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sábado, julho 09, 2011

Jornais: falsos empréstimos do mensalão somam R$ 75 mi, diz Gurgel

FOLHA DE S.PAULO

Falsos empréstimos do mensalão somam R$ 75 mi, diz Gurgel
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, concluiu que os empréstimos fraudulentos dos bancos Rural e BMG ao grupo do publicitário Marcos Valério e ao PT, que encobriram o caixa dois do mensalão, ultrapassaram R$ 75 milhões.A informação consta de suas alegações finais enviadas anteontem ao STF (Supremo Tribunal Federal). Gurgel não explica como chegou ao valor. Apenas diz que foram "pseudo" empréstimos que, segundo ele, abasteceram o esquema.

"Além do desvio de recursos públicos, os dados coligidos demonstraram que a quantia de R$ 75.644.380,56, obtida dos Bancos Rural e BMG, foi entregue à administração do grupo liderado por Marcos Valério e ao próprio PT, sob o fundamento de "pseudo" empréstimos, sendo aplicados no esquema ilícito", afirma o documento obtido pela Folha. Todos os envolvidos negam a existência do esquema. O número apresentado por Gurgel, calculado com base em perícias e documentos dos 210 volumes do processo do mensalão no STF, é quase 25% maior do que era conhecido até hoje.

Dados divulgados em 2005, durante a CPI dos Correios, diziam que os dois bancos teriam concedido empréstimos fictícios de cerca R$ 55 milhões ao núcleo de Valério e outros R$ 5,4 milhões diretamente ao partido do ex-presidente Lula. Os recursos apontados por Gurgel eram usados para financiar o esquema, revelado pela Folha em 2005, de distribuição de dinheiro em troca de apoio no Congresso.

Procurador diz que STF pode julgar o processo neste ano
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse ontem que espera que o Supremo Tribunal Federal acolha as acusações sobre o esquema do mensalão e julgue o caso neste semestre. Na quinta-feira, ele pediu ao Supremo a condenação de 36 dos 38 réus acusados de integrar um esquema de distribuição de dinheiro em troca de apoio ao governo Lula.
"A expectativa é que o julgamento ocorra talvez no segundo semestre, ou então no início de 2012, e que o STF acolha a acusação formulada pelo Ministério Público."

José Dirceu alega inocência e diz que é vítima de "farsa"
Chamado de "chefe da quadrilha" do mensalão pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu voltou a declarar inocência e afirmou que o parecer final não trouxe provas. "São meras ilações extraídas de sua interpretação peculiar sobre minha biografia", disse ele em seu blog. "Ao final desse doloroso processo, se imporá a Justiça e cairá por terra a farsa montada contra mim", completou.

Delator do esquema de compra de apoio político pelo governo Lula, o deputado cassado Roberto Jefferson afirmou ontem ter recebido caixa dois, mas negou participação no mensalão. Em entrevista ao site do jornal "O Globo", disse esperar julgamento semelhante ao de Dirceu: "Meu advogado já disse: "Você e Dirceu são irmãos siameses. O que der para o Dirceu dá para você". Então, é isso: O que der para ele, dá para mim."

Nova versão do Orçamento abre brecha para fraudes
A nova versão do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, previsto para ser votado na próxima semana pelo Congresso, abre brechas para fraudes. Ela diminui os mecanismos de controle de repasses do Ministério da Cultura para eventos de entidades privadas. O texto original do governo proibia o repasse de verba dos ministérios do Turismo e da Cultura para entidades privadas realizarem eventos, diante de irregularidades detectadas durante a prestação de contas das festas pagas com verba pública.

Não houve alterações no caso do Turismo. Mas, no caso da Cultura, mudanças promovidas pelo Congresso permitiam o repasse desde que a festa tivesse caráter público e fosse realizada há pelo menos cinco anos. Pelo novo texto, não há mais ressalvas. Basta a seleção prévia da pasta para que o patrocínio seja dado.

Investigação da PF sobre propina cita deputado e diretores do Dnit
Relatórios da Operação Castelo de Areia da Polícia Federal apontam indícios do pagamento de propina a diretores do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e dirigentes do PR pivôs da crise no Ministério dos Transportes. Foram citados nos relatórios como supostos beneficiários dos recursos o diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, Hideraldo Luiz Caron, filiado ao PT; o diretor-geral afastado do órgão, Luiz Antonio Pagot, ligado ao PR; e o deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP). Todos negam ter recebido propina. A Castelo de Areia investigou suspeitas de atos de corrupção e crimes financeiros atribuídos a executivos da Camargo Corrêa em licitações públicas.

Diretores negam envolvimento em irregularidades
Os dirigentes do Dnit e do PR citados no relatórios da Operação Castelo de Areia negam a participação nos crimes investigados pela PF. A construtora Camargo Corrêa afirma que a Justiça reconheceu que as provas colhidas pela PF são ilegais. O diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, Hideraldo Luiz Caron, o diretor-geral afastado do órgão, Luiz Antonio Pagot, e o coordenador-geral de Construção Rodoviária, Luiz Munhoz Prosel Júnior, manifestaram-se por meio de nota do Dnit. Segundo o texto, "os nomes citados negam qualquer tipo de comprometimento com o recebimento de valores e informam que desconhecem o teor do inquérito".

Blairo recusa convite de Dilma para assumir Transportes
O senador Blairo Maggi (PR-MT) resolveu não aceitar o convite do Palácio do Planalto para assumir o Ministério dos Transportes. Ele ainda não informou oficialmente a presidente Dilma Rousseff da sua decisão, mas vai formalizá-la no início da semana que vem. Dilma avisou que, independentemente do titular, fará uma intervenção na pasta.

Com a recusa, o nome do secretário-executivo Paulo Sérgio Passos, que ocupa interinamente o cargo, ganha força para ser oficializado. O PR, porém, prefere um nome mais ligado às bancadas do partido no Congresso. A decisão de Blairo foi tomada ontem após reunião com os sócios de suas empresas em Mato Grosso. O grupo argumentou que há "impedimentos legais", pois suas empresas têm empréstimos firmados com BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e Fundo da Marinha Mercante.

Deputado cotado propôs dificultar suspensão de obra
O nome do deputado Edson Giroto, vice-líder do PR na Câmara, ganhou força como possível indicação aos Transportes depois que Blairo Maggi (PR-MT) recusou o convite. Ele é um dos nomes preferidos da cúpula do PR. Ex-secretário de Obras de Campo Grande e do governo de MS, foi o deputado federal mais votado do Estado em 2010. "Sou engenheiro, tenho formação na área de rodovias e fui secretário de obras por 14 anos. Se o partido me indicar, e a presidente fizer o convite, aceito no mesmo momento."

Marina busca fórmula para não submergir
Sem partido e sem mandato pela primeira vez em 30 anos, a ex-senadora Marina Silva afirma ter deixado o PV sem uma fórmula para não submergir na cena política. Ela reconhece que deve perder visibilidade, mas diz não estar "ansiosa" para se manter em evidência. O problema preocupa aliados da ex-presidenciável, que planeja fundar uma sigla para concorrer novamente ao Planalto em 2014.

"Temos que abaixar a ansiedade com essa coisa de ser visto. Não vou ficar com uma melancia no pescoço, fazendo cambalhota para ser vista", disse Marina à Folha. Ela deixou claro que continuará a militar na área ambiental em Brasília, mesmo após romper com o PV. "Vou entrar nas causas que são importantes e justas, mesmo que sejam causas perdidas", disse, citando a luta contra as mudanças no Código Florestal.

"Financial Times" aponta riscos do Brasil
Em editorial publicado ontem, o jornal britânico "Financial Times" disse que "a economia do Brasil é como uma bicicleta, que só funciona enquanto está em movimento": os altos preços das commodities impulsionaram as exportações e o crédito tem mantido a expansão doméstica, mas "pedalar está ficando cada vez mais difícil".

O jornal destaca que o pagamento de dívidas por famílias já compromete um quarto de sua renda, mais do que o registrado nos EUA no período pré-crise. O jornal sugere que uma forma de fazer com que a bicicleta continue se movendo é desvalorizar o real, e a outra é cortar os gastos do governo.

O ESTADO DE S. PAULO

Sem partido, Marina diz que torce por Dilma – trecho de entrevista
Marina Silva parecia tranquila e leve na sexta-feira, 8, pela manhã, no seu primeiro dia fora do PV - e ainda sem nenhuma inclinação por qualquer sigla partidária no atual cenário político. Em entrevista ao Estado, quando indagada sobre o que achava do fato de a presidente Dilma Rousseff ter convidado o senador Blairo Maggi (PR-MT)para o Ministério dos Transportes ela riu e disse: "Ainda bem que não foi para o Meio Ambiente."

Apesar do riso, Marina disse que torce pelo governo de Dilma. Deixou claro que, embora afastada do guarda-chuva partidário, nem pensa em se distanciará da política. Ela já se prepara para as eleições de 2012, quando deve subir no palanque de candidatos a prefeito identificados com as propostas de sustentabilidade defendidas pelo movimento suprapartidário que irá organizar a partir de agora. Por outro lado, não nega totalmente, a possibilidade de voltar a concorrer à Presidência em 2014.

A senhora costuma dizer que é uma pessoa de processo, que leva tempo para se definir. Como foi o processo de saída do PV? Teve algum fato definidor, a chamada gota d'água?
Eu acho que teve uma pororoca, como disse o Ricardo Young (empresário que concorreu a uma cadeira no Senado e se desfiliou do PV com Marina). Foi essa mobilização que a sociedade fez nas eleições e continua fazendo. Tem algo mudando. As pessoas procuram uma forma de envolvimento que é diferente do engajamento da minha geração. Eu compreendo isso como um legado para a democracia brasileira, para o aperfeiçoamento das instituições. Toda essa mobilização, esses quase 20 milhões que votaram em nossas propostas em 2010, deveria ser recebida como um legado, para ser metabolizado pela sociedade, pelos partidos, organizações de governo. Ficou claro que a demanda da sustentabilidade é uma demanda da sociedade brasileira.

O PV foi um dos que não conseguiram absorver esse legado? Lamentavelmente o PV ainda não se dispôs a metabolizar o que nós suscitamos na sociedade. Lamentavelmente, não foi possível permanecer, porque não vou ser incoerente com aquilo que faço e o que falo. Entrei no PV porque o partido estava disposto a passar por um processo de revisão programática e reestruturação. A ideia era transformá-lo num partido atualizado e capaz de dialogar com a sociedade. Me animei com essa propostas, com a expectativa de tirar do papel de mero espectador as pessoas que são militantes, simpatizantes do PV e de outros partidos, com o objetivo de dar-lhes o papel de protagonistas. Eu esperava que o PV pudesse fazer isso, mas ele não fez.

