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sábado, abril 04, 2020

TSE cogita adiar eleições municipais para dezembro, mas ministros descartam prorrogação de mandatos


“A saúde da população é o bem maior a ser preservado”, diz Barroso
Carolina Brígido
O Globo
Ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cogitam adiar as eleições municipais de outubro para dezembro, devido à pandemia do coronavírus. A decisão sobre a data das votações deve ser tomada entre fim de maio e início de junho, a depender da situação sanitária do país.
Ainda que o quadro não esteja definido, os ministros descartam a possibilidade de prorrogação dos mandatos atuais. Isso aconteceria se as eleições fossem reagendadas para 2021. Ou, ainda, se houvesse unificação com as eleições gerais de 2022.
AVALIAÇÃO – “A saúde pública, a saúde da população é o bem maior a ser preservado. Por isso, no momento certo será preciso fazer uma avaliação criteriosa acerca desse tema do adiamento das eleições. Mas nós estamos em abril. O debate ainda é precoce. Não há certeza de como a contaminação vai evoluir. Na hipótese de adiamento, ele deve ser pelo período mínimo necessário para que as eleições possam se realizar com segurança para a população. Estamos falando de semanas, talvez dezembro”, disse o ministro Luís Roberto Barroso, que vai presidir o TSE a partir de maio.
O ministro afirmou que eventual prorrogação de mandatos não está sendo cogitada na Corte, porque violaria a Constituição Federal. “A ideia de prorrogação de mandatos dos atuais prefeitos e vereadores até 2022 não me parece boa. Do ponto de vista da democracia, a prorrogação frauda o mandato dado pelo eleitor, que era de quatro anos, e priva esse mesmo eleitor do direito de votar pela renovação dos dirigentes municipais. Se for inevitável adiar as eleições, o ideal é que elas sejam ainda este ano, para que não seja necessária a prorrogação de mandatos dos atuais prefeitos e vereadores”, declarou.
UNIFICAÇÃO – Barroso acrescentou que unificar as eleições municipais com a disputa nacional de 2022 seria prejudicial por outro motivo: os temas a serem tratados nas campanhas são totalmente diferentes.
A disputa nos municípios é mais voltada para assuntos locais, como transportes, planejamento da cidade e limpeza urbana. Já a eleição geral trata de temas de interesse nacional, como política econômica e programas sociais. Além disso, unir eleições locais e nacionais seria inviável operacionalmente.
“As eleições municipais deverão mobilizar 750 mil candidatos, cujas candidaturas precisam ser objeto de registro e que, em caso de impugnação, precisam ser decididas pela Justiça Eleitoral. Já é um número muito expressivo. Juntar a eles os questionamentos de registros de candidaturas à Presidência da República, ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados e às Assembleias Legislativas significa criar imensas dificuldades para a administração do pleito pela Justiça Eleitoral. Um verdadeiro inferno gerencial”, afirmou.
EXTENSÃO – Barroso lembrou que houve prorrogação de mandatos durante a ditadura militar, quando uma emenda constitucional estendeu até 1982 o mandato de prefeitos e vereadores eleitos em 1976, e que deveria terminar em 1980.
“Não custa lembrar que nesse meio tempo, o Congresso Nacional foi fechado, com base no AI-5, para outorga do chamado Pacote de Abril, um conjunto de medidas eleitorais igualmente casuísticas. E a campanha eleitoral se desenvolveu sob a égide da Lei Falcão, que somente permitia a exibição, na TV, da foto do candidato, sem direito a fala”, observou.
TRABALHO REMOTO – Embora não esteja definido se as eleições serão mesmo adiadas, providências que precisam ser tomadas pela Justiça Eleitoral antes da votação já foram suspensas, por conta do coronavírus. A maioria dos técnicos do tribunal está trabalhando remotamente.
Por isso, não foi possível realizar um teste agendado para meados de março. Há outro teste marcado para depois da Semana Santa, que também deverá ser adiado.
Os testes são de software e também do sistema operacional da urna. Além disso, há outros testes fundamentais que precisam ser realizados antes da votação, como simulações da eleição e totalização de votos. Também está suspenso o treinamento dos cerca de 2 milhões de mesários que atuarão nas votações, o que também prejudica o calendário da Justiça Eleitoral.
PROVIDÊNCIAS – Técnicos do TSE ouvidos pelo O Globo também apontam uma outra questão: ainda que a eleição seja adiada para dezembro, existe uma série de providências que precisam ser tomadas depois das votações que precisariam ser ajustadas.
Antes das posses dos eleitos, em 1º de janeiro, os candidatos devem apresentar prestações de contas e essas contas precisam ser analisadas pela Justiça Eleitoral. Em seguida, vem a diplomação dos candidatos. E, por último, a posse. Para os técnicos, a definição da data da eleição é fundamental para fazer esse planejamento.
DEBATE “PRECOCE” – Em nota, a atual presidente do TSE, ministra Rosa Weber, declarou que não cogitava adiar as eleições de outubro por conta do coronavírus. Disse que o debate ainda era “precoce”. Barroso também tinha se pronunciado nesse sentido. Mas, diante do avanço da Covid-19 no Brasil, as conversas entre ministros tomaram outro rumo.
Por lei, as convenções partidárias estão agendadas para agosto. É o início oficial do processo eleitoral. A depender do cenário da pandemia, não teria como realizar as convenções na data prevista. Nem tampouco as campanhas, que começam depois das convenções – ao menos nos moldes conhecidos. Eleições pressupõem o contato entre as pessoas. Não seria possível substituir isso por uma videoconferência, na visão de ministros.
CORPO A CORPO – No TSE, também estão sendo discutidas formas de se fazer campanha sem aglomeração, caso não sejam adiadas a votação. Se essa hipótese seguir adiante, as campanhas deste ano serão as primeiras sem o chamado corpo a corpo.
Os ministros também conversam sobre as zonas eleitorais. A dúvida é como realizar eleições sem fila para votar, ou com o menor número possível de pessoas reunidas.
DEFINIÇÃO DA DATA – Ministros ouvidos pelo O Globo lembraram que a definição da data das eleições não está somente nas mãos do TSE. O Congresso Nacional poderia aprovar uma proposta de emenda constitucional para mudar o calendário eleitoral.
Se for necessário adiar a posse dos eleitos, por conta das providências a serem tomadas depois da votação, também caberá aos parlamentares aprovar nova data. “A palavra final na matéria será do Congresso Nacional, a quem cabe aprovar emenda constitucional a respeito, se vier a ser o caso “, concluiu Barroso.

