Por: O Estado do Paraná
A revista Veja deste fim de semana traz reportagem em que acusa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ser conivente com os escândalos do suposto mensalão. Em caso de não saber de nada, a revista diz que Lula seria então "um presidente apalermado, vagando em um palácio em que seus íntimos planejam as mais criativas formas de assalto ao dinheiro do povo".
Os argumentos da revista se baseiam na denúncia assinada pelo procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, em que o Ministério Público Federal acusa 40 pessoas de envolvidas em desvio de dinheiro público e compra de apoio político, com o objetivo de garantir o PT no poder. "Depois da arrasadora denúncia da quadrilha petista feita por Antônio Fernando Souza, Luiz Inácio Lula da Silva ficou na incômoda situação de explicar como se pôde armar ao seu redor uma quadrilha tão numerosa e organizada. É devastador para um presidente que não pode subir em um tijolo sem proclamar que seu governo é autor de alguma façanha sem igual na história da humanidade", diz a revista.
Para a Veja, o governo Lula deveria ler com cuidado o texto da denúncia do Ministério Público Federal, porque nela estão descritos em detalhes os mecanismos de funcionamento de uma "quadrilha" que tinha o objetivo de garantir no poder a continuidade de um mesmo grupo político. "A hierarquia da quadrilha descrita pelo procurador tem como chefe José Dirceu, deputado cassado por corrupção que foi ministro-chefe da Casa Civil de Lula. Abaixo dele estão quase todos os "companheiros de luta" de Lula, gente com quem ele conviveu intimamente por quase três décadas", afirma Veja.
A revista insinua que o procurador-geral deixou vago no "organograma da quadrilha o posto logo acima de José Dirceu". Para a revista, não é difícil imaginar quem estaria no topo. "Basta montar as peças e aparece o mais provável ocupante daquele posto. Basta tentar montar com as peças do quebra-cabeça uma outra imagem que não a de Lula. Não encaixa", acusa Veja.
De acordo com a revista, ao descrever a máquina de corrupção que o Partido dos Trabalhadores montou dentro do governo, a denúncia do Ministério Público trata antigos dirigente do PT "como comandantes de "quadrilha", uma palavra que o procurador, na sua linguagem direta, usa 21 vezes no documento". A revista relata que o ex-ministro José Dirceu aparece na denúncia como "chefe do organograma delituoso" e o ex-presidente do PT, como "interlocutor visível da organização criminosa". O ex-tesoureiro Delúbio Soares aparece como o "elo com as ramificações operacionais da quadrilha" e o ex-secretário, Silvio Pereira, tinha a "função primordial" de distribuir cargos no governo, de onde, segundo Veja, saíam vultosas somas de dinheiro público para o PT e outros partidos.
"A camarilha dos quatro, segundo a denúncia, compunha o núcleo central do esquema, no qual se concebia o crime. No plano operacional, esse núcleo central se aliou à "quadrilha" do lobista Marcos Valério e seus sócios, que já tinham experiência no tráfico de dinheiro desde a campanha do tucano Eduardo Azeredo ao governo mineiro, em 1998", afirma a publicação. E o terceiro braço do esquema, de acordo com a revista, era formado pelos dirigentes do Banco Rural, que emprestavam sua estrutura e sua burocracia para a simulação de empréstimos financeiros e a distribuição do dinheiro.
Para Veja, a denúncia do MP serve como uma necropsia do PT, sendo arrasador para o presidente Lula, embora o nome do presidente não seja citado. "Em primeiro lugar, porque derruba a alegação de que todas as acusações não passam de jogo eleitoral e intriga da oposição ou, segundo os devaneios mais lisérgicos, de complô da mídia e conspiração das elites. Desta vez, o autor das denúncias é o procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza, nomeado para o cargo pelo próprio presidente Lula", diz a revista.
Veja argumenta também que o mais importante da denúncia do MP é que ela afirma que o objetivo da organização era sustentar o projeto de poder do PT - "e é evidente que o beneficiário era o presidente". Para a revista, o documento desmonta a principal defesa de Lula, que afirma não conhecer as ações ilegais e clandestinas que envolvem o suposto mensalão. "A tese de que não sabia de nada é juridicamente boa porque livra o presidente da acusação de impeachment, mas agora ela se tornou politicamente devastadora e logicamente insustentável", pontua a revista.
Certificado Lei geral de proteção de dados
domingo, abril 16, 2006
.Reale: somente as urnas impedem o PT
Por: O Estado do Paraná
Em entrevista concedida à revista Veja deste fim de semana, o ex-ministro da Justiça do governo de Fernando Henrique Cardoso, Miguel Reale Júnior, que atualmente integra um grupo que já pensou na possibilidade de pedir o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que somente as urnas poderão impedir a continuidade do governo petista. Reale criticou também o comportamento do Supremo Tribunal Federal na crise política e comentou a participação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, no "caso Francenildo".