Houve algum fato, algum momento no qual a senhor percebeu que as tentativas de negociação com a direção do partido não dariam em nada? Nós ficamos cinco meses depois das eleições sem uma reunião da Executiva Nacional do PV. Quando ela se reuniu, aconteceu o que vocês já sabem (o mandato da atual direção foi prorrogado). O que fizemos foi apresentar uma proposta, singela, de transição democrática, que incluía a escolha dos diretórios, a limitação dos mandatos de cargos de direção para dois anos, campanhas de filiação, recadastramento de filiados e um congresso para mudar o estatuto. Ao final haveria eleição para escolha de novos dirigentes do partido, deixando para trás a tradição de nomeação de pessoas. Era uma forma de intentar internalizar o legado das eleições.

Costa Neto diz ter pedido a Dilma diretoria de banco
O deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP) revelou em entrevista a uma rádio de Mogi das Cruzes (SP), seu reduto eleitoral, ter usado o então ministro dos Transportes Alfredo Nascimento para pressionar a presidente Dilma Rousseff a entregar ao PR uma diretoria de banco estatal para obter o apoio do bloco liderado pelo partido no Congresso. O deputado explicou que a barganha tinha como objetivo abrir espaço no governo para o bloco de partidos nanicos que compõem, com o PR, um grupo de 65 deputados no Congresso - o PR conta com 41 e PRB, PRTB, PT do B, PHS , PSL e PRP têm 24.

"O nosso ministro chegou na Dilma outro dia e falou: ‘Olha, o Valdemar tá com um problema com o bloco. Ele fez o bloco, acertou com o (então ministro Antonio) Palocci pra aumentar o espaço do partido no governo. Nós (PR) já temos muito espaço. Mas precisávamos aumentar o espaço do bloco, porque são 24 deputados a mais", contou Costa Neto à Rádio Metropolitana AM, na sexta-feira da semana passada. O deputado disse ter pedido uma diretoria na Caixa Econômica Federal ou no Banco do Brasil - nomeação que Dilma ainda não anunciou - para que prefeitos aliados possam liberar verbas federais mais rapidamente.

Blairo recusa assumir Transportes e enfraquece PR na disputa com Dilma
O senador Blairo Maggi (PR-MT) recusou o convite da presidente Dilma Rousseff para ser o novo ministro dos Transportes. Ele ainda vai procurar a presidente para formalizar a recusa, mas, ao fim de reuniões na sexta-feira, 8, em Cuiabá, a decisão estava tomada. Assessores de seu grupo empresarial vetaram a indicação e ele decidiu ficar no Senado. Com a recusa, volta ao topo da lista de ministeriáveis o preferido da presidente e ministro interino, Paulo Sérgio Passos.

Sem Blairo, um de seus principais líderes, dirigentes do PR já admitem no bastidor que, se não houver alternativa, o partido acatará a escolha presidencial, selando uma vitória do Planalto.

"O ideal para o partido é que o Blairo assuma, mas pessoalmente, como senador, acho que nós poderíamos caminhar para apoiar o Paulo Sérgio", defendeu o senador Clésio Andrade (PR-MG). No mesmo tom, um influente deputado do PR revelou que está disposto a trabalhar a bancada da Câmara em favor da solução "técnica" de manter o interino e tirar o partido da "linha de tiro das denúncias de corrupção".

Brasil avança contra impunidade, diz Alckmin sobre decisão do PGR
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse nesta sexta-feira, 8, que o País está avançando contra a impunidade, ao ser questionado sobre o pedido de condenação de 36 dos réus do processo do mensalão enviado na quinta-feira, 7, ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel. "Eu acho que questão jurídica a gente não comenta, mas acho que o Brasil está avançando no sentido de não permitir a impunidade", limitou-se a informar o tucano em evento em Santos, na Baixada Santista.

Já a respeito da crise no Ministério dos Transportes, Alckmin desconversou. Ao invés de responder sobre as decisões da presidente, Dilma Rousseff, respondeu sobre o presidente do Santos Futebol Clube, Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro. "O presidente do Santos está indo muito bem. Este é o ano do Peixe", disse Alckmin, após participar de evento na Prefeitura de Santos que oficializou o lançamento do campus da Universidade de São Paulo (USP). Ele visitou o bonde turístico decorado com imagens do Santos Futebol Clube para homenagear a equipe pela conquista do tricampeonato da Libertadores da América.

Oposição vê 'derrota de Lula' em pedido de condenação a 36 réus do mensalão
A oposição enxergou na manifestação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pedindo ao Supremo Tribunal Federal (STF) a condenação de 36 pessoas no processo do mensalão, uma derrota da teoria difundida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o esquema de compra de apoio político nunca existiu. Para os oposicionistas, uma condenação em massa no processo seria importante para reduzir qualquer sensação de impunidade.

O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), foi um dos que viu na manifestação de Gurgel uma derrota de Lula. "A manifestação do procurador é a confirmação formal e material da existência do mensalão. Temos que esperar a decisão, mas isso derruba o que o próprio presidente Lula falava de que não existiu mensalão, que tudo era uma peça da oposição tentando desviar o foco."

O presidente do DEM, senador José Agripino (RN), afirmou que Gurgel fez o "óbvio" ao confirmar a denúncia encaminhada pelo seu antecessor, Antonio Fernando de Souza. Ele ironizou tentativas do PT de reabilitar personagens denunciados no esquema, como José Dirceu e Delúbio Soares. "Quero ver o que o PT vai dizer dos filiados que tentou inocentar na marra."

Para governistas, parecer é ‘só uma etapa do processo’
Parlamentares da base governista minimizaram o efeito da manifestação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pedindo ao Supremo Tribunal Federal (STF) a condenação de 36 pessoas no processo do mensalão. Na interpretação desses congressistas, a manifestação de Gurgel é apenas mais um passo no processo judicial e não significa um atestado de culpa dos denunciados.

O líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), procurou destacar que o fato não pode ser visto como atual. "Não há novidade. Essa denuncia já foi feita tempos atrás. Era um fato que o PT evidenciou em 2005. Não há fato novo. Os acusados poderão ainda se defender na Justiça. É um fato antigo", argumentou o líder.

O senador Humberto Costa (PE), que lidera a bancada petista na Casa, destacou a exclusão do ex-ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência Luiz Gushiken do rol de denunciados no escândalo do mensalão. Costa afirmou que há muito rigor na análise do Ministério Público sobre o caso e disse acreditar que o Supremo não vai acatar todas as acusações.

'Não renuncio nem por reza braba', afirma Valdemar
Em uma raríssima manifestação pública sobre o processo do mensalão, o deputado Valdemar da Costa Neto (PR-SP) rechaçou a possibilidade de renunciar ao mandato para retardar a tramitação das ações contra ele e outras 36 pessoas no Supremo.

Há algumas semanas, circularam rumores em Brasília de que ele poderia lançar mão da manobra em 2012 para fazer com que o processo fosse enviado à primeira instância. As ações correm no STF porque ele e o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) detêm mandatos parlamentares.

Cunha, no entanto, deve se lançar candidato a prefeito de Osasco no ano que vem, com chances de vitória. Costa Neto seria o único dos 36 restantes no processo com foro privilegiado no Supremo. Porém, ao menos por ora, ele resiste à ideia, sob o argumento de que já passou uma vergonha pública quando renunciou a outro mandato, em 2005.

PSD coleta assinaturas em fábrica de Ibitinga
Funcionários de uma fábrica em Ibitinga (SP) foram convocados pelo dono da empresa a assinar a lista de apoio ao PSD, partido em fase de criação pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. A coleta começou há dois meses pelo departamento pessoal da Andreza Enxovais, que tem cerca de 2 mil empregados, e já rendeu cerca de 300 assinaturas.

Um empregado, que pediu para não ser identificado, relatou ao Estado que muitos colegas assinaram a lista sem saber do que se tratava. "Eles passaram nos setores com essa folha (a ficha do PSD) perguntando quem estava com o título (de eleitor) ali na hora para assinar e quem não tivesse era para trazer depois", contou o funcionário.

"Na verdade, o pessoal nem sabe por que está assinando. Disseram que o dono da empresa está se filiando a um partido. Mas aí a gente ficou se perguntando: ‘O que tem a ver o homem se filiar a um partido e a gente ter que trazer o título de eleitor’. Mas ninguém explica nada." Outro empregado disse que no turno da manhã "o pessoal foi obrigado a trazer o título de eleitor para assinar a folha do PSD". Segundo ele, o processo foi coordenado pelo departamento pessoal, mas foram os "encarregados" de cada setor que fizeram a convocação. "Pediram para a fábrica toda", relatou.
Fonte: Congressoemfoco

Jornais: falsos empréstimos do mensalão somam R$ 75 mi, diz Gurgel

FOLHA DE S.PAULO

Falsos empréstimos do mensalão somam R$ 75 mi, diz Gurgel
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, concluiu que os empréstimos fraudulentos dos bancos Rural e BMG ao grupo do publicitário Marcos Valério e ao PT, que encobriram o caixa dois do mensalão, ultrapassaram R$ 75 milhões.A informação consta de suas alegações finais enviadas anteontem ao STF (Supremo Tribunal Federal). Gurgel não explica como chegou ao valor. Apenas diz que foram "pseudo" empréstimos que, segundo ele, abasteceram o esquema.

"Além do desvio de recursos públicos, os dados coligidos demonstraram que a quantia de R$ 75.644.380,56, obtida dos Bancos Rural e BMG, foi entregue à administração do grupo liderado por Marcos Valério e ao próprio PT, sob o fundamento de "pseudo" empréstimos, sendo aplicados no esquema ilícito", afirma o documento obtido pela Folha. Todos os envolvidos negam a existência do esquema. O número apresentado por Gurgel, calculado com base em perícias e documentos dos 210 volumes do processo do mensalão no STF, é quase 25% maior do que era conhecido até hoje.

Dados divulgados em 2005, durante a CPI dos Correios, diziam que os dois bancos teriam concedido empréstimos fictícios de cerca R$ 55 milhões ao núcleo de Valério e outros R$ 5,4 milhões diretamente ao partido do ex-presidente Lula. Os recursos apontados por Gurgel eram usados para financiar o esquema, revelado pela Folha em 2005, de distribuição de dinheiro em troca de apoio no Congresso.

Procurador diz que STF pode julgar o processo neste ano
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse ontem que espera que o Supremo Tribunal Federal acolha as acusações sobre o esquema do mensalão e julgue o caso neste semestre. Na quinta-feira, ele pediu ao Supremo a condenação de 36 dos 38 réus acusados de integrar um esquema de distribuição de dinheiro em troca de apoio ao governo Lula.
"A expectativa é que o julgamento ocorra talvez no segundo semestre, ou então no início de 2012, e que o STF acolha a acusação formulada pelo Ministério Público."

José Dirceu alega inocência e diz que é vítima de "farsa"
Chamado de "chefe da quadrilha" do mensalão pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu voltou a declarar inocência e afirmou que o parecer final não trouxe provas. "São meras ilações extraídas de sua interpretação peculiar sobre minha biografia", disse ele em seu blog. "Ao final desse doloroso processo, se imporá a Justiça e cairá por terra a farsa montada contra mim", completou.

