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segunda-feira, outubro 03, 2022

Lula afirma que usará o segundo turno para comparar a gestão dele com a de Bolsonaro

Publicado em 3 de outubro de 2022 por Tribuna da Internet

Lula diz que vai procurar novas alianças no segundo turno

Deu na BBC News

Em discurso após o resultado do primeiro turno das eleições, o candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que vai comparar o Brasil de quando ele governava com a atual gestão de Jair Bolsonaro (PL). “Vamos deixar o segundo turno para a gente poder medir, fazer comparações entre o Brasil que ele construiu com o Brasil que nós construímos. O nosso período de governo, da qualidade de vida do povo com o que o povo tem hoje. Eu quero dizer para vocês que eu começo amanhã a fazer campanha”, disse em discurso a apoiadores em São Paulo.

“Vocês sabem que o nosso país está pior. Você sabe que a economia não está boa. Que a qualidade de vida não está boa, que a renda não está boa, que o emprego não está bom, que essa onda não está boa e que nós precisamos recuperar esse país inclusive no ponto de vista das suas relações internacionais. Portanto, para a desgraça de alguns, eu tenho mais 30 dias para fazer.”

AMADURECER PROPOSTAS – “O segundo turno é a chance de você amadurecer as propostas e a sua conversa com a sociedade. De você construir um leque de alianças e de apoio antes de você ganhar para mostrar ao povo o que vai acontecer e quem vai governar esse país. Vamos nessa.”

Lula ainda brincou que, caso vencesse no primeiro turno, tiraria três dias de folga para fazer uma “lua de mel” com a mulher, mas falou que está empolgado com a campanha.

“Eu adoro fazer campanha, adoro ir para a rua, subir em caminhão, discutir com a sociedade brasileira. E vai ser importante porque vai ser a primeira chance de fazer um debate tête-à-tête com o presidente da República. Para saber se ele vai continuar contando mentiras ou se vai pelo menos uma vez na vida falar a verdade com o povo brasileiro. Eu acho que é uma chance que o povo brasileiro me dá. ‘Ah, Lula, eu acho que aquele debate não valeu muito porque aquele debate tinha gente estranha'”, afirmou.

NOVAS ALIANÇAS – Lula afirmou que gostaria de ter vencido no primeiro turno — o que seria inédito na vida política dele —, mas que “isso para nós é apenas uma prorrogação” e que vai aproveitar o período para fazer alianças.

“A gente vai avaliar bem o que está acontecendo hoje. A gente tem que lembrar o que estava acontecendo quatro anos atrás. Eu era tido como se fosse um ser humano jogado fora da política. Eu disse que eu retornaria com uma força, com uma vontade, uma disposição. Porque a única razão da gente parar de lutar é o dia que o povo brasileiro quiser outra centenas de lideranças que consiga fazer o que precisa para que eles melhorem de vida”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Para Lula, não fechar a disputa no primeiro turno foi decepcionante. Sabe que agora é como se fosse uma nova eleição e pode haver reversão de votos, como aconteceu com Helio Costa e Geraldo Alckmin, que tiveram menos votos no segundo turno do que no primeiro. Mas Lula é cascudo e vai em frente. Será uma eleição memorável(C.N.)  

Para não fugir da rotina, estamos publicando mais um ato de corrupção praticado pelo prefeito de Jeremoabo,


 O prefeito de Jeremoabo amparado na impunidade não cessa de praticar improbidade administrativa aos custas do  dinheiro público.

Nós também não cansamos de publicar todos esses desmandos na esperança de que o silêncio ensurdecedor das autoridades caiam na real, façam cumprir a nosas Constituição.

Vereadores de Jeremoabo , Vocês Estão Cegos, Surdos e Mudos?



CE: Elmano de Freitas (PT) é eleito governador do Ceará com 53,68% dos votos




O candidato do Partido dos Trabalhadores Elmano de Freitas foi eleito governador do Ceará. 

Com 94,84% das urnas apuradas, ele é matematicamente o vencedor do pleito, com 53,68% dos votos válidos, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em seguida na apuração, aparece o Capitão Wagner (União Brasil), com 32,16% dos votos. 

