Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

quarta-feira, junho 08, 2022

O dogma trans tomou conta das escolas




Uma adolescente foi perseguida em sala de aula por dizer que o sexo biológico existe.

Por Joanna Williams, Spiked 

Uma baronesa deu uma palestra para os últimos anos do ensino médio de uma escola particular do Reino Unido para meninas. Depois disso, uma garota foi cercada por um grupo grande de colegas. Elas gritaram, atacaram, xingaram e cuspiram na adolescente, que fugiu, mas desmaiou por não conseguir respirar direito.

A palavra bullying é usada de forma leviana hoje em dia. As crianças se veem como vítimas do bullying quando se sentem excluídas. Chefes que colocam a equipe sob pressão para cumprir prazos podem ser acusados de bullying. De modo geral, essas são apenas experiências desagradáveis. Mas uma estudante ser atacada, cercada, xingada e cuspida por suas colegas sem dúvida é um caso evidente de bullying.

Sendo assim, nesse caso, poderíamos esperar que os professores — totalmente treinados em todas as orientações antibullying mais atuais — interviessem e acabassem com o sofrimento dessa garota, não é? Seria de esperar que ela recebesse cuidados, e suas algozes fossem punidas, certo?

Mas não foi isso que aconteceu. Em vez de receber apoio de seus professores, a aluna cercada por uma multidão enfurecida foi “afastada” da escola. E, em vez de serem punidas, as colegas que a perseguiram foram tratadas como vítimas. Inacreditavelmente, tudo indica que a diretora da escola se desculpou com as alunas envolvidas por “não conseguir manter um ‘espaço seguro’ e ter sido vista por tanto tempo oferecendo apoio à vítima [do bullying]”, que a essa altura tinha sido “isolada na biblioteca”, para sua própria segurança.

Crime hediondo

A herege em questão supostamente cometeu um crime tão hediondo do ponto de vista moral que as cusparadas e os xingamentos foram considerados uma reação quase justificável. Na sequência da fala da aristocrata sobre “transfobia no Parlamento”, a garota que causou o estardalhaço ousou questionar as ortodoxias da identidade de gênero. Ela cometeu a temeridade de sugerir que o sexo pode ser biológico e imutável. Esses crimes de pensamento a fizeram ser considerada uma transgressora que mereceu ser punida.

O incidente veio à tona depois que um professor da escola entrou em contato o Transgender Trend, um grupo de pais, mães, profissionais e acadêmicos preocupados com o rápido aumento de crianças diagnosticadas como transgênero. Dali, a história chegou ao jornal The Times. E, então, finalmente, as cenas dignas do filme As Bruxas de Salém ocorridas na escola foram expostas ao escrutínio público.

Vale mencionar que a escola envolvida é uma “defensora da diversidade”, e a aristocrata, que foi conversar com as estudantes durante uma aula de educação pessoal, social, de saúde e economia, é uma conhecida ativista e palestrante da questão LGBTQ. Suas opiniões sobre as questões relacionadas à transgeneridade teriam reiterado posições já conhecidas pelas garotas — se elas não as tivessem ouvido na cultura popular, teriam escutado de figuras como a instituição beneficente trans Mermaids, que tinha sido convidada para falar na escola no ano passado.

As estudantes — que têm 17 e 18 anos — não estavam deparando com o tema pela primeira vez. Elas tiveram anos de treinamento sobre a forma “correta” de pensar. E tinham sido totalmente preparadas para concordar com tudo o que a baronesa dissesse. Mas parece que sua educação de alto nível não as preparou para a discordância dessa opinião. Como uma professora da escola descreveu, as estudantes presumiram que a garota que se atreveu a fazer perguntas “mereceu totalmente o corretivo que tinha acabado de receber”.

Que adolescentes se comportassem assim é uma coisa. Mas e os professores? De acordo com o Times, de início, muitos deram apoio à aluna em questão, mas “recuaram depois de reclamações de outras alunas do mesmo ano que a acusaram de transfobia”. Pelo jeito, ou eles concordaram que a aluna de fato era uma herege, e por isso mereceu aquele tratamento, ou foram covardes demais para se manifestar em defesa dela.

Culpa da vítima

Quando voltou para a escola depois de seu confronto com a multidão, a garota foi informada de que teria de estudar na biblioteca se dissesse qualquer coisa provocadora nas aulas. Os repetidos xingamentos e as acusações de transfobia significaram que ela já passava os intervalos e o horário do almoço na biblioteca. Os professores pareciam supor que era a garota que estava errada — que ela era o problema por expressar discordâncias e por ousar fazer perguntas —, e não as garotas que a cercaram. Sob quaisquer outras circunstâncias, isso teria sido chamado de “culpar a vítima”. Infelizmente, mas talvez não surpreendentemente, a garota saiu da escola em dezembro e está estudando em casa desde então.

É totalmente absurdo que qualquer estudante de 18 tenha de ser tratada dessa maneira apenas por fazer perguntas educadas a uma palestrante convidada. Que isso tenha acontecido mostra não apenas a completa dominação intelectual da ideologia transgênero nas escolas, mas também como ideias nada científicas de identidade de gênero foram ensinadas às crianças como ortodoxias morais inquestionáveis. Do berçário em diante, os estudante são levados a absorver de maneira acrítica a crença de que o sexo não importa, de que o gênero está num espectro e de que pensar qualquer coisa diferente disso é transfobia.