Delator do esquema de compra de apoio político pelo governo Lula, o deputado cassado Roberto Jefferson afirmou ontem ter recebido caixa dois, mas negou participação no mensalão. Em entrevista ao site do jornal "O Globo", disse esperar julgamento semelhante ao de Dirceu: "Meu advogado já disse: "Você e Dirceu são irmãos siameses. O que der para o Dirceu dá para você". Então, é isso: O que der para ele, dá para mim."

Nova versão do Orçamento abre brecha para fraudes
A nova versão do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, previsto para ser votado na próxima semana pelo Congresso, abre brechas para fraudes. Ela diminui os mecanismos de controle de repasses do Ministério da Cultura para eventos de entidades privadas. O texto original do governo proibia o repasse de verba dos ministérios do Turismo e da Cultura para entidades privadas realizarem eventos, diante de irregularidades detectadas durante a prestação de contas das festas pagas com verba pública.

Não houve alterações no caso do Turismo. Mas, no caso da Cultura, mudanças promovidas pelo Congresso permitiam o repasse desde que a festa tivesse caráter público e fosse realizada há pelo menos cinco anos. Pelo novo texto, não há mais ressalvas. Basta a seleção prévia da pasta para que o patrocínio seja dado.

Investigação da PF sobre propina cita deputado e diretores do Dnit
Relatórios da Operação Castelo de Areia da Polícia Federal apontam indícios do pagamento de propina a diretores do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e dirigentes do PR pivôs da crise no Ministério dos Transportes. Foram citados nos relatórios como supostos beneficiários dos recursos o diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, Hideraldo Luiz Caron, filiado ao PT; o diretor-geral afastado do órgão, Luiz Antonio Pagot, ligado ao PR; e o deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP). Todos negam ter recebido propina. A Castelo de Areia investigou suspeitas de atos de corrupção e crimes financeiros atribuídos a executivos da Camargo Corrêa em licitações públicas.

Diretores negam envolvimento em irregularidades
Os dirigentes do Dnit e do PR citados no relatórios da Operação Castelo de Areia negam a participação nos crimes investigados pela PF. A construtora Camargo Corrêa afirma que a Justiça reconheceu que as provas colhidas pela PF são ilegais. O diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, Hideraldo Luiz Caron, o diretor-geral afastado do órgão, Luiz Antonio Pagot, e o coordenador-geral de Construção Rodoviária, Luiz Munhoz Prosel Júnior, manifestaram-se por meio de nota do Dnit. Segundo o texto, "os nomes citados negam qualquer tipo de comprometimento com o recebimento de valores e informam que desconhecem o teor do inquérito".

Blairo recusa convite de Dilma para assumir Transportes
O senador Blairo Maggi (PR-MT) resolveu não aceitar o convite do Palácio do Planalto para assumir o Ministério dos Transportes. Ele ainda não informou oficialmente a presidente Dilma Rousseff da sua decisão, mas vai formalizá-la no início da semana que vem. Dilma avisou que, independentemente do titular, fará uma intervenção na pasta.

Com a recusa, o nome do secretário-executivo Paulo Sérgio Passos, que ocupa interinamente o cargo, ganha força para ser oficializado. O PR, porém, prefere um nome mais ligado às bancadas do partido no Congresso. A decisão de Blairo foi tomada ontem após reunião com os sócios de suas empresas em Mato Grosso. O grupo argumentou que há "impedimentos legais", pois suas empresas têm empréstimos firmados com BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e Fundo da Marinha Mercante.

Deputado cotado propôs dificultar suspensão de obra
O nome do deputado Edson Giroto, vice-líder do PR na Câmara, ganhou força como possível indicação aos Transportes depois que Blairo Maggi (PR-MT) recusou o convite. Ele é um dos nomes preferidos da cúpula do PR. Ex-secretário de Obras de Campo Grande e do governo de MS, foi o deputado federal mais votado do Estado em 2010. "Sou engenheiro, tenho formação na área de rodovias e fui secretário de obras por 14 anos. Se o partido me indicar, e a presidente fizer o convite, aceito no mesmo momento."

Marina busca fórmula para não submergir
Sem partido e sem mandato pela primeira vez em 30 anos, a ex-senadora Marina Silva afirma ter deixado o PV sem uma fórmula para não submergir na cena política. Ela reconhece que deve perder visibilidade, mas diz não estar "ansiosa" para se manter em evidência. O problema preocupa aliados da ex-presidenciável, que planeja fundar uma sigla para concorrer novamente ao Planalto em 2014.

"Temos que abaixar a ansiedade com essa coisa de ser visto. Não vou ficar com uma melancia no pescoço, fazendo cambalhota para ser vista", disse Marina à Folha. Ela deixou claro que continuará a militar na área ambiental em Brasília, mesmo após romper com o PV. "Vou entrar nas causas que são importantes e justas, mesmo que sejam causas perdidas", disse, citando a luta contra as mudanças no Código Florestal.

"Financial Times" aponta riscos do Brasil
Em editorial publicado ontem, o jornal britânico "Financial Times" disse que "a economia do Brasil é como uma bicicleta, que só funciona enquanto está em movimento": os altos preços das commodities impulsionaram as exportações e o crédito tem mantido a expansão doméstica, mas "pedalar está ficando cada vez mais difícil".

O jornal destaca que o pagamento de dívidas por famílias já compromete um quarto de sua renda, mais do que o registrado nos EUA no período pré-crise. O jornal sugere que uma forma de fazer com que a bicicleta continue se movendo é desvalorizar o real, e a outra é cortar os gastos do governo.

O ESTADO DE S. PAULO

Sem partido, Marina diz que torce por Dilma – trecho de entrevista
Marina Silva parecia tranquila e leve na sexta-feira, 8, pela manhã, no seu primeiro dia fora do PV - e ainda sem nenhuma inclinação por qualquer sigla partidária no atual cenário político. Em entrevista ao Estado, quando indagada sobre o que achava do fato de a presidente Dilma Rousseff ter convidado o senador Blairo Maggi (PR-MT)para o Ministério dos Transportes ela riu e disse: "Ainda bem que não foi para o Meio Ambiente."

Apesar do riso, Marina disse que torce pelo governo de Dilma. Deixou claro que, embora afastada do guarda-chuva partidário, nem pensa em se distanciará da política. Ela já se prepara para as eleições de 2012, quando deve subir no palanque de candidatos a prefeito identificados com as propostas de sustentabilidade defendidas pelo movimento suprapartidário que irá organizar a partir de agora. Por outro lado, não nega totalmente, a possibilidade de voltar a concorrer à Presidência em 2014.

A senhora costuma dizer que é uma pessoa de processo, que leva tempo para se definir. Como foi o processo de saída do PV? Teve algum fato definidor, a chamada gota d'água?
Eu acho que teve uma pororoca, como disse o Ricardo Young (empresário que concorreu a uma cadeira no Senado e se desfiliou do PV com Marina). Foi essa mobilização que a sociedade fez nas eleições e continua fazendo. Tem algo mudando. As pessoas procuram uma forma de envolvimento que é diferente do engajamento da minha geração. Eu compreendo isso como um legado para a democracia brasileira, para o aperfeiçoamento das instituições. Toda essa mobilização, esses quase 20 milhões que votaram em nossas propostas em 2010, deveria ser recebida como um legado, para ser metabolizado pela sociedade, pelos partidos, organizações de governo. Ficou claro que a demanda da sustentabilidade é uma demanda da sociedade brasileira.

O PV foi um dos que não conseguiram absorver esse legado? Lamentavelmente o PV ainda não se dispôs a metabolizar o que nós suscitamos na sociedade. Lamentavelmente, não foi possível permanecer, porque não vou ser incoerente com aquilo que faço e o que falo. Entrei no PV porque o partido estava disposto a passar por um processo de revisão programática e reestruturação. A ideia era transformá-lo num partido atualizado e capaz de dialogar com a sociedade. Me animei com essa propostas, com a expectativa de tirar do papel de mero espectador as pessoas que são militantes, simpatizantes do PV e de outros partidos, com o objetivo de dar-lhes o papel de protagonistas. Eu esperava que o PV pudesse fazer isso, mas ele não fez.

Houve algum fato, algum momento no qual a senhor percebeu que as tentativas de negociação com a direção do partido não dariam em nada? Nós ficamos cinco meses depois das eleições sem uma reunião da Executiva Nacional do PV. Quando ela se reuniu, aconteceu o que vocês já sabem (o mandato da atual direção foi prorrogado). O que fizemos foi apresentar uma proposta, singela, de transição democrática, que incluía a escolha dos diretórios, a limitação dos mandatos de cargos de direção para dois anos, campanhas de filiação, recadastramento de filiados e um congresso para mudar o estatuto. Ao final haveria eleição para escolha de novos dirigentes do partido, deixando para trás a tradição de nomeação de pessoas. Era uma forma de intentar internalizar o legado das eleições.

Costa Neto diz ter pedido a Dilma diretoria de banco
O deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP) revelou em entrevista a uma rádio de Mogi das Cruzes (SP), seu reduto eleitoral, ter usado o então ministro dos Transportes Alfredo Nascimento para pressionar a presidente Dilma Rousseff a entregar ao PR uma diretoria de banco estatal para obter o apoio do bloco liderado pelo partido no Congresso. O deputado explicou que a barganha tinha como objetivo abrir espaço no governo para o bloco de partidos nanicos que compõem, com o PR, um grupo de 65 deputados no Congresso - o PR conta com 41 e PRB, PRTB, PT do B, PHS , PSL e PRP têm 24.

"O nosso ministro chegou na Dilma outro dia e falou: ‘Olha, o Valdemar tá com um problema com o bloco. Ele fez o bloco, acertou com o (então ministro Antonio) Palocci pra aumentar o espaço do partido no governo. Nós (PR) já temos muito espaço. Mas precisávamos aumentar o espaço do bloco, porque são 24 deputados a mais", contou Costa Neto à Rádio Metropolitana AM, na sexta-feira da semana passada. O deputado disse ter pedido uma diretoria na Caixa Econômica Federal ou no Banco do Brasil - nomeação que Dilma ainda não anunciou - para que prefeitos aliados possam liberar verbas federais mais rapidamente.

Blairo recusa assumir Transportes e enfraquece PR na disputa com Dilma
O senador Blairo Maggi (PR-MT) recusou o convite da presidente Dilma Rousseff para ser o novo ministro dos Transportes. Ele ainda vai procurar a presidente para formalizar a recusa, mas, ao fim de reuniões na sexta-feira, 8, em Cuiabá, a decisão estava tomada. Assessores de seu grupo empresarial vetaram a indicação e ele decidiu ficar no Senado. Com a recusa, volta ao topo da lista de ministeriáveis o preferido da presidente e ministro interino, Paulo Sérgio Passos.

Sem Blairo, um de seus principais líderes, dirigentes do PR já admitem no bastidor que, se não houver alternativa, o partido acatará a escolha presidencial, selando uma vitória do Planalto.

