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André de Souza
O Globo
O Tribunal de Contas da União (TCU) entregou nesta segunda-feira, dia 14, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a lista de 7.554 gestores e ex-gestores públicos que tiveram suas contas julgadas irregulares. Isso ajudará a Justiça Eleitoral a decidir quem poderá concorrer nas eleições municipais deste ano, caso eles decidam registrar candidatura. A inclusão do nome na lista pelo TCU não significa necessariamente que a pessoa será impedida de disputar um cargo eletivo.
É praxe o TCU entregar essa lista ao TSE antes de cada eleição. A Lei da Ficha Limpa estabelece que, entre outros, são inelegíveis “os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes”.
CONTAS IRREGULARES – A lista inclui todos os que tiveram as contas julgadas irregulares com trânsito em julgado, ou seja, sem possibilidade de recurso, a partir de 15 de novembro de 2012, período a partir do qual os oito anos inelegibilidade alcançam a data da eleição deste ano, marcada para 15 de novembro. No Rio de Janeiro, são 528 nomes, entre eles os ex-prefeitos André Luiz Ceciliano (Paracambi), atualmente presidente da Assembleia Legislativa do estado, Nubia Cozzolino (Magé) e Carlo Busatto Júnior, o Charlinho (Itaguaí).
Durante o ato de entrega da lista, os presidentes do TCU, ministro José Múcio Monteiro, e do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, destacaram que a presença do nome na lista não significa necessariamente que houve desvio de dinheiro público. “Alguns se aproveitaram? Sim. Outros deverão encontrar seus nomes nessa lista. São os chamados desavisados, que precisam ficar atentos que o dinheiro público precisa ser prestado contas”, disse Múcio.
“Muitas vezes os vícios nas prestações de contas não decorrem de improbidade, não decorrem de desonestidade, mas sim de desconhecimento, de limitações nas informações. De modo que eu faço aqui um apelo a todos os prefeitos municipais que serão eleitos nas próximas eleições: tenham cuidado com a prestação de contas, cerquem-se de profissionais que possam orientá-los a encaminhar essas contas da melhor maneira. A pior coisa que tem é você sofrer as penas da justiça sem ter cometido uma infração, por desaviso, por desconhecimento”, acrescentou Barroso.
Veja os números de gestores e ex-gestores públicos na lista do TCU por estado de domicílio atualmente: Acre: 90, Alagoas: 137, Amapá: 114, Amazonas: 265, Bahia: 457, Ceará: 443, Distrito Federal: 318, Espírito Santo: 88, Goiás: 229, Maranhão: 658, Mato Grosso: 196, Mato Grosso do Sul: 83, Minas Gerais: 470, Pará: 420, Paraíba: 328, Paraná: 271, Pernambuco 328, Piauí: 241, Rio de Janeiro: 528, Rio Grande do Norte: 168, Rio Grande do Sul: 179, Rondônia: 142, Roraima: 105, Santa Catarina: 132, São Paulo: 599, Sergipe: 164, Tocantins: 181, Pessoas que atualmente moram no exterior: 20.
Frente Parlamentar Evangélica manobra para derrubar veto a perdão das dívidas de igrejas
Luiz Calcagno e Ingrid Soares
Correio Braziliense
Poucas são as chances de manutenção do veto presidencial ao perdão a dívidas de igrejas e templos. A frente parlamentar evangélica, que conta com 220 parlamentares de quase todos os partidos, se reúne hoje para debater as estratégias para a derrubada do veto. E a permeabilidade é a maior força do grupo, que tem, entre os integrantes, desde o líder do Centrão, Arthur Lira (PP-AL), até deputados petistas como Benedita da Silva (RJ) e Airton Faleiro (PA), ligado à Igreja Católica. Os débitos somam quase R$ 1 bilhão.
O presidente da República, que retirou o dispositivo ao sancionar a Lei nº 14.057/2020, publicada no Diário Oficial da União (DOU) de ontem, que disciplina o acordo com credores para pagamento com desconto de precatórios federais, também está determinado a sanar a questão. Nem que seja por Proposta de Emenda à Constituição (PEC), conforme afirmou em uma rede social. Mas Bolsonaro também deixou claro a alternativa de vetar o projeto e pedir ao Congresso para derrubar a medida.
BOLSONARO TEM PRESSA – O presidente tem pressa em encontrar uma solução. Os evangélicos, os principais beneficiados pelo perdão das dívidas, são parte importante de seu eleitorado e apoio político. A iniciativa de vetar o trecho causou surpresa a parlamentares.
Principal responsável pelo trecho inserido no projeto de lei, o deputado federal David Soares (DEM-SP), filho do missionário R.R. Soares, líder da Igreja Internacional da Graça de Deus, afirmou que o chefe do Executivo foi mal assessorado.
“Isso (o perdão da dívida de igrejas e templos) foi votado por ampla maioria dos parlamentares. Ninguém estava ali inocentemente. É um perdão de lançamentos fiscais que são ilegais. O presidente da República foi mal orientado juridicamente. A base de sustentação do argumento dele não se sustenta. O perdão não compromete a responsabilidade fiscal. Lançar aquilo como parte do orçamento é uma irresponsabilidade. Quem vendeu isso para o presidente foi inocente”, reclamou.
QUESTÃO ANTIGA – O deputado afirma que igrejas e templos nunca reconheceram a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) sobre os templos de qualquer culto como justa, e que a questão já foi judicializada.
“Desde 2008, temos problemas dessa natureza. Mudaram as regras do jogo no meio do jogo. Um ataque às instituições religiosas e de forma predominante às evangélicas. Qual é o animus da Receita Federal em cima de ação da administração interna das instituições? A Receita quer controlar o que a igreja dá de auxílio a padres? A igreja decide o que paga administrativamente para o padre ou pastor. É uma questão interna”, argumentou.
Antes da publicação do veto no Diário Oficial, Bolsonaro adiantou a decisão nas redes sociais. Afirmou que a medida era necessária para evitar que respondesse a um processo de impeachment por crime de responsabilidade fiscal.
SOLUÇÃO POR EMENDA – “A PEC é a solução mais adequada porque, mesmo com a derrubada do veto, o TCU já definiu que ‘as leis e demais normativos que instituírem benefícios tributários e outros que tenham o potencial de impactar as metas fiscais somente podem ser aplicadas se forem satisfeitas as condicionantes constitucionais e legais mencionadas’”, publicou bOLSONAROdente.
O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, Silas Câmara (Republicanos-AM) também se disse surpreso, segundo ele, “pela quantidade de especialistas que afirmam ser legítima e constitucional a matéria e sem envolvimento com responsabilidade fiscal”.
Questionado sobre quem apoiaria a derrubada, ele disse que é cedo. “Mas, se for para derrubar o veto, teremos os votos, pode acreditar”, garantiu.
REPERCUSSÃO NEGATIVA – O PSol foi o único partido que votou integralmente contra o socorro. “Por mais que a maioria das bancadas tenham votado a favor, a repercussão negativa constrange. E muita gente se sentirá pouco à vontade de derrubar o veto”, avaliou a líder da legenda na Câmara, Sâmia Bomfim (SP), acrescentando:
“Por um lado, são um setor significativo no apoio eleitoral. Por outro, o calendário dificulta a votação e articulação de projetos. Estamos com temas significativos como pacote anticrime, BPC, e fica difícil construir apoio sobre pauta polêmica”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Os líderes vão se reunir com Bolsonaro nesta quarta-feira, para liquidar a fatura. As igrejas e templos não pagarão um tostão, podem crer. (C.N.)