Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

quinta-feira, janeiro 06, 2022

Moro alfineta adversários: 'Pelegos e milicianos'




Comentário do ex-juiz foi uma referência ao ex-presidente Lula (PT) e a Jair Bolsonaro (PL)

Por Ana Mendonça

O ex-juiz Sergio Moro (Podemos) anunciou, nesta quarta-feira (5/1), o início de viagens pelo Brasil. Pré-candidato à Presidência da República para o pleito deste ano, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública ainda alfinetou os adversários, chamando-os de “pelegos e milicianos”. O comentário foi uma referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a Jair Bolsonaro (PL).

Moro afirmou que o giro pelo país começa no Nordeste. “Começo hoje a rodar o Brasil. Nesta semana, estarei na Paraíba. Conto com vocês nessa jornada que está só começando. Temos um país para salvar de uma triste polarização entre pelegos e milicianos. Vamos construir a nação moderna e inclusiva que queremos”, disse via Twitter.

Ainda em janeiro, Sergio Moro planeja viajar a Santa Catarina e, no início de fevereiro, deve retornar ao Nordeste para visitas ao Ceará, Piauí e Sergipe.

Terceira via

Sergio Moro se filiou ao Podemos em novembro de 2021 para se aventurar na política. Postulante ao Planalto, ele tem se colocado como uma alternativa aos dois principais adversários: Lula e Bolsonaro. Ao Correio, fontes afirmaram que o ex-juiz também não descarta concorrer ao Senado, caso não suba nas pesquisas para presidente.

Enquanto ministro de Bolsonaro, Moro cedeu às pautas pró-armas e pró-policiais, não avançou na agenda anticorrupção no legislativo e ainda colocou em xeque sua imparcialidade enquanto juiz, pois afirmava que jamais se filiaria ao governo. Ele saiu da pasta envolvido em uma série de polêmicas e troca de acusações com o presidente.

Agora, como pré-candidato, o ex-juiz tem afirmado a apoiadores que só vai seguir em projetos que se comprometam em priorizar o combate à corrupção e a defender bandeiras como a retomada da prisão após a condenação em segunda instância.

Estadão / Estado de Minas

Aliança liderada pela Rússia enviará 'forças de manutenção da paz' ao Cazaquistão




Uma aliança militar liderada pela Rússia enviará "forças de manutenção da paz" ao Cazaquistão para "estabilizar" o país, que, desde o fim de semana, enfrenta manifestações sem precedentes desencadeadas pelo aumento dos preços do gás.

Há muito considerada uma das ex-repúblicas soviéticas mais estáveis da Ásia Central, o Cazaquistão, rico em hidrocarbonetos, enfrenta sua maior crise em décadas.

Na tarde desta quarta-feira (5), milhares de manifestantes invadiram o prédio da administração de Almaty, a capital econômica, para protestar contra o aumento dos preços do gás, de acordo com um jornalista da AFP.

Horas depois, após declarar estado de emergência, o presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, pediu à Rússia e seus aliados ajuda para controlar a violenta agitação que estourou na noite de terça-feira.

"Hoje fiz um apelo aos chefes dos Estados da OTSC [Organização do Tratado de Segurança Coletiva] para que ajudem o Cazaquistão a superar esta ameaça terrorista", disse Tokayev em transmissão da televisão estatal.

A OTSC é uma aliança militar liderada pela Rússia e integrada por outras cinco ex-repúblicas soviéticas: Armênia, Belarus, Cazaquistão, Quirguistão e Tajiquistão.

O presidente acrescentou que esses "grupos terroristas" receberam "treinamento no exterior" e estavam invadindo edifícios, infraestruturas e "locais onde encontram-se armas de pequeno porte".

O presidente da CSTO, o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, assegurou no Facebook que a aliança decidiu enviar "forças de paz coletivas" à ex-república soviética "por um período limitado de tempo para estabilizar e normalizar a situação neste país", o que foi causado por "interferência externa."

- Gás lacrimogênio -

O movimento contra o aumento do preço do gás começou no fim de semana na cidade de Khanaozen, no coração da região ocidental de Mangystau, antes de se espalhar para Aktau, nas margens do Mar Cáspio, e Almaty.

Em um primeiro momento, o governo decidiu reduzir de 120 para 50 tenges (de R$ 1,57 para 0,66) o preço do litro de gás liquefeito de petróleo (LPG) em Mangystau para "garantir a estabilidade do país", mas isso não foi suficiente para apaziguar o descontentamento.

