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segunda-feira, setembro 05, 2022

Ciro Gomes cita pesquisas erradas em 2018 e afirma que as eleições não estão decididas

Publicado em 5 de setembro de 2022 por Tribuna da Internet

Candidato à Presidência, Ciro Gomes visita Uberlândia, diz que não tem  'nada ganho' na eleição e cita exemplos de Zema e Witzel | Eleições 2022 no  Triângulo Mineiro | G1

Ciro Gomes lembrou dois exemplos — Zema e Witzel em 2018

José Carlos Werneck

O candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, cumpriu, na tarde deste domingo, uma agenda de campanha em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Durante o evento, o candidato, que estava acompanhado da vice, Ana Paula Matos, também do PDT, disse que ainda não há nada decidido nas eleições presidenciais deste ano.

Ciro chegou à cidade no início da tarde e participou de um almoço com políticos, discursou e falou com a imprensa.

LEMBRANDO 2018 – Ao discursar, ele QUESTIONOU das pesquisas eleitorais e disse que “não tem nada ganho” nas eleições de 2022.

“Eles esquecem, por exemplo, que em Minas Gerais, dez dias antes das eleições, ninguém ouvia falar o nome do Zema. E dez dias depois, ele virou governador de Minas Gerais. Eles esquecem que no Rio de Janeiro, dez dias antes das eleições, ninguém ouvia falar no tal de Witzel. Por quê? Porque a pesquisa apenas retrata e a vida é um filme”, ressaltou.

A última pesquisa Datafolha divulgada, em 1º de setembro, mostrou que o candidato subiu para 9% das intenções dos votos.

LULA E BOLSONARO – Ciro Gomes também voltou a comparar os candidatos favoritos à Presidência da República, o atual presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com relação à administração política e econômica do país.

“O sistema marcou para o povo brasileiro escolher entre o coisa ruim e o coisa pior, porque os dois, sendo pessoas diferentes, a gente sabe das coisas. Qualquer bobo sabe que o Lula e o Bolsonaro são pessoas diferentes, mas o modelo de organizar a economia e o modelo de organizar a política são rigorosamente os mesmos”, afirmou.

Tom ameaçador de bolsonaristas atrapalha a campanha do presidente da República

Publicado em 5 de setembro de 2022 por Tribuna da Internet

Charge do Rico (twitter.com)

Pedro do Coutto

Em reportagem publicada neste domingo no O Globo, Guilherme Caetano destaca que, com base em mensagens colocadas por bolsonatistas no Youtube e em outras plataformas, em vez de ajudar Jair Bolsonaro, na realidade o prejudica no esforço que desenvolve para deslocar as eleições presidenciais para o segundo turno marcado para o dia 30 de outubro se não houver maioria absoluta de Lula no primeiro embate a 2 de outubro.

A matéria focaliza vários exemplos de mensagens que vêm sendo colocadas e acredito que na medida em que se destaca a ameaça de uma ruptura democrática, torna-se mais difícil o caminho para a reeleição de Bolsonaro por motivos claros.

REJEIÇÃO – Primeiro, porque o golpe é rejeitado por 80% do eleitorado. Segundo, porque se alguém admite que um golpe inconstitucional seja fechado é porque tem dúvidas sobre os resultados sobre o seu candidato.

Admitir a possibilidade de derrotas é tirar votos do próprio candidato apoiado por mensagens radicais. Essas estão previstas para 7 de setembro, quarta-feira, dia do bicentenário da Independência do Brasil. Não funcionará, a exemplo do que ocorreu no último ano. Tiveram efeito negativo.

SENSIBILIDADE – É preciso, em política, ter sensibilidade para com o limite do possível e com a aceitação pela sociedade diante do que é proposto ou praticado.

Fatores que pesam contra o governo estão aí. Estímulos postos na economia podem até favorecê-lo, mas é preciso um acompanhamento de posicionamento democrático. Não é possível apoiar as urnas e as armas ao mesmo tempo.

DISPUTA PELO SENADO –  O advogado Filipe Campello, meu amigo, gravou uma mensagem de apoio para a campanha de Alessandro Molon, excelente deputado, para o Senado Federal pelo Rio de Janeiro. Ele disse o seguinte junto com a imagem sua e do candidato: “Nunca foi tão fácil escolher um senador.” A escolha revela-se fácil, mas o resultado da disputa ainda está indefinido.