Na terceira colocação ficou Roberto Cláudio (PDT), com 14,03% dos votos válidos.

Estadão / Dinheiro Rural

A eleição mais importante - Editorial




Eleição do Congresso é a mais decisiva. É o Legislativo que faz as leis, altera a Constituição, aprova o Orçamento, controla o Executivo e dá a última palavra sobre a composição do STF

Hoje, o Brasil vai às urnas definir os rumos do País para os próximos anos, nos âmbitos federal e estadual. São decisões fundamentais para o desenvolvimento social e econômico da Nação: como enfrentaremos a atual crise em suas várias dimensões, como lidaremos com nossas desigualdades sociais, como nos prepararemos para os desafios e oportunidades futuros, como reafirmaremos o Estado Democrático de Direito. Engana-se, no entanto, quem pensa que isso tudo será definido pela disputa presidencial. A grande eleição, a mais decisiva, é a do Congresso: o voto para senador e o voto para deputado federal.

Muito se diz, hoje em dia, que o Supremo Tribunal Federal (STF) dá a última palavra no País. De fato, num Estado Democrático de Direito, é a Corte constitucional quem dá a decisão final sobre a interpretação da Constituição. É necessário que seja assim. Os direitos e liberdades fundamentais, bem como aspectos fundantes do Estado, não podem estar reféns da vontade da maioria. No entanto, quem manda na Constituição – na imensa parte que não está protegida por cláusulas pétreas – é o Legislativo, com seu poder de emendá-la. De fato e de direito, quem manda no País – quem cria as leis, o único instrumento apto a obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa – é o Congresso.

Essa particular preponderância do Legislativo não é uma realidade a ser lamentada. Ao contrário: o Congresso é o órgão, por excelência, de representação da população, em suas legítimas e múltiplas particularidades. Em toda a estrutura estatal, o Legislativo é quem expressa, de forma mais fidedigna, a plural vontade da população. E, como numa democracia todo o poder emana do povo, é no Congresso que ocorre a mais importante disputa política.

Equivoca-se, portanto, quem pensa que a grande decisão de hoje se refere ao Executivo federal. Certamente, no sistema presidencialista, o presidente da República tem um peso especial nos rumos do País; em concreto, sobre a própria agenda do Congresso. De toda forma, o chefe do Executivo federal está submetido às leis que o Legislativo redige, bem como ao controle exercido pelos senadores e deputados.

Exemplo recente da relevância do Congresso foi a CPI da Covid. O trabalho da comissão foi fundamental não apenas para que a população tomasse conhecimento do descalabro que foi o enfrentamento da pandemia pelo Ministério da Saúde do governo de Jair Bolsonaro, como também para que o próprio governo se desse conta de que havia limites. Com a CPI da Covid, o Palácio do Planalto percebeu que nem tudo podia ser coberto por decretos de sigilo. Por exemplo, os senadores revelaram à população a apatia do governo Bolsonaro para comprar vacinas e sua diligência para participar de negociações estranhas, com reuniões até mesmo em um shopping. A defesa da moralidade pública passa diretamente por um Congresso responsável, altivo e independente.

A Constituição atribui competências exclusivas à Câmara e ao Senado sobre o processamento dos crimes comuns e de responsabilidade das principais autoridades do País. Trata-se de uma atribuição especialmente importante, seja para evitar a impunidade, seja para impedir que esses processos sirvam para perseguições políticas.

Além disso, cabe ao Senado avaliar os nomes indicados pelo presidente da República, entre outros cargos, à chefia da Procuradoria-Geral da República (PGR), às diretorias das agências reguladoras, ao STF e aos demais tribunais superiores. Assim, toda a composição das Cortes superiores, que definem as linhas interpretativas do Direito a serem seguidas em todo o País, precisa ser aprovada pelos senadores. Ou seja, o Congresso tem especial responsabilidade sobre o Poder Judiciário e a efetiva vigência das regras jurídicas.

Por essas razões, é importante que o Legislativo represente, de forma cada vez mais fidedigna, a pluralidade da população brasileira. Hoje, nas urnas, a voz de todos têm rigorosamente o mesmo peso. Que ela seja uma voz livre e responsável, a eleger um Congresso igualmente livre e responsável. 