Além do mais, esse caso específico da aluna que foi perseguida expõe a completa covardia de muitos professores. Eles não só não são capazes de questionar as narrativas identitárias dominantes, como também não conseguem defender os alunos que o fazem. Na mente de muitos docentes, o incentivo à curiosidade intelectual e ao debate foi substituído como objetivo fundamental da educação pela necessidade de promover um dogma woke. Esses professores parecem estar tão afastados de seu grande propósito moral que não se pode nem mais confiar que eles vão manter a segurança de seus alunos nas escolas.

Os colégios estão sujeitos a requisitos legais de imparcialidade política. Recentemente, os ministros do governo reiteraram essa obrigação. Um obstáculo enfrentado por aqueles que estão comprometidos com a imparcialidade na educação é que o pensamento woke é cada vez mais apresentado não como algo político, mas como uma questão de boas práticas para promover a igualdade, a diversidade e a inclusão. Nada poderia estar mais equivocado. O que está acontecendo nas nossas escolas é uma forma de doutrinação moral. E está tendo um efeito devastador nas crianças.

*Joanna Williams é colunista da Spiked e autora do livro How Woke Won (no prelo)

Revista Oeste

Vento é Dinheiro




Por Carlos Brickmann (foto)

Para conter o preço dos combustíveis no Brasil, inflado pela alta do petróleo com a invasão da Ucrânia pela Rússia, Bolsonaro propõe-se a zerar os impostos sobre diesel e gás de botijão, desde que os governadores também suspendam a cobrança. E a União devolverá aos Estados os impostos que perderem, desde que o Congresso aprove emenda constitucional, que ainda não foi proposta, permitindo-lhe repassar verbas federais que não existem.

De acordo com o superministro da Economia, Paulo Guedes, o custo está calculado: ficará entre 25 e 50 bilhões de reais. Diferença mínima, de uns cinco bilhões de dólares. Como o dinheiro não existe, será necessário furar o teto de gastos e dar um jeito para que isso seja legal. Ou usar na manobra os lucros da privatização da Eletrobras – que ainda não ocorreu e, se tudo der certo, será realizada em outubro.

Traduzindo: os Estados pagam e esperam que o Governo Federal reponha o dinheiro que não existe quando (e se) for apresentada e aprovada uma emenda constitucional que permita a reposição; se (e quando) houver um jeito legal de furar o teto de gastos, se (e quando) o dinheiro da privatização da Eletrobras começar a entrar no caixa.

Dois detalhes interessantes: a) a redução de preço vale até dezembro deste ano; b) pode ser cancelada a qualquer momento – digamos, no comecinho de novembro, já passadas as eleições. E se algum rival de Bolsonaro for eleito e disser que não vai devolver nada aos Estados, porque é contra a lei?

Os valores em disputa

Como me ensinou um empresário de sucesso, antes de entrar numa briga é importante saber por quanto estamos brigando. Os Estados estão brigando por R$ 80 bilhões, no caso do projeto que tabela o ICMS de energia elétrica e combustíveis em 17%; mais alguma coisa (segundo Paulo Guedes) entre R$ 25 bilhões e R$ 50 bilhões, zerando os impostos sobre diesel e gás.

E o consumidor? Segundo o líder dos caminhoneiros, Chorão, contrário às medidas sugeridas por Bolsonaro (a quem já apoiou), o preço do diesel, hoje em média de R$ 7,01 o litro, pode cair no máximo até R$ 1,006.

Entretanto

Sempre é bom discutir redução de impostos, mas a causa da alta do diesel, da gasolina e do gás engarrafado é outra: é a subida do petróleo, que se deve à invasão da Ucrânia pela Rússia. Em uns cem dias de guerra, o petróleo foi de US$ 60 para US$ 150 o barril. As ideias de Bolsonaro não são apenas pastéis de vento: também seguem o caminho errado. Os impostos brasileiros são altíssimos, mas não provocaram a alta dos combustíveis. Um exemplo: em Portugal, o litro do diesel é hoje de dois euros. O da gasolina, de 2,30. O euro vale R$ 5,12. Ou seja, o litro de diesel em Portugal custa R$ 10,24.

Doações, doações

O PT deve promover, no fim deste mês, um churrasco em São Paulo para arrecadar recursos para a campanha. É provável que a escolha recaia sobre a mesma (e ótima) churrascaria em que apresentou Alckmin como vice de Lula a um grande grupo de advogados. Mas os petistas não devem estar seguindo a marcha da inflação: com o preço da carne, com o preço dos restaurantes, é provável que comam bem, bebam muito bem e acabem tomando prejuízo.

