Carlos Newton
O início do ano trouxe uma informação que contrastou com o ambiente festivo do primeiro aniversário do governo de Jair Bolsonaro, cujo ponto alto, mais comemorado, foi o início da recuperação da economia, com alta de 1,1% do Produto Interno Bruto, embora a renda per capita tenha se mantido estagnada. Logo no dia 2 a equipe econômica divulgou novas estatísticas e admitiu que a balança comercial do País fechou 2019 com o menor superávit desde 2015.
Foi um corte na euforia do governo, porque interrompeu um viés de alta mantido nos últimos quatro anos e, que se iniciou quando a fracassada presidente Dilma Rousseff, a falsa gerentona petista, ainda estava no poder
QUEDA DE 7,5% – Movidas pelas vendas de produtos primários, incluindo petróleo, em 2019 as exportações somaram US$ 224 bilhões, com queda de 7,5% em relação à média diária de 2018.
E o resultado só não foi pior porque as importações também diminuíram e ficaram em US$ 177,3 bilhões em 2019, com recuo de 3,3% na média diária.
As causas da redução das exportações brasileiras são variadas, masestão sendo atribuídas principalmente à crise econômica da Argentina e à guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, que prejudicou o comércio global, mas é absolutamente possível que o desempenho do Brasil tenha sido afetado pelas maluquices diplomáticas da gestão de Bolsonaro, que causaram estremecimento das relações com alguns importantes parceiros comerciais, como a Argentina, os países árabes e a China.
MERA COINCIDÊNCIA – Os defensores da política externa do presidente Bolsonaro e do chanceler Ernesto Araújo podem argumentar que a redução das exportações, depois de quatro anos sucessivos de crescimento do saldo na balança comercial, não foram prejudicadas pelas mudanças na tradicional política diplomática, que desde a independência do país adota o não-alinhamento.
Realmente, pode ter sido apenas mera coincidência, como diziam antigamente os geniais roteiristas de Hollywood. De toda forma, porém, o resultado negativo deveria pelo menos servir de indicador ao governo para uma mudança de rumos. Mas está acontecendo exatamente o contrário.
Com o surgimento da grave crise entre Estados Unidos e Irã, o governo brasileiro foi um dos primeiros a apoiar o atentado cometido no Iraque pelos Estados Unidos. E tanto o presidente Bolsonaro quanto o chanceler Araújo fizeram questão de apontar o Irã como um dos culpados pelo terrorismo internacional, claramente comprando a briga americana contra o país árabe, que vinha sendo um bom parceiro comercial e era nosso maior comprador de milho.
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P.S. – Não é possível que o Instituto Rio Branco tenha deixado de ensinar ao diplomata Ernesto Araújo a famosa lição do experiente John Foster Dulles, Secretário de Estado no governo Eisenhower durante a Guerra Fria: “Os países não têm aliados, devem ter apenas interesses”.
P.S. – Não é possível que o Instituto Rio Branco tenha deixado de ensinar ao diplomata Ernesto Araújo a famosa lição do experiente John Foster Dulles, Secretário de Estado no governo Eisenhower durante a Guerra Fria: “Os países não têm aliados, devem ter apenas interesses”.
O que parece é que ensinaram a Araújo apenas a lição absurda do chanceler-general Juracy Magalhães, que no governo Castelo Branco envergonhou a nação ao dizer: “O que é bom para os Estados Unidos também é bom para o Brasil”. (C.N.)