O Estado de São Paulo

Será que somos previsíveis e manipuláveis para o bem e para o mal?

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Dostoiévski nos mostrava como sombras, às vezes circundadas por luz misteriosa, que andam pelo mundo. 

Por Luiz Felipe Pondé (foto)

Seríamos nós previsíveis? Alguma teoria detém os segredos da vida psíquica?

Há toda uma tradição que crê ter descoberto o segredo de como nos moldar para que cheguemos aonde essa tradição diz ser capaz de nos levar. Como moldar bons cidadãos, consumidores conscientes, enfim, como nos fazer pensar da forma que devemos pensar para atingir certos fins?

Stewart Justman, professor da Universidade de Montana, escreveu um livro que é uma verdadeira pérola para quem quer entender um pouco da nossa cultura contemporânea obcecada com os poderes da psicologia. "The Psychological Mystique", ou a mística psicológica, publicado pela Northwestern University Press, em 1998, sem tradução no Brasil.

O autor tem dedicado parte da sua obra a investigar os efeitos perversos do que ele chama de "pop psychology" —psicologia para consumo—, tema que ele relaciona com a busca contemporânea pelo paraíso dos idiotas —título de outro livro dele.

No caso da mística psicológica, a investigação do método de educação do filósofo John Locke (1632-1704) é seu ponto de partida. E qual é esse método?

Pegue uma criança e ensine a ela boas ideias, porque a mente é formada por uma associação de ideias que lhe são dadas pelo meio à sua volta. Por sua vez, o método de introduzir boas ideias na cadeia de associação de ideias, que seria o modo de funcionamento da mente, moldará bons cidadãos, consumidores proativos, profissionais motivados, enfim, pessoas mais felizes e participativas.

Resumindo a ópera: somos previsíveis e manipuláveis para o bem —e os maus nos manipulam para o mal. Simples assim?

Justman problematiza brilhantemente essa tese, não só para a pôr em dúvida no seu pressuposto —descobrimos como funciona nossa mente e podemos retirar dela muito potencial—, mas também para descrever alguns dos seus efeitos nefastos, senão ridículos. Comecemos por esta segunda crítica.

Aqui entra em cena um personagem importante: o duplamente sobrinho de Freud, duas vezes. O que isso significa? Edward Bernays era filho do irmão de Martha Bernays —nome de solteira da mulher do Freud— e da irmã do próprio Freud. Logo, sobrinho duas vezes do famoso médico vienense inventor da psicanálise, que, aliás, considerava o sobrinho um picareta, como todo americano.

E qual era sua picaretagem? Dizendo-se herdeiro intelectual do seu tio —que Freud negava veementemente—, ele criou uma psicologia para as relações públicas e a propaganda. Bernays queria salvar o mundo vendendo cigarros Lucky Strike para mulheres emancipadas.

O psicanalista da opinião pública, como gostava de ser visto, fez campanhas envolvendo mulheres famosas, ricas e bonitas em Nova York —na França, com a aristocracia feminina—, em que essas celebridades eram fotografadas fumando Lucky Strike.

Feminista, ele entendia que podia emancipar as mulheres dando a elas o direito de ascender à condição de fumante de Lucky Strike. As vendas bombaram!

Eis a previsibilidade que Bernays pôs em prática e, desde a sua "descoberta", o mundo do marketing, das empresas, das relações-públicas, do coaching e da educação em geral repete a fórmula à exaustão do ridículo.

A primeira crítica, aquela que nega a previsibilidade humana a partir da modelagem das nossas ideias, é mais complexa. Não somos previsíveis nem quando fazemos o mal, mas podemos ser manipulados por cálculos estratégicos —os mesmos de Bernays. Para essa crítica, o autor faz uma leitura primorosa de Dostoiévski. 

O grande russo criou personagens permeados pela indeterminação infinita da alma e, por isso mesmo, por uma opacidade que é humilhada por teorias como a de Bernays. A polifonia —vozes infinitas internas em contradição contínua—, descrita por Mikhail Bakhtin (1895-1975) como sendo a marca dos personagens de Dostoiévski, é essa impermeabilidade à modelagem estratégica da alma.