Nosso acadêmico

O advogado José Paulo Cavalcanti Filho, colaborador permanente de nosso site Chumbo Gordo (www.chumbogordo.com.br) assume depois de amanhã, às 21 horas, sua cadeira na Academia Brasileira de Letras, onde será recebido pelo acadêmico Marcos Vilaça. Cavalcanti, 74 anos, foi presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, CADE, e da EBN; é consultor da Unesco e do Banco Mundial; é integrante da Academia Pernambucana de Letras; foi membro destacado da Comissão Nacional da Verdade. E é um dos maiores especialistas internacionais na obra do poeta português Fernando Pessoa. Seu livro é antológico: “Uma quase autobiografia”.

 Em frente, Zé Paulo! Os que vão te ler te saúdam!

Leve-se em conta

A opinião é de um dos políticos mais hábeis do país, cujo raciocínio não se mistura com preferências pessoais; sempre é bom ouvi-lo. Na opinião de Gilberto Kassab, publicada pelo jornal Valor, Lula é favorito para vencer no primeiro turno. Textual: “Hoje as pesquisas mostram uma tendência de eleição no primeiro turno. Sinto pelos depoimentos dos nossos quadros – Omar Aziz no Amazonas, Otto Alencar na Bahia, o Kalil em Minas Gerais – a presença muito forte do Lula nos seus Estados, de uma pesquisa vigorosa que vai se sustentar. São Paulo é minha praia, fui prefeito, secretário municipal, vice-prefeito, modéstia à parte eu conheço. Sinto a presença do Lula muito forte na capital.”

Mas Kassab é flexível: como seu PSD não tem candidato à Presidência, cada candidato a governador escolhe qual candidato presidencial apoiar. Ratinho Jr., do Paraná, candidato à reeleição, vai de Bolsonaro; Alexandre Kalil, de Minas, se aliou a Lula.

Brickmann.com.br

Na véspera de encontro com Biden, Bolsonaro questiona eleições americanas




Bolsonaro tem em encontro marcado com Joe Biden ainda nesta semana

Bolsonaro disse que fica com 'pé atrás' sobre a derrota de Donald Trump, aliado do brasileiro

Por Ana Mendonça

O presidente Jair Bolsonaro voltou a levantar dúvidas sobre a vitória do democrata Joe Biden nas eleições dos Estados Unidos. Às vésperas de um encontro com o chefe de estado americano, o mandatário brasileiro disse que fica com “pé atrás” com a derrota de Donald Trump nas urnas.

“Olha, quem diz é o povo americano. Não vou entrar em detalhes sobre a soberania de outro país. Agora, o Trump estava muito bem. E muita coisa chegou para a gente, e a gente fica com o pé atrás”, disse Bolsonaro, em entrevista ao SBT nesta terça-feira (7/6).

“A gente não quer que aconteça isso no Brasil. Tem informação dos próprios brasileiros, de que teve gente que votou mais de uma vez”, complementou.

Bolsonaro estará ao lado de Joe Biden nesta semana. O chefe do Executivo federal viaja amanhã (8/6) para Los Angeles, na Califórnia, onde participa da 9ª Cúpula das Américas.

O presidente do Brasil é declaradamente apoiador de Donald Trump, com quem se identifica politicamente. Em contrapartida, Joe Biden vem criticando Bolsonaro, principalmente sobre questões climáticas. 

Estadão / Estado de Minas

A tirania dos homens de bem




No Brasil, as transições sempre acontecem para impedir que o passado fique no passado

Por Luiz Gonzaga Belluzzo* (foto)

“Nós defendemos o armamento para o cidadão de bem, porque entendemos que a arma de fogo, além de uma segurança pessoal para as a famílias, ela também é a segurança para a nossa soberania nacional e a garantia de que a nossa democracia será preservada”. Assim falou Bolsonaro no dia 17 de maio de 2022.

“Cidadão de bem” é a expressão que denuncia as desavenças de Bolsonaro com os princípios que regem a convivência social ao abrigo do Estado Moderno. As formações políticas que se consolidaram desde a Era do Iluminismo e da Revolução Francesa não admitem aos cidadãos invocar a própria santidade, honestidade ou boa consciência para contestar a universalidade da lei ou os procedimentos legais.

Seria uma insanidade, no mundo moderno, substituir os preceitos e a força da lei escrita pela presunção de bondade intrínseca de um grupo social ou de um agrupamento de indivíduos.

Não apenas aqui, neste Brasil de tantos atrasos e tantas ignorâncias, mas no mundo inteiro a crise de legitimação do Estado vem suscitando “ondas regressivas” de apelo às falsidades da consciência moralista e hipócrita, em prejuízo da segurança dos cidadãos.

As reflexões mais profundas sobre a ética da modernidade repeliram sempre com energia as tentativas conservadoras de desmoralizar o formalismo da lei em nome da espontaneidade, dos bons sentimentos, da palavra de honra.

É oportuno invocar a sabedoria de Thomas Hobbes: “... cada qual governado por sua própria Razão, e não havendo algo que o homem possa lançar mão para ajudá-lo a preservar a própria vida contra os inimigos, todos têm direito a tudo, inclusive ao corpo alheio. Assim perdurando, esse direito de cada um sobre todas as coisas, não poderá haver segurança para ninguém (por mais forte e sábio que seja), de viver durante todo o tempo que a Natureza permitiu que vivesse”.

