Bolsonaro confraterniza com apoiadores em Copacabana
Ricardo Ferraz, Maiá Menezes, Duda Monteiro de Barros
Revista Veja
Do alto de um carro de som, levado à orla de Copacabana por apoiadores do governo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) moderou o tom das críticas ao Judiciário apenas repetiu as mesmas declarações que havia feito em Brasília. Mais uma vez, o mandatário se conteve ao falar do Supremo Tribunal Federal.
“O outro lado que assina cartinhas não defende a Constituição. Nosso mandato fez ressurgir o patriotismo. O nosso governo não permite qualquer controle das mídias sociais. É a nossa libertação. Hoje, vocês sabem como funciona o Supremo Tribunal Federal.” disse. No momento, a multidão de apoiadores vaiou o STF, como aconteceu em Brasília
AUTOCRÍTICA – Em sua fala inicial, lembrou também a facada da qual foi vitima em 2018: “Obrigado a Deus pela minha segunda vida”.
Em tom de sinceridade, o presidente arrancou aplausos ao dizer que não é muito bem educado e fala muitos palavrões. “Mas não sou ladrão”, atacou, em recado a seu principal oponente, Luiz Inácio Lula da Silva, a quem chamou de “quadrilheiro de nove dedos, que merece ser extirpado da vida pública”.
Bolsonaro também tratou de justificar o desempenho do governo durante a pandemia, um dos pontos que têm merecido mais críticas de seus opositores: “Problemas não faltaram para o mundo todo, em especial para a economia. Lamentamos todas as mortes, mas na economia nosso governo deu exemplo”, disse.
GOVERNO CRISTÃO – Em claro recado ao público evangélico, o presidente também tratou de religião: “Nos somos o governo que sabemos que o Estado é laico, mas o seu presidente é cristão”, afirmou, completando que sua administração “não aceita sequer discutir a legalização das drogas”.
Antes do discurso, os presentes rezaram um Pai Nosso. E o candidato a vice na chapa do presidente, Braga Netto, atacou os governos anteriores, do PT:
“O jeito nocivo de governar trouxe para o nosso país corrupção e bandidagem. O governo Bolsonaro defende os direitos da vítima””, afirmou, comparando as administrações anteriores aos governos da Venezuela, Colômbia e Argentina, atualmente comandados por partidos de esquerda.
MOTOCIATA – O presidente chegou ao Rio de Janeiro para participar dos atos oficiais em comemoração aos 200 anos da Independência do Brasil por volta de 14hs desta quarta-feira.
Entre outros apoiadores, ele estava acompanhado do filho, Flávio Bolsonaro (PL), senador pelo Rio, pelo ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pelo seu candidato a vice-presidente Braga Netto e pelo governador do estado, Claudio Castro.
Antes, Bolsonaro participou de uma motociata que saiu do Aeroporto Santos Dummont, no Flamengo em direção à praia de Copacabana. Bolsonaro quebrou o protocolo e foi confraternizar com apoiadores.
FESTA MILITAR – Pela manhã, houve um desfile de navios da Marinha. A cada hora, os canhões do Forte disparam tiros em comemoração ao bicentenário. A Esquadrilha da Fumaça deu mais uma exibição espetacular. Paraquedistas pousaram na praia. A banda do exército desfilou em uma curta passarela isolada da praia diante do palanque do presidente.
No Dia da Independência do ano passado, Bolsonaro foi bem mais agressivo e chegou a fazer ataques pessoais aos ministros do STF, afirmando que não acataria as ordens de Alexandre de Moraes e de Luis Roberto Barroso.
Na ocasião, o presidente chegou a dizer que Moraes era um “canalha”. Desta vez, moderou o tom.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Bem, como perguntaria Machado de Assis, mudou o Natal, a situação se alterou ou foi Bolsonaro que mudou? Agora, depois do segundo discurso, pode-se dizer, em medo de errar, que a situação se alterou e que Bolsonaro mudou. Não sonha mais com golpes, vai disputar a eleição bonitinho e quem tiver mais votos ganha quatro anos no eixo Alvorada-Planalto. E o resto é folclore, como diz Sebastião Nery. (C.N.)