Na terça-feira pela noite, cerca de 5.000 pessoas foram dispersadas com bombas de efeito moral e gás lacrimogênio em Almaty.

Hoje pela tarde, milhares de manifestantes irromperam no edifício da administração de Almaty, apesar das bombas e do gás lacrimogênio disparados pela polícia, segundo um jornalista da AFP.

Meios de comunicação locais informaram que os manifestantes seguiram depois rumo à residência presidencial na cidade, e que ambos os edifícios estavam em chamas.

Durante o dia, foi registrada uma "falha de internet em escala nacional" no Cazaquistão, segundo a ONG Netblocks, grupo especializado em monitorar as redes de computadores.

Para o grupo, isso "pode limitar severamente a cobertura das manifestações antigovernamentais que se intensificam".

Os correspondentes da AFP no país puderam verificar que a conexão de internet era irregular e que aplicativos de mensagens como Telegram, Signal e WhatsApp não estavam funcionando.

Pouco tempo depois, foi impossível fazer contato com os jornalistas através dos celulares.

- Estado de emergência -

Pelo menos oito agentes entre policiais e militares morreram nos distúrbios ocorridos na madrugada de quinta-feira (tarde de quarta, 5, no Brasil), segundo a imprensa local, citando o Ministério do Interior.

Segundo essa fonte, 317 efetivos da polícia e da Guarda Nacional ficaram feridos e oito morreram "pelas mãos de uma multidão enfurecida".

Numa tentativa de acalmar os ânimos, o presidente Tokayev destituiu o governo e impôs o estado de emergência, inicialmente apenas em Almaty, na província de Mangystau e na capital administrativa, Nur-Sultan.

Contudo, pouco depois as autoridades o ampliaram para todo o território nacional, até 19 de janeiro.

Esta crise é o maior desafio enfrentado até o momento pelo regime estabelecido pelo ex-presidente Nursultan Nazarbayev, que dirigiu o país até 2019, mas continua exercendo grande influência.

A Rússia, país-chave para a economia do Cazaquistão, se manifestou durante a tarde de quarta, pedindo que a crise fosse resolvida através do "diálogo" e não com "distúrbios nas ruas".

Em Washington, a Casa Branca pediu "moderação" às autoridades cazaques.

A televisão informou nesta quarta-feira que um diretor de uma usina de tratamento de gás e outro responsável foram detidos na região de Mangystau, acusados de "aumentar o preço do gás sem motivo".

AFP / Estado de Minas

Coreia do Norte diz ter testado míssil hipersônico (imprensa estatal)

 




A Coreia do Norte testou um míssil hipersônico, noticiaram meios de comunicação estatais nesta quinta-feira (noite de quarta, 5, no Brasil), no primeiro teste do tipo realizado em 2022 por este país.

O míssil foi testado na quarta-feira e levava uma "ogiva hipersônica deslizante" que "alcançou com precisão um alvo a 700 km de distância", reportou a Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA, na sigla em inglês).

Trata-se do segundo teste notificado pela Coreia do Norte de um míssil hipersônico, uma arma de nova geração que representa o último avanço tecnológico de seu arsenal.

O disparo de teste desta quarta-feira "reconfirmou o controle de voo e a estabilidade do míssil na etapa de voo ativo e avaliou o rendimento da nova técnica de movimento lateral aplicada à ogiva hipersônica", detalhou a KCNA.

A Coreia do Sul e o Japão detectaram nesta quarta-feira o lançamento de um suposto míssil balístico da Coreia do Norte, que caiu nas águas ao leste da península coreana.

A operação foi rapidamente criticada pelos Estados Unidos, que pediram a Pyongyang para estabelecer negociações.

AFP / Estado de Minas

Para Planalto, ataque especulativo contra Flávia Arruda é pretexto para debandada de deputados do Centrão




Interlocutores do presidente Jair Bolsonaro enxergaram no ataque especulativo contra a ministra-chefe da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, um pretexto para o início de uma debandada de deputados do Centrão no Nordeste.

Por Gerson Camarotti 

Essa semana, o líder do Republicanos, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), da Paraíba, pediu a cabeça de Arruda com o argumento de que a ministra não cumpriu acordos feitos para liberação de verbas por meio de emendas.

