certo e simples, Bolsonaro precisa de tempo para depredar Lula, que precisa mirar em gol no primeiro turno.

Folha de São Paulo

O golpe do 7 de Setembro




Por Mary Zaidan (foto)

Quis o destino, a conjunção dos planetas ou simplesmente o azar, que a comemoração do Bicentenário da Independência coincidisse com a campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro, usurpador das cores nacionais. Além de roubar a maior data nacional, ele vai transformá-la em um mega-comício eleitoral pago com dinheiro público, algo nunca antes visto nos quase 133 anos de República.

Já utilizado pelo presidente para atacar as instituições, o 7 de Setembro de agora está sendo tratado pela campanha bolsonarista como definitivo para reverter a desvantagem em relação ao líder Luiz Inácio Lula da Silva. Os organizadores nem mesmo se deram ao trabalho de esconder o propósito eleitoral da festa. A convocação para ir “às ruas pela última vez” foi feita durante a convenção de lançamento oficial da candidatura, em julho, na qual Bolsonaro renovou ameaças golpistas contra “os poucos surdos de capa-preta”, em referência aos integrantes do STF. De lá para cá, incrementou-se o mix proposital entre o oficial e o eleitoral, com idas e vindas das Forças Armadas quanto ao modelito das comemorações.

Promete-se um Bolsonaro comportado. Ele evitaria discursos agressivos como os do ano passado, quando afirmou que não cumpriria decisões judiciais, disparando todo tipo de petardo contra o Supremo e seus ministros, em especial ao “canalha” Alexandre de Moraes. A ver.

O comedimento pode até prevalecer pela necessidade de arregimentar eleitores, boa parte crítica ao estilo belicoso do presidente.

No Rio, onde fez sua bem sucedida carreira política, Bolsonaro obteve 58,2% dos votos no primeiro turno de 2018, vencendo em todos os municípios do Estado, só em 10 deles com menos de 50%. Agora, está suando litros para tentar reduzir a diferença de seis pontos percentuais que o separam de Lula. Entre os fluminenses, Lula tem 41% das intenções de voto versus 35%, segundo o último Datafolha.

A comemoração oficial-eleitoral na deslumbrante Copacabana, cartão-postal do Brasil, pode ajudá-lo também em outras praças. As imagens do 7 de Setembro afanado serão insistentemente exibidas – não como uma festa do Brasil, mas de apoio ao presidente. Bolsonaristas ou não, os brasileiros na praia e as famílias que levarem seus filhos para ver o desfile de navios de guerra e os aviões soltando fumaça nos céus serão incluídos nas cenas.

Em São Paulo, onde Bolsonaro não pretende pisar neste 7 de Setembro depois dos tiros no pé de 2021, as manifestações de seus apoiadores devem ocorrer de forma mais branda. Mas, para evitar qualquer hipótese de confronto, o governador Rodrigo Garcia (PSDB), também candidato à reeleição, antecipou para o dia 6 a reinauguração do Museu da Independência, no Ipiranga.

Maior colégio eleitoral do país, com 34,6 milhões de votantes, São Paulo é tido como antipetista por natureza – uma balela que não resiste à história concreta determinada pelas mais de duas décadas de polarização com os tucanos. No estado, Bolsonaro vem conseguindo tirar pontos de Lula. Em duas semanas a diferença entre os dois caiu de 13 para 5 pontos percentuais. Isso se explica menos pelo crescimento dos candidatos Ciro e Simone, mas sim pela opção do candidato ao governo Fernando Haddad de centrar fogo no adversário Rodrigo e poupar o candidato bolsonarista Tarcísio de Freitas, com quem o petista prefere disputar o segundo turno. Com isso, Bolsonaro surfa.

À exceção do Nordeste, onde continua com uma frente avassaladora da preferência, Lula perdeu pontos, ainda que na margem de erro, em todas as regiões do país. De acordo com o Datafolha, ainda sustenta confortáveis 13 pontos de vantagem sobre Bolsonaro, um presidente rejeitado por 52%. Leva no segundo turno, mas não soma pontos para vencer em primeiro, algo que só entre os fundamentalistas do PT esteve próximo de ocorrer.

O turno único sempre foi ilusão. Lula chegou a 53% dos votos válidos há dois meses, muito antes da campanha televisiva, das sabatinas e dos debates. Sabia-se que ele iria amargar perdas, que os 3 pontinhos eram uma margem estreita demais para cantar de galo. Nesta altura, o PT já deveria estar convencido de que a pregação do voto útil, em vez de atrair eleitores, dissemina antipatias. Do contrário, corre o risco de fazer parecer uma quase derrota a vitória praticamente certa que terá na primeira fase.

Para o 7 de Setembro, a instrução da campanha lulista é para que os apoiadores do ex-presidente evitem provocações. É quase um fique em casa.

Nas ruas, o aparato de segurança jamais visto, tanto em Brasília como no Rio, escancara os riscos da festa eleitoral de Bolsonaro.

Nas urnas, os brasileiros terão a chance de reagir ao golpe do surrupio de sua data nacional, de sua bandeira e de suas cores. Uma parada que, ufa!, o país vai resolver antes da Copa do Mundo do Catar.

Jornal Metrópoles

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