Reportagem de Lucas Mathias, O Globo de ontem, com base em dados do Ipec, aponta liderança de Romário com 30%, seguido de Molon com oito pontos, Cabo Daciolo com seis pontos, Clarissa Garotinho com cinco pontos e André Siciliano também com 5%. Daniel Silveira, cuja candidatura será decidida pelo TRE, registrou sete pontos.

O índice dos que vão votar em branco e nulos para senador é de 17%. Os indecisos, 18%.  Para governador do estado consolida-se cada vez mais o segundo turno entre Cláudio Castro e Marcelo Freixo. Para senador, a decisão é um turno só.

SINAL DE ALERTA – A onda de corrupção e de falsificações através das telas da internet, chegou de forma intensa no FGTS e na Caixa Econômica Federal, como revela Letícia Lopes, edição de O Globo deste domingo. São fraudes que se concentram com mais intensidade nos saques de aniversário permitidos pela lei do FGTS. Estão sendo feitos saques em nome de titulares de contas que não fizeram a requisição.

Uma outra fraude, refere-se à empréstimos contratados em nome de trabalhadores e trabalhadoras que não os solicitaram e assim são surpreendidos com os encontros mensais com base em valores falsamente consignados. O sistema de vigilância da CEF está falhando. A relação das pessoas atingidas por fraudes é muito grande.

A Caixa Econômica não informou quantos são os casos, mas os golpes parecem se expandir. Pela legislação em vigor, os bancos são os responsáveis pela falta de fiscalização e vigilância.

domingo, setembro 04, 2022

Tirando pombos e coelhos do quepe

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Foto: Alan Santos / Palácio do Planalto
Credit...Foto: Alan Santos / Palácio do Planalto

Na Roma antiga, nos tempos de César, a multidão era entretida com o binômio pão e circo. Nos tempos modernos, quando os circos, enfim, após longa luta dos ambientalistas e amantes da natureza, perderam os atrativos da exibição de animais selvagens maltratados em cativeiro, a função dos mágicos - que era de entreter a plateia antes do grande número dos acrobatas (com redes embaixo), do domador de leões, ou ainda das brincadeiras com elefantes asiáticos (nunca um circo exibiu um elefante africano, bem mais selvagem) - também perdeu o sentido. Mas nas lonas armadas para exibição da nova política com a proteção das redes sociais - que fazem truques semelhantes ao ilusionismo dos inocentes prestidigitadores de outrora, com as “fake news”, bem mais maliciosas e perigosas - nem sempre os truques funcionam.

A menos de um mês da votação do 1º turno, em 2 de outubro, o governo Bolsonaro segue tentando fazer mágicas com o dinheiro público procurando tirar dos 156 milhões de eleitores aptos a votar no próximo mês, um sorriso de agradecimento pela redução temporária do ICMS e dos impostos nos preços da energia elétrica, das comunicações e dos combustíveis, que a Petrobras passou a baixar celeremente (a cada semana, se possível), a qualquer sinal de redução dos preços do barril de petróleo e dos combustíveis no exterior. A distribuição desenfreada dos R$ 41,2 bilhões previstos até 31 de dezembro com o Auxílio Brasil de R$ 600 mensais e mesadas de R$ 1 mil a caminhoneiros e taxistas autônomos, além do vale gás, completou dois meses (em agosto foram pagas as mesadas de julho e agosto), mas até aqui, as pesquisas eleitorais não captaram a mudança de humor dos eleitores.

Sobretudo dos que ganham até dois salários mínimos (R$ 2.424), que são a maioria da população. Para essas camadas, a baixa da gasolina está mais próxima do circo. O que mexe com seu humor é o acesso ao pão. Ou seja, o custo da comida que segue disparando. Se a inflação, sem o “combustível” da gasolina, medida pelo IPCA tende a fechar o ano até abaixo de 7%, e agrada a quem ganha acima de cinco salários mínimos (R$ 6.060), o preço da alimentação, que tem o maior peso nas despesas das famílias de menor renda e os outros itens de gastos mensais segue variando o dobro, na faixa acima de 14% em 12 meses. Como o presidente Jair Bolsonaro parece atuar num filme antigo de Hollywood, no qual as pessoas saíam do táxi ou de um restaurante sem jamais abrir a carteira, entende-se por que ele, que em suas “motociatas” ganha mais adesões quando baixa o preço dos combustíveis, mas tem a coragem de dizer que “não há fome, propriamente dita no Brasil”. Mesmo se desdizendo no dia seguinte, é a mesma demonstração de falta de sensibilidade da frase “E daí, não sou coveiro”, ao se manifestar sobre as mortes pela Covid-19. Por sinal, assim como ele cobrou do PT reconhecimento pela corrupção do “Petrolão”, cabe a Bolsonaro pedir desculpas ao povo brasileiro pela corrupção no MEC, na Codevasf, pelas “rachadinhas” da família e pelos quase 685 mil mortos na Covid-19 oficialmente reconhecidos pelo Ministério da Saúde.