Sobre a participação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, no episódio que envolveu o caseiro Francenildo Costa e o ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci, Reale considera que há apenas um cenário possível para que Bastos tenha se reunido na casa de Palocci de modo a eximi-lo de qualquer responsabilidade no caso. "Ele teria comparecido como ministro de Estado, e não como assessor do advogado Arnaldo Malheiros. Teria ido a essa casa, nesse dia, para exigir que as pessoas confessassem um crime de Estado e que pedissem demissão ou renunciassem aos seus cargos. Em seguida, iria ter com o presidente da República para dar-lhe conhecimento dos fatos", disse à Veja.
Reale considera a violação do sigilo bancário do caseiro de Francenildo a mais grave arbitrariedade cometida pelo atual governo, um ato característico de um governo fascista. Segundo ele, é assustador porque mostra a ausência de qualquer freio ou limite na luta pela manutenção do poder. "Se fazem isso com um caseiro que apenas afirmou ter visto o ministro na casa da República de Ribeirão Preto, o que não pode se fazer com outros que sabem de fatos muito mais comprometedores para o governo", disse Reale à revista Veja.
Em entrevista concedida à revista Veja deste fim de semana, o ex-ministro da Justiça do governo de Fernando Henrique Cardoso, Miguel Reale Júnior, que atualmente integra um grupo que já pensou na possibilidade de pedir o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que somente as urnas poderão impedir a continuidade do governo petista. Reale criticou também o comportamento do Supremo Tribunal Federal na crise política e comentou a participação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, no "caso Francenildo".
Sobre a participação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, no episódio que envolveu o caseiro Francenildo Costa e o ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci, Reale considera que há apenas um cenário possível para que Bastos tenha se reunido na casa de Palocci de modo a eximi-lo de qualquer responsabilidade no caso. "Ele teria comparecido como ministro de Estado, e não como assessor do advogado Arnaldo Malheiros. Teria ido a essa casa, nesse dia, para exigir que as pessoas confessassem um crime de Estado e que pedissem demissão ou renunciassem aos seus cargos. Em seguida, iria ter com o presidente da República para dar-lhe conhecimento dos fatos", disse à Veja.
Reale considera a violação do sigilo bancário do caseiro de Francenildo a mais grave arbitrariedade cometida pelo atual governo, um ato característico de um governo fascista. Segundo ele, é assustador porque mostra a ausência de qualquer freio ou limite na luta pela manutenção do poder. "Se fazem isso com um caseiro que apenas afirmou ter visto o ministro na casa da República de Ribeirão Preto, o que não pode se fazer com outros que sabem de fatos muito mais comprometedores para o governo", disse Reale à revista Veja.
Prevaricação e calúnia
Por: O Estado do Paraná
A Polícia Federal deu a entender que não pretende facilitar a vida do ex-ministro Antônio Palocci, já indiciado pelos crimes de quebra de sigilo funcional e violação de sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa.
A violação do sigilo do trabalhador, segundo todas as evidências, foi encomendada pelo ex-ministro com a finalidade de desqualificar o depoimento por ele feito à CPI dos Bingos, confirmando freqüentes visitas de Palocci à casa alugada pela turma de Ribeirão Preto, no Lago Sul.
Fala-se agora dos também prováveis indiciamentos por prevaricação e denunciação caluniosa, conforme rumores vazados do relatório parcial a cargo do delegado Rodrigo Carneiro Gomes, titular das investigações. Prevaricação ocorreu quando Palocci recebeu o extrato de Nildo do ex-presidente da CEF, Jorge Mattoso, e não denunciou o fato às autoridades competentes, a saber, Polícia Federal e Ministério Público.
A denunciação caluniosa, crime também tipificado, se deu na solicitação do antigo homem forte da economia ao Ministério da Justiça de acionamento da Polícia Federal para investigar o caseiro, por suposto suborno auferido pelo depoimento.
Palocci ainda deverá se confrontar com o Ministério Público e a Polícia Civil do Estado de São Paulo, chamado a depor no inquérito sobre irregularidades na gestão municipal de Ribeirão Preto, sobretudo nos contratos com a empresa selecionada para a coleta de lixo.
A Polícia Federal deu a entender que não pretende facilitar a vida do ex-ministro Antônio Palocci, já indiciado pelos crimes de quebra de sigilo funcional e violação de sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa.