"O ideal para o partido é que o Blairo assuma, mas pessoalmente, como senador, acho que nós poderíamos caminhar para apoiar o Paulo Sérgio", defendeu o senador Clésio Andrade (PR-MG). No mesmo tom, um influente deputado do PR revelou que está disposto a trabalhar a bancada da Câmara em favor da solução "técnica" de manter o interino e tirar o partido da "linha de tiro das denúncias de corrupção".

Brasil avança contra impunidade, diz Alckmin sobre decisão do PGR
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse nesta sexta-feira, 8, que o País está avançando contra a impunidade, ao ser questionado sobre o pedido de condenação de 36 dos réus do processo do mensalão enviado na quinta-feira, 7, ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel. "Eu acho que questão jurídica a gente não comenta, mas acho que o Brasil está avançando no sentido de não permitir a impunidade", limitou-se a informar o tucano em evento em Santos, na Baixada Santista.

Já a respeito da crise no Ministério dos Transportes, Alckmin desconversou. Ao invés de responder sobre as decisões da presidente, Dilma Rousseff, respondeu sobre o presidente do Santos Futebol Clube, Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro. "O presidente do Santos está indo muito bem. Este é o ano do Peixe", disse Alckmin, após participar de evento na Prefeitura de Santos que oficializou o lançamento do campus da Universidade de São Paulo (USP). Ele visitou o bonde turístico decorado com imagens do Santos Futebol Clube para homenagear a equipe pela conquista do tricampeonato da Libertadores da América.

Oposição vê 'derrota de Lula' em pedido de condenação a 36 réus do mensalão
A oposição enxergou na manifestação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pedindo ao Supremo Tribunal Federal (STF) a condenação de 36 pessoas no processo do mensalão, uma derrota da teoria difundida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o esquema de compra de apoio político nunca existiu. Para os oposicionistas, uma condenação em massa no processo seria importante para reduzir qualquer sensação de impunidade.

O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), foi um dos que viu na manifestação de Gurgel uma derrota de Lula. "A manifestação do procurador é a confirmação formal e material da existência do mensalão. Temos que esperar a decisão, mas isso derruba o que o próprio presidente Lula falava de que não existiu mensalão, que tudo era uma peça da oposição tentando desviar o foco."

O presidente do DEM, senador José Agripino (RN), afirmou que Gurgel fez o "óbvio" ao confirmar a denúncia encaminhada pelo seu antecessor, Antonio Fernando de Souza. Ele ironizou tentativas do PT de reabilitar personagens denunciados no esquema, como José Dirceu e Delúbio Soares. "Quero ver o que o PT vai dizer dos filiados que tentou inocentar na marra."

Para governistas, parecer é ‘só uma etapa do processo’
Parlamentares da base governista minimizaram o efeito da manifestação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pedindo ao Supremo Tribunal Federal (STF) a condenação de 36 pessoas no processo do mensalão. Na interpretação desses congressistas, a manifestação de Gurgel é apenas mais um passo no processo judicial e não significa um atestado de culpa dos denunciados.

O líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), procurou destacar que o fato não pode ser visto como atual. "Não há novidade. Essa denuncia já foi feita tempos atrás. Era um fato que o PT evidenciou em 2005. Não há fato novo. Os acusados poderão ainda se defender na Justiça. É um fato antigo", argumentou o líder.

O senador Humberto Costa (PE), que lidera a bancada petista na Casa, destacou a exclusão do ex-ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência Luiz Gushiken do rol de denunciados no escândalo do mensalão. Costa afirmou que há muito rigor na análise do Ministério Público sobre o caso e disse acreditar que o Supremo não vai acatar todas as acusações.

'Não renuncio nem por reza braba', afirma Valdemar
Em uma raríssima manifestação pública sobre o processo do mensalão, o deputado Valdemar da Costa Neto (PR-SP) rechaçou a possibilidade de renunciar ao mandato para retardar a tramitação das ações contra ele e outras 36 pessoas no Supremo.

Há algumas semanas, circularam rumores em Brasília de que ele poderia lançar mão da manobra em 2012 para fazer com que o processo fosse enviado à primeira instância. As ações correm no STF porque ele e o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) detêm mandatos parlamentares.

Cunha, no entanto, deve se lançar candidato a prefeito de Osasco no ano que vem, com chances de vitória. Costa Neto seria o único dos 36 restantes no processo com foro privilegiado no Supremo. Porém, ao menos por ora, ele resiste à ideia, sob o argumento de que já passou uma vergonha pública quando renunciou a outro mandato, em 2005.

PSD coleta assinaturas em fábrica de Ibitinga
Funcionários de uma fábrica em Ibitinga (SP) foram convocados pelo dono da empresa a assinar a lista de apoio ao PSD, partido em fase de criação pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. A coleta começou há dois meses pelo departamento pessoal da Andreza Enxovais, que tem cerca de 2 mil empregados, e já rendeu cerca de 300 assinaturas.

Um empregado, que pediu para não ser identificado, relatou ao Estado que muitos colegas assinaram a lista sem saber do que se tratava. "Eles passaram nos setores com essa folha (a ficha do PSD) perguntando quem estava com o título (de eleitor) ali na hora para assinar e quem não tivesse era para trazer depois", contou o funcionário.

"Na verdade, o pessoal nem sabe por que está assinando. Disseram que o dono da empresa está se filiando a um partido. Mas aí a gente ficou se perguntando: ‘O que tem a ver o homem se filiar a um partido e a gente ter que trazer o título de eleitor’. Mas ninguém explica nada." Outro empregado disse que no turno da manhã "o pessoal foi obrigado a trazer o título de eleitor para assinar a folha do PSD". Segundo ele, o processo foi coordenado pelo departamento pessoal, mas foram os "encarregados" de cada setor que fizeram a convocação. "Pediram para a fábrica toda", relatou.
Fonte: Congressoemfoco

Itamar Franco, do outro lado da linha

“Nunca o primeiro magistrado da nação havia sido tão brasileiro como Itamar Franco do outro lado da linha pedindo Lílian Ramos em namoro”


A realidade não suporta mais os mecanismos e/ou as estruturas de poder do século passado. E já faz um bom tempo. A crise, todo mundo sabe, é de representatividade. Hoje em dia, a geografia, as leis e as fronteiras são apenas detalhes insignificantes diante da força despirocada daquilo que - ainda - atende pelo nome de História. Tanto faz o lugar onde o mundo vai explodir (ou acabar), seja na Grécia,em Trípoli, ou no Jardim Miriam.

Antes de continuar, porém, quero deixar claro que não dou muita bola nem pra realidade e nem pras estruturas e os seus poderes respectivos, dos séculos passados e dos que virão.

Em outros termos, eu diria que viver é ridículo e perigoso; e a gente (eu me incluo, fazer o quê?) tem que se distrair antes do fim, pagar as contas e – se possível - dar uma banana para a distinta platéia. Cada um se vira como pode, atravessa as ruas e amarra os cadarços do jeito que melhor lhe convier, dia após dia. Eu não faço diferente: sigo devendo meus condomínios e ganhando o pão de todo dia. Às vezes, só pelo prazer de ver o circo pegar fogo, acerto no alvo. Outras vezes (a maioria delas), erro feio. Não confio em mim. Não confiem em mim.

O engraçado é que foi a morte de Itamar Franco que me inspirou esse pequeno desabafo. Pois bem, eu falava que existe uma crise de representatividade.

***

Era 1990, Cazuza agonizava na capa da Veja, a Aids brochava o mundo inteiro e empatava a alegria de muita gente, especialmente a minha. Sarney havia zoado o Brasil e a inflação estava fora de controle. Numa campanha constrangedora, Fernando Collor se vendeu como Caçador de Marajás e foi eleito, dois anos depois seria “impichado” por um Congresso Nacional mais podre que o sistema de esgoto da casa de praia do PC Farias. Itamar Franco assumiria o poder. No ar, ainda bordejavam caras-pintadas, Lindberg Farias, o PT “ético” e um Lula que vociferava contra as “elites dominantes”. Senna era o herói do Brasil e os irmãos Leandro & Leonardo haviam estourado nas paradas de sucesso com Talismã (trilha sonora dessa meleca), ah, quanta merda, quanta mentira, ou, se vocês quiserem chamar esse piada de mau gosto de contexto, tudo bem. Também foi no começo da década que matou Kurt Cobain de tédio que conheci Marisete (leiam Charque, ed.Barcarolla, vai sair em agosto). Mais ou menos era essa a piada, digo, o contexto, somado ao xarope do Faustão que já enchia o saco de todo mundo em domingões enfadonhos e intermináveis.

Então chegou o carnaval de 1993, e tudo mudou. Itamar Franco estreava ao lado de seu ministro da Justiça nos camarotes da Marquês de Sapucaí. O presidente e o seu ministro, Maurício Corrêa, se esbaldavam feito pintos no lixo, sendo que o ministro encontrava-se visivelmente bêbado. E bem no meio da dupla, envolvida por abraços e beijinhos, a mulher que, a meu ver, mudaria a história do país, Lílian Ramos - sem calcinha. O fotógrafo, a quem eu gostaria de prestar uma homenagem mas não sei o nome, lá da avenida, achou o melhor ângulo - de baixo para cima - e atirou. No dia seguinte, o Jornal Nacional invade a casa da atriz-modelo-e-candidata a primeira-dama, e flagra a conversa dela com Itamar, supostamente do outro lado da linha. As juras de amor e as condições que Lílian estabelecera para um “namoro sério”, bem, na minha opinião, serviriam como base não só para o bem-sucedido plano real que viria na seqüência, mas como fundamento legítimo de representatividade. Valeu por todos os pódiuns que Senna subiu e por todas as mulheres que Ayrton não comeu, e foi – pelo menos para mim - a primeira esperança de cura da Aids, creio que as condições para o “namoro sério” de Lílian Ramos deviam estar gravadas como cláusulas pétreas em nossa Constituição, cadê você Lílian?

Todo o esgoto de Brasília transformou-se em água cristalina que brotava de virgens veredas, quando a modelo disse que ia “pensar”, nesse momento – independentemente da resposta de Lílian – o Brasil já era outra nação e Itamar entrava para a história como o herói de um país que descobria outro país. Nunca me senti tão representado por um presidente da República, e nunca me diverti tanto. Nunca o primeiro magistrado da nação havia sido tão brasileiro como Itamar Franco do outro lado da linha. Nem Getúlio, que enfiou um balaço no peito, tampouco Juscelino que mudou o eixo de lugar, muito menos Figueiredo que, num surto de sinceridade, disse que preferia o cheiro de bosta de cavalo ao cheiro do povo. Tampouco Lula, acho que no Guarujá - lembram? - de bermudão na praia, com aquele isopor sobre a cabeça encenando o segundo estágio a caminho da evolução da espécie (o primeiro estágio foi ter vendido a alma pra tal das “elites dominantes”), ninguém, nem Fernando Henrique quando fumou Deus sem tragá-lo, ninguém conseguiu superar Itamar Franco, nem antes e never more. Ninguém!