Na próxima 6ª feira, 9 de setembro, o IBGE vai divulgar a inflação oficial de agosto, que deve registrar nova deflação. Em julho, por influência da redução do ICMS e da gasolina e do etanol, o IPCA caiu 0,68%; agora em agosto, a LCA Consultores espera deflação de 0,45% no IPCA, cuja taxa em 12 meses cairia dos 10,07% de julho para 8,63%. Mas a alimentação acumulava alta de 14,72% em 12 meses. E o custo das roupas era 16,67% maior no mesmo período. Se o indicador dos preços dos alimentos apontar para uma baixa, pode ajudar Bolsonaro. Mas viria tarde. Para melhorar o humor da população (e do eleitor), e impedir as escaladas de preços no “país celeiro do mundo”, o governo teria de ter estimulado a formação de estoques reguladores. O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, um liberal ligado ao cooperativismo que comandou a pasta no 1º governo Lula, considera indispensável esta medida para garantir o abastecimento doméstico (em 2020, toda a soja foi exportada e em setembro, quando o óleo de soja subiu mais de 100%, o Brasil teve de importar grãos para extrair o óleo de soja), mas com a formação de estoques (e o risco da operação, sob o amparo dos Empréstimos do Governo Federal) sendo bancada pela iniciativa privada, sempre mais ágil que o Estado.

Até aqui, o IBGE tem sido pródigo no calendário de divulgação de boas notícias, como nas sucessivas reduções da desocupação (o IBGE não usa mais o termo desemprego, pois a ocupação tem forte participação da atividade informal, sem carteira e direitos sociais) e a mais palatável de todas: o crescimento do Produto Interno Bruto de 1,2% no 2º trimestre, que está levando a revisões para cima no PIB deste ano: de 2,6%, como estimam agora a LCA e o Itaú, a 2,8%, como prevê a Genial Investimentos. O problema é que boa parte deste impulso (as mesmas instituições previam, até junho, crescimento máximo de 1,6% a 1,8%) veio de medidas artificiais (ou mágicas do governo para turbinar a economia no ano eleitoral (como pagar o 1º do INSS deste ano em maio e junho e liberar até R$ 1 mil do FGTS). Depois a aposta triplicou com o pacote de benesses eleitorais. No Projeto da Lei Orçamentária Anual (2023) enviado dia 31 de agosto pelo Executivo ao Congresso, como manda a Lei Orçamentária, não há previsão de Auxílio Brasil de R$ 600 (apenas uma previsão de pagamento médio de R$ 405). A redução do ICMS (cobrado pelos estados e repartido com os municípios) na energia, nas comunicações e nos combustíveis também desapareceria. Mantidos estão apenas a redução dos impostos federais da PIS/Cofins e da Cide sobre a gasolina, etanol, GNV, GLP, diesel e querosene de aviação, com renúncia fiscal de R$ 52,9 bilhões. Como Bolsonaro prometeu na campanha manter o AB de R$ 600, há um adendo na PLOA de que o governo vai fazer esforços tributários e negociações políticas com o Congresso para manter o valor em 2023. Nos velhos rincões do país, nos tempos do voto em cédulas pré-distribuídas com os nomes dos candidatos (que muitas vezes resultava em mais votos que eleitores, os velhos coronéis negociavam o voto de cabresto dos comandados em troca de um pé de sapato: se o candidato ganhasse, o par seria completado após a apuração. Do contrário, nada. O governo flerta com ilusões mais arriscadas: como a liberação de crédito consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil e do Benefício de Proteção Continuada (BPC). Com os juros altos e o perigo da ajuda não ter continuidade em 2023, o eleitor que tomar crédito pode ter de atravessar território espinhoso como um saci.