A violação do sigilo do trabalhador, segundo todas as evidências, foi encomendada pelo ex-ministro com a finalidade de desqualificar o depoimento por ele feito à CPI dos Bingos, confirmando freqüentes visitas de Palocci à casa alugada pela turma de Ribeirão Preto, no Lago Sul.
Fala-se agora dos também prováveis indiciamentos por prevaricação e denunciação caluniosa, conforme rumores vazados do relatório parcial a cargo do delegado Rodrigo Carneiro Gomes, titular das investigações. Prevaricação ocorreu quando Palocci recebeu o extrato de Nildo do ex-presidente da CEF, Jorge Mattoso, e não denunciou o fato às autoridades competentes, a saber, Polícia Federal e Ministério Público.
A denunciação caluniosa, crime também tipificado, se deu na solicitação do antigo homem forte da economia ao Ministério da Justiça de acionamento da Polícia Federal para investigar o caseiro, por suposto suborno auferido pelo depoimento.
Palocci ainda deverá se confrontar com o Ministério Público e a Polícia Civil do Estado de São Paulo, chamado a depor no inquérito sobre irregularidades na gestão municipal de Ribeirão Preto, sobretudo nos contratos com a empresa selecionada para a coleta de lixo.
Temer diz que Itamar estimula tese da candidatura própria no PMDB
Por: JOÃO NOVAESda Folha Online
O presidente do PMDB, o deputado federal Michel Temer (SP), afirmou hoje que o lançamento da pré-candidatura do ex-presidente Itamar Franco "reforça" a idéia do partido de ter um representante nas eleições presidenciais de outubro. "Com mais um candidato, haverá mais uma ala do partido pela candidatura própria", disse Temer, em uma referência ao atual pré-candidato Anthony Garotinho.Na quarta-feira, Itamar anunciou sua intenção de participar da convenção de junho do PMDB na condição de pré-candidato.Temer admitiu que a disputa pode dividir o partido mas afirmou também que pode funcionar como um incentivo para o PMDB. "Essa disputa vai mobilizar mais intensamente os partidários pela candidatura própria", disse ele.O presidente do PMDB participou do velório do jurista Miguel Reale, 95, que morreu na madrugada desta sexta-feira. Temer foi aluno do jurista na faculdade de Direito.Hoje, o PMDB é um partido dividido por causa da regra da verticalização, que obriga os diretórios regionais a manterem localmente a aliança acertada em nível federal. Enquanto alguns defendem a candidatura própria, outros afirmam que o partido não deve ter representante nas eleições de outubro e ser livre para fazer coligações regionais.
O presidente do PMDB, o deputado federal Michel Temer (SP), afirmou hoje que o lançamento da pré-candidatura do ex-presidente Itamar Franco "reforça" a idéia do partido de ter um representante nas eleições presidenciais de outubro. "Com mais um candidato, haverá mais uma ala do partido pela candidatura própria", disse Temer, em uma referência ao atual pré-candidato Anthony Garotinho.Na quarta-feira, Itamar anunciou sua intenção de participar da convenção de junho do PMDB na condição de pré-candidato.Temer admitiu que a disputa pode dividir o partido mas afirmou também que pode funcionar como um incentivo para o PMDB. "Essa disputa vai mobilizar mais intensamente os partidários pela candidatura própria", disse ele.O presidente do PMDB participou do velório do jurista Miguel Reale, 95, que morreu na madrugada desta sexta-feira. Temer foi aluno do jurista na faculdade de Direito.Hoje, o PMDB é um partido dividido por causa da regra da verticalização, que obriga os diretórios regionais a manterem localmente a aliança acertada em nível federal. Enquanto alguns defendem a candidatura própria, outros afirmam que o partido não deve ter representante nas eleições de outubro e ser livre para fazer coligações regionais.