Justiça determina que cultos religiosos não sejam considerados serviços essenciais


Charge do Laerte (Arquivo do Google)
Luiz Vassallo
Estadão
O juiz federal Manoel Pedro Martins de Castro Filho, da 6ª Vara de Brasília, determinou, que o governo Jair Bolsonaro adote medida para “impedir que atividades religiosas de qualquer natureza permaneçam incluídas no rol de atividades e serviços essenciais para fins de enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus”.
A decisão que acolhe pedido do Ministério Público Federal é do dia 31 e dava 24 horas para o governo agir. Até o momento, a medida permanece inalterada.
CALAMIDADE PÚBLICA – Segundo o magistrado, que determinou a suspensão de trecho do decreto do presidente sobre serviços essenciais, o texto em relação às igrejas “não se coaduna com a gravíssima situação de calamidade pública decorrente da pandemia que impõe a reunião de esforços e sacrifícios coordenados do Poder Público e de toda a sociedade brasileira para garantir, a todos, a efetividade dos direitos fundamentais à vida e à saúde”.
A Justiça Federal no Rio de Janeiro chegou a decidir de maneira semelhante, mas a liminar foi cassada pelo presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Nesta quinta-feira, dia 2, a Procuradoria no Rio recorreu da decisão.
RECONSIDERAÇÃO – Se o governo quiser recorrer da decisão do juiz de Brasília, poderá pedir sua reconsideração em primeira instância, ou apresentar apelo ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
Em ação civil pública movida à Justiça, a Procurador Felipe Fritz Braga usou uma charge da cartunista Laerte Coutinho para ‘ilustrar’ seu pedido. Na imagem, um líder religioso chama os fiéis: “Venham”. Atrás dele Deus alerta: “Venham nada!”.
SEM JUSTIFICATIVA – Segundo ele, ‘sem qualquer justificativa racional’, Bolsonaro “incluiu no rol de serviços essenciais as atividades religiosas de qualquer natureza, dando margem para que os cultos e liturgias presenciais voltem a ocorrer, o que significa grandes e frequentes aglomerações de pessoas num momento em que toda a ciência afirma que o isolamento social é a medida mais eficaz para conter a propagação do vírus”.
“É hora, portanto, de dar à razão e à ciência o peso merecido e necessário, para evitar um dano coletivo de proporções incomensuráveis à saúde individual e coletiva e a fim de proteger o próprio sistema de saúde brasileiro, que ameaça colapsar-se tal como ocorreu na Itália e Espanha, caso as medidas de contenção e isolamento determinadas pela OMS e pelo Ministério da Saúde não sejam seguidas”, escreve.