O duelo do 7 de setembro

Mas antes do dia 9 de setembro, vem o 7 de Setembro. Em vez de o país comemorar o Bicentenário de nossa independência de Portugal, o presidente/candidato Jair Bolsonaro quis fazer da data magna o principal palanque para sua campanha de reeleição, com cerimônias concentradas em Brasília, na Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), e no Rio de Janeiro, na Avenida Atlântica, em Copacabana. No ano passado, Bolsonaro extrapolou quase todos os limites constitucionais ao pregar a desobediência civil de seus seguidores e do próprio comandante do Executivo ao Supremo Tribunal Federal, especialmente na figura do ministro Alexandre de Moraes, que cuidava dos inquéritos das “fake news” e do financiamento dos atos, com apoio de um grupo influente de empresários próximos ao governo [aqui um parênteses, caro leitor, você já reparou que há sempre um grupo de empresários disposto a bradar “hay gobierno, soy a favor” e outros que aderem imediata e interessadamente - a operação Lava-Jato depurou o grupo, mas muitos seguem bajulando o governo?].

Um dos atrativos em 2021 era a especialíssima interpretação do artigo 142 da Constituição Federal sobre o papel das Forças Armadas como garantidoras da ordem constitucional, quando convocada por um dos três poderes. Bolsonaro achava que a prerrogativa era dele para “convocar o meu Exército”. Em 2022, esperava a mobilização maior pelo Bicentenário (cujas comemorações ele mesmo esvaziou) para exibir suposta adesão à sua candidatura à reeleição. E a participação e apoio financeiro do grupo de empresários que gira em torno do governo Bolsonaro seria mais uma vez importante. Entretanto, o ministro Alexandre de Moraes, que acabou de assumir a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o comando das eleições de 2022, recebeu, pelo sistema de prevenção (como já tinha atuado nos inquéritos anteriores sobre o tema, deveria abarcar mais um inquérito da Polícia Federal). Era sobre a troca de mensagens entre o mesmo grupo de apoiadores que pregavam o “golpe com Bolsonaro” à entrega do poder a outro vencedor nas urnas em outubro.

Ante gravíssimos “indícios de ocorrência dos delitos de Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-L do Código Penal), Associação Criminosa (art.288), Golpe de Estado (art. 359-M) e Interrupção do Processo Eleitoral (art. 359-N do Código Penal)”, o ministro Alexandre de Moraes autorizou a Polícia Federal a fazer busca e apreensão nos escritórios de alguns suspeitos. Houve uma grita geral dos advogados. Bolsonaro estrilou bem menos, comparado aos urros de 2021. E o efeito prático das medidas (mesmo com algumas suspensões) foi a menor mobilização de caminhões e máquinas do que em 2021. A presença do público, que foi baixa no ano passado, sobretudo em Brasília, tirando a aura popular do ímpeto golpista de Bolsonaro (que não recebeu o esperado “eu autorizo”, exibido nas faixas), pode ser até maior este ano, mas o processo eleitoral já está nas ruas e os candidatos aceitaram as regras do jogo. Uma virada de mesa não seria aceita pela população. Vale destacar alguns dos artigos penais invocados por Moraes:

Abolição violenta do Estado Democrático de Direito Art. 359-L. Tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais:

Golpe de Estado Art. 359-M. Tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído.

Interrupção do processo eleitoral Art. 359-N. Impedir ou perturbar a eleição ou a aferição de seu resultado, mediante violação indevida de mecanismos de segurança do sistema eletrônico de votação estabelecido pela Justiça Eleitoral:

Comunicação enganosa em massa Art. 359-O. Promover ou financiar, pessoalmente ou por interposta pessoa, mediante uso de expediente não fornecido diretamente pelo provedor de aplicação de mensagem privado, campanha ou iniciativa para disseminar fatos que sabe inverídicos capazes de comprometer o processo eleitoral.

Por enquanto, os delitos elencados no Artigo 359 pararam na letra K. Moraes cortou a progressão para as letras L, M, N e O. Mas, o exemplo de Trump e seus fanáticos seguidores que obedeceram a infame convocação do presidente e invadiram o Capitólio durante a cerimônia de oficialização da eleição de Joe Biden e Kamala Harris, em sessão presidida pelo vice Mike Pence, deve servir de alerta a todos os democratas brasileiros.