Hobbes rejeitou a visão do “estado de natureza” como um passado idílico em que os homens conviviam pacificamente, em que o homem era naturalmente bom. A convivência pacífica só pode surgir na sociedade em que o Estado está consolidado, e a sociedade civil está submetida às leis emanadas do Soberano. Sublinho a palavra leis. O soberano tem o dever primordial de garantir a segurança de todos os cidadãos contra as ameaças de violência de uns poucos.

Na Filosofia do Direito, Hegel condena as queixas e reações contra a involução que pretende impor a moral particularista. “São não apenas errôneos estes protestos, mas revelam um apego malsão à sua própria particularidade que é desfrutada narcisisticamente sob o disfarce da moralidade”.

Emile Durkheim ensina que para Rousseau e Kant, “as únicas formas morais de agir são aquelas que podem se adequar a todos os homens indiscriminadamente, ou seja, que estão envolvidas na noção de homem em geral”.

A Modernidade carrega em seu Espírito a missão de universalizar os direitos e as obrigações enquadrados na formalidade da lei. Quando o Espírito descuida, acordam os pequenos demônios da opressão, do particularismo e da submissão dos indivíduos à vontade de outros indivíduos. Essa é a essência da liberdade dos que se manifestam nas ruas, clamando pelo fechamento do STF.

A tirania dos cidadãos de bem ensina que o indivíduo é naturalmente bom, capaz de discernir entre o justo e o injusto, o certo e o errado. A sociedade e as instituições, ao contrário, são corruptas e corruptoras. Para essa gente, os compromissos típicos da democracia são obstáculos para a realização da “verdadeira justiça”, aquela que está, desde o útero materno, no coração dos homens. As instituições da sociedade, sobretudo o Estado, com suas instâncias de controle, suas leis ambíguas e seus métodos de punição insuficientemente rigorosos, tornam a Justiça uma farsa, um procedimento burocrático e ineficaz.

A história, sobretudo a nossa, está aí para mostrar que nenhum regime despótico deixou de invocar, nos seus momentos preambulares, as virtudes, excelências e a superioridade de sentimentos dos “homens que vieram para praticar o bem”.

No nosso Brasil, as transições sempre acontecem para impedir que o passado fique no passado. A memória, enquanto reflexão sobre o que passou, vai se apagando depressa, na mesma velocidade com que se rearmam as forças e os interesses que comandaram os grandes desastres e desatinos. A memória nacional é fraca porque o passado não passa e a história parece um processo descontínuo e recorrente que Sérgio Buarque de Holanda chamou de procissão de milagres

O sistema de forças que se abrigava sob a pele do regime militar sobreviveu incólume à transição democrática. Pior que isso, durante estes anos de observância das regras democráticas cresceu sem parar o poder de veto e de bloqueio destas forças sobre qualquer iniciativa política ou econômica capaz de alterar o status quo.

Há quem não perceba que cultivamos estes primitivismos e esteja disposto a jurar que por aqui ainda predomina o homem cordial, afetuoso e disposto ao perdão e à amizade. Neste caso, a ignorância nativa está se valendo da falsificação de um conceito elaborado por Sérgio Buarque - o homem cordial - para designar um comportamento típico: avesso às normas gerais, impessoais e igualitárias, e inclinado às relações de compadrio, ao favorecimento, ao particularismo, à reafirmação das desigualdades. Para os amigos tudo, para os inimigos...

Somos, na verdade, muito mais iguais ao que fomos no passado. Somos, afinal, nossos próprios fantasmas. Nossos mortos somos nós e assim não temos as lições do passado, mas a eternidade da recorrência e da mesmice. Somos inimitáveis e originais, por certo, nas celebrações e nos escândalos. Aí sim, escancaramos a alma e produzimos espetáculos deslumbrantes, feéricos. O mundo se curva, entre estarrecido e deslumbrado, diante da torpeza inocente, translúcida, da baixaria sem preconceitos, franca e risonha.

Faltam-nos os momentos de seriedade trágica, aquele instante fundador em que o declínio do velho é substituído apenas por sinais, indícios, débeis movimentos do novo, que obrigam o homem a se decidir ainda suspenso entre dois mundos. Nossa história é na verdade uma procissão de milagres.

*Luiz Gonzaga Belluzzo, professor titular do Instituto de Economia da Unicamp, recebeu recentemente da Universidade Federal de Goiás o título de Doutor Honoris Causa.

Valor Econômico

‘Mais vale uma imagem..




Politicamente correta, agenda nos EUA é ao gosto de Biden e indigesta para Bolsonaro

Por Eliane Cantanhêde (foto)

A viagem de Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, nesta semana, para a Cúpula das Américas e um (ou melhor, o primeiro) encontro bilateral com Joe Biden, pode ser um sucesso, um fiasco ou... nada. Depende do humor e da boa ou da má vontade de Bolsonaro e de Biden, um com o outro. É aí que mora o perigo.