Para a cúpula das Forças Armadas, é inaceitável Bolsonaro não se comportar como militar


Colégio militar em homenagem a pai de Bolsonaro é inaugurado hoje ...
O problema é que Bolsonaro não está se comportando como militar
Carlos Newton
Os fanáticos pelo “mito” podem esculhambar à vontade a pesquisa do Instituto Datafolha, dizer que é mais uma obra dos esquerdopatas, petralhas e comunistas que dominam a mídia nacional e internacional, mas a realidade é uma só – Jair Bolsonaro não tem condições mínimas para comandar um país da importância do Brasil, que é o quinto maior em território, sexto em população e nono em volume de PIB, ou seja, gigante pela própria natureza.
O fato concreto é que Bolsonaro, diante do primeiro problema realmente grave de sua gestão, além de demonstrar não saber administrar a crise, está atrapalhando as autoridades encarregadas de fazê-lo.
BOLSONARO ISOLADO – Com essa postura negativa e inaceitável, o presidente está perdendo apoio em todos os setores, especialmente na classe média e entre os militares, embora ele julgue (?) que as Forças Armadas estariam dispostas a tudo para mantê-lo no poder.
É claro que a ficha está caindo e o próprio Bolsonaro começou a sentir esse isolamento. Na manhã de segunda-feira, dia 30, ele descumpriu a agenda e resolveu visitar o general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, para lhe pedir apoio, e foi atendido, com uma nota postada no Twitter pela assessoria do oficial.
Neste sábado, entrevistado pela jornalista Tânia Monteiro, do Estadão, Villas Boas confirmou a visita e o pedido de apoio, que revela a insegurança do presidente da República. A repórter então perguntou se Bolsonaro tinha perdido apoio dos militares, e o general (ou sua assessoria, pois ele está muito doente) disse que não.
APOIO DOS MILITARES – Em tradução simultânea, este “não” do general Villas Bôas nada significa, porque jamais falaria contra o amigo que ajudou a eleger, mas a verdade é que Bolsonaro não tem mais apoio incondicional das Forças Armadas, que não pretendem avalizar nenhuma insensatez do presidente.
Os oficiais-generais vão cumprir a Constituição, ajudar o governo (qualquer governo) no possível, mas sem se intrometer.  Não querem que a imagem das Forças Armadas seja prejudicada por atos de um presidente complicadíssimo, que pensa (?) estar representando os militares, mas não está. Eis a questão.
Para os chefes militares, a situação gravíssima e inaceitável é que Bolsonaro não se comporta como militar.
QUEBRA DE HIERARQUIA – Como se sabe, uma das dogmas das Forças Armadas é o respeito à hierarquia, um princípio que não se resume a respeitar ordens superiores.
Na crise do coronavírus, os generais da ativa estão assistindo a uma gravíssima quebra de hierarquia cometida por Bolsonaro, cuja obrigação funcional é respeitar a orientação científica das autoridades de saúde do país (Ministério e Vigilância Sanitária) e da Organização Mundial de Saúde, da qual o Brasil é país-membro fundador.
É preciso entender que o raciocínio dos generais é sempre cartesiano. Eles avaliam que um presidente que não respeita a hierarquia científica nacional e mundial, em assunto de interesse vital da saúde de todos os brasileiros, por consequência isso significa que esse presidente não aceita hierarquia alguma.
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P.S
. – A carreira militar instrui os oficiais a obedecerem ao método cartesiano, criado pelo francês René Descartes. Consiste em se guiar sempre por aquilo que possa ser provado. No caso de Bolsonaro, em meio a uma pandemia, ele insiste em tentar conduzir o país utilizando teses e medicamentos ainda não comprovados cientificamente. Para os oficiais-generais e para qualquer pessoa com um mínimo de bom senso, esse comportamento é intolerável. (C.N.)