No Planalto é ressaltado que nunca se liberou tanto dinheiro para parlamentares como agora, principalmente, com as emendas de relator. Este ano foram empenhados R$ 15,256 bilhões dos R$ 16,865 previstos no Orçamento de 2021 para este tipo de verba.

"Motta até tem razão de cobrar acordo, mas não pode ser insaciável. Tudo tem limite", argumentou ao blog um auxiliar palaciano.

O movimento é visto com preocupação por aliados do Bolsonaro. A avaliação é que deputados do Centrão estão com dificuldade de subir no palanque pela reeleição do presidente, especialmente no Nordeste, por causa da rejeição elevada.

A avaliação no Planalto é que ao atacar Flávia Arruda diretamente, o deputado Hugo Motta mira o presidente Jair Bolsonaro e com isso tenta se afastar do governo. Tanto, que o próprio Bolsonaro saiu em defesa da ministra palaciana em entrevista em São Paulo.

“A indicação da Flávia Arruda foi minha. Por que eu a indiquei? Não é por ser mulher, por nada. É pela competência dela. Agora, onde a Flávia Arruda está errando? Desconheço. Se por ventura estiver errando, como acontece, né, eu chamo e converso com ela. Ela não será demitida jamais pela imprensa”, afirmou Bolsonaro nesta quarta-feira (5).

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também saiu em defesa de Arruda.

Para o Planalto, outros parlamentares do Centrão também estão em busca de uma desculpa para abandonar o barco de Bolsonaro.

O movimento de debandada foi deflagrado pelo ex-líder do governo, o senador Fernando Bezerra Coelho no final do ano passado, depois que não recebeu apoio do Planalto para disputar uma vaga de ministro do Tribunal de Contas da União.

Para aliados de Bolsonaro, a derrota de Bezerra Coelho na disputa pela vaga foi apenas um pretexto para deixar o governo. Isso porque o filho do senador que é prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, se prepara para disputar o governo de Pernambuco. E, por isso, não pode ficar associado a imagem de Bolsonaro.

G1

Biden vai atribuir a Trump responsabilidade sobre a invasão ao Capitólio




O Presidente dos EUA, Joe Biden, vai fazer um discurso na quinta-feira, assinalando um ano sobre o ataque ao Capitólio, em que denunciará a "responsabilidade única" do ex-Presidente Donald Trump na "carnificina" durante a invasão.

Joe Biden "olha para o dia 6 de janeiro como a trágica conquista do que quatro anos da presidência de Trump fizeram a este país", disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, manifestando a intenção de o atual Presidente endurecer o tom de crítica sobre o seu antecessor.

"O Presidente vai explicar o significado do que aconteceu no Capitólio e a responsabilidade única que Trump tem pelo caos e carnificina a que assistimos naquele dia", disse Psaki sobre o discurso, que acontecerá um ano depois do ataque em que cinco pessoas morreram e 140 polícias ficaram feridos.

"(Biden) vai rejeitar enfaticamente as mentiras que o ex-Presidente espalhou, na tentativa de enganar o povo americano e os seus próprios apoiantes, bem como de subtrair a atenção sobre o seu papel no ocorrido", acrescentou a porta-voz.

O atual Presidente considera a data de 06 de janeiro de 2021 um "trágico culminar do que os quatro anos" do mandato de Trump fizeram ao país, que "minou a Constituição e ignorou o seu juramento ao povo americano na tentativa de acumular mais poder para si mesmo e para os seus aliados", explicou Psaki.

Segundo a porta-voz da Casa Branca, no seu discurso de quinta-feira, Biden vai dizer que considera Trump "uma ameaça à democracia americana" e vai lamentar que o ex-Presidente "trabalhe constantemente para minar os valores básicos dos Estados Unidos e a legalidade".

Trump chegou a ter previsto fazer declarações no dia de aniversário do ataque ao Capitólio, onde Joe Biden irá discursar, mas na terça-feira acabou por recuar da intenção, anunciando que irá pronunciar-se num comício a 15 de janeiro.

O ex-presidente - que até agora se recusou a aceitar a derrota perante Biden, nas eleições de 2020 - fez um comício para os seus apoiantes, pouco antes do ataque, no qual encorajou a multidão a marchar sobre o Capitólio e a lutar para impedir a validação do resultado eleitoral.

Trump foi julgado politicamente no Senado pela sua responsabilidade no assalto, mas foi absolvido graças aos votos dos republicanos.