A agenda é muito politicamente correta, ao gosto do norte-americano. Logo, só “mimimi” indigesto para o paladar do brasileiro. Democracia, eleições, ambiente, aquecimento global e energia limpa, o que deixa uma dúvida no ar poluído da relação bilateral: Bolsonaro vai assinar o documento final cheio de compromissos com democracia e sustentabilidade?

Ele pode se sentir desconfortável e até querer “reagir à altura” contra Biden, que também tem lá seu, ou melhor, seus telhados de vidro: o pós-pandemia de covid traz um novo e preocupante fator nos EUA, a inflação, e recrudesce um velho e igualmente preocupante problema do país, a imigração. Aliás, Biden deve se preparar para protestos de governos (pela exclusão de países de esquerda) e também de ruas (de imigrantes ilegais).

Rápido no gatilho, Bolsonaro já começou a atirar de véspera. Após receber o convite pessoalmente do enviado Christopher Dodd e aceitá-lo, já deixou claro, para Biden e quem mais quisesse ouvi-lo, que aceitava, mas não de bom grado: “Eu estava propenso a não comparecer. Não posso ir ser moldura de uma fotografia. Não vou para lá sorrir, apertar a mão e aparecer em foto, vou para resolver assuntos”. Aproveitou para reclamar que Biden fingiu que nem o viu no G-20 e tascou: “Talvez seja coisa da idade”.

É de uma grosseria inominável, mas não inédita. Bolsonaro já endossou piadas bolsonaristas com a primeira-dama da França, Brigitte Macron, bem mais velha do que o marido, e já atacou a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet: “Se não fosse o pessoal do Pinochet derrotar a esquerda em 1973, entre eles o teu pai, o Chile seria uma Cuba. Quando tem gente que não tem o que fazer, vai lá para a cadeira de Direitos Humanos da ONU (que ela ocupa)”.

E que “assuntos” ele quer resolver, depois de chorar a derrota de Donald Trump e ser o último presidente do G-20 a reconhecer a vitória de Biden? Bem, assunto não falta: Defesa, armamento, agricultura, tecnologia... Mas também, por exemplo, Amazônia, Ucrânia, ataques às urnas eletrônicas, fake news e crimes digitais.

Mais do que acordos e assinaturas, a curiosidade, lá nos EUA e aqui no Brasil, é em relação à cara de Bolsonaro e Biden nas fotos do encontro e do fim da cúpula. Sabem aquela história de que “uma imagem vale mais do que mil palavras”? Pois é .... 

O Estado de São Paulo

'Civilizações alienígenas' podem atacar a Terra, diz pesquisador




A pesquisa é considerada mais como uma 'experiência de pensamento'

O estudo foi feito com base na probabilidade estatística. De acordo com os cálculos, quatro civilizações poderiam invadir nosso planeta

Por Helena Dornelas

Segundo um pesquisador, existem quatro civilizações extraterrestres na Via Láctea que poderiam atacar o planeta Terra. O estudante de doutorado da Universidade de Vigo, na Espanha, Alberto Caballero, chegou à conclusão de que podem existir civilizações hostis nas nossas redondezas, ou seja, propensas a atacar a terra.
 
A pesquisa é considerada mais como uma "experiência de pensamento". O artigo intitulado "Estimando a Prevalência de Civilizações Extraterrestres Maliciosas", tem como objetivo advertir outros cientistas e colocar um número para as civilizações que poderiam eventualmente reverter às mensagens que são enviadas.

A estimativa é baseada na história mundial de invasões no século passado, as capacidades militares dos países envolvidos e a taxa de crescimento global do consumo de energia. Alberto usou como base o recorte temporal de 1915 até 2022, com expectativa de qual seria a probabilidade da Terra invadir outro planeta.
 
O estudo foi feito com base na probabilidade estatística. Alberto aplicou o número de invasões que aconteceram na terra, incluindo o Sinal WoW, ao número estimado de exoplanetas na Via Láctea. De acordo com os cálculos, o número de civilizações que poderiam invadir nosso planeta é quatro.
 
Alberto também alertou os cientistas para terem cautela ao usar a Inteligência Extraterrestre de Mensagens (METI) por medo de que ela pudesse provocar uma invasão.
 
Caballero explica que fez a pesquisa baseada apenas na vida humana e acrescenta que como não conhece a mente dos extraterrestres as respostas patológicas pesquisadas podem não ser iguais.
 
Entretanto, o estudo conclui que a probabilidade da Terra sofrer com uma invasão extraterrestre é menor do que a probabilidade da raça humana ser extinta por ser atingida por um asteroide.

Correio Braziliense / Estado de Minas

***

Extraterrestres exploram a galáxia a bordo de planetas errantes?

A pesquisadora propõe inaugurar uma nova categoria de busca por inteligência alienígena: A busca por extraterrestres migrantes.

Navegantes das galáxias

Os olhares desconfiados gerados ante a proposta de que o asteroide interstelar 'Oumuamua poderia ser uma sonda alienígena não parecem ter desencorajado a astrônoma Irina Romanovskaya.

Romanovskaya está propondo a possível existência de civilizações extraterrestres tão avançadas que elas podem pegar carona em planetas que vagam livremente pelas galáxias, transformando-os em naves para colonizar novos mundos.