Os personagens de Dostoiévski são profundos porque nem mesmo o narrador sabe o que eles pensam e sentem. Sombras, às vezes circundadas por uma luz misteriosa, que caminham pelo mundo, sofrendo, amando, matando —este é o resultado. Justman e eu concordamos com Dostoiévski.

Folha de São Paulo

‘Erramos todos ao achar que Brasil de 2018 não se repetiria’, diz Freixo




O candidato derrotado ao governo do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo (PSB), disse na noite deste domingo que sua campanha e todo o campo de esquerda erraram ao achar que o "Brasil de 2018" não se repetiria este ano, com forte expressão do bolsonarismo nas urnas.

"Não foram só os institutos de pesquisa que erraram, todos nós erramos. Não enxergamos um Brasil de 2018 que juramos que não se repetiria. Esse Brasil em parte foi repetido. Não imaginávamos que um projeto de extrema-direita teria tanta força", disse. Ele falou a jornalistas brevemente, no comitê de campanha, na Lapa.

Freixo obteve 27,58% dos votos válidos neste primeiro turno, contra 58,4% do governador reeleito Cláudio Castro (PL). Trata-se de uma diferença de 2,5 milhões de votos que, segundo Freixo, levaria sua campanha à segunda volta em qualquer outro Estado, exceto no Rio.

Mesmo assim, Freixo reconheceu e parabenizou Castro pelo resultado, que definiu como incontestável. Ele disse que vai torcer pelo governo reeleito, mas prometeu fazer oposição política em nome de um outro projeto para o Estado que passa por uma "ampla aliança que envolve o centro democrático", que definiu como inédita no Estado até então. O símbolo desse movimento foi a aproximação com partidos como o PSDB, de seu vice na chapa, o ex-prefeito Cesar Maia, e o Cidadania.

A essa altura da entrevista, Freixo fez uma reflexão sobre a atual penetração dos partidos de esquerda junto às camadas mais populares da população. Ele disse que o trabalho de base que sempre desenvolveu em escolas e comunidades tem tido menos alcance em função de uma mudança do perfil social, religioso e econômico da população.

"Há um Rio de Janeiro que o campo democrático não conseguia conversar, sequer enxergar para chegar. Existe uma outra base que não é percebida, entendida", resumiu, ao dizer que já há algum tempo vem tentando identificar e se conectar com essa faixa da população.

Ele ponderou que, ao contrário dos partidos, o ex-presidente Lula ainda seria capaz de dialogar com essas camadas populares em função do recall de seus dois governos, razão pela qual liderou o resultado das urnas no País e chega para disputar a Presidência com boas chances no segundo turno.

Estadão / Dinheiro Rural

Lua de mel curta para o presidente




Não está escrito que 2023 vai ser ano de crise, mas é preciso correr com governo novo

Por Vinicius Torres Freire

Deixar o conserto do telhado para a época de chuva é metáfora velha também em economia. Mas ainda serve para apresentar o problema que vai cair na mão do próximo governo.

O tempo está fechando, embora não se saiba quanta água vá cair, aqui e no mundo. Nem é preciso dizer que vivemos em uma casa com paredes sob risco de desabamento, apenas remendadas desde 2015.

Supondo-se que Lula da Silva (PT) venha a ser eleito, terá pouco tempo para escrever nesta "carta branca" que supostamente estaria recebendo. Teria uns quatro meses para arrumar uma equipe econômica, acertar os termos de serviço, elaborar planos e alinhavar a política que possa dar sustentação prática a esses programas. Não é simples. Ainda mais se chover muito.

Embora tenha sido alegria de pobre, a economia brasileira rendeu muito mais do que o esperado em 2022. É possível que a baixa na atividade econômica seja notável apenas neste trimestre final do ano. Mas, embora previsões econômicas costumem ser vexaminosamente erradas, o tempo agora nublou de fato, não apenas no palpite. Os juros estão salgados no Brasil e assim vão ficar pelo menos até a metade de 2023. A economia mundial vai andar devagar.