É surrealista um presidente criticar publicamente um ministro de seu governo


Henrique Mandetta, ministro da Saúde
Ministro Mandetta soube conquistar a confiança dos brasileiros
Pedro do Coutto
Numa entrevista à Rádio Jovem Pan, o presidente Jair Bolsonaro fez críticas públicas ao ministro Henrique Mandetta, como não fosse ele o titular da pasta da Saúde de seu próprio governo. Nesta altura dos acontecimentos, a confusão, que já era grande tornou-se maior ainda, sobretudo porque a repercussão foi extremamente contrária a sua atitude.
Bolsonaro quer mais humildade de Mandetta acentuando faltar apoio (da opinião pública) para dar uma canetada.  E acrescentou que ninguém de seu governo é indemissível.
GRANDE DESTAQUE – O Globo e a Folha de São Paulo, edições desta sexta-feira, publicaram a matéria com grande destaque, sendo que na FSP tornou-se a manchete principal do jornal. Em O Globo, a reportagem é assinada por Natália Portinari, Paula Ferreira, Thais Arbex, Guilherme Caetano e Bernardo Mello. Na Folha de São Paulo, a matéria foi de Gustavo Uribe e Natalia Concian.
Paralelamente ao impacto político que o episódio destacou, foi publicada uma pesquisa do Datafolha, também de ontem, revelando que 76% da população apoiam Henrique Mandetta. Enquanto em uma pesquisa paralela apenas 33% consideram o governo ótimo e bom. O detalhe importante a ser assinalado em relação a pesquisa anterior é que Mandetta subiu de 51 para 76% e o presidente da República recuou de 39 para 33%.
MANDETTA TRABALHANDO – Esse é um panorama registrado essa semana e ilustrado pelos resultados do levantamento da opinião pública. O Ministro da Saúde não quis comentar o assunto e disse somente que sua posição é de trabalhar para enfrentar o coronavírus. Como se constata, o vértice de popularidade deixa claro a dificuldade que Bolsonaro tem de conviver com seus subordinados.
No meio da confusão, os ministros Onyx Lorenzoni e Paulo Guedes, em entrevista coletiva na tarde de ontem, entrevista da qual o ministro da Saúde não participou, anunciaram que o Poder Executivo deve iniciar na próxima semana a distribuição de 600 reais aos que integram o Bolsa Família e também os trabalhadores avulsos, informais e aqueles cuja renda é mínima, abaixo do salário mínimo.
INDEMISSÍVEL – O ministro Henrique Mandetta disse que não pedirá demissão e se for o caso sairá depois de ato do presidente da República determinando a exoneração.
Enquanto isso a movimentação vai crescer na Esplanada de Brasília, porque a situação do presidente da República está cada vez mais complicada, sem apoio da maior parlamentar e em permanente confronto com os presidente da Câmara e do Senado.
Com isso, Bolsonaro isolou-se ainda mais no Planalto, enquanto aumentam as expectativas de uma eventualidade que a cada dia se torna mais evidente.