Já se sabe há algum tempo sobre a existência dos chamados planetas interestelares, também conhecidos como planetas desgarrados, planetas nômades, planetas errantes, planetas órfãos etc - são planetas vagando solitários pelo espaço, não girando em torno de uma estrela hospedeira.

A proposta de Romanovskaya é que civilizações extraterrestres suficientemente avançadas podem deixar seus sistemas planetários de origem ante ameaças existenciais. Uma das maneiras de fazer isso seria migrar para um planeta errante e deixar que o Universo trace os novos rumos.

'A NASA propôs uma escala para avaliar a existência de vida extraterrestre'.

Naves planetárias

Planetas interestelares podem oferecer espaço e recursos naturais, bem como proteção contra radiação espacial, para populações muito grandes que quisessem embarcar em viagens interestelares. Seria tecnicamente impossível, propõe a pesquisadora, que enormes naves estelares, também chamadas de naves-mundo, possam oferecer as mesmas condições.

Civilizações extraterrestres também poderiam usar os planetas errantes para enviar espécies biológicas ou "pós-biológicas" para pesquisar o espaço interestelar, estrelas e sistemas planetários, ou estabelecer suas colônias em vários sistemas planetários para preservar e expandir suas civilizações, mesmo antes de enfrentar ameaças existenciais em seu planeta natal.

Romanovskaya vai ainda mais longe, e propõe que essas civilizações não precisam nem mesmo esperar por um planeta errante passando por suas vizinhanças: Elas poderiam usar sistemas de propulsão e eventos de assistência gravitacional para converter grandes objetos de seus sistemas planetários - como Sedna, no nosso Sistema Solar - em planetas errantes e enviá-los rumo às estrelas.

Como a hipótese é especulativa, a astrofísica não tropeça no fato de que não sabemos como um planeta interestelar se comporta em um ambiente eternamente mutável e seus impactos sobre sua atmosfera, seu campo magnético etc: "Sem energia solar, os extraterrestres poderiam usar a fusão nuclear controlada como fonte de energia, e eles poderiam habitar habitats subterrâneos e oceanos dos planetas errantes livres para serem protegidos da radiação espacial," propõe ela.

Extraterrestres nômades

Para descobrir extraterrestres navagando universo afora em planetas errantes, Romanovskaya propõe procurar certas assinaturas tecnológicas, ou tecnoassinaturas, como emissões eletromagnéticas produzidas por tecnologias e sinais de terraformação.

Ela tem até mesmo uma possível explicação para o misterioso sinal "Uau", detectado em 15 de Agosto de 1977 - e nunca mais depois disso; para Romanovskaya, o sinal pode ter sido emitido por uma civilização alienígena a bordo de um planeta interestelar, e apenas não achamos sua origem porque ela não está mais lá; deve estar longe, navegando pela galáxia.

Assim, atualmente, em algum lugar no espaço, a centenas de anos-luz de distância da Terra ou muito perto de nós, espécies biológicas inteligentes em migração, ou seres pós-biológicos com inteligência artificial, podem estar indo aonde ninguém jamais foi antes a bordo de planetas sem estrela, procurando por um novo lar.

Romanovskaya recomenda que a busca por tais viajantes espaciais faça parte de nossa busca por vida inteligente no Universo.

Ela chama isso de SMETI, sigla em inglês para "busca por inteligência extraterrestre migratória" (Search for Migrating Extraterrestrial Intelligence), o que colocaria a procura por essas naves planetárias ao lado das pesquisas conhecidas como SETA, sigla em inglês para "busca por artefatos extraterrestres" (Search for Extraterrestrial Artifacts), e SETI, ou "busca por inteligência extraterrestre" (Search for Extraterrestrial Intelligence).

Inovação Tecnológica

Governo gambiarra

 




Por Carlos Andreazza (foto)

Entre a incompetência e a urgência, assim vai o governo gambiarra de Bolsonaro. A urgência é por permanecer no poder. Não por criar mecanismos para proteger os mais pobres da mordida da inflação. A incompetência exprime-se na incapacidade de propor soluções equilibradas. Quer permanecer no poder uma galera que não gosta do batente. Não gosta do batente e é ruim de serviço. Que não se menospreze, porém, a indústria do puxadinho. Bolsonaro nunca trabalhou e chegou a presidente da República; isso depois de haver erguido bem-sucedida empresa familiar dentro do Estado. Nós temos pagado a conta desses biscates.

Bolsonaro nunca trabalhou, mas é sócio de um grupo parlamentar que sabe trabalhar — e sabe o que quer.

O governo gambiarra maneja com o tempo para criar urgências, fatos consumados, e promover, abraçar, jeitinhos. Abraçar — embarcar — mais que promover. O Planalto e seus associados do consórcio Ciro Nogueira/Arthur Lira/Valdemar Costa Neto só se preocupam com o projeto de reeleição. E o governo opera enrolando para que o Congresso, no limite, resolva. Todo o circo — o carrossel — de especulações para enfrentar o custo dos combustíveis gira para voo de galinha, até o fim das eleições, e tem um só interesse: subsídios. Levantar fundos para distribuir subsídios que resultem em queda circunstancial no preço do diesel — se possível, também da gasolina.