Penso que Itamar devia ter inaugurado uma dinastia no Brasil, com o topete bravio se elevando feito uma onda na respectiva coroa. Nós, monarquistas, perdemos essa oportunidade.

Não só os presidentes que o sucederam, mas os políticos e os famigerados “formadores de opinião”, todos menos o povo de Minas Gerais que ele tão bem representou, todos se apequenaram e foram mesquinhos com Itamar. O escantearam. Não o entenderam. O isolaram. Mandaram para Roma, para Lisboa, para Juiz de Fora. Como se ter ressuscitado o fusca fosse motivo de piada e não de poesia, essa gente nunca esperou a resposta de Lílian do outro lado da linha. Aprenda, dona Dilma! Itamar foi acusado de insensato quando decretou moratória em Minas Gerais, nessa ocasião cercou o Palácio da Liberdade e deslocou tropas para proteger as instalações de Furnas - num gesto heróico só comparado ao dia em que Pedro I venceu a morte e dos libertou do jugo de Portugal – disseram que Itamar Franco era um caipira.

As cenas do velório de Itamar ilustram bem o que se passou e o que se passa no Brasil. A expressão de saco cheio de Dilma Roussef resume a arrogância e a estatura dela e dos outros ex-presidentes presentes na cerimônia, cambada de hipócritas, aproveitadores, pigmeus históricos. Dizem que Itamar não teve (ou não entendeu...) a dimensão do lugar que a história do Brasil lhe conferiu, acusaram-no de sortudo, Forrest Gump, ressentido, ingênuo, mal vestido e o diabo a quatro. Mas nunca na história do Brasil um Presidente foi tão brasileiro quanto Itamar Franco do outro lado da linha, esperando a resposta de Lílian Ramos... que deve ter pedido uma Keep Cooler e um tempo a Itamar, “melhor dar um tempo, né amor?”.

Agora é tarde.

* Considerado uma das grandes revelações da literatura brasileira dos anos 1990, formou-se em Direito, mas jamais exerceu a profissão. É conhecido pelo estilo inovador e pela ousadia, e em muitos casos virulência, com que se insurge contra o status quo e as panelinhas do mundo literário. É autor de Proibidão (Editora Demônio Negro), O herói devolvido, Bangalô e O azul do filho morto (os três pela Editora 34) e Joana a contragosto (Record), entre outros.


Outros textos do colunista Marcelo Mirisola*

Fonte: Congressoemfoco

Veja a íntegra do relatório do MP sobre o mensalão

STF publica link para as mais de 300 páginas das alegações finais do procurador-geral Roberto Gurgel que pedem a condenação de 36 mensaleiros

Eduardo Militão

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que condene 36 dos 38 réus do mensalão, suposta propina paga a parlamentares em troca de apoio a projetos de interesse do governo federal. O Ministério Público quer a absolvição do ex-ministro da Secretaria de Comunicação Luiz Gushiken e de Antônio Lamas, funcionário do PL.

Clique aqui para ler a íntegra das "Alegações Finais" de Roberto Gurgel

Na peça ao ministro relator do caso, Joaquim Barbosa, a Procuradoria reafirma que José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula, foi o comandante de uma “organização criminosa” que usou dinheiro público inclusive para cumprir despesas de acertos políticos com aliados e garantir votações de interesse do Planalto no Congresso. “Foi engendrado um plano criminoso voltado para a compra de votos dentro do Congresso Nacional”, afirma Gurgel. “Trata-se da mais grave agressão aos valores democráticos que se possa conceber.”

Os recursos, diz o Ministério Público, eram obtidos por meio do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, outro réu do caso, que arrecadava os valores nos bancos Rural, BMG e em negócios de comunicação com o Banco do Brasil. “Um engenhoso esquema de desvio de recursos de órgãos públicos e de empresas estatais, e de concessões de beneficios diretos ou indiretos a particulares em troca de ajuda financeira.” O mensalão resultou na maior crise política do governo do PT e quase custou a reeleição do então presidente Lula.

“As provas que instruem a presente ação penal comprovaram que os acusados integrantes dos três núcleos associaram-se de modo estável, organizado e com divisão de trabalho para o cometimento de crimes contra a administração pública, contra o sistema financeiro, contra a fé pública e lavagem de dinheiro”, diz o texto das alegações finais de Gurgel.

Absolvição

O procurador geral pediu a absolvição do ex-ministro da Secretaria de Comunicação Luiz Gushiken e do ex-tesoureiro do PL (atual PR) Jacinto Lamas. Apesar de denunciados, Gurgel entendeu que não houve participação deles nos crimes. Gushiken era acusado de peculato (desvio de dinheiro) junto com o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato. “Não se colheu elementos, sequer indiciários, que justificasse a sua condenação”, justificou o procurador.

Já Jacinto Lamas, que intermediou repasses de dinheiro para o então presidente do PL, o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), é considerado inocente pelo MP por não haver provas de que agia conscientemente. “Não se colheu provas de que tenha agido com consciência da ilicitude do seu ato, o que impede a sua condenação pelos crimes de lavagem de dinheiro e quadrilha.”

O mensalão possuía 40 réus inicialmente, mas o ex-secretário-geral PT Sílvio Pereira fez um acordo e deixou de fazer parte da ação. O ex-deputado José Janene (PMDB-PR) faleceu no ano passado.

A lista de réus

Leia tudo sobre o mensalão

Fonte: Congressoemfoco

A morte em vida de FHC

"Toda a obra de FHC foi primeiro ignorada por Serra em 2002, depois por Geraldo Alckmin, em 2006, e novamente por Serra, em 2010.Como Pedro fez a Cristo, o PSDB negou Fernando Henrique por três vezes"


Ao agradecer a homenagem que recebia no Senado em comemoração ao seu 80º aniversário, na semana passada, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou a certa altura que se sentia como se tivesse morrido, pois no Brasil, segundo ele, só se faz festa para quem já saiu desta vida para outra.

Se morto está o ex-presidente é para o PSDB, seu filho ingrato. O partido fundado por Fernando Henrique o enterrou antes mesmo de ele deixar o Palácio do Planalto, em janeiro de 2003. Foi durante a campanha eleitoral de 2002, vencida pelo ex-presidente Lula, quando o então candidato José Serra ignorou FHC solenemente.

Mas esta não seria a única vez. Toda a obra de FHC nos oito anos dos seus dois mandatos, e mais no tempo de ministro da Fazenda do presidente Itamar Franco, quando implantou o Plano Real, foi primeiro ignorada por Serra em 2002, depois por Geraldo Alckmin, em 2006, e novamente por Serra, em 2010.

Como Pedro fez a Cristo, o PSDB negou Fernando Henrique por três vezes.

Duas vezes ministro de FHC, Serra apresentou-se à sua sucessão com o equivocado discurso de “candidato da mudança”, sem nenhuma sintonia com o eleitor, àquela altura frustrado com o estelionato eleitoral da estabilização que reelegera Fernando Henrique.

Tentando se descolar de FHC, o candidato Serra negou responsabilidade com as privatizações, embora tivesse comandado o Ministério do Planejamento. Negou também culpa na epidemia de dengue que assolava o país, mesmo tendo dispensado, quando ministro da Saúde, 5.792 agentes da Funasa, os “mata mosquitos”.

Nessa estranha troca de sinais, depois de ter proposto “mudar” a administração FHC, Serra foi novamente candidato do PSDB no ano passado agora para “continuar” o governo Lula. O tucano passou a campanha perdido em meio a promessas de expandir o PAC, ampliar o Bolsa Família, levar às alturas o valor do salário mínimo.

Quando disputou a eleição com Lula, o atual governador de São Paulo Geraldo Alckmin usou o mesmo diapasão. Fugiu dos governos FHC como o diabo da cruz, sob o argumento de que não se deve dirigir com os olhos fixos no espelho retrovisor. Para negar que retomaria as privatizações, Alckmin chegou a vestir um macacão da Petrobras em juras de amor às empresas estatais.

Na verdade, salvo a estabilização, nem mesmo a privatização da telefonia o PSDB consegue mais comemorar. Foi o presidente da Anatel, Ronaldo Sardemberg, ex-ministro de FHC, quem desmistificou o tema, ao reconhecer que a universalização dos telefones no país deve-se, na verdade, ao aumento da renda da população promovida durante os dois governos de Lula.

O PSDB só festeja Fernando Henrique quando não tem eleição no horizonte. Quando há a necessidade de mostrar a sua obra, de comparar as realizações dos governos tucanos com as dos governos petistas, o ex-presidente é trancado a quatro chaves.

Filhos ingratos, os tucanos tratam seu maior líder como aquele ancião rejeitado pela família, que só sai do quarto em dia de aniversário para posar em fotos para a posteridade.

* Senador pelo PT da Bahia, eleito em 2010 e empossado em fevereiro de 2011, foi deputado federal por quatro legislaturas consecutivas, vereador em Salvador e presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações.
Outros textos do colunista Walter Pinheiro*
Fonte: Congresoemfoco

Apesar das tentativas, Lula fica de fora do mensalão

Procurador-geral da República não acolherá representação do procurador Manoel Pastana que inclui o ex-presidente no caso. Para Gurgel, não há fatos novos que justifiquem essa inclusão. Os réus do mensalão, na sua avaliação, são mesmos os 36 que ele colocou nas suas alegações finais, entregues na sexta (7) ao STF

O procurador-geral Roberto Gurgel não vai acatar representação que inclui Lula como réu no mensalão

Eduardo Militão

São próximas de zero as chances de o ex-presidente Lula ser incluído como réu no processo judicial mais importante do país, o mensalão. Um grande recado foi dado na quinta-feira (7), quando o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a condenação de 36 dos 38 acusados na denúncia sem qualquer menção ao pedido de inclusão de Lula, feito pelo procurador da República no Rio Grande do Sul Manoel Pastana. Gurgel disse ao Congresso em Foco não ver nenhum fato novo que justifique a inclusão de Lula. possa colocar o ex-presidente na ação, como solicita uma representação noticiada pelo site. “O cheiro é de que não há coisa nova”, afirmou ele.

Oficialmente, Gurgel ainda analisa a representação, mas sua resposta está dada. Outras cinco tentativas de colocar Lula no centro do esquema de pagamento de subornos em troca de votações de interesse do governo não prosperaram nos últimos cinco anos.

A representação de Manoel Pastana afirma que a participação de Lula pode ser comprovada com base em dois fatos novos. O primeiro: cartas que o ex-presidente e o ex-ministro da Previdência Amir Lando mandaram a milhares de aposentados para “informar” das taxas de juros cobradas nos empréstimos consignados, à época operadas pelo BMG, um dos financiadores do mensalão, segundo o Ministério Público. A segunda: uma ação de improbidade administrativa movida contra Lula e Lando por procuradores de primeira instância baseada nas cartas, numa Medida Provisória assinada pelo então presidente, normativos do INSS e em uma análise do Tribunal de Contas (TCU) sobre as medidas tomadas pela gestão petista.