Maia e Alcolumbre recusam tentativa de articulação do Planalto e apoiam ações de Mandetta


Mesmo esgotado física e mentalmente, Mandetta segue focado
Daniel Carvalho
Folha
Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), recusaram um convite para encontrar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na noite desta quinta-feira, dia 2. Em vez disso, jantaram com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
O convite foi feito pelo ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), pouco antes de Bolsonaro, em entrevista à Jovem Pan, afirmar que está “faltando humildade” a Mandetta. Sem combinar, Maia e Alcolumbre rejeitaram o convite para encontrar com o chefe do Executivo.
RECUSA – Segundo relatos de pessoas próximas aos dois congressistas, o presidente do Senado se recusou porque não havia uma pauta clara para o encontro, e Alcolumbre acabou de se recuperar da Covid-19. Além disso, como o convite foi feito por Ramos, e não pelo próprio presidente, o senador entendeu o gesto muito mais como uma tentativa de articulação por parte do ministro do que uma vontade de Bolsonaro.
Já o presidente da Câmara, de acordo com relatos de aliados, entendeu que seria uma reunião ruim pois Bolsonaro insiste na tese de flexibilizar o isolamento social. Para evitar constrangimentos, Maia também disse não. Logo depois, os chefes do Legislativo receberam Mandetta em um longo jantar na residência oficial da presidência do Senado.
CONFLITO – O ministro da Saúde e o presidente da República vivem momento conflituoso por divergirem em assuntos como o isolamento social e o uso da hidroxicloroquina, medicamento que ainda está sendo testado e vem sendo usado no tratamento de casos graves de infectados por coronavírus.
Pesquisa Datafolha feita de quarta-feira, dia 1º a esta sexta-feira, dia 3, mostra que a aprovação da condução da crise do novo coronavírus pelo Ministério da Saúde disparou, e já é mais do que o dobro da registrada por Bolsonaro. Na rodada anterior, feita de 18 a 20 de março, a pasta conduzida por Mandetta tinha uma aprovação de 55%.
SALTO – Agora, o número saltou para 76%, enquanto a reprovação caiu de 12% para 5%. Foi de 31% para 18% o número daqueles que veem um trabalho regular da Saúde. Já o presidente viu sua reprovação na emergência sanitária subir de 33% para 39%, crescimento no limite da margem de erro. A aprovação segue estável (33% ante 35%), assim como a avaliação regular (26% para 25%).
O levantamento ouviu 1.511 pessoas por telefone, para evitar contato pessoal, e tem margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou menos.No jantar, Maia e Alcolumbre disseram a Mandetta que ele tem total apoio do Congresso Nacional.
DEMISSÃO – Nesta sexta, o presidente da Câmara chegou a dizer em uma videoconferência promovida pelo jornal Valor Econômico que, apesar dos ataques, Bolsonaro não tem coragem de demitir Mandetta e mudar a política de enfrentamento ao coronavírus.
“É fundamental que, no meio do processo [de enfrentamento à doença], a gente não tenha uma perda de um nome como o do Mandetta”, disse Maia. Segundo ele, uma eventual substituição mudaria a política do Ministério da Saúde e significaria que Bolsonaro não acredita no que o ministro está fazendo.
DEFESA – “Ao mesmo tempo, ele não tem coragem de tirar o ministro e mudar oficialmente a política. Ele fica numa posição dúbia.” Mais tarde, antes do início da votação da PEC (proposta de emenda à Constituição) que segrega o Orçamento, voltou a defender Mandetta.
Ao comentar o resultado do Datafolha, que apontou crescimento na aprovação do Ministério da Saúde ante o presidente Bolsonaro, Maia afirmou que a pesquisa mostra que a sociedade brasileira está compreendendo o que representa a pandemia e o trabalho comandado por Mandetta.
COMPETÊNCIA – “[É uma demonstração da] condução firme, transparente e muito objetiva e corajosa do ministro Mandetta, que vem tocando com muita competência o ministério, da mesma forma que fez na secretaria municipal em Campo Grande, como fez quando deputado”, defendeu.
Maia também sinalizou que o Congresso está atento às movimentações de Bolsonaro no sentido de flexibilizar o isolamento social. “Todos os decretos do governo são muito bem analisados pelos partidos, lideranças, mesa da Câmara, mesa do Senado. E algum que tenha divergência em relação ao papel que tem um decreto do presidente sempre pode ser avaliado e discutido e rejeitado pelo Parlamento”, afirmou.
ESGOTADO – A impressão que ficou para Maia e Alcolumbre após cerca de cinco horas de jantar é que Mandetta está cansado, claramente esgotado física e mentalmente, mas não pretende deixar o posto.
Assim como o próprio ministro tem dito publicamente, ele só sairá do cargo por vontade do presidente. Bolsonaro teria assim de arcar com o ônus de sacar alguém mais popular do que ele e que tem aprovação inclusive em sua bolha de apoiadores.
ISOLAMENTO – A disputa que o presidente tem travado com Mandetta isola Bolsonaro dentro do próprio governo. Nos últimos dias, ministros como Sergio Moro (Justiça) e Paulo Guedes (Economia) deram declarações reforçando a importância do isolamento contra o coronavírus. Entre os governadores, Bolsonaro também perdeu apoio como os de Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Comandante Moisés (PSL-SC).
Na pesquisa divulgada nesta sexta, o Datafolha voltou a aferir a aprovação de governadores e incluiu a de prefeitos nesta pesquisa. O presidente está em pé de guerra com os chefes estaduais desde que a crise eclodiu. Ele já ameaçou baixar um decreto para romper o fechamento do comércio em locais como São Paulo.
Aprovam a gestão de seus governadores 58% dos brasileiros, ante 54% da rodada anterior. Reprovam os mesmos 16%, e a avaliação regular caiu de 28% para 23%. Já os prefeitos recebem 50% de ótimo e bom, 25% de regular e 22% de ruim e péssimo.
DISSIDÊNCIA – A rejeição ao trabalho de Bolsonaro subiu mais entre moradores do Sudeste (de 34% para 41%) e no Norte/Centro-Oeste (24% para 34%) —neste caso, é notável a dissidência de Caiado. Ainda assim, essa região é a que melhor avalia (41% de ótimo/bom) o presidente, juntamente com o Sul (39%), onde Comandante Moisés também se desentende com bolsonaristas.
O Nordeste se cristaliza como um centro de rejeição ao presidente nesta crise, com a maior taxa de ruim e péssimo, 42%. Também por lá acham que Bolsonaro mais atrapalha a gestão 57%.