.'Le Monde' defende Lula como modelo para América Latina
´Por: BBC Brasil
O jornal francês Le Monde defende em editorial o modelo de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em oposição ao do venezuelano Hugo Chávez, como exemplo a ser seguido por outros líderes de esquerda que estão asumindo o poder na América Latina."Entre Hugo Chávez e Lula da Silva, duas esquerdas se opõem. Uma propõe um discurso radical com acentos populistas e avanço de soluções nacionalistas. A outra, centrista, propõe uma política orçamentária ortodoxa a fim de atrair capitais e busca inserir a economia na globalização", afirma o Le Monde.Para o diário francês, é forte e legítima a "tentação" de gastar os recursos obtidos com a recente melhora da situação econômica da região "distribuindo rapidamente subvenções aos mais necessitados". "É necessário esperar, no entanto, que para além dessas necessidades imediatas, os governos de esquerda saberão se preservar do eleitoralismo para conduzir políticas de longo prazo."O jornal vê uma guinada à esquerda na região, movimento que atribui às "profundas desigualdades que caracterizam a América Latina" - divididas, na descrição do Le Monde, entre burguesias "norte-americanizadas" e classes pobres, principalmente rurais, que acumulam miséria, desemprego e analfabetismo.O Le Monde calcula que, das 17 eleições que terão ocorrido na região entre dezembro de 2005 e dezembro de 2006, 80% delas terão sido ganhas por forças de esquerda."A solução brasileira de jogar o jogo da inserção na globalização impõe constrangimentos que limitam o crescimento e as margens de manobra. Mas o investimento na educação e na infra-estrutura e a abertura aos capitais preparam o futuro", conclui o Le Monde.ArgentinaNa Argentina, o jornal Clarín destaca em uma das suas manchetes econômicas: "A cerveja Quilmes já passou totalmente a mãos brasileiras".Segundo o diário, a notícia de que a Ambev aumentou a sua participação acionária na cervejaria argentina de 56,7% para 91,18% "sacudiu os empresários locais".O Clarín também observa que até o ano passado a família que era proprietária da Quilmes indicava que queria permanecer no controle da empresa e que a mudança de posição se deu, segundo observadores entrevistados pelo jornal, porque o preço (US$ 1,2 bilhão) "supera todas as expectativas".O jornal chama atenção para o papel do Brasil como investidor na Argentina. "Já antes desta compra, o Brasil era o principal investidor no país. Desde a desvalorização, foi somando uma pérola atrás da outra: Pecom, Loma Negra e Swift, desmentindo assim a falta de interesse internacional."PetrobrasO jornal boliviano La Razón destaca a declaração do ministro da área de energia Andrés Soliz de que a revisão dos contratos das empresas petrolíferas no país será feita "caso por caso".A Bolívia está na expectativa de um decreto do presidente Evo Morales que ditará as regras do processo de nacionalização dos recursos naturais do país."Ao Poder Executivo, complicou-se o processo de trocas de contratos com as petrolíferas nas últimas semanas", diz o La Razón."Por um lado, a Petrobras - companhia que para o governo era uma de suas principais aliadas - pediu para continuar administrando as suas reservas de gás na Bolívia, justamente um dos pontos-chave no plano de nacionalização do presidente Evo Morales", continua o jornal.EUAO articulista do jornal Washington Post David Ignatius defende a renúncia do secretário de Defesa americano, Donald Rumsfeld, apoiando um pedido de generais da reserva nesse sentido."Rumsfeld perdeu o apoio dos oficiais militares uniformizados que trabalham para ele. Não se engane. Os generais da reserva que estão falando em público contra Rumsfeld em entrevistas e artigos expressam a visão de centenas de outros militares", escreve Ignatius.O articulista cita a estimativa de um militar com "extensa experiência de combate no Iraque" de que o grau de insatisfação com Rumsfeld no Exército chega a 75% e diz que, de fato, "suspeita" que a estimativa seja baixa.Mas Ignatius argumenta que militares freqüentemente desaprovam os civis que os comandam e que, portanto, não é por isso que ele deve deixar o governo."Rumsfeld deve renunciar porque o governo Bush está perdendo a guerra na frente doméstica", diz o articulista. "Boa parte do público americano simplesmente parou de acreditar nos argumentos do governo sobre o Iraque, e Rumsfeld é um símbolo desse déficit de credibilidade. Ele é uma força gasta, reduzido a disputar com a secretária de Estado se 'erros táticos' foram cometidos na guerra."
