O Caos no Atendimento do SUS em Aracaju: Quanto Mais Muda, Pior Fica
O direito à saúde é um princípio fundamental garantido pela Constituição Federal de 1988, que estabelece que o acesso a serviços médicos deve ser universal e gratuito. No entanto, na prática, o que se vê é um sistema de saúde pública ineficiente, repleto de burocracia e negligência, que coloca os pacientes em uma verdadeira via-crúcis. Em Aracaju, o atendimento pelo SUS parece piorar a cada mudança de gestão, demonstrando um descaso contínuo com os cidadãos que dependem do serviço público de saúde.
Para ilustrar essa triste realidade, relato um episódio vergonhoso e humilhante que vivi ao tentar realizar um exame médico essencial. No dia 17 de setembro de 2024, um cardiologista solicitou um ecocardiograma transtorácico. De posse da requisição médica, dirigi-me à Unidade de Saúde Dona Sinhazinha, no bairro Grageru, para dar entrada no pedido por meio do formulário de controle de auditoria e regulação. O tempo passou e, depois de vários meses de espera, o exame foi negado sem qualquer explicação plausível.
Inconformado, procurei a Ouvidoria do SUS para entender o motivo da negativa. Para minha surpresa, fui informado de que a solicitação foi preenchida erroneamente por uma funcionária da unidade de saúde. A única solução apresentada foi que eu retornasse ao posto para iniciar todo o processo novamente. Em meio a tanta burocracia e descaso, fiz o que me foi orientado e, finalmente, um novo atendimento foi agendado para o dia 31 de janeiro de 2025. Depois dessa longa espera, consegui marcar o exame para o dia 20 de fevereiro de 2025, às 9h, na Clínica Viver, no bairro Siqueira Campos.
No dia marcado, cheguei à clínica às 7h30, seguindo todas as recomendações médicas. No entanto, fui surpreendido por mais um obstáculo: a atendente me informou que, embora a Prefeitura tivesse agendado o exame para aquela data, eu deveria ter comparecido um dia antes para confirmar a realização do procedimento. Ou seja, mais uma vez, o paciente é penalizado pela falta de organização e transparência no sistema público de saúde. Depois de tantos transtornos e prejuízos financeiros com deslocamentos, desisti de continuar esse calvário, pois já havia gasto mais dinheiro com transporte do que se tivesse feito o exame em uma clínica particular.
Este episódio não é um caso isolado, mas um retrato fiel da precariedade do atendimento do SUS em Aracaju. A saúde pública, que deveria ser um direito garantido, tornou-se um verdadeiro teste de paciência e resistência para os cidadãos. O artigo 196 da Constituição Federal determina que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado, mas na prática, esse direito é constantemente desrespeitado.
O que acontece em Aracaju é um reflexo do descaso com a população, onde a má gestão e a burocracia tornam a busca por um atendimento digno uma verdadeira maratona de frustrações. Enquanto os gestores públicos não tomarem providências efetivas para melhorar o sistema, a população continuará sendo vítima de um serviço ineficiente e desumano.