O financiamento de casa, carro e tudo mais ficou bem mais caro nos bancos, de um ano para cá. A taxa de inadimplência sobe devagar, para níveis ainda normais, mas sobe. A parte da renda total das famílias dedicada a pagamento de dívidas sobe também. Levantar capital para qualquer negócio custa mais.

Sim, o salário médio está para voltar a crescer, em termos reais e anuais (até agora, vinha apenas despiorando), embora ainda seja 3% menor do que o de 2019. O número de pessoas empregadas cresceu de modo surpreendente em 2022. Tanto que se duvida que possa continuar nesse ritmo, muito maior do que o do PIB, desde o início da epidemia.

A taxa de investimento (quanto da renda do país é dedicada a expandir produção, instalações produtivas e moradias) continua em nível relativamente alto, 18,6% do PIB até julho (nas contas do Ibre/FGV). Não resolve nosso problema, mas é maior do que a média de 16,5% desde 2015 ou de 18%, desde 2000. Além do mais, há possibilidades de investimento em saneamento, energia, telecomunicações e transporte. Com alguma inteligência e rapidez, é possível incentivar o dinheiro privado a se mexer.

A confiança de comércio, serviços e construção está no campo positivo; a da indústria, por ali. O consumidor faz anos é pessimista, mas vinha se animando. Até setembro não havia sinal de derrocada. Ao contrário.

Mas o crédito mais caro vai jogar alguma água nesses chopes. Preços mais moderados de commodities que exportamos, também. Não está escrito que 2023 será ruim, mas a coisa complicou.

Passada a eleição, qualquer governo terá de lidar com esse Orçamento federal que não prevê dinheiro nem para a promessa básica da campanha —o Auxílio de R$ 600, entre muitos problemas críticos. A turma do dinheiro quase aceitou que 2023 será um ano de "licença para gastar" —o déficit público vai aumentar. Mas, se houver lambança e nenhum programa crível para 2024-26, o caldo engrossa rápido.

Supondo-se que agora apareçam menos empregos, com salários ainda baixos, o ambiente não será propício para uma "lua de mel" duradoura também com o povo, embora esperanças políticas possam aumentar a tolerância (vide o 2003-04 de Lula 1). Não convém testar a paciência dos donos do dinheiro e a do povo ao mesmo tempo.

Tempo é problema. Embora se possa encontrar na praça e no Congresso muito plano de mudança quase pronto, os candidatos a assumir esta ruína não têm programa ou equipe para tocar o barco.

Folha de São Paulo

Meu voto, minhas regras.




O discurso identitário vê minorias como incapazes de pensar diferente da militância.

Por Lygia Maria (foto)

A coligação Irmãos da Itália, dirigida por Giorgia Meloni, venceu as eleições legislativas italianas. Desde Mussolini, é a primeira vez que um partido ligado ao fascismo assume o poder. Além disso, pela primeira vez, uma mulher estará no comando do governo. No noticiário, o traço reacionário de Meloni foi mais ressaltado do que o fato de ela ser mulher. Afinal, questões como xenofobia e nacionalismo são mais relevantes do que o sexo do governante que apoia essas pautas.

Porém, não é o que se vê quando a governante é de esquerda. Dilma venceu as eleições e foi exaltada por ser a primeira mulher presidente do Brasil. Ou seja, Giorgia Meloni, assim como Angela Merkel e Margaret Thatcher, prova que o discurso que exige mais mulheres no poder vai só até a página dois da cartilha feminista, na qual fica claro que o objetivo é mais mulheres de esquerda no poder.

De modo semelhante, em artigo recente para a Folha, um acadêmico afirma que não devemos votar em pessoas brancas e indica um site com 120 candidaturas de pessoas negras, todas de partidos de esquerda.

O primeiro problema nesses discursos é a falácia do ad hominem, que enaltece ou desmerece as ideias do interlocutor por suas características físicas, não pela qualidade das ideias. O segundo é a objetificação, que trata minorias como incapazes de pensar e escolher posições político-ideológicas contrárias às da militância. Como se ser uma mulher liberal ou um negro conservador fosse uma incongruência.