O peso eleitoral de cada estado

As pesquisas eleitorais publicadas nos jornais e nas tevês, que até aqui registram pequena queda de Lula (PT) e estabilidade de Bolsonaro (PL), após uma reação pelo pagamento das benesses, e apontam que os eleitores indecisos penderam mais para Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), após os primeiros debates, carecem de oferecer aos eleitores uma informação importante: o peso de cada estado na distribuição dos eleitores brasileiros.

Quando se fala que o Sudeste é o principal cenário da disputa dos votos, nem sempre é mencionado que os quatro estados da região mais populosa e rica do Brasil concentram 42,9% dos eleitores. Que o Nordeste concentra 26,9%. Que o Sul abriga 14,8% do eleitorado, a região Norte, 8% e o Centro-Oeste, 7,4,%. Para facilitar, alguns institutos de pesquisa agrupam o Norte/Centro Oeste, perfazendo 15,4% dos eleitores, comparados aos 14,8% do Sul, porque as dificuldades logísticas para os eleitores do Norte e Centro Oeste determinam abstenção bem superior nestes estados do que nos três estados sulistas.

Por isso, ofereço a você, caro leitor, um quadro mais claro da inclinação dos eleitores por estados, com seu respectivo peso na distribuição do eleitorado brasileiro, segundo a última pesquisa IPEC (criado pelos antigos diretos do Ibope) realizada entre os dias 26 e 28 de agosto e divulgada dia 29, quando Lula tinha 44% das intenções de votos e Bolsonaro, 32%. Vale notar que as notícias de que Lula vencia em 14 estados, Bolsonaro liderava em cinco e no Distrito Federal, com empate técnico nos demais (dentro das oscilações da margem de erro de ambos), não exprimem a realidade. A pesquisa não conclui a totalização no Pará, 9º colégio eleitoral do país, com 3,8% dos eleitores.

É preciso ver o peso de cada estado na distribuição do eleitorado. São Paulo tem 21,8% dos eleitores, Minas Gerais, 10,5% e o Nordeste, onde Lula é majoritário (no Ceará a vantagem só é menor pela popularidade do conterrâneo Ciro Gomes, que embora nascido em São Paulo, foi criado em Sobral, onde iniciou sua carreira política), leva 26,9% dos votos.

São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Ceará, Pará, Santa Catarina, Goiás e Maranhão (os 12 maiores eleitorados entre os 17 do país) concentram 84,6% dos eleitores.

Assim, Se Bolsonaro está ganhando em Santa Catarina (3,5% do eleitorado) por 50% a 25% de Lula, a vitória do ex-presidente no Maranhão, 12º estado com mais eleitores, com 3,1% do total), por 66% a 18% de Bolsonaro, anula completamente a vantagem. Idem em Mato Grosso, onde graças ao apoio do agronegócio Bolsonaro vence por 49% a 31%, pois o estado responde por apenas 1,5% do eleitorado (mesmo índice do Distrito Federal e é superado ainda pelos 1,7% do Amazonas).
E cabe assinalar o péssimos desempenho nos estados dos líderes políticos que o apoiam, através do Centrão. Em São Paulo, do PL, de Valdemar Costa Neto, Lula vencia por 40% a 31%. Em Minas Gerais, terra natal do vice, general Braga Neto, a situação é de vaca desconhecendo bezerro: Bolsonaro perde de 54% a 30%. No Piauí, terra do chefe da Cada Civil e senador licenciado do PP, Ciro Nogueira, Lula vencia por 69% a 15%. Em Alagoas, terra do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), que tem 1,5% do eleitrorado, como Mato Grosso, a derrota era por 50% a 29%. No Rio de Janeiro, reduto da família Bolsonaro, Lula tinha 39% contrra 36%, num virtual empate técnico.
O campo de batalha será mesmo em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul e Paraná. Se Bolsonaro estreitar as margens até aqui desfavoráveis nos cinco primeiros, ampliar a vantagem no Paraná e diminuir a goleada no Nordeste, pode impedir, com o crescimento das candidaturas de Ciro Gomes e Simone Tebet, o desfecho no 1º turno. No 2º turno, em 30 de outubro, só um milagre, ou mágica, tiraria a vitória de Lula. Mágicos tiram coelhos e pombos da cartola, Bolsonaro imagina o uso de um quepe?

