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sábado, janeiro 04, 2020

Relator da PEC da segundo instância quer prisão só para novos réus e deixar Lula solto


Relator diz que caso de Lula não está sendo levado em consideração
Luiz Calcagno
Correio Braziliense
A Proposta de Emenda à Constituição 199/2019, que regulamenta a prisão após condenação em segunda instância, não deve retroagir para devolver à cadeia réus beneficiados pela decisão do Supremo Tribunal Federal de só prender após esgotados todos os recursos.
Esse é o entendimento do deputado Fábio Trad (PSD-MS), relator do texto na comissão especial que debaterá a matéria na Câmara. Em conversa com o Correio, ele disse que vai propor que a alteração na Carta Magna seja aplicada apenas aos novos processos.
CELERIDADE – “Não vai retroagir. Não pode produzir efeitos no passado”, frisou. O parlamentar ressaltou que terá condições de apresentar um relatório em março, mas apenas se os trabalhos avançarem com celeridade.
Se a PEC não retroagir, os processos da Operação Lava-Jato que já foram julgados em segunda instância, por exemplo, seguirão o entendimento atual. Inclui-se aí o caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP) e que foi libertado após a decisão do STF.
“SÓ MAIS UM” – Questionado sobre o assunto, o relator minimizou. “O caso do presidente Lula não está sendo levado em consideração. Isso é uma mudança na Constituição. A mudança é para todos os brasileiros. Ele é só mais um.”
Presidente da comissão especial que debaterá a PEC, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) terá conversas com juízes durante este mês. “Na próxima semana, vamos tentar agendas com o Fux (Luiz Fux, ministro do Supremo Tribunal Federal)”, disse. O encontro com o magistrado deve ocorrer após o dia 20.
AGENDA – A primeira das reuniões, ainda segundo Ramos, possivelmente será no dia 14. “Tenho um compromisso no Rio e aproveitaremos para tentar uma agenda com o juiz plantonista do Tribunal Regional Federal do Estado. Teremos outra no dia 21, com o presidente do TRF de São Paulo”, elencou.
Após o recesso parlamentar, o primeiro convidado a falar na comissão será o ex-ministro do STF Cezar Peluso, em 4 de fevereiro. Nomeado pelo então presidente Lula, Peluso trabalhou no Supremo entre 25 de junho de 2003 e 31 de agosto de 2012 e é considerado autor intelectual da PEC, de autoria do deputado Alex Manente (Cidadania-SP).
MORO – O convidado seguinte será o ministro da Justiça, Sérgio Moro, com audiência marcada para 12 de fevereiro. A comissão também ouvirá Carlos Ayres Brito, outro ex-ministro do Supremo. A promessa de Ramos é levar às audiências todos os magistrados de tribunais superiores.
O presidente da comissão não quis falar sobre o eventual conteúdo do relatório de Trad. “Em relação ao momento do efeito, é um debate de natureza jurídica. Pode ser de natureza processual, que alteraria todos os processos, ou material, que faria mudanças a partir do próximo processo, após a sanção do texto. Mas, acho cedo para adiantar esse tipo de detalhe antes de os debates acontecerem.”
PRAZOS – Ramos afirmou que pretende dar celeridade às ações na comissão e que segue as recomendações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). “Eu gosto de trabalhar com os prazos estabelecidos pelo presidente da Casa. Maia fala em tentar votar no plenário em abril. Não é simples. Fevereiro é curto, por conta do carnaval, mas nosso planejamento de audiências públicas se encerra na última quinta-feira de março”, explicou.
“O que propicia a votação em abril. Mas não quero especular com datas. Temos clareza de que é uma matéria que exige celeridade e vamos nos esforçar para dar uma resposta rápida.”
EMBATES – O parlamentar evitou antecipar os embates entre oposição e governo. “O apoio à PEC é por não ser exclusiva para matérias de natureza penal. Na verdade, é uma proposta que muda o momento do trânsito em julgado para todas as ações. Não separo o debate entre oposição e posição”, frisou.
“Não sei qual é o posicionamento do governo, até pelo aprofundamento dessa investigação do Flávio Bolsonaro. Não estamos fazendo lei para manter alguém preso ou para soltar alguém, mas para dar celeridade à Justiça.”

Piada do Ano! Autor do ataque à sede do Porta dos Fundos pedirá asilo político na Rússia


