quarta-feira, outubro 22, 2025

Bolsonaro e Valdemar articulam ofensiva para rever penas do 8/1 e pressionar Orçamento de 2026

 

Bolsonaro e Valdemar articulam ofensiva para rever penas do 8/1 e pressionar Orçamento de 2026

Ações buscam em vão saída que beneficie o ex-presidente

Luísa Marzullo
O Globo

O PL prepara uma nova ofensiva no Congresso para tentar destravar o projeto que reduz as penas dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro e, ao mesmo tempo, acentuar o desgaste do governo Lula em votações consideradas essenciais para a gestão. A estratégia foi traçada nesta segunda-feira durante o encontro entre o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, e o ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar.

Valdemar chegou ao condomínio de Bolsonaro em Brasília por volta das 14h e saiu às 17h30, após uma reunião descrita por aliados como “longa e política”. Segundo interlocutores, o diagnóstico de ambos é que o texto da dosimetria, relatado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP), está paralisado por falta de empenho da cúpula do Congresso.

POSTURA INCISIVA – O ex-presidente defendeu que o PL adote uma postura mais incisiva no Senado, mas sem romper pontes com o Centrão. A orientação é poupar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de ataques diretos, por ele ter demonstrado intenção de dialogar com a oposição, e pressionar o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), a retomar as negociações.

Valdemar, segundo aliados, se comprometeu a ampliar a movimentação no Senado com apoio de Rogério Marinho (PL-RN), que coordena a bancada. O partido também avalia recorrer à obstrução das votações como forma de pressão política, caso o tema continue travado.

O projeto de dosimetria, travado há mais de um mês no Senado, é visto como bandeira simbólica para mobilizar as bases bolsonaristas e forçar o Congresso a se reposicionar diante da pressão popular.

OPOSIÇÃO – Bolsonaro também cobrou que o PL endureça a oposição ao governo, especialmente em torno de dois assuntos que podem representar novas derrotas expressivas para o Planalto: a eventual derrubada dos vetos ao licenciamento ambiental e a recomposição orçamentária da MP alternativa ao IOF.

O ex-presidente enxerga nesses temas a oportunidade de vincular o governo ao aumento de gastos e ao avanço de uma “agenda verde” que desagradaria ruralistas. Atuar contra as medidas que o governo avalia para recompor o rombo de R$ 46 bilhões em 2025 e 2026 em função da rejeição da MP também significaria, segundo essa leitura, deixar menos recursos na mão do Planalto em ano eleitoral.

MAPA ELEITORAL – A reunião também serviu para revisar o mapa eleitoral de 2026. Valdemar apresentou levantamentos sobre alianças regionais e nomes competitivos em estados-chave, enquanto Bolsonaro insistiu em priorizar palanques ideológicos em Santa Catarina, Distrito Federal e Rio de Janeiro. Em outros estados, como Bahia, Pará e Ceará, o partido deve apostar em alianças pragmáticas com o Republicanos e o PP.

Durante a conversa, os dois também trataram da iminente indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal. A avaliação foi de que o PL deve “dar trabalho” ao governo na sabatina, explorando contradições de seu passado.

O episódio que mais deve ser explorado ocorreu quando Messias era subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil. Em uma interceptação telefônica divulgada na Lava-Jato, em março de 2016, a então presidente Dilma Rousseff avisou a Lula que enviaria, por meio de “Bessias”, um termo de posse para que ele assinasse e, assim, se tornasse ministro da Casa Civil.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A articulação entre Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto para reduzir as penas dos envolvidos no 8 de janeiro e pressionar o governo sobre o Orçamento expõe uma agenda voltada exclusiva e absurdamente à autopreservação política em detrimento do interesse público. Em vez de priorizar temas que afetam diretamente a sociedade, ambos apostam em manobras que tensionam o Congresso e aprofundam a polarização. O gesto revela uma oposição pautada pelo cálculo eleitoral, não pela responsabilidade institucional. (M.C.)

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