Macaque in the trees
Com números do IPEC (Foto: Coisas da Política)



Veja abaixo as intençoes de votos em todas as regiões: no Nordeste, onde Bolsonaro aparece tocando sanfona, Lula é majoritário
Com números do IPEC


https://www.jb.com.br/

Bolsonaristas queriam se aproximar do STF no 7 de setembro, mas ouviram não

STF terá 70% a mais de agentes de segurança e equipe do batalhão de choque da PM dentro do tribunal

Foto: Reuters/Pilar Olivares
Credit...Foto: Reuters/Pilar Olivares

RUBENS VALENTE - Os eventos do 7 de setembro do ano passado em Brasília têm sido lembrados como uma advertência para os responsáveis pela segurança dos principais prédios da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes em Brasília. A facilidade com que caminhões de ruralistas aliados de Jair Bolsonaro conseguiram, na noite de 6 de setembro de 2021, romper o frágil bloqueio feito pela Polícia Militar nas vias de acesso à Esplanada ficou como uma demonstração do que não deve ser feito na próxima semana, quando uma nova manifestação de tom golpista vem sendo convocada por Bolsonaro e seus apoiadores.

Imagens de vídeo da época mostram que após o rompimento tranquilo da primeira faixa de proibição, no início da Esplanada, por muito pouco os veículos não conseguiram avançar até a frente do STF (Supremo Tribunal Federal), o que deixaria o prédio inteiramente ao alcance de ataques.

O que separou os veículos do prédio do STF, a uma distância de menos de um quilômetro, foi apenas uma outra tênue barreira da PM feita por policiais e barreiras de plástico. Somente por uma decisão sensata de alguns manifestantes é que os caminhões acabaram parados na própria Esplanada — dando início, aliás, a um longo acampamento cuja ordem de desmontagem também gerou desgaste para os órgãos de segurança do DF.

Um comentário recorrente entre os órgãos envolvidos na segurança deste 7 de Setembro é que as brechas de 2021 não podem se repetir e que neste ano o rigor no controle do tráfego de veículos e pessoas deverá ser muito maior, de acordo com dois participantes dessas conversas que falaram à Agência Pública sob a condição de não ter os nomes publicados. Em reunião nesta quinta-feira (1), de acordo com essas fontes, representantes dos manifestantes novamente pediram autorização para se posicionar, na tarde do dia 7, na frente de prédios públicos como o STF (Supremo Tribunal Federal) e o Congresso Nacional, mas receberam uma sonora negativa da SSP (Secretaria de Segurança Pública) do DF. Foi reiterada a decisão de bloquear os manifestantes perto do Itamaraty e de proibir a entrada de caminhões na Esplanada.

Embora não seja possível prever a força e o tamanho da manifestação da próxima quarta-feira (7), a preocupação de que as cenas de 2021 não se repitam é compartilhada pelas autoridades dos tribunais superiores. A pelo menos um interlocutor, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, disse que já telefonou para o governador Ibaneis Rocha para insistir nesse ponto: nenhum caminhão pode entrar na Esplanada e o governo local, ao contrário do que ocorreu no ano passado, deve tomar todas as medidas necessárias para impedir o acesso.

Numa entrevista ao jornal “O Globo” no último dia 21, Fux disse que o 7 de Setembro passado foi o momento “mais delicado” do seu período na presidência do tribunal. Ele tomou posse em setembro de 2020 e deverá ser sucedido no próximo dia 10 pela ministra Rosa Weber. “Esperávamos que os manifestantes chegassem no dia 7. Eles nos surpreenderam chegando no dia 6. Havia um número expressivo de pessoas, muitos caminhões. Havia veladamente uma informação de que tentariam chegar perto do Supremo. Um grupo radical falava em invadir o Supremo. Posso diagnosticar este como o momento mais delicado. Tivemos que passar a madrugada acordados e vigilantes para que não houvesse nenhum incidente.”

 

STF aumentará em 70% agentes de segurança

A Pública apurou que o STF aumentará em 70%, na comparação com o ano passado, a presença dos agentes de Polícia Judicial mobilizados pelo tribunal no próximo dia 7 – o número dos agentes não é divulgado. Um reforço de agentes será deslocado do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e do TRT (Tribunal Regional do Trabalho). Os agentes, que atuam como seguranças das instalações e autoridades do Judiciário da União, legalmente podem usar armas de fogo, como pistolas e carabinas, e também toda a série de armas menos letais, como taser, spray de pimenta e gás lacrimogêneo.