Subsídio é recurso fácil de explicar e de sentir em ano eleitoral. A turma quer segurar o preço — quer baixar o preço — até novembro; e que se exploda depois. São duas jogadinhas em curso. A primeira: ficar agarrado, embromando, no processo para troca do CEO da Petrobras. Aposta-se em esticar os dias, de repente dois meses, de um trâmite de substituição em que o presidente atual da companhia vai enfraquecido, deslegitimado o atual conselho, pendurada a diretoria — período em que não haveria condições políticas de repassar custos. Represamento que se empurraria com a barriga, empossado o novo comando da petroleira, até a eleição. Solução moleque.

A segunda jogadinha: remendar para que, contornada a lei eleitoral, forje-se o veio legal que fará os subsídios chegarem ao eleitor. Este O GLOBO trouxe que o interventor (na Petrobras) Paulo Guedes já teria R$ 25 bilhões reservados para derramar. Os liberais-que-paralisam-empresa-de-capital-aberto informam que dinheiro há, dada a folga fiscal proporcionada pela arrecadação em alta. Guedes e seus liberais à sachsida querem usar a grana proveniente, em grande parte, do imposto inflacionário para combater a inflação.

Restaria a barreira do teto de gastos, com que fingem ainda se preocupar — preocupados com o teto que eles mesmos destelharam. Ok. Formalmente, o teto ainda se arma. E, como Bolsonaro quer dar reajuste salarial ao funcionalismo, nunca foi possibilidade decretar estado de calamidade. Mas a rapaziada quer créditos extraordinários. Sem calamidade, com créditos extraordinários. Como faz? Como se arruma?

Falou-se numa PEC, nos moldes da Emergencial, uma pernada na Constituição que, pervertendo projeto originalmente fiscalista, empurrou os rigores do palestrante Guedes para 2025 e abriu os cofres para o desaguar de R$ 44 bilhões. Era março de 2021, e os dinheiros vinham para reativar o auxílio emergencial que o governo deixara morrer em dezembro de 2020, acreditando que a pandemia acabaria na virada do ano. Havia a incompetência. Também a urgência. A urgência se impôs.

E agora? Onde está a emergência, se os faniquitos de Bolsonaro contra o preço dos combustíveis remontam, pelo menos, ao começo de 2021, demitido Roberto Castello Branco em fevereiro daquele ano? Qual a urgência, em junho de 2022, se o governo teve — pelo menos — mais de ano para formular gatilhos estruturais amortecedores de preço e preferiu bater pezinho?

Falta a emergência. Falta também a competência para liderar a costura por uma emenda constitucional. O tempo é curto. Falta competência no governo. Sobra capacidade nos sócios. E então o Planalto a torcer para que Lira, parte interessada, tome a frente e faça acontecer. Não é sempre assim? O presidente da Câmara, tratorando, conseguiria fabricar a “imprevisibilidade” necessária para justificar créditos extraordinários.

Competências desniveladas à parte, a urgência iguala os parceiros. O arranjo está muito ajeitado. A emergência é a dos sócios, pela reeleição. Créditos extraordinários, pagos por nós, como investimento societário em mais quatro anos de orçamento secreto — pago por nós. E que não se descarte uma Medida Provisória para abrir os créditos — bandalheira preguiçosa mais consistente com o governo gambiarra.

Guedes topa. Está fechado com Bolsonaro. A divergência com os sócios pegando na percepção, entre liras e nogueiras, de que a paixão do ministro pela causa não bastaria. O homem veste a camisa, mas é ruim de serviço.

O Globo

UE acusa Rússia de provocar crise global de alimentos




Em reunião da ONU, presidente do Conselho Europeu culpa Moscou pela escassez de alimentos em países em desenvolvimento. Devido à guerra, milhões de toneladas de grãos que seriam exportados estão encalhados na Ucrânia.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, acusou a Rússia nesta segunda-feira (06/06) de usar alimentos como "um míssil furtivo contra países em desenvolvimento" e culpou o Kremlin pela iminente crise global alimentar, levando o embaixador de Moscou na ONU a deixar uma reunião do Conselho de Segurança.

Michel dirigiu-se ao embaixador russo Vassily Nebenzia e disse que viu, há alguns dias, milhões de toneladas de grãos presos em contêineres e em navios no porto ucraniano de Odessa. Segundo ele, isso se deve "aos navios de guerra russos no Mar Negro" e aos ataques de Moscou à infraestrutura de transporte e instalações de armazenamento de grãos na Ucrânia. Além disso, de acordo com Michel, tanques, bombas e minas russos estão impedindo agricultores ucranianos de trabalhar.

"Tudo isto está elevando os preços dos alimentos, empurrando as pessoas para a pobreza e desestabilizando regiões inteiras", declarou o presidente do Conselho Europeu. "A Rússia é a única responsável por esta situação, apesar da sua campanha de mentiras e desinformação. Só a Rússia", frisou.

Michel também acusou as forças russas de roubarem grãos de áreas ocupadas "enquanto transferem a culpa para outros", classificando essas atitudes de "covardes" e de "propaganda, pura e simples".