Fauzi soube com antecedência sobre mandado de prisão 
Deu no O Globo
Procurado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro desde terça-feira, dia 31, o economista e empresário Eduardo Fauzi Richard Cerquise, de 41 anos, assumiu nesta sexta-feira a autoria do ataque à sede da produtora de vídeos Porta dos Fundos, no Humaitá, Zona Sul do Rio, na véspera de Natal, e afirmou que irá pedir asilo político na Rússia, para onde viajou no dia 29 de dezembro.
INTERPOL – Em entrevista concedida ao “Projeto Colabora”, Fauzi também declarou que soube com antecedência sobre a expedição de um mandado de prisão contra ele, cumprido em operação policial na última terça-feira. Ele não foi encontrado e, desde quinta-feira, com a informação de que viajou para Moscou, seu nome foi incluído na lista de procurados da Interpol.
“Eu sou o candidato típico (ao asilo). Mas a decisão é política. Se não houver interesse político eles não me não me asilam”, disse Fauzi ao portal, ao afirmar que passou os três primeiros dias do ano ocupado com os trâmites para encaminhar seu pedido às autoridades russas.
FICHA CRIMINAL – Com 20 anotações anteriores em sua ficha criminal, Fauzi foi reconhecido por investigadores em vídeos de uma câmera de segurança registrados após o ataque. Ele aparece em Botafogo, bairro vizinho ao Humaitá, enquanto desembarca e retira uma fita que protegia a placa do carro utilizado no atentado.
A polícia acredita que ele dirigia o veículo utilizado na ação que envolveu pelo menos outras quatro pessoas. “Achavam que fui muito estúpido pra não cobrir o rosto e não alterar a voz, mas fui conectado o suficiente pra ser avisado do mandado a tempo de viajar pra fora do país”, justificou Fauzi ao “Colabora”.
MOTIVAÇÃO – Questionado sobre os objetivos do ataque, Fauzi, que é filiado ao PSL, disse que agiu apenas por motivação política. Na entrevista e em um vídeo divulgado durante a semana, ele demonstrou insatisfação com o especial de Natal do Porta dos Fundos (“A primeira tentação de Cristo”), na qual Jesus Cristo foi retratado como homossexual.
“O ato não foi motivado por qualquer razão eleitoral ou financeira, como resta evidente”, disse Fauzi, que atribuiu a origem dos R$ 139 mil apreendidos pela polícia em um dos seus endereços ao trabalho de seu pai no comércio.
Fauzi tem uma passagem de volta comprada para o Brasil e marcada para o dia 29 de janeiro. Ele tem mulher e filho em Moscou e viajou para a capital russa três vezes ao longo do ano passado.
EXTRADIÇÃO – O Ministério da Justiça aguarda uma solicitação do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) para encaminhar o pedido de extradição do brasileiro à Rússia. O juiz responsável pelo caso é Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal da Comarca do Rio.

Bolsonaro se precipita, apoia o ato de Trump e faz críticas ao Irã, que é parceiro do Brasil


Charge do Izânio (Arquivo Google)
Gabriel Shinohara e Amanda AlmeidaO Globo
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira que a posição do governo em relação a tensão entre EUA e Irã é de fazer aliança com “qualquer” país que combata o terrorismo. Na quinta-feira, o general iraniano Qassem Soleimani foi morto em ataque de míssil dos EUA. A morte causou reações e promessas de vingança do governo do Irã. O presidente foi entrevistado pelo apresentador José Luiz Datena no programa “Brasil Urgente”.
— A nossa posição é se aliar a qualquer país do mundo no combate ao terrorismo. Nós sabemos que, em grande parte, o Irã representa para os seus vizinhos e o mundo  —   disse.
VIDA PREGRESSA – Bolsonaro também afirmou que a vida pregressa do general iraniano morto na quinta-feira era “voltada em grande parte para o terrorismo”.
 — Do que levantamos até agora da vida pregressa dessa autoridade iraniana que perdeu a vida no dia de ontem, segundo informações aqui, pessoa que estaria envolvida em ataques à entidade judia que existia na Argentina  —  disse, referindo-se ao atentado contra a AMIA (Associação Mutual Israelita Argentina), que deixou 85 mortos em 1994.
 — Então, a vida pregressa dele era voltada em grande parte para o terrorismo e nós aqui no Brasil, a nossa posição é bem simples. Tudo que pudermos fazer para combater o terrorismo, assim o faremos.
IRÃ É PARCEIRO – O Brasil exporta cerca de US$ 2 bilhões por ano para o Irã, na maior parte commodities como milho, carne e açúcar. No caso do milho, os iranianos são responsáveis por comprar um terço de todas as exportações brasileiras do produto.
O apresentador do programa perguntou se o presidente se colocou a favor do ataque como medida preventiva. Bolsonaro respondeu que é favorável a medidas contra o terrorismo, mas evitou se posicionar de forma mais objetiva.
 — Somos favoráveis a qualquer medida de combate ao terrorismo no mundo. É isso que posso te passar  — afirmou.
CRÍTICAS AO IRà– O presidente também afirmou que o governo sabe da posição do Irã perante o mundo e que não pode concordar com grande parte do que acontece no país.
— Nós sabemos a posição do Irã perante o mundo, o que os árabes pensam a respeito do Irã e como o abandono de apoios ao Irã vem acontecendo nos últimos anos. Então, acompanhamos isso. Não podemos concordar em grande parte do que acontece lá. Mas temos uma posição de certa distância. Afinal de contas, o Brasil tem os seus problemas. Nós aqui não coadunamos com terrorismo.
Bolsonaro também afirmou que esse tipo de tensão é negativo para o resto do mundo e não chega a lugar nenhum. Segundo o presidente, o país mais forte “faz valer sua vontade”.
TODOS PERDEM — “Não se chega a lugar nenhum no tocante, acontecendo esses conflitos aí. Todo mundo perde um pouco, uns vão perder menos, outros vão perder mais. Quem é mais fraco vai perder mais, as nações né, existem seus interesses, mas o coração, a pátria do país mais forte faz valer a sua vontade. Não adianta você ter um excelente Itamaraty, um pessoal bom de saliva, porque a gente sabe, quando acaba a saliva entra a pólvora” – afirmou o presidente.
Questionado sobre as análises de o conflito se tornar uma “terceira guerra mundial” e qual seria a posição do Brasil neste caso, Bolsonaro disse que “o Brasil abriu mão na Constituição de ter um poderio bélico-nuclear, nas Forças Armadas”.
 — O que nós queremos mais é torcer. Nós não temos poder bélico. Temos de torcer para dar tudo certo – concluiu.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Em nota, o Itamaraty apoiou nessa sexta a noite a “luta contra o flagelo do terrorismo”. O presidente brasileiro, que nada entende de diplomacia, comporta-se de maneira irresponsável, ao oferecer precipitado apoio aos Estados Unidos. Bolsonaro age de forma serviçal em relação a Trump, esquecido de que preside um dos mais importantes países do mundo, que não é nem nunca foi colônia dos Estados Unidos. (C.N.)

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