A maioria dos eleitores republicanos continua a acreditar nas alegações não comprovadas de Trump sobre fraude eleitoral, de acordo com as diversas sondagens, e o ex-Presidente continua a espalhar teorias de conspiração segundo as quais os invasores do Capitólio não eram seus seguidores, apesar de várias investigações terem demonstrado que o eram.

Depois de terem caído logo após o ataque ao Capitólio, os índices de popularidade de Trump entre republicanos têm vindo a recuperar, para mais de 85%, segundo uma recente sondagem da YouGov.

Jornal de Notícias (PT)

Lula e Bolsonaro estreitam a possibilidade de 3ª via




A unificação das forças de centro dependeria de um acordo entre seus candidatos ou de um deles atrair os eleitores dos demais, ou de um outro fato novo na política

Por Luiz Carlos Azedo (foto)

A nove meses das eleições presidenciais, o favoritismo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a resiliência da base eleitoral do presidente Jair Bolsonaro, favorecido pelo exercício do poder, dominam o cenário pré-eleitoral. O campo da chamada terceira via existe no eleitorado, mas, até agora, não encontrou um candidato capaz de fulanizá-lo, como é da nossa tradição. Essa fragmentação reproduz o cenário do segundo turno de 2018, a não ser que surja algum fato novo.

A unificação das forças de centro dependeria de um acordo entre seus candidatos — Ciro Gomes (PDT), Sergio Moro (Podemos), João Doria (PSDB), Simone Tebet (MDB) e Alessandro Vieira (Cidadania) — ou de um deles atrair os eleitores dos demais. Sem isso, nada garante que Lula ou Bolsonaro possam ser deslocados do segundo turno. A polarização direita x esquerda é mais desejada por Bolsonaro. Lula se movimenta para atrair lideranças de centro e bloquear a chamada terceira via.

Há várias explicações para as dificuldades das forças de centro. Aproveito o Bicentenário da Independência para destacar uma delas: a trajetória das ideias liberais no Brasil. Quando D. Pedro I introduziu o direito à propriedade privada, na Constituição outorgada de 1824, esse instituto da ordem burguesa serviria de blindagem para o regime escravocrata, até a Abolição, em 1888. Enquanto o liberalismo na Europa ocorria num contexto de trabalho livre e de igualdade perante a lei, aqui no Brasil a ordem escravocrata predominante restringia seus benefícios, os “direitos iguais”, aos homens livres.

No Império, todas as revoltas populares e revoluções de caráter republicano foram duramente reprimidas, sobretudo as que pregavam a abolição. A disputa entre conservadores (saquaremas) e liberais da época (luzias) se dava no eixo da centralização x descentralização, ou seja, da autonomia das províncias. Em 1853, o Gabinete de Conciliação uniu conservadores e liberais numa “ponte de ouro”, nas palavras do conselheiro Nabuco de Araújo, na qual os “saquaremas” faziam oposição aos “luzias” nas províncias e vice-versa, mas todos apoiavam a monarquia.

A “política de conciliação” garantiu a estabilidade institucional e retardou a abolição. O Marques de Paraná, o mineiro Honório Hermeto Carneiro Leão, que liderou o gabinete, recebeu esse título sem conhecer o estado. Era um defensor ferrenho da pena de morte e da escravidão, construiu sua fortuna ilicitamente em Além Paraíba (MG), onde possuía 200 escravos e 190 mil pés de café.

Com a derrocada do Império, a hegemonia do pensamento republicano passou a ser positivista, protagonizada pelos militares, e viria a se confrontar com o novo liberalismo republicano dos cafeicultores paulistas, que protagonizaram a substituição da mão de obra escrava pelos trabalhadores assalariados europeus e promoveriam a industrialização. Esse choque pautaria as disputas políticas da Primeira República, até a Revolução de 1930, que mudou o eixo da política brasileira. O liberalismo brasileiro conectou a elite política com a Europa e os Estados Unidos, mas ignorou as iniquidades sociais.

Patrimonialismo

Após a derrota da Revolução Constitucionalista de 1932, a disputa entre setores reacionários e conservadores com a elite paulista, que dava as cartas na economia, era decidida na política, com a intervenção do Estado em todos os setores da vida nacional. Nos momentos em que o povo entrou em cena, como na eleição de Getúlio Vargas, em 1950, e no governo João Goulart, com uma agenda nacionalista, a reação das velhas oligarquias e da elite liberal, inclusive paulista, com suas conexões internacionais, foi golpista.