O jornal francês Le Monde defende em editorial o modelo de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em oposição ao do venezuelano Hugo Chávez, como exemplo a ser seguido por outros líderes de esquerda que estão asumindo o poder na América Latina."Entre Hugo Chávez e Lula da Silva, duas esquerdas se opõem. Uma propõe um discurso radical com acentos populistas e avanço de soluções nacionalistas. A outra, centrista, propõe uma política orçamentária ortodoxa a fim de atrair capitais e busca inserir a economia na globalização", afirma o Le Monde.Para o diário francês, é forte e legítima a "tentação" de gastar os recursos obtidos com a recente melhora da situação econômica da região "distribuindo rapidamente subvenções aos mais necessitados". "É necessário esperar, no entanto, que para além dessas necessidades imediatas, os governos de esquerda saberão se preservar do eleitoralismo para conduzir políticas de longo prazo."O jornal vê uma guinada à esquerda na região, movimento que atribui às "profundas desigualdades que caracterizam a América Latina" - divididas, na descrição do Le Monde, entre burguesias "norte-americanizadas" e classes pobres, principalmente rurais, que acumulam miséria, desemprego e analfabetismo.O Le Monde calcula que, das 17 eleições que terão ocorrido na região entre dezembro de 2005 e dezembro de 2006, 80% delas terão sido ganhas por forças de esquerda."A solução brasileira de jogar o jogo da inserção na globalização impõe constrangimentos que limitam o crescimento e as margens de manobra. Mas o investimento na educação e na infra-estrutura e a abertura aos capitais preparam o futuro", conclui o Le Monde.ArgentinaNa Argentina, o jornal Clarín destaca em uma das suas manchetes econômicas: "A cerveja Quilmes já passou totalmente a mãos brasileiras".Segundo o diário, a notícia de que a Ambev aumentou a sua participação acionária na cervejaria argentina de 56,7% para 91,18% "sacudiu os empresários locais".O Clarín também observa que até o ano passado a família que era proprietária da Quilmes indicava que queria permanecer no controle da empresa e que a mudança de posição se deu, segundo observadores entrevistados pelo jornal, porque o preço (US$ 1,2 bilhão) "supera todas as expectativas".O jornal chama atenção para o papel do Brasil como investidor na Argentina. "Já antes desta compra, o Brasil era o principal investidor no país. Desde a desvalorização, foi somando uma pérola atrás da outra: Pecom, Loma Negra e Swift, desmentindo assim a falta de interesse internacional."PetrobrasO jornal boliviano La Razón destaca a declaração do ministro da área de energia Andrés Soliz de que a revisão dos contratos das empresas petrolíferas no país será feita "caso por caso".A Bolívia está na expectativa de um decreto do presidente Evo Morales que ditará as regras do processo de nacionalização dos recursos naturais do país."Ao Poder Executivo, complicou-se o processo de trocas de contratos com as petrolíferas nas últimas semanas", diz o La Razón."Por um lado, a Petrobras - companhia que para o governo era uma de suas principais aliadas - pediu para continuar administrando as suas reservas de gás na Bolívia, justamente um dos pontos-chave no plano de nacionalização do presidente Evo Morales", continua o jornal.EUAO articulista do jornal Washington Post David Ignatius defende a renúncia do secretário de Defesa americano, Donald Rumsfeld, apoiando um pedido de generais da reserva nesse sentido."Rumsfeld perdeu o apoio dos oficiais militares uniformizados que trabalham para ele. Não se engane. Os generais da reserva que estão falando em público contra Rumsfeld em entrevistas e artigos expressam a visão de centenas de outros militares", escreve Ignatius.O articulista cita a estimativa de um militar com "extensa experiência de combate no Iraque" de que o grau de insatisfação com Rumsfeld no Exército chega a 75% e diz que, de fato, "suspeita" que a estimativa seja baixa.Mas Ignatius argumenta que militares freqüentemente desaprovam os civis que os comandam e que, portanto, não é por isso que ele deve deixar o governo."Rumsfeld deve renunciar porque o governo Bush está perdendo a guerra na frente doméstica", diz o articulista. "Boa parte do público americano simplesmente parou de acreditar nos argumentos do governo sobre o Iraque, e Rumsfeld é um símbolo desse déficit de credibilidade. Ele é uma força gasta, reduzido a disputar com a secretária de Estado se 'erros táticos' foram cometidos na guerra."
.As CPIs que a CPI deixou para trás
Por: Gabriel Manzano Filho
Comissão não apurou a fundo esquema nos Correios, desistiu de pedidos de quebra de sigilo e ignorou suspeitos
Ao fim de dez meses de trabalho e um calhamaço de 1.857 páginas, a CPI dos Correios ganhou muitos elogios, pela contundência de suas conclusões, mas deixou pontas soltas, ou episódios ainda obscuros, que não tardarão a voltar à cena. Não se abriu o sigilo de dezenas de suspeitos - a começar por políticos que mudaram de partido - nem foram convocados a depor muitos assessores de deputados, que estiveram pessoalmente no Banco Rural, em Brasília, para apanhar o dinheiro do mensalão.
A comissão também cuidou pouco do que era o seu tema original - o esquema de corrupção encravado nas franquias dos Correios - e não se aplicou em saber se o publicitário Duda Mendonça pagou impostos para trazer seu dinheiro de Miami. Não ouviu figurões afundados em denúncias, como o então presidente do PT, José Genoino, nem os ministros da Articulação Política, Aldo Rebelo, e das Comunicações, Miro Teixeira, tidos como testemunhas de encontro no qual o deputado Roberto Jefferson (hoje cassado) teria avisado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que havia o mensalão na Câmara.