Os argumentos do procurador foram endossados em petição ao Supremo por um dos principais réus, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB). Mas, no ano da crise, 2005, o presidente nacional do PTB não incriminou Lula pelo esquema.

O problema, segundo Gurgel, é que os argumentos da nova representação de Pastana já estavam contidos em outra iniciativa já analisada dele mesmo de incluir Lula no mensalão. “A única possibilidade de desarquivar isso é se ele trouxer elementos novos. Essa carta e essa improbidade, aparentemente, já constaram dessa representação anterior”, disse o procurador geral ao site. “Ainda estou concluindo o exame”, pondera Gurgel.

Atraso no julgamento

Ao mesmo tempo, não é do interesse do relator da ação penal no Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, colocar mais elementos no processo, porque isso poderia atrasar o julgamento. São 38 réus, 210 volumes de processo que somam mais de 44 mil folhas. O máximo que o gabinete de Barbosa entende ser possível seria mandar o caso para um processo de primeira instância na Justiça Federal em Minas Gerais, que analisa fatos correlatos envolvendo o banco BMG e o ex-deputado José Genoino (SP), hoje assessor especial do Ministério da Defesa.

Barbosa e Gurgel têm esperança de ver o processo do mensalão julgado ainda este ano. Será, no entender do procurador-geral, um dos maiores julgamentos da história do Supremo. “O ministro Joaquim quer julgar no segundo semestre. Eu acho que consegue, ele está fazendo um esforço muito grande”, disse Gurgel, ao site.

Incluir Lula ou qualquer outro personagem no caso atrasaria o julgamento e poderia contribuir para a prescrição dos crimes. “Qualquer tipo de incidente, vai criar um tumulto”, afirma Gurgel

Informação nova

Pastana contesta os argumentos de Gurgel. Ele nega que sua representação contenha fatos velhos. E que também nunca representou contra Lula. “Quem fez isso foi a Ordem dos Advogados do Brasil”, afirma. Como o então procurador geral da República Antônio Fernando de Souza negou o pedido, Pastana recorreu. Fez uma representação contra Souza no Conselho Superior do Ministério Público, mas o caso também foi arquivado. Pastana diz que a informação sobre as cartas não constava da representação da OAB contra Souza.

“Eu dizia que, diante dos elementos que ele [Souza] tinha, a Medida Provisória e o decreto, teria que pelo menos justificar porque não incluiu Lula”, afirmou Pastana ao site. As normas citadas se referem à concessão de crédito consignado para aposentados, o que, diz a Procuradoria no Distrito Federal, beneficiou o banco BMG.

Leia a representação de Pastana contra Lula

Leia a representação contra Antônio Fernando de Souza

Seis tentativas

Pastana não foi o único a tentar incluir Lula como réu no processo do mensalão ou vinculá-lo judicialmente à maior crise de seu governo. Já foram feitas ao menos seis tentativas por quatro pessoas e instituições diferentes. Até agora, todas deram em nada ou ainda não obtiveram resposta.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) fez a primeira investida no início do caso. O então procurador geral da República Antônio Fernando de Souza arquivou o pedido. Com base na negativa, Pastana foi ao Conselho Superior do Ministério Público contra Souza. Mas o caso também foi arquivado pelos conselheiros.

Em junho de 2005, foi a vez da Associação dos Arrendatários, Financiados e Mutuários do Sistema Financeiro do Estado de Goiás. A entidade queria responsabilizar o então presidente Lula por não tomar providências contra a alegada mesada de R$ 30 mil que o PT receberia para votar a favor de projetos de interesse do Planalto no Congresso. Mas o ministro Celso de Melo arquivou o processo porque se tratava de uma ação civil pública, que deveria tramitar em outra instância.

Um dos personagens do escândalo, o presidente nacional do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson (RJ), pediu formalmente a inclusão de Lula no processo pelo menos três vezes. Fez um pedido inicial negado em 2010. Seus advogados queriam que fossem feitas cópias da papelada do processo para se abrir uma ação penal contra o ex-presidente da República. O Supremo negou o pedido porque, em 2006, o então procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, não denunciou Lula no processo.

Em setembro do ano passado, o advogado de Jéfferson, Luiz Francisco Barbosa, fez outra tentativa, mas em embargos de declaração. Em fevereiro deste ano, o plenário do Supremo Tribunal Federal rejeitou a proposta.

Em abril, Pastana representou contra Lula perante o procurador-geral da República. O caso ainda aguarda a manifestação de Roberto Gurgel. Mas em 27 de maio passado, o advogado de Roberto Jéfferson solicitou pela terceira vez que Lula seja incluído na ação com base na representação de Pastana. Até agora, nenhuma resposta do STF.

A defesa de Jefferson já disse que o recebimento da denúncia do mensalão não esclarecia corretamente a “co-participação” do ex-presidente no caso. Mas em 2008 o plenário rejeitou os embargos de declaração feitos pelo ex-deputado e outros réus na ação. O relator do processo, Joaquim Barbosa, destacou que Lula não faz parte da ação: “O STF não poderia se pronunciar sobre o que não consta na denúncia”, disse à época.

Lula soube por Jefferson

Apesar disso, Lula foi arrolado como testemunha no caso, a pedido de Jefferson e do falecido ex-deputado José Janene, que era réu no processo até falecer no ano passado. Outra testemunha é o atual vice-presidente da República, o ex-presidente da Câmara Michel Temer. Em abril de 2010, Lula respondeu por escrito ao Supremo a respeito de perguntas feitas pelo Ministério Público. Ele disse que soube do “mensalão” ao ser informado por Jefferson. No início da crise, em 2005, o então presidente afirmara que desconhecia o pagamento de subornos.

“Pelo que me lembro, ao final de reunião no primeiro semestre de 2005, e na presença de Aldo Rebelo (deputado do PCdoB-SP, ex-presidente da Câmara dos Deputados); Walfrido dos Mares Guia (ex-ministro do Turismo e das Relações Institucionais), Arlindo Chinaglia (deputado pelo PT-SP e ex-presidente da Câmara) e José Múcio Monteiro (ex-ministro das Relações Institucionais e atual ministro do Tribunal de Contas da União - TCU), Roberto Jefferson fez menção ao assunto”, afirmou o presidente da República, segundo comunicado do Supremo.

Lula afirmou que pediu a Aldo, então presidente da Câmara, e a Chinaglia, que era o líder do PT, que tomassem providências. “Posteriormente, fui informado de que uma matéria sobre o assunto havia sido publicada em 2004 no Jornal do Brasil, resultante na abertura de dois procedimentos na Câmara dos Deputados. Um desses, inclusive, teria sido encaminhado pela própria Casa (Câmara dos Deputados) ao procurador-geral da República.”

Saiba mais:

Veja a íntegra das alegações finais do mensalão

Procurador gaúcho responsabiliza Lula por mensalão

“Sem Lula no mensalão, Dirceu será absolvido”, afirma procurador

Leia tudo sobre o mensalão

Fonte: Congressoemfoco

Apesar das tentativas, Lula fica de fora do mensalão

Procurador-geral da República não acolherá representação do procurador Manoel Pastana que inclui o ex-presidente no caso. Para Gurgel, não há fatos novos que justifiquem essa inclusão. Os réus do mensalão, na sua avaliação, são mesmos os 36 que ele colocou nas suas alegações finais, entregues na sexta (7) ao STF

O procurador-geral Roberto Gurgel não vai acatar representação que inclui Lula como réu no mensalão

Eduardo Militão

São próximas de zero as chances de o ex-presidente Lula ser incluído como réu no processo judicial mais importante do país, o mensalão. Um grande recado foi dado na quinta-feira (7), quando o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a condenação de 36 dos 38 acusados na denúncia sem qualquer menção ao pedido de inclusão de Lula, feito pelo procurador da República no Rio Grande do Sul Manoel Pastana. Gurgel disse ao Congresso em Foco não ver nenhum fato novo que justifique a inclusão de Lula. possa colocar o ex-presidente na ação, como solicita uma representação noticiada pelo site. “O cheiro é de que não há coisa nova”, afirmou ele.

Oficialmente, Gurgel ainda analisa a representação, mas sua resposta está dada. Outras cinco tentativas de colocar Lula no centro do esquema de pagamento de subornos em troca de votações de interesse do governo não prosperaram nos últimos cinco anos.

A representação de Manoel Pastana afirma que a participação de Lula pode ser comprovada com base em dois fatos novos. O primeiro: cartas que o ex-presidente e o ex-ministro da Previdência Amir Lando mandaram a milhares de aposentados para “informar” das taxas de juros cobradas nos empréstimos consignados, à época operadas pelo BMG, um dos financiadores do mensalão, segundo o Ministério Público. A segunda: uma ação de improbidade administrativa movida contra Lula e Lando por procuradores de primeira instância baseada nas cartas, numa Medida Provisória assinada pelo então presidente, normativos do INSS e em uma análise do Tribunal de Contas (TCU) sobre as medidas tomadas pela gestão petista.

Os argumentos do procurador foram endossados em petição ao Supremo por um dos principais réus, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB). Mas, no ano da crise, 2005, o presidente nacional do PTB não incriminou Lula pelo esquema.

O problema, segundo Gurgel, é que os argumentos da nova representação de Pastana já estavam contidos em outra iniciativa já analisada dele mesmo de incluir Lula no mensalão. “A única possibilidade de desarquivar isso é se ele trouxer elementos novos. Essa carta e essa improbidade, aparentemente, já constaram dessa representação anterior”, disse o procurador geral ao site. “Ainda estou concluindo o exame”, pondera Gurgel.

Atraso no julgamento

Ao mesmo tempo, não é do interesse do relator da ação penal no Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, colocar mais elementos no processo, porque isso poderia atrasar o julgamento. São 38 réus, 210 volumes de processo que somam mais de 44 mil folhas. O máximo que o gabinete de Barbosa entende ser possível seria mandar o caso para um processo de primeira instância na Justiça Federal em Minas Gerais, que analisa fatos correlatos envolvendo o banco BMG e o ex-deputado José Genoino (SP), hoje assessor especial do Ministério da Defesa.

Barbosa e Gurgel têm esperança de ver o processo do mensalão julgado ainda este ano. Será, no entender do procurador-geral, um dos maiores julgamentos da história do Supremo. “O ministro Joaquim quer julgar no segundo semestre. Eu acho que consegue, ele está fazendo um esforço muito grande”, disse Gurgel, ao site.

Incluir Lula ou qualquer outro personagem no caso atrasaria o julgamento e poderia contribuir para a prescrição dos crimes. “Qualquer tipo de incidente, vai criar um tumulto”, afirma Gurgel

Informação nova

Pastana contesta os argumentos de Gurgel. Ele nega que sua representação contenha fatos velhos. E que também nunca representou contra Lula. “Quem fez isso foi a Ordem dos Advogados do Brasil”, afirma. Como o então procurador geral da República Antônio Fernando de Souza negou o pedido, Pastana recorreu. Fez uma representação contra Souza no Conselho Superior do Ministério Público, mas o caso também foi arquivado. Pastana diz que a informação sobre as cartas não constava da representação da OAB contra Souza.