Sem condições de “cumprir todos os ritos”, governo autoriza contratação de empresas condenadas por fraudes

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Rosário disse que a prioridade durante a pandemia “é salvar vidas”
Patrik Camporez
Estadão
O governo Jair Bolsonaro autorizou a contratação de empresas condenadas por fraudes e irregularidades cometidas junto à administração pública durante o período de pandemia do coronavírus.
Até a tarde desta sexta-feira, dia 3, o Ministério da Saúde havia fechado pelo menos 30 contratos por dispensa de licitação, por valores que superam a soma de R$ 150 milhões, para compra de equipamentos, leitos de UTI e outros produtos.
AUTORIZAÇÃO – Em coletiva de imprensa na tarde de hoje, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, destacou que o governo, no período atual, não tem tido condições de “cumprir todos os ritos” e por isso autorizou a contratação de empresas inidôneas.
Isso quer dizer que as empresas que foram punidas por irregularidades estão liberadas para fornecer produtos para o governo enquanto durar o período de calamidade.
PRIORIDADE – O governo já liberou mais de R$ 5 bilhões para aquisições na pasta da Saúde. Rosário destacou que, em média, um processo de licitação dura cerca de 90 dias. Ele não disse quantas empresas inidôneas já foram contratadas nem quais garantias estão sendo tomadas para que os produtos e serviços sejam prestados corretamente. “Abriu a possibilidade de contratar até empresas inidôneas, pois a prioridade aqui é salvar vidas”, disse.
O ministro disse ainda que há a possibilidade de o governo comprar até equipamentos usados. Segundo dele, os preços praticados hoje são “completamente diferente da realidade”. “Não há tempo para ficar discutindo. As contratações estão sendo feitas sem licitações”.
O ministro disse que tem auxiliado o Ministério da Saúde no sentido de mitigar os riscos na realização das compras. “Dentro da área de auditoria estamos tentando não criar nenhum tipo de problema, tentando mitigar esses problemas”.

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