Pode-se somar a isso a complexa investigação do vai-vém dos doleiros e das operações dos fundos de pensão, que a comissão mal conseguiu arranhar. O próprio relatório do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) traz em seu capítulo financeiro o título "Linhas de investigação não concluídas", no qual se revela, por exemplo, que dos 198 mil registros de informação financeira checados, mais de 113 mil - ou seja, 57% - traziam o aviso "depositante não informado". Nesse universo, que nem grandes consultorias dominam direito, a comissão afundou em papéis demais, em informações falsas e em um paredão enorme de sigilos protegidos por lei. Só nos fundos, pelos cálculos da comissão, escondem-se R$ 400 bilhões, nos sistemas aberto e fechado de previdência, que abrangem 14 milhões de brasileiros.
"A Caixa Econômica, sozinha, mereceria outra CPI", acrescenta uma das participantes mais indignadas da comissão, a juíza e deputada Denise Frossard (PPS-RJ). "Não foi só a Gtech, aquilo era um enorme duto para produzir dinheiro e não tivemos tempo de apurar", diz. "Essa é uma questão gravíssima, que vem desde os tempos do Waldomiro Diniz."
Comparados com o resultado do relatório, esses buracos, na avaliação dos membros da CPI, de políticos e técnicos que leram o texto final, não são coisa grave. "Nunca antes outra comissão foi tão longe", compara Denise Frossard. "O trabalho da CPI foi puxar o fio da meada", diz o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), um dos sub-relatores. "A investigação continua, com documentos e revelações repassados ao Ministério Público e à Polícia Federal."
"A CPI denunciou com vigor um processo que vimos lá no início, a captura do Estado por um grupo para produzir decisões nefastas ao interesse do País", resume Denise Frossard. O tucano Eduardo Paes complementa: "Ela vale como alerta que se faz, em meio a um mar de lama, numa hora em que o País parece sem perspectivas."
Fonte: Estadão
Comissão não apurou a fundo esquema nos Correios, desistiu de pedidos de quebra de sigilo e ignorou suspeitos
Ao fim de dez meses de trabalho e um calhamaço de 1.857 páginas, a CPI dos Correios ganhou muitos elogios, pela contundência de suas conclusões, mas deixou pontas soltas, ou episódios ainda obscuros, que não tardarão a voltar à cena. Não se abriu o sigilo de dezenas de suspeitos - a começar por políticos que mudaram de partido - nem foram convocados a depor muitos assessores de deputados, que estiveram pessoalmente no Banco Rural, em Brasília, para apanhar o dinheiro do mensalão.
A comissão também cuidou pouco do que era o seu tema original - o esquema de corrupção encravado nas franquias dos Correios - e não se aplicou em saber se o publicitário Duda Mendonça pagou impostos para trazer seu dinheiro de Miami. Não ouviu figurões afundados em denúncias, como o então presidente do PT, José Genoino, nem os ministros da Articulação Política, Aldo Rebelo, e das Comunicações, Miro Teixeira, tidos como testemunhas de encontro no qual o deputado Roberto Jefferson (hoje cassado) teria avisado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que havia o mensalão na Câmara.
Pode-se somar a isso a complexa investigação do vai-vém dos doleiros e das operações dos fundos de pensão, que a comissão mal conseguiu arranhar. O próprio relatório do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) traz em seu capítulo financeiro o título "Linhas de investigação não concluídas", no qual se revela, por exemplo, que dos 198 mil registros de informação financeira checados, mais de 113 mil - ou seja, 57% - traziam o aviso "depositante não informado". Nesse universo, que nem grandes consultorias dominam direito, a comissão afundou em papéis demais, em informações falsas e em um paredão enorme de sigilos protegidos por lei. Só nos fundos, pelos cálculos da comissão, escondem-se R$ 400 bilhões, nos sistemas aberto e fechado de previdência, que abrangem 14 milhões de brasileiros.
"A Caixa Econômica, sozinha, mereceria outra CPI", acrescenta uma das participantes mais indignadas da comissão, a juíza e deputada Denise Frossard (PPS-RJ). "Não foi só a Gtech, aquilo era um enorme duto para produzir dinheiro e não tivemos tempo de apurar", diz. "Essa é uma questão gravíssima, que vem desde os tempos do Waldomiro Diniz."
Comparados com o resultado do relatório, esses buracos, na avaliação dos membros da CPI, de políticos e técnicos que leram o texto final, não são coisa grave. "Nunca antes outra comissão foi tão longe", compara Denise Frossard. "O trabalho da CPI foi puxar o fio da meada", diz o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), um dos sub-relatores. "A investigação continua, com documentos e revelações repassados ao Ministério Público e à Polícia Federal."