“Eu dizia que, diante dos elementos que ele [Souza] tinha, a Medida Provisória e o decreto, teria que pelo menos justificar porque não incluiu Lula”, afirmou Pastana ao site. As normas citadas se referem à concessão de crédito consignado para aposentados, o que, diz a Procuradoria no Distrito Federal, beneficiou o banco BMG.

Leia a representação de Pastana contra Lula

Leia a representação contra Antônio Fernando de Souza

Seis tentativas

Pastana não foi o único a tentar incluir Lula como réu no processo do mensalão ou vinculá-lo judicialmente à maior crise de seu governo. Já foram feitas ao menos seis tentativas por quatro pessoas e instituições diferentes. Até agora, todas deram em nada ou ainda não obtiveram resposta.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) fez a primeira investida no início do caso. O então procurador geral da República Antônio Fernando de Souza arquivou o pedido. Com base na negativa, Pastana foi ao Conselho Superior do Ministério Público contra Souza. Mas o caso também foi arquivado pelos conselheiros.

Em junho de 2005, foi a vez da Associação dos Arrendatários, Financiados e Mutuários do Sistema Financeiro do Estado de Goiás. A entidade queria responsabilizar o então presidente Lula por não tomar providências contra a alegada mesada de R$ 30 mil que o PT receberia para votar a favor de projetos de interesse do Planalto no Congresso. Mas o ministro Celso de Melo arquivou o processo porque se tratava de uma ação civil pública, que deveria tramitar em outra instância.

Um dos personagens do escândalo, o presidente nacional do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson (RJ), pediu formalmente a inclusão de Lula no processo pelo menos três vezes. Fez um pedido inicial negado em 2010. Seus advogados queriam que fossem feitas cópias da papelada do processo para se abrir uma ação penal contra o ex-presidente da República. O Supremo negou o pedido porque, em 2006, o então procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, não denunciou Lula no processo.

Em setembro do ano passado, o advogado de Jéfferson, Luiz Francisco Barbosa, fez outra tentativa, mas em embargos de declaração. Em fevereiro deste ano, o plenário do Supremo Tribunal Federal rejeitou a proposta.

Em abril, Pastana representou contra Lula perante o procurador-geral da República. O caso ainda aguarda a manifestação de Roberto Gurgel. Mas em 27 de maio passado, o advogado de Roberto Jéfferson solicitou pela terceira vez que Lula seja incluído na ação com base na representação de Pastana. Até agora, nenhuma resposta do STF.

A defesa de Jefferson já disse que o recebimento da denúncia do mensalão não esclarecia corretamente a “co-participação” do ex-presidente no caso. Mas em 2008 o plenário rejeitou os embargos de declaração feitos pelo ex-deputado e outros réus na ação. O relator do processo, Joaquim Barbosa, destacou que Lula não faz parte da ação: “O STF não poderia se pronunciar sobre o que não consta na denúncia”, disse à época.

Lula soube por Jefferson

Apesar disso, Lula foi arrolado como testemunha no caso, a pedido de Jefferson e do falecido ex-deputado José Janene, que era réu no processo até falecer no ano passado. Outra testemunha é o atual vice-presidente da República, o ex-presidente da Câmara Michel Temer. Em abril de 2010, Lula respondeu por escrito ao Supremo a respeito de perguntas feitas pelo Ministério Público. Ele disse que soube do “mensalão” ao ser informado por Jefferson. No início da crise, em 2005, o então presidente afirmara que desconhecia o pagamento de subornos.

“Pelo que me lembro, ao final de reunião no primeiro semestre de 2005, e na presença de Aldo Rebelo (deputado do PCdoB-SP, ex-presidente da Câmara dos Deputados); Walfrido dos Mares Guia (ex-ministro do Turismo e das Relações Institucionais), Arlindo Chinaglia (deputado pelo PT-SP e ex-presidente da Câmara) e José Múcio Monteiro (ex-ministro das Relações Institucionais e atual ministro do Tribunal de Contas da União - TCU), Roberto Jefferson fez menção ao assunto”, afirmou o presidente da República, segundo comunicado do Supremo.

Lula afirmou que pediu a Aldo, então presidente da Câmara, e a Chinaglia, que era o líder do PT, que tomassem providências. “Posteriormente, fui informado de que uma matéria sobre o assunto havia sido publicada em 2004 no Jornal do Brasil, resultante na abertura de dois procedimentos na Câmara dos Deputados. Um desses, inclusive, teria sido encaminhado pela própria Casa (Câmara dos Deputados) ao procurador-geral da República.”

Saiba mais:

Veja a íntegra das alegações finais do mensalão

Procurador gaúcho responsabiliza Lula por mensalão

“Sem Lula no mensalão, Dirceu será absolvido”, afirma procurador

Leia tudo sobre o mensalão

Fonte: Congressoemfoco

A limpeza impossível

Carlos Chagas

O convite feito por Dilma Rousseff ao senador Blairo Maggi para ocupar o ministério dos Transportes mostra como será difícil para a presidente promover a limpeza do ministério, ou seja, passar da equipe possível, que se obrigou a formar antes da posse, para a equipe ideal, que pretendia organizar no fim do ano. A demissão de Alfredo Nascimento custou um pouco mas saiu, imaginando-se então estar a chefe do governo livre das tenazes do PR e pronta para seguir adiante, libertando-se de outros ministros de outros partidos, que engoliu sem escolher. Já tinha, inclusive, encontrado o nome certo para o lugar certo, o secretário-executivo do ministério dos Transportes, Paulo Passos, um técnico acima de qualquer suspeita para ser efetivado.

Foi quando a obstinação do Partido da República de não entregar seu feudo transformou-se em queda de braço, facilmente vencida pela ameaça de 41 deputados e 6 senadores abandonarem a base parlamentar oficial, entrando em regime de obstrução. Surgiu dessa postura o convite, eufemisticamente chamado de sondagem, para Blairo Maggi tornar-se ministro. Logo ele, padrinho de Luiz Antônio Pagot, não por coincidência ameaçando contar em audiência na Câmara quem eram seus verdadeiros patrões no governo.

Como ensaio-geral, o ex-diretor do Dnit acaba de jogar um pouquinho de barro no ventilador, sugerindo que obedecia ordens do então ministro do Planejamento do governo Lula, hoje ministro das Comunicações de Dilma, Paulo Bernardo.

De tudo, nessa novela ainda inconclusa, flui um roteiro de dificuldades para a presidente da República. Se vem perdendo o confronto com o PR, o que dizer da hipótese de enfrentar o PMDB? E o PT?

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DESARMAR A BOMBA

O fim de semana será dedicado pelo senador Blairo Maggi à tarefa de desarmar a bomba, ou seja, convencer Luís Antônio Pagot a não denunciar o PT como responsável maior pelas decisões de superfaturamento de obras rodoviárias executadas pelo Dnit. Já que o PR conseguiu dobrar a presidente Dilma, levando-a a convidar Maggi, mesmo que ele não aceite, ficará patente a força do partido para indicar outro ministro. Mas apenas se Pagot recolher os flaps, não decolar e voltar ao hangar. Caso deflagre a guerra das acusações, nada feito. Como o já agora ex-diretor do Dnit é fiel acólito do senador por Mato Grosso, tudo indica que poderá refluir. Depois, dirá que as ameaças não passaram de intriga da imprensa…

***
JUSTIÇA NECESSÁRIA

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara acaba de aprovar projeto já votado no Senado incluindo Pedro Aleixo na galeria dos ex-presidentes da República. O mesmo já aconteceu com Tancredo Neves, que apesar de não ter assumido, por decisão legislativa ganhou o status de presidente.

Pedro Aleixo merece o mesmo, pois vice-presidente do marechal Costa e Silva, só não o sucedeu por conta de um golpe militar. Com a doença que impossibilitou o velho presidente de continuar governando, seria constitucional e natural a ascensão de seu vice, que em vez de assumir foi preso pelos três ministros militares. Depois, por novo ato de força, consideraram extinto o seu mandato. Assim, nada mais lógico que a reparação histórica, agora a cargo do plenário da Câmara e, depois, da sanção da lei pela presidente Dilma Rousseff.

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DECLINOU DA HONRARIA

Para confirmar o inflexível espírito democrático de Pedro Aleixo, vai um episódio só agora revelado por seu filho, o padre José Carlos Aleixo. Antes da decretação do AI-5, aquele que mergulhou o país nas brumas da ditadura, o presidente Costa e Silva pedira ao vice para representá-lo na cerimônia de posse de Richard Nixon, eleito presidente dos Estados Unidos. Estava tudo preparado para sua ida a Washington, em janeiro de 1969, quando em dezembro de 1968 os radicais levaram Costa e Silva a editar o execrável ucasse. Pedro Aleixo, única voz contrária ao AI-5, pediu a Costa e Silva que o dispensasse da honraria, pois não gostaria de chegar aos Estados Unidos como representante de um governo ditatorial.

Foi atendido e continuou, junto com o presidente, elaborando um projeto alternativo para, de novo, constitucionalizar o país, quer dizer, revogar o AI-5 e reabrir o Congresso, então posto em recesso. Quando faltava uma semana para que tudo se concretizasse, o presidente é acometido de um derrame cerebral, quando então uma Junta Militar usurpa o poder e impede Pedro Aleixo de assumir.

Fonte: Tribuna da Imprensa

Pagot, o homem que sabia demais, agora paga para ver até onde vai a conivência do Planalto com a corrupção no Ministério dos Transportes.

Carlos Newton

Era só o que faltava. O diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot se recusou a ser demitido, entrou de férias e ainda deu entrevista dizendo que tudo o que fez no comando do órgão foi realizado conforme as “instruções recebidas”.

Suas declarações explodiram como uma poderosa bomba de efeito moral, exatamente quando o governo fazia um esforço desesperado para atribuir exclusivamente ao PR as múltiplas irregularidades cometidas no Ministério dos Transportes.

“Sou da velha escola: manda quem pode e obedece quem tem juízo. Tudo o que foi feito no Dnit foi dentro da legalidade e de acordo com as instruções recebidas” – avisou Pagot, em rápida entrevista, por telefone, ao repórter Gerson Camarotti, indicando o tom que poderá imprimir a seu depoimento na Comissão de Infraestrutura do Senado, marcado para terça-feira, caso não cheguem a bom termo as negociações que manterá neste fim de semana com representantes do Planalto.

Além do depoimento no Senado, na quarta-feira Pagot repete a dose na Câmara e pode fazer um estrago no governo. Seu tom é ao mesmo tempo de diplomacia e chantagem, ao lembrar que manteria “a palavra dada ao Palácio do Planalto de não conceder entrevistas antes do depoimento”.