Ao tratar do totalitarismo, a filósofa Hannah Arendt critica a objetificação com esta analogia: "um tinteiro é sempre um tinteiro, o ser humano é a sua existência". Logo, não somos coisas que cumprem mera função utilitária. Somos sujeitos livres para pensar e escolher os papéis que vamos representar ao longo da vida. Tratar seres humanos como entes biológicos, por sexo ou raça, é encerrá-los em papéis fixos imutáveis.

Ou seja, o oposto do que qualquer movimento que se diz libertário deve advogar.

Folha de São Paulo

O imponderável nas eleições em dois turnos




Por Luiz Carlos Azedo (foto)

Nosso progresso depende de um justo e democrático equilíbrio entre o Estado e a sociedade. Essa é a chave para entender a importância da Constituição de 1988 e do voto popular nessa construção

Com 200 anos de Independência, o Brasil tem instituições historicamente constituídas. Já houve muitas controvérsias sobre isso, uma das maiores foi na década de 1920, quando Oliveira Viana lançou Populações Meridionais do Brasil (Senado Federal), obra na qual dizia que o nosso sistema político era uma cópia barata dos regimes republicanos norte-americanos e europeus. Viana distinguia três tipos diferentes no país — o sertanejo, o matuto e o gaúcho. Os principais centros de formação do matuto são as regiões montanhosas do estado do Rio, o grande maciço continental de Minas e os platôs agrícolas de São Paulo, região de influência hegemônica na História do Brasil.

O sentimento das nossas realidades, tão sólido e seguro nos velhos capitães gerais, desapareceu, com efeito, das nossas classes dirigentes: há um século vivemos praticamente em pleno sonho. Os métodos objetivos e práticos de administração e legislação desses estadistas coloniais foram inteiramente abandonados pelos que têm dirigido o país depois da independência. O grande movimento democrático da Revolução Francesa; as agitações parlamentares inglesas; o espírito liberal das instituições que regem a república americana, tudo isso exerceu e exerce sobre nossos dirigentes, políticos, estadistas, legisladores, publicistas, uma fascinação magnética que lhes daltoniza completamente a visão nacional dos nossos problemas. Sob esse fascínio inelutável, perdem a noção objetiva do Brasil real e criam para uso deles um Brasil artificial e peregrino, um Brasil de manifesto aduaneiro, made in Europa, sorte de Cosmorama extravagante. Sobre o fundo de florestas e campos, ainda por descobrir e civilizar, passam e repassam cenas e figuras tipicamente europeias.”

A partir dessa conclusão, Oliveira Viana concebeu o seu “autoritarismo instrumental”, na visão do falecido cientista político carioca Wanderley Guilherme dos Santos: militares e elite agrária deveriam promover radical intervenção do Estado na vida política e social do país e criar bases sociais culturalmente aptas a sustentar um regime liberal. Não por acaso, tornou-se o ideólogo do Estado Novo de Getúlio Vargas, após a Revolução de 1930, e do futuro regime militar, que vigorou no Brasil de 1964 até a eleição de Tancredo Neves, em 1985.

As ideias de Oliveira Viana foram muito aclamadas na época. Somente o jornalista Astrojildo Pereira, fundador do Partido Comunista, teve a ousadia de criticá-lo. Seu pensamento teve notável influência na “modernização conservadora” do país e merece ser estudado até hoje, pois é a matriz mais autêntica das ideias de direita que estão aí vivíssimas, nas escolas militares e no chamado bolsonarismo. Trata-se de uma vertente autoritária do pensamento positivista, que serviu como uma luva para a projeção nacional do “castilhismo” de Getúlio Vargas como alternativa de poder.

Nos meios acadêmicos, existe um amplo consenso sobre o caráter nefasto do Estado Novo, mas não em relação à Revolução de 1930, saudada como a ruptura que concluiu a nossa “revolução burguesa” e abre-alas da modernização do Estado e da economia. No livro História da Riqueza do Brasil, Cinco séculos de pessoas, costumes e governos (Estação Brasil), Jorge Caldeira nos mostra que a República Velha também teve o seu valor, principalmente a partir do Acordo de Taubaté, que mudou a política de exportação e teve notável papel na formação de capital para a nossa modernização, sem falar no fato de que havia uma economia de sertão, grande responsável pela existência de nosso mercado interno.