Assim como a Independência não foi uma revolução de caráter popular e liberal, mas a continuidade da ordem das elites da época, nas décadas de 1830 e 1840, em 1889, 1930, 1945, 1961 e 1964 deu-se o mesmo. A “política de conciliação” sempre renasce das cinzas para pacificar o país, porém, ao mesmo tempo, para conter as aspirações profundas de mudança, de modo a sustentar a ordem dominante e seus privilégios. É uma das chaves da “modernização conservadora” — a outra, é a “via prussiana” do autoritarismo.

Após 20 anos de regime militar, devemos aos liberais um papel decisivo na transição à democracia, sob a liderança hegemônica de Ulysses Guimarães e Tancredo Neves. Em 35 anos de democracia, o eixo do poder se deslocou de setores liberais (Sarney, Collor e Itamar Franco) para a esquerda social-democrata (Fernando Henrique Cardoso) e nacional-desenvolvimentista (Lula e Dilma Rousseff).

Com exceção de Collor e Dilma, todos operaram a velha “política de conciliação”. A recidiva do patrimonialismo, porém, pôs tudo a perder. Por ironia, o governo liberal de Michel Temer foi a antessala da volta dos militares ao poder, por meio da eleição de Jair Bolsonaro, em aliança com os setores conservadores e atrasados. O ultraliberalismo anárquico que emergiu das ruas em 2013 foi capturado pelo atual presidente da República na campanha de 2018. O espaço para a aliança entre liberais e social-democratas se estreitou.

Correio Braziliense

Retrato da invasão - Editorial




Pesquisa mostra perfil complexo e preocupante dos responsáveis pelo ataque ao Capitólio

A célebre imagem de um homem fantasiado de viking na invasão do Capitólio, há um ano, pode ter passado a impressão de que os responsáveis pela ação se resumiam a fanáticos afiliados a grupos extremistas.

O cenário identificado por uma pesquisa da Universidade de Chicago com base no perfil dos invasores é bem mais complexo e preocupante. Mais da metade são empresários ou trabalhadores não manuais.

Praticamente todos têm ao menos o ensino médio completo, e um terço, curso superior ou pós-graduação. Apenas 1 em cada 7 tem ligação com grupos radicais.

Outra conclusão da pesquisa é alarmante: 8% dos americanos adultos acham justificável o uso de violência para reverter a eleição de Joe Biden com base em suposta existência de fraudes. São 21 milhões de pessoas, ou uma Grande São Paulo, dispostas a praticar atos ilegais de força para reinstalar Donald Trump na Casa Branca.

O estudo mostra como é simplista atribuir o fenômeno da ultradireita a uma minoria de desajustados manipulada por populistas que exploram a precariedade da economia. Parece haver uma razão mais profunda a atrair pessoas bem estabelecidas profissionalmente para processos de radicalização.

Uma hipótese apontada é a avaliação de homens brancos de que sua posição social estaria ameaçada por imigrantes e minorias.

Este cenário não é exclusividade americana. Na França, o candidato presidencial Eric Zemmour abraça a teoria do "declinismo", gerado pela ascensão de grupos muçulmanos, enquanto no Chile José Antonio Kast chegou ao segundo turno da recente eleição prometendo construir um fosso na fronteira norte do país contra imigrantes.

No Brasil, o discurso anti-imigração não tem a mesma força, mas é compensado por "ameaças" exploradas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), das novas expressões de gênero às ações compensatórias raciais.

Na campanha que se avizinha, o presidente deverá ter como estratégia alimentar o sentimento de que a coesão social está sob risco em meio a este novo ativismo identitário.

O risco é o radicalismo presidencial adentrar o mainstream por aqui também, gerando uma situação potencialmente perigosa, especialmente em caso de eleição contestada. Não é um cenário impensável: no passado, setores médios e empresariais já deram mostras de que são permeáveis à retórica do capitão.

Folha de São Paulo

Atraso para vacinar crianças é 'negação inacreditável da ciência' diante de aumento de casos de covid, diz médico da Fiocruz




'Pediatra e infectologista Márcio Nehab alerta sobre aumento de casos de covid-19'

No início de dezembro passado, os atendimentos a casos de covid-19 eram raros ou, em certos dias, inexistentes na rotina do pediatra e infectologista Márcio Nehab.