Segundo senadores do PR que estiveram com Pagot, numa das reuniões dos últimos dias ele teria desabafado que aditivos contratuais em obras rodoviárias foram solicitados pelo então ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Porém, ao jornalista de O Globo, Pagot negou que tenha feito essa afirmação e disse ter achado “um absurdo” que senadores do partido divulgassem esta versão.

No governo, há muita preocupação com a posição que Pagot vai tomar na terça-feira. Ele tem reclamado que sua família está humilhada com as denúncias de irregularidades no órgão, envolvendo seu nome. Se ele dizer o que sabe sobre o Ministério dos Transportes, o mínimo que acontecerá é a oposição conseguir número para instalação da CPI do Dnit no Senado.

Em mais uma demonstração de que não está fora do cargo – ao contrário do que já foi dito claramente no Planalto -, Pagot disse a O Globo que está de férias, e que até aproveitou para vistoriar na quinta-feira, informalmente, uma estrada cujas obras foram concluídas há seis meses, nos arredores do DF.

A situação é de muito suspense, porque o Planalto encara o gesto de Pagot de se oferecer espontaneamente para depor em comissões da Câmara e do Senado como uma forma de tentar intimidar o governo.

Na quinta-feira, ao aprovar o requerimento convidando Pagot para depor na Comissão de Infraestrutura do Senado, a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) leu cartas enviadas por Pagot a ela e ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), manifestando seu interesse em falar sobre suas atividades no Dnit, “cargo que ocupo com toda dedicação e compromisso”.

Ele também já tinha enviado carta semelhante para deputados, que decidiram fazer uma sessão conjunta de quatro comissões para ouvir Pagot. No Senado, a sessão será conjunta com a Comissão de Fiscalização e Controle).

***
REVELAÇÕES CONTINUAM VAZANDO

Caso o ainda diretor Pagot e os representantes do Planalto se acertem nesse fim de semana e ele se mantenha discreto, sem fazer maiores revelações nos depoimentos à Câmara e ao Senado, mesmo assim as informações sobre o Ministério sempre acabarão vazando, como aconteceu semana passada com o impressionante vídeo da IstoÉ demonstrando que o ministro Alfredo Nascimento, há mais de 8 anos no cargo, não sabia nada sobre estradas e era feito de marionete pelo deputado Waldemar Costa Neto, que funcionava como se fosse o verdadeiro ministro e tinha até sala privativa no gabinete.

O pior são as comparações entre os custos da construção civil no Brasil do governo Lula Rousseff e nos outros países. Como se sabe, a China acaba de inaugurar a ponte da Baía de Jiaodhou, que liga o porto de Qingdao à ilha de Huangdao. Tem 42 km de extensão, bem mais do que o dobro da Rio-Niterói, que tem 16 km. Construída em apenas quatro anos, a gigantesca obra custou o equivalente a R$ 2,4 bilhões.

Na internet, circula um estudo comparativo realizado pelo matemático gaúcho Gilberto Flach, com base no projeto da nova ponte do Rio Guaíba, em Ponte Alegre, recentemente aprovado pelo Dnit de Pagot.

Com 2,9 quilômetros de extensão, a obra brasileira vai custar R$ 1,16 bilhão e também deverá ficar pronta em quatro anos. Espantado, o matemático começou a fazer as contas, que foram publicadas pelo jornal Zero Hora, o mais importante do Rio Grande do Sul.

Os números indicam que, se o Guaíba ficasse na China, a obra seria concluída apenas em 102 dias, ao preço de R$ 170 milhões, vejam só que absurdo. E se a Baía de Jiadhou ficasse no Brasil, a ponte chinesa não teria prazo para terminar e seria calculada em trilhões.

Além disso, se a construção da ponte sobre o Rio Guaíba fosse na China, como a corrupção seria logo descoberta, tal a disparidade dos números, os criminosos teriam execução rápida e suas famílias ainda seriam obrigadas a pagar pela munição gasta no fuzilamento.

Fonte: Tribuna da Imprensa

Procurador pede condenação de 36 no processo do mensalão

Roberto Gurgel classifica José Dirceu de “chefe” de um esquema de suborno de congressistas. MP pede absolvição de apenas dois réus

Publicado em 09/07/2011 | Das agências

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu formalmente nesta quinta-feira que o Supremo Tribunal Federal (STF) condene 36 pessoas por ligações com o escândalo do “mensalão”, o mais famoso esquema de corrupção ocorrido durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Gurgel apontou o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu como o chefe do esquema e afirmou que apena dois dos 38 réus devem ser inocentados.

O pedido de condenação consta das alegações finais que o Ministério Público enviou ao STF. O documento remetido para o relator do caso no STF, ministro Joaquim Barbosa, é a última manifestação da acusação antes do julgamento. Agora, cada um dos réus deve também apresentar sua defesa final. Joaquim Barbosa já disse que precisará de pelo menos seis meses para resumir tudo e preparar relatório e voto. A previsão mais otimista é que o caso seja julgado em 2012.

Longa espera

Veja o desenrolar do caso do mensalão desde 2005:

Maio de 2005 – Ministério Público começa a investigar suspeita de corrupção nos Correios, após funcionário aparecer em vídeo recebendo R$ 3 mil para favorecer empresa em licitação.

Junho de 2005 – Em entrevista, o deputado e presidente do PTB, Roberto Jefferson, acusa o PT de pagar a deputados em troca de apoio no Congresso.

Abril de 2006 – Ministério Público Federal oferece a denúncia contra 40 acusados de crimes como formação de quadrilha, corrupção e peculato (desvio de verba).

Agosto de 2007 – STF aceita denúncia contra 40 acusados.

Fevereiro de 2008 – Supremo encerra interrogatório dos réus.

Junho de 2008 – Cerca de 40 testemunhas de acusação começam a ser ouvidas.

Fevereiro de 2009 – Cerca de 600 testemunhas de defesa são ouvidas. Essa fase se encerra em agosto de 2010.

Julho de 2011 – Procuradoria-Geral da República entrega as alegações finais e pede a condenação de 36 réus.

Agosto de 2011 – Prazo para a prescrição dos crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção e evasão de divisas, caso as penas aplicadas sejam de até dois anos.

Denúncias são falsas, diz Dirceu

Alguns dos principais acusados de irregularidades no caso do mensalão se pronunciaram ontem alegando que as denúncias contra eles são falsas. Chamado de “chefe da quadrilha” pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, por exemplo, afirmou ser inocente no processo do mensalão.

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Condenação de mensaleiros pode aperfeiçoar a democracia

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o processo do mensalão pode representar muito mais que uma eventual condenação criminal dos 36 réus. Cientistas políticos ouvidos pela Gazeta do Povo acreditam que o desfecho do processo, com a responsabilização dos mensaleiros, determinará como serão as relações entre os poderes Executivo e Legislativo daqui por diante.

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Oposição diz que país deseja um julgamento rápido do caso

O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), afirmou ontem que a sociedade espera pelo célere julgamento do processo do mensalão e por uma punição exemplar dos envolvidos. “Quanto mais o tempo passa, a sensação de impunidade aumenta. E a impunidade é a alma da corrupção. A punição exemplar é a única forma de se restabelecer a confiança da sociedade em torno das investigações envolvendo escândalos. Há o sentimento de que as coisas não dão em nada e isso é extremamente prejudicial ao país e às instituições”, disse.

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O escândalo do mensalão estourou em 2005, depois que o então presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, afirmou publicamente que o governo federal pagava a congressistas em troca de votos a favor de projetos do Planalto no parlamento. Gur­­­gel, em suas alegações finais, reafirma a tese: ele diz que José Dirceu comandou um esquema para “subornar” parlamentares em troca de apoio político.

Se os argumentos de Gurgel forem aceitos, José Dirceu, o ex-deputado José Genoino e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares poderão ser condenados a penas de cerca de 100 anos de prisão. Porém, a legislação brasileira estabelece que a pena máxima de prisão não deve ultrapassar 30 anos.

Para o procurador, o esquema do mensalão foi executado para atender às pretensões do núcleo político comandado na época por José Dirceu. Gurgel sustenta que, ao assumir o cargo, Dirceu recebeu a missão de formar a base aliada do governo no Congresso.

“Mais do que uma demanda momentânea, o objetivo era fortalecer um projeto de poder do Partido dos Trabalhadores de longo prazo. Partindo de uma visão pragmática, que sempre marcou a sua biografia, José Dirceu resolveu subornar parlamentares federais, tendo como alvos preferenciais dirigentes partidários de agremiações políticas”, argumenta o procurador.

Gurgel afirma que o esquema do mensalão consistiu no repasse de recursos a parlamentares, especialmente a integrantes das cúpulas dos partidos, tendo como contrapartida apoio ao governo federal. Nesse contexto, segundo ele, o núcleo político teria se associado ao publicitário Marcos Valério e a dirigentes do Banco Rural, também acusados de envolvimento com as irregularidades.

O Banco Rural divulgou ontem uma nota por meio de sua assessoria de comunicação na qual sustenta que a manutenção das acusações contra quatro de seus executivos à época é um equívoco.No documento entregue no STF, Gurgel acusa os réus de terem praticado vários crimes por diversas vezes. No caso do deputado federal Valdemar Costa Neto (PR), o procurador sustenta que ele cometeu 41 vezes o crime de lavagem de dinheiro.

Ontem, o procurador-geral esclareceu que quer a condenação de 36 dos 38 réus do processo do mensalão. Na véspera, ele tinha dito ser a favor da absolvição apenas do ex-ministro da Comu­­ni­­cação Luiz Gushiken. Mas ontem Gurgel confirmou que também não foram encontradas provas suficientes para incriminar Antonio Lamas, ex-assessor do deputado Valdemar Costa Neto.

Integrantes do STF temem que a demora para julgar o processo do mensalão leve à impunidade de parte dos acusados. Segundo eles, há o risco de ocorrer a prescrição, o que inviabilizaria o cumprimento de uma eventual pena pelo crime de formação de quadrilha.

Após o recebimento das alegações do procurador, o Supremo deverá abrir um prazo para que os advogados dos acusados apresentem suas defesas finais. Somente depois disso o relator, ministro Joaquim Barbosa, preparará o voto e o relatório e pedirá a inclusão da ação na pauta de
julgamentos.
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Fonte: Gazeta do Povo

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Plano de saúde fica 7,69% mais caro

Paula Cabrera
do Agora

Os planos de saúde individuais e familiares contratados após janeiro de 1999 vão ficar 7,69% mais caros. A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) anunciou ontem o reajuste máximo que as operadoras podem cobrar.

O aumento é retroativo e vale desde maio para todos os planos com aniversário entre maio deste ano e abril do ano que vem --os planos coletivos, porém, não têm os reajustes definidos pela ANS.

O reajuste autorizado superou a inflação medida pelo IPCA (índice de preços), que foi de 6,5% no mesmo período. No ano passado, o índice foi de 6,73%, valor que também superou a inflação.

Leia esta reportagem completa na edição impressa do Agora neste sábado,

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