Maioria silenciosa

Chegamos ao ponto. Nosso progresso depende de um justo e democrático equilíbrio entre o Estado e a sociedade. Essa é a chave para entender a importância da Constituição de 1988 e do voto popular na construção desse equilíbrio. Nosso Estado democrático de direito, com toda as suas vicissitudes, garante a democracia brasileira e suas instituições políticas, algumas das quais seculares, como o Senado e o Supremo Tribunal Federal (STF). E busca superar fatores que serviram de instrumentos para crises e rupturas da ordem democrática, entre os quais, dois têm a ver com a eleição que se realiza hoje: a existência de uma só votação para presidente da República e vice e a realização de dois turnos, caso nenhum dos candidatos alcance mais de 50% dos votos no primeiro turno.

A eleição de João Goulart como vice de Jânio Quadros, graças a uma manobra de sindicalistas paulistas, que fizeram uma dobradinha pirata, a chapa Jan-Jan, foi um dos fatores que nos levaram ao golpe de 1964, porque havia uma situação na qual o presidente que renunciou havia sido eleito pela direita e seu sucessor, que assumiu legitimamente o poder, pela esquerda. Agora, ambos são eleitos pelos mesmos eleitores. Outro fator de instabilidade era o fato de o presidente eleito por ser o mais votadonnão representar maioria dos votantes. Mesmo Getúlio Vargas, em 1950, por exemplo, teve 48% dos votos. Agora, não; precisa da maioria dos votantes, no primeiro ou no segundo turno.

O imponderável é o voto secreto, direto e universal, em urna eletrônica, à prova de fraudes. Em momentos como os que estamos vivendo, de radicalização política, o voto que decide é o mais silencioso. A alternância de poder é um dos princípios da democracia; o outro, o respeito aos direitos da minoria, principalmente ao dissenso. Vale a vontade do eleitor. Quem ganhar, leva. Seja agora ou no segundo turno.

Correio Braziliense

Jango e Lula, vidas paralelas




A implantação de república sindicalista, se não for refreada a tempo, poderá abrir as portas para a criação da república popular do Brasil

Por Almir Pazzianotto Pinto* (foto)

Durante o breve governo João Goulart (1961-1964), cuja assunção à Presidência da República ocorreu graças à inesperada renúncia de Jânio Quadros (25/8/1961), estivemos sob a ameaça de implantação de República sindicalista. Aceito com reservas por parte das Forçar Armadas, João Goulart foi convencido a se precaver contra eventual golpe, apoiado em dispositivos militar e sindical, o primeiro articulado pelo general Assis Brasil, o segundo, pela Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT). 

O mundo encontrava-se dominado pelo clima de guerra fria entre o bloco comunista, comandado pela União Soviética, e as democracias ocidentais, tendo à frente os Estados Unidos da América. A revolução cubana, liderada por Fidel Castro e Che Guevara, conquistara admiradores entre nós. Cuba era a cabeça de ponte comunista na América Central, pronta para apoiar guerrilhas no continente.

A desconfiança em relação a Jango surgira em 1953, após sua nomeação para ministro do Trabalho pelo presidente Getúlio Vargas, para substituir o ministro Segadas Viana. Em março de 1964, Jango foi confrontado por manifesto assinado por 81 coronéis e tenentes-coronéis, “em protesto contra a exiguidade dos recursos destinados ao Exército e a proposta governamental de elevação do salário mínimo”, e foi obrigado a se exonerar.

O governo Jango se caracterizou por intensas agitações. No Nordeste, as Ligas Camponesas, chefiadas por Francisco Julião, representavam perigosas ameaças aos proprietários de engenhos de açúcar. Portuários, ferroviários, tecelões, gráficos e bancários pressionavam o presidente para conseguir aumentos salariais, decretando greves em setores essenciais. Atribui-se a Luís Carlos Prestes, histórico líder comunista, a frase: “Estamos no poder, falta-nos tomar o governo”.