O Programa Mundial de Alimentos da ONU compra metade de seus estoques de grãos da Ucrânia. Mas, desde o início da guerra, as exportações pararam porque os portos da costa do Mar Negro estão fechados.

A Ucrânia acusa a Rússia de bloquear seus portos, o que a impediria de exportar até 22 milhões de toneladas de cereais, principalmente para África e Ásia. Além disso, denuncia que a Rússia roubou cereais ucranianos e os vendeu ilegalmente para países terceiros, como a Síria. A Rússia nega, chamando a afirmação de "blefe".

Embaixador russo abandona reunião

Durante o pronunciamento do líder europeu, Nebenzya abandonou a reunião, dando o lugar a outro diplomata russo.

Mais tarde, o vice-embaixador da Rússia na ONU, Dmitry Polyansky, escreveu no Telegram que os comentários de Michel foram "tão rudes" que Nebenzya teve que deixar a reunião do Conselho de Segurança.

O encontro deveria se concentrar na violência sexual cometida durante a guerra na Ucrânia, mas as consequências do conflito especialmente na escassez global de alimentos e no aumento dos preços também foram abordadas.

Michel expressou forte apoio aos esforços do secretário-geral da ONU, António Guterres, para obter um acordo que permita a exportação de grãos da Ucrânia e garanta que alimentos e fertilizantes russos tenham acesso irrestrito aos mercados globais.

Juntas, Ucrânia e Rússia produzem quase um terço do trigo e da cevada do mundo e metade do óleo de girassol, enquanto Rússia e a sua aliada Belarus estão entre os maiores produtores mundiais de potássio, ingrediente-chave de fertilizantes.

Guterres alertou, no mês passado, que os níveis globais de fome "estão num novo recorde", com o número de pessoas que enfrentam insegurança alimentar grave duplicando em apenas dois anos, de 135 milhões antes da pandemia para 276 milhões atualmente. 

'Navios estão presos no porto de Odessa há semanas'

Ucrânia busca alternativas

O embaixador da Ucrânia na ONU, Serguei Kyslytsya, disse ao Conselho de Segurança que o país continua comprometido em encontrar soluções para evitar a crise alimentar global e está pronto para criar "as condições necessárias" para retomar as exportações do porto de Odessa.

"A questão é como garantir que a Rússia não abuse da rota comercial para atacar a cidade", disse o diplomata ucraniano.

Kyslytsya explicou que a questão se tornou ainda mais relevante desde que quatro mísseis russos atingiram uma fábrica na capital Kiev no domingo, onde vagões de carga que transportam grãos para portos ucranianos estavam sendo reparados.

Kyslytsya considerou ainda "importante" que a delegação da Rússia continue se pronunciando nas reuniões da ONU, uma vez que "tudo o que os diplomatas dizem é gravado e será usado contra eles em tribunal, como cúmplices destes crimes".

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que Putin está "usando agressivamente sua máquina de propaganda para desviar ou distorcer a responsabilidade" porque espera que o mundo ceda, classificando a atitude, em outras palavras, como "chantagem''.

 "O Kremlin precisa perceber que está exportando fome e sofrimento muito além das fronteiras da Ucrânia", com os africanos experimentando "uma grande parte da dor", afirmou Blinken.

'Porto de Constança, na Romênia, está sendo utilizado como rota emergencial - mas custos são elevados'

Na sexta-feira, Putin disse que a Rússia não atacará os portos ucranianos que tiverem minas em seu entorno removidas para a passagem de cereais bloqueados.

"Não vamos aproveitar a situação de desminagem para, digamos, realizar algum tipo de ataque no mar", disse Putin durante entrevista à televisão pública russa, afirmando que a Rússia não vai impor "nenhuma condição". Kiev, porém, não acredita nas promessas.

Silos transbordando

A Ucrânia costumava transportar cerca de seis milhões de toneladas de grãos e oleaginosas por mês através de seus portos. Mas agora, os silos estão transbordando porque as exportações estão paralisadas.

De forma emergencial, algumas toneladas de cereais foram transportadas ao porto de Constância, na Romênia, para serem escoadas. "Isso é possível com muito esforço", disse Viorel Panait, CEO da Comvex, proprietária do porto. 

No entanto, não se pode substituir rotas de transporte marítimas tão grandes da noite para o dia e o principal problema em questão é o grande volume de exportações ucranianas. 

Uma alternativa seria o transporte férreo. No entanto, as dificuldades começam com a bitola dos trilhos: na Rússia e na Ucrânia, eles são historicamente cerca de 10 centímetros mais largos do que no resto da Europa. Isto significa que os vagões precisam ser recarregados na fronteira ou transferidos para um chassis adequado, o que encarece muito os custos de transporte.

Deutsche Welle

Em destaque

Urgência por Ação: Acidente em Caminhão Superlotado e Menores Dirigindo Exigem Medidas Imediatas das Autoridades em Jeremoabo

Diante dos recentes acontecimentos em Jeremoabo, relatados em matéria anterior sobre o transporte de passageiros em caminhões superlotados a...

Mais visitadas