"A CPI denunciou com vigor um processo que vimos lá no início, a captura do Estado por um grupo para produzir decisões nefastas ao interesse do País", resume Denise Frossard. O tucano Eduardo Paes complementa: "Ela vale como alerta que se faz, em meio a um mar de lama, numa hora em que o País parece sem perspectivas."
Fonte: Estadão
15 de abril de 2006 - 16:38
Por: Estadão
"Fiquei desesperada. Meu noivo está revoltado. Vamos nos casar no final do ano e planejávamos ter um filho", disse a lavradora Maria Helena Zibell
RIO - Vítima de erro médico, a lavradora Maria Helena Zibell, de 29 anos, teve o útero retirado por engano pelo médico Lourival Berger no Hospital Beneficente Concórdia, no interior de Santa Maria de Jetibá, na região serrana do Espírito Santo. Ela havia sido internada para uma cirurgia no aparelho digestivo.
"Percebi que a equipe estava falando de outra operação. Fui anestesiada e apaguei. Quando acordei vi que tinha uma sonda em mim. Achei estranho. Na mesa ao lado, havia um vidro com algo dentro. Perguntei o que era. A enfermeira disse ´Você não está sabendo? É o seu útero´. Fiquei desesperada. Meu noivo está revoltado. Vamos nos casar no final do ano e planejávamos ter um filho", disse ela à Rede Gazeta.
O nome da paciente aparecia ao lado de uma indicação para histerectomia (retirada do útero), mas ela pretendia ser submetida a uma fistulectomia (cirurgia no ânus). O médico, que havia feito dois exames na lavradora três semanas antes da operação, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), afirmou que foi induzido a erro.
Berger disse que realizou a cirurgia com base em orientações do quadro do centro cirúrgico, que informa os procedimentos do dia. "Todos os dias examino várias pessoas, não tem como lembrar. Fiquei com a idéia fixa no que estava no quadro. Foi um erro de ortografia. Fiz a cirurgia que estava agendada e acabou ocorrendo este erro e esta fatalidade", declarou.
Segundo ele, as enfermeiras são responsáveis, após o atendimento ambulatorial, por anotar no quadro de avisos as cirurgias que serão realizadas. "O quadro é o único lugar do hospital que informa quais procedimentos serão feitos. Sempre funcionou assim, até acontecer essa fatalidade. O sistema é ruim", argumentou o médico.
O presidente da Fundação Hospitalar Beneficente Concórdia, Jair Bergamaschi, responsável pelo Hospital Beneficente Concórdia, afirmou, também à Rede Gazeta, que "alguém vai ter que pagar pelo erro". A administração da unidade admitiu a falha e informou que foi aberto processo administrativo para apurar o caso. A enfermeira responsável pelos avisos no quadro de cirurgias foi suspensa, segundo o hospital. Ela não foi localizada pela reportagem.
De acordo com o Conselho Regional de Medicina, se houver denúncia formal contra o médico, uma sindicância será aberta para apurar se houve infração ao código de ética médica. O médico pode ter o diploma cassado se a denúncia for confirmada.
"Fiquei desesperada. Meu noivo está revoltado. Vamos nos casar no final do ano e planejávamos ter um filho", disse a lavradora Maria Helena Zibell
RIO - Vítima de erro médico, a lavradora Maria Helena Zibell, de 29 anos, teve o útero retirado por engano pelo médico Lourival Berger no Hospital Beneficente Concórdia, no interior de Santa Maria de Jetibá, na região serrana do Espírito Santo. Ela havia sido internada para uma cirurgia no aparelho digestivo.
"Percebi que a equipe estava falando de outra operação. Fui anestesiada e apaguei. Quando acordei vi que tinha uma sonda em mim. Achei estranho. Na mesa ao lado, havia um vidro com algo dentro. Perguntei o que era. A enfermeira disse ´Você não está sabendo? É o seu útero´. Fiquei desesperada. Meu noivo está revoltado. Vamos nos casar no final do ano e planejávamos ter um filho", disse ela à Rede Gazeta.
O nome da paciente aparecia ao lado de uma indicação para histerectomia (retirada do útero), mas ela pretendia ser submetida a uma fistulectomia (cirurgia no ânus). O médico, que havia feito dois exames na lavradora três semanas antes da operação, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), afirmou que foi induzido a erro.