A pedido do STF, a PM deixará mobilizado dentro do tribunal uma equipe do Batalhão de Choque, que só entrará em ação para impedir ou reprimir algum ataque direto ao prédio. Voos de drones, com algumas exceções, são proibidos em toda a Esplanada. Caso algum desobedeça a vedação, o controle do drone invasor poderá ser hackeado para fazê-lo pousar em segurança. O dono do aparelho será identificado e punido. Em 15 de junho, um drone com fezes foi usado contra a plateia que acompanhava um discurso do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Uberlândia (MG).

Nas últimas semanas, representantes de diversos órgãos públicos da Esplanada têm intensificado as reuniões para acertar os detalhes do plano de segurança do 7 de Setembro. Participam servidores da SSP, da Polícia Militar, da PRF (Polícia Rodoviária Federal), do Corpo de Bombeiros, da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), do Congresso Nacional, entre outros, e também dos órgãos que são notoriamente alvos dos manifestantes pró-Bolsonaro, como o STF e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Por outro lado, as reuniões são acompanhadas também por gente do coração do Palácio do Planalto, como o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), comandado por um ardoroso defensor de Bolsonaro, o general reformado Augusto Heleno.

Nas reuniões, ficou definido que caminhões não poderão se aproximar da Esplanada, com exceção talvez de um ou dois caminhões de som. Foram oferecidos aos caminhoneiros pelo menos dois lugares para estacionamento. Resta a dúvida, porém, sobre os 28 tratores que já estão com seu acesso permitido pelo Palácio do Planalto e pelo Ministério da Defesa para participarem do desfile militar da manhã do dia 7 (as manifestações bolsonaristas estão previstas para a tarde, a partir das 13h00). Em tese, esses tratores, trazidos a Brasília por ruralistas aliados de Bolsonaro, deverão deixar a Esplanada logo após o desfile.

 

Caravanas pró-Bolsonaro

Até o momento, sete grupos — e uma pessoa que se identificou como Valdemir Soares de Souza — protocolaram no governo do Distrito Federal uma autorização para promover manifestações na tarde do dia 7, todos a favor de Bolsonaro, segundo o Governo do DF. Eles foram registrados pelo GDF da seguinte forma: “Caravana de integração nacional”, “Brasil independente”, “Brasil unido pelo presidente”, “Manifestação em defesa da liberdade e eleições transparentes”, “Ato público com oração pelo Brasil”, “Manifestação popular” e “Manifestação em defesa da democracia e liberdade”.

A Pública solicitou a lista dos responsáveis de cada um desses grupos, mas a SSP informou que os nomes não são públicos.

Integrantes do grupo formado pelos órgãos de segurança divergem sobre a potencial agressividade do ato previsto para a tarde do dia 7. Um dos integrantes ouvido pela Pública disse que ele deverá ser mais ameno que o do ano passado, qualificando-o como “mais eleitoreiro”; outro diz que a mobilização nas redes sociais tem se mostrado semelhante ou até maior do que a do ano passado e que os ataques às instituições prosseguem no mundo virtual, o que provoca de novo um alerta vermelho. Além disso, cita a ocupação de 100% da rede hoteleira em Brasília, mesmo índice de 2021. A SSP, por outro lado, trabalha com a informação de que não haverá tantos caminhões em caravanas vindas de outros Estados, como Mato Grosso e Goiás, ao contrário do que ocorreu no ano passado.

Nos arredores de Brasília, diversos outdoors foram espalhados para convocar as pessoas à manifestação do dia 7 com mensagens de cunho golpista. A Pública contou pelo menos cinco com a inscrição: “É agora ou nunca”. Uma variação diz “a segunda independência”. São painéis anônimos, atribuídos genericamente a “brasileiros”. Segundo a Folha de S. Paulo, eles foram pagos por um “grupo bolsonarista ligado a ruralistas” denominado “Movimento Brasil Verde e Amarelo”, que diz representar associações e sindicatos rurais. No ano passado, o grupo dirigiu ataques ao STF e ajudou a organizar a manifestação do dia 7.

De acordo com o jornal, um dos expoentes do grupo é Antônio Galvan, filiado ao PTB, presidente licenciado da Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja) em Mato Grosso e alvo de um inquérito aberto pelo STF sobre atos antidemocráticos.

https://www.jb.com.br/

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