O relato do breve e tumultuado período compreendido entre setembro de 1961 e março de 1964 é encontrado em Brasil: de Getúlio Vargas a Castelo Branco (1930-1964), de Thomas E. Skidmore (Ed. Paz e Terra, RJ, 1975); Jango, um depoimento pessoal, de João Pinheiro Neto (Ed. Record, RJ, 1993); Sexta-Feira 13 – Os últimos dias do governo João Goulart, de Abelardo Jurema (Ed. O Cruzeiro, RJ, 1964); Sindicalismo no processo político do Brasil, de Kenneth Paul Erickson (Ed. Brasiliense, SP, 1979); Visões do golpe – A memória militar sobre 1964, de Maria Celina D’Araújo et al., Relume Dumará, RJ, 1994); Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro – Pós-1930 (Ed. FGV-CPDOC, RJ); Março 31, de Fernando Pedreira (José Álvaro Editor, RJ, 1964); e Memórias de um stalinista, de Hércules Corrêa (Ed. Opera Nostra, RJ, 1994). Além destes, dezenas de livros e artigos se ocuparam do “presidente perplexo” que governou “preso entre extremistas de direita e de esquerda”, como escreveu Skidmore.

Por razões que somente ele poderia explicar, Jango resolveu governar em descompasso com empresários e Forças Armadas. Fazendo da reforma agrária a meta principal do governo, atraiu a oposição dos conservadores, e, por se conduzir de maneira vacilante, foi incapaz de conquistar o apoio da esquerda, que o observava com desconfiança, como se evidenciou ao tentar a decretação do estado de sítio, em 4 de outubro de 1963, e ser obrigado a retroceder três dias depois.

Vivi a época de Goulart. Acompanho a vida sindical desde 1961. Presenciei de perto o golpe de 31 de março de 1964. É irresistível, portanto, o desejo de traçar um paralelo entre João Goulart e Luiz Inácio Lula da Silva, que lhe sucedeu tendo como propósito implantar uma república sindicalista.

Lula “é uma charada envolvida em mistério, dentro de um enigma”, como disse Winston Churchill sobre a União Soviética. De volta ao Planalto, o animal político que nele vive e obedece apenas aos instintos governará com os olhos voltados para o povo e os ouvidos, para a Avenida Faria Lima.

Em dois momentos de grave crise, Jango cedeu para evitar a guerra civil, como lhe propunha o cunhado Leonel Brizola. A primeira vez, ao aceitar a mudança do regime presidencialista para o parlamentarismo, conforme lhe exigiam os ministros militares, marechal Odílio Denis, do Exército; almirante Sílvio Heck, da Marinha; e brigadeiro Gabriel Grün Moss, da Aeronáutica. A segunda, quando preferiu se exilar no Uruguai ao invés de reagir ao golpe de 31 de março.

Milhares de camisas e bandeiras vermelhas que ocuparam as grandes avenidas no final da campanha, em apoio ostensivo a Lula, nos obrigam a refletir se corremos o risco da tomada de medidas autoritárias, segundo o figurino venezuelano, como passos iniciais para a tomada total do poder.

A implantação de república sindicalista, se não for refreada a tempo, poderá abrir as portas para a criação da república popular do Brasil. Cuba, Nicarágua, Chile, Argentina, Venezuela e Peru são modelos que devemos rejeitar.

Apesar dos problemas e defeitos que lhe reconhecemos, a esperança de preservação do Estado Democrático de Direito, sem recaída em nova ditadura, repousa na preservação intacta da Constituição.

*Advogado, foi ministro do Trabalho e presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST)

O Estado de São Paulo

Ciro: eu peço mais algumas horas para que me deixem refletir com meu partido




O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, agradeceu na noite deste domingo, 2, os votos recebidos, mas se disse "profundamente preocupado" em relação ao que está vendo acontecer no Brasil. "Nunca vi situação tão complexa e desafiadora e ameaçadora sobre nós como nação", continuou.

Com 96,56% das urnas apuradas, Ciro tem apenas 3,06%, com 3,49 milhões de votos e terminará a sua quarta tentativa de chegar ao Planalto em quarto lugar, atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL) e Simone Tebet (MDB).

Em relação a possíveis apoios no segundo turno, Ciro adiantou, em breve pronunciamento, que precisará "de mais algumas horas" para conversar com seus amigos e partido "para achar o melhor caminho e equilíbrio".

Estadão / Dinheiro Rural

Em destaque

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