Berger disse que realizou a cirurgia com base em orientações do quadro do centro cirúrgico, que informa os procedimentos do dia. "Todos os dias examino várias pessoas, não tem como lembrar. Fiquei com a idéia fixa no que estava no quadro. Foi um erro de ortografia. Fiz a cirurgia que estava agendada e acabou ocorrendo este erro e esta fatalidade", declarou.
Segundo ele, as enfermeiras são responsáveis, após o atendimento ambulatorial, por anotar no quadro de avisos as cirurgias que serão realizadas. "O quadro é o único lugar do hospital que informa quais procedimentos serão feitos. Sempre funcionou assim, até acontecer essa fatalidade. O sistema é ruim", argumentou o médico.
O presidente da Fundação Hospitalar Beneficente Concórdia, Jair Bergamaschi, responsável pelo Hospital Beneficente Concórdia, afirmou, também à Rede Gazeta, que "alguém vai ter que pagar pelo erro". A administração da unidade admitiu a falha e informou que foi aberto processo administrativo para apurar o caso. A enfermeira responsável pelos avisos no quadro de cirurgias foi suspensa, segundo o hospital. Ela não foi localizada pela reportagem.
De acordo com o Conselho Regional de Medicina, se houver denúncia formal contra o médico, uma sindicância será aberta para apurar se houve infração ao código de ética médica. O médico pode ter o diploma cassado se a denúncia for confirmada.
Mulher perde o útero por erro médico
Por: Estadao
"Fiquei desesperada. Meu noivo está revoltado. Vamos nos casar no final do ano e planejávamos ter um filho", disse a lavradora Maria Helena Zibell
RIO - Vítima de erro médico, a lavradora Maria Helena Zibell, de 29 anos, teve o útero retirado por engano pelo médico Lourival Berger no Hospital Beneficente Concórdia, no interior de Santa Maria de Jetibá, na região serrana do Espírito Santo. Ela havia sido internada para uma cirurgia no aparelho digestivo.
"Percebi que a equipe estava falando de outra operação. Fui anestesiada e apaguei. Quando acordei vi que tinha uma sonda em mim. Achei estranho. Na mesa ao lado, havia um vidro com algo dentro. Perguntei o que era. A enfermeira disse ´Você não está sabendo? É o seu útero´. Fiquei desesperada. Meu noivo está revoltado. Vamos nos casar no final do ano e planejávamos ter um filho", disse ela à Rede Gazeta.
O nome da paciente aparecia ao lado de uma indicação para histerectomia (retirada do útero), mas ela pretendia ser submetida a uma fistulectomia (cirurgia no ânus). O médico, que havia feito dois exames na lavradora três semanas antes da operação, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), afirmou que foi induzido a erro.
Berger disse que realizou a cirurgia com base em orientações do quadro do centro cirúrgico, que informa os procedimentos do dia. "Todos os dias examino várias pessoas, não tem como lembrar. Fiquei com a idéia fixa no que estava no quadro. Foi um erro de ortografia. Fiz a cirurgia que estava agendada e acabou ocorrendo este erro e esta fatalidade", declarou.
Segundo ele, as enfermeiras são responsáveis, após o atendimento ambulatorial, por anotar no quadro de avisos as cirurgias que serão realizadas. "O quadro é o único lugar do hospital que informa quais procedimentos serão feitos. Sempre funcionou assim, até acontecer essa fatalidade. O sistema é ruim", argumentou o médico.
O presidente da Fundação Hospitalar Beneficente Concórdia, Jair Bergamaschi, responsável pelo Hospital Beneficente Concórdia, afirmou, também à Rede Gazeta, que "alguém vai ter que pagar pelo erro". A administração da unidade admitiu a falha e informou que foi aberto processo administrativo para apurar o caso. A enfermeira responsável pelos avisos no quadro de cirurgias foi suspensa, segundo o hospital. Ela não foi localizada pela reportagem.
De acordo com o Conselho Regional de Medicina, se houver denúncia formal contra o médico, uma sindicância será aberta para apurar se houve infração ao código de ética médica. O médico pode ter o diploma cassado se a denúncia for confirmada.
"Fiquei desesperada. Meu noivo está revoltado. Vamos nos casar no final do ano e planejávamos ter um filho", disse a lavradora Maria Helena Zibell
RIO - Vítima de erro médico, a lavradora Maria Helena Zibell, de 29 anos, teve o útero retirado por engano pelo médico Lourival Berger no Hospital Beneficente Concórdia, no interior de Santa Maria de Jetibá, na região serrana do Espírito Santo. Ela havia sido internada para uma cirurgia no aparelho digestivo.
"Percebi que a equipe estava falando de outra operação. Fui anestesiada e apaguei. Quando acordei vi que tinha uma sonda em mim. Achei estranho. Na