Por Vinícius Lemos

O que poderia ser um indicativo de melhora da pandemia, hoje é visto por ele como a fase que antecedeu um período de "subida assustadora de casos".

"De duas semanas pra cá, a situação piorou muito. Ontem (segunda-feira), por exemplo, foi o dia em que mais fiz pedidos de covid-19 desde o início da pandemia. Tem sido assim nos últimos dias. Nunca fiz tantos pedidos de exames na vida", comenta Nehab, que é do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/FioCruz).

O pediatra, que trabalha em hospitais da rede pública e privada do Rio de Janeiro, atende crianças de diferentes idades. Em casos suspeitos de covid-19, ele solicita exames para os pacientes e seus familiares. E nas últimas semanas, Nehab tem notado uma particularidade: praticamente todos os membros da família testam positivo para a doença.

"Nas variantes anteriores, a taxa de transmissão entre os familiares já era alta, mas na ômicron tem sido maior ainda. É uma variante muito mais transmissível", diz o especialista à BBC News Brasil.

Ele conta que fez cerca de 20 pedidos de exames de covid-19, incluindo as crianças e seus familiares, na última segunda-feira (03/01), enquanto nos períodos anteriores nunca havia solicitado mais de 15, nem mesmo no auge da pandemia em março de 2021. Esse aumento de registros da doença, conta Nehab, também tem sido notado por seus colegas de profissão.

Em meio ao atual cenário, Nehab classifica como "completa negação da ciência" a conduta do governo federal em relação à vacinação das crianças contra a covid-19.

Apesar de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter autorizado a aplicação da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos em 16 de dezembro, o governo federal decidiu fazer uma consulta pública sobre o tema e encerrou as discussões sobre o tema somente nesta quarta-feira (05/01), ao divulgar detalhes sobre a imunização para esse grupo.

O aumento de casos de covid-19

Assim como tem ocorrido em diferentes regiões do mundo, o Brasil sofre com o avanço da ômicron. Pelo que tem sido observado em outros países, a variante causa quadros mais leves ou até assintomáticos, porém é mais transmissível.

No Brasil, as cenas de filas à espera de atendimento médico por suspeita de covid-19 voltaram a ser comuns. A busca por exames para a doença tem sido cada vez maior nos últimos dias e os resultados positivos aumentaram. Há também mais internações quando comparado aos últimos meses de 2021, conforme relatos de profissionais de saúde.

Em meio ao atual cenário, o país vive dificuldades para dimensionar a real situação da pandemia. Com testes insuficientes e com dificuldades de divulgação de dados em muitos municípios, especialistas têm afirmado que não é possível quantificar a real situação da pandemia no Brasil nos últimos dias.

É possível avaliar parte do cenário por meio dos dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). A média móvel de casos (que analisa os números dos últimos sete dias) passou a crescer há cerca de duas semanas. Em 22 de dezembro, por exemplo, estava em 3,1 mil casos. Já na terça-feira (04/04) saltou para 9,8 mil.

Para Nehab, não há dúvidas de que o país volta a enfrentar um período preocupante. "Agora, dias depois do Réveillon, acredito que os casos vão explodir, uma coisa impressionante, assim como ocorre em outros países", diz. "Em 15 dias, poderemos ter um aumento significativo e muito assustador de casos", declara. E essa subida de casos inclui também o público infantil, ressalta o pediatra.

'Médico afirma que infecções devem aumentar ainda mais após festas de fim de ano'

O impasse sobre o uso da Pfizer destinada às crianças, comenta o especialista, torna a situação mais preocupante porque a vacinação desse grupo é classificada como medida estratégica para combater a pandemia.

"A gente vai começar essa vacinação atrasado, em uma negação inacreditável da ciência. No mundo inteiro, todas as agências reguladoras de saúde recomendam a vacinação para crianças. Absolutamente o mundo inteiro é a favor disso, mas aqui a gente se afastou da ciência", declara o médico.

"É difícil refutar a ciência com meia dúzia de opinião contrária, que acaba levando pânico e medo. A gente nunca teve uma consulta pública para vacina de nada, sempre foram respeitadas as etapas obrigatórias de segurança. Mas agora pessoas de má-fé decidiram propagar mentiras", acrescenta o especialista.

Segundo dados da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19, o Brasil registrou 301 óbitos de crianças pela doença no período de março de 2020, início da pandemia, ao começo de dezembro de 2021. Conforme esses dados, 2.978 crianças receberam diagnóstico de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por covid-19 e foram registradas 156 mortes em 2020. Já no ano passado, até 6 de dezembro, foram registradas 3.185 novas infecções e 145 mortes.

A vacinação desse grupo, apontam especialistas, ajuda a evitar que as crianças adoeçam gravemente, mesmo que contraiam a doença. Também protege adultos e crianças mais novas que convivem com elas.

Em novembro, a vacina destinada às crianças começou a ser aplicada nos Estados Unidos. Posteriormente, também passou a ser usada no Canadá, Israel e na União Europeia.

No Brasil, o tema se tornou imbróglio, mesmo com a aprovação da Anvisa. O Ministério da Saúde fez uma consulta pública sobre o tema e chegou a um resultado contrário ao que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o presidente Jair Bolsonaro defendiam: a maioria das pessoas se manifestou contra a exigência de prescrição médica para a imunização das crianças.

Nesta quarta-feira, um dia após revelar os resultados da consulta pública, o Ministério da Saúde divulgou detalhes sobre a campanha de vacinação de crianças. Segundo a pasta, será necessária a presença dos pais ou autorização por escrito, não precisará de apresentação de receita médica e a vacina não será obrigatória.

De acordo com as regras divulgadas pela pasta, o intervalo entre as duas doses para as crianças será de oito semanas. A aplicação será feita em ordem decrescente de idade (das mais velhas para as mais novas) e serão priorizadas aquelas com comorbidade ou deficiência permanente.

A previsão é de que cheguem cerca de 20 milhões de doses ao país até o fim do primeiro trimestre, sendo cerca de 3,7 milhões delas entregues até o fim de janeiro.

O Ministério da Saúde estima que sejam imunizadas cerca de 20 milhões de crianças no país. A previsão é de que a vacinação comece até o dia 15 deste mês.

Durante a coletiva de imprensa nesta quarta, o ministro Marcelo Queiroga defendeu a necessidade da consulta pública sobre a vacina. Ele ainda disse que não há demora na vacinação das crianças. "O Brasil está absolutamente dentro do prazo", afirmou.

Desde a autorização da Anvisa, em dezembro, autoridades de diversas regiões do país passaram a criticar a conduta do Ministério da Saúde em relação ao tema e afirmaram, mesmo sem aprovação do governo federal, que iriam vacinar as crianças de seus Estados.

Para Márcio Nehab, agora é fundamental que as pessoas cobrem urgência das autoridades em relação ao tema. "Essas vacinas precisam chegar para ontem, antes do circo pegar fogo. Já vamos começar atrasados, assim como foi com os adultos. Isso é uma briga política e não científica".

'Precisamos ver a situação daqui a 15 dias'

'Vacinação de crianças é medida fundamental no enfrentamento à pandemia, apontam especialistas'

Além da vacinação das crianças, Nehab destaca que também é fundamental aplicar a dose de reforço em adultos e adolescentes. Ele ressalta que ainda não se sabe o impacto da ômicron no Brasil ou o papel que as vacinas aplicadas no país terão no combate à nova variante. Porém, o infectologista frisa que a imunização é a principal forma de prevenir efeitos graves.

Segundo Nehab, somente daqui a algumas semanas será possível analisar o atual cenário da pandemia, por meio dos números de mortes e internações pela covid-19. Ainda que seja uma variante que tem causado um quadro mais brando, o médico frisa que a rápida propagação da ômicron também pode sobrecarregar leitos e aumentar os números de óbitos.

"Mesmo que seja menos grave, ela infecta mais pessoas e isso pode aumentar também as chances de algumas delas desenvolverem casos graves", avalia o médico.

Ele diz que só atendeu casos leves nas últimas semanas, mas comenta que alguns colegas de profissão já internaram adultos e crianças no atual período. "Precisamos ver a situação daqui a 15 dias. Com tanta aglomeração nas últimas semanas e muitas pessoas sem o uso de máscaras, a chance de isso dar problema é 100%", declara.

BBC Brasil

Autoridades alemãs prometem agir contra antivacinas




Manifestações contra restrições anticovid, que, em muitos casos, terminam em confrontos com a polícia, são ilegais e, portanto, sujeitas à aplicação da lei. Governo deve lançar novas medidas de combate ao coronavírus.

As preocupações com a onda de protestos contra as restrições anticovid na Alemanha geraram alertas das autoridades nesta terça-feira (04/01).

Mais de 50 mil pessoas haviam participado de protestos em várias cidades do país na segunda-feira. Na maior parte dos casos, essas manifestações são ilegais, por não serem devidamente registradas junto aos órgãos competentes e à polícia.

Esses atos públicos são chamados de "passeios" pelos organizadores, para tentar driblar as obrigações impostas pelas autoridades aos protestos legais, como o distanciamento social e o uso de máscaras.

As autoridades alertaram os movimentos por trás dos "passeios" que, se continuarem a agir de maneira ilegal, eles serão banidos das ruas e poderão receber pesadas multas.

"O Estado de direito ainda prevalece. Qualquer um que organize algo desse tipo se oferece a punições", afirmou o secretário do Interior do estado de Baden Württemberg, Thomas Strobl. "Os extremistas estão sendo cuidadosamente observados."

Observadores alertam para a atuação de grupos de extrema direita que participam ativamente da organização desses protestos em vários estados alemães.

Strobel divulgou uma estimativa do número de participantes dos atos desta segunda-feira em seu estado, que revelam uma queda em relação à semana passada. Ele disse que foram em torno de 170 protestos, acompanhados de mais de 2,5 mil policiais.

Novas restrições a caminho

Ainda assim, ele afirmou que os protestos ainda são um "fenômeno bastante grande". "Muitas destas [manifestações] não foram autorizadas, e os que forem pegos violando as regras para reuniões em grande número serão multados."

Dezenas de milhares de pessoas participaram de protestos em outros estados. Em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, um dos focos das manifestações antivacina nas últimas semanas, 12 mil pessoas saíram às ruas. Na Turíngia, foram 17 mil, e na Baviera, em torno de 10 mil. A maior parte das manifestações ocorre nos estados do leste do país.

Nesta semana, haverá uma nova reunião entre o Ministério da Saúde e as secretarias estaduais, antes das discussões entre os governadores dos 16 estados e o governo federal do chanceler federal Olaf Scholz, onde serão debatidas novas medidas para conter a atual onda de covid-19 no país.

Além das novas medidas, será revelada a estratégia do governo para a imposição da vacinação obrigatória, que deve entrar em vigor a partir de março, sendo este um dos principais alvos dos manifestantes antivacina.

A comissão de especialistas criada pelo governo federal para lidar com a pandemia se pronunciou a favor da expansão da obrigatoriedade da vacinação, dos trabalhadores do setor da saúde para toda a população.

Confrontos com a polícia

A polícia alemã registrou novos episódios de violência nos protestos desta segunda-feira, apesar de a maioria dos atos ter transcorrido de maneira pacífica.

Em Lichtenstein, no estado da Saxônia, cerca de 60 pessoas entraram em confronto com policiais que tentavam verificar suas identidades. A polícia foi agredida com sprays de pimenta e um dos manifestantes tentou roubar a arma de um policial.

Em Bautzen, no leste do estado, uma marcha com cerca de 600 participantes tentou romper um cordão policial, o que resultou em novos confrontos. Na capital do estado vizinho de Saxônia-Anhalt, manifestantes atiraram garrafas e fogos de artifício contra a polícia. Nenhum policial ficou ferido.

Números da doença se mantêm em alta

O Instituto Roberto Koch (RKI) – a agência alemã de prevenção e controle de doenças da Alemanha – registrou 30.561 novos casos de covid-19 nas últimas 24 horas, o que corresponde a 9 mil novas infecções a mais do que há uma semana.

O índice de novos casos em um período de sete dias estava nesta terça-feira em 239,9 por 100 mil habitantes. O ministro da Saúde, Karl Lauterbach, alertou que os números reais da doença podem ser duas ou três vezes maiores, devido à baixa testagem e à queda nos registros de dados durante os feriados de fim de ano.

Nesta terça, foram registradas 356 novas mortes por covid-19 na Alemanha. O índice de vacinação no país está pouco acima de 71%. Uma parcela significativa da população (25,8%) ainda não recebeu nenhuma dose dos imunizantes disponíveis, o que inclui também as crianças com menos de 5 anos de idade.

Os não vacinados enfrentam restrições significativas em todo o país, sem poder frequentar grande parte das lojas e locais de lazer.

Deutsche Welle

Em destaque

Pacheco defende corte de gastos, mas diz que valorizar servidores públicos também é importante

  Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) 05 de novembro de 2024 | 13:54 Pacheco defende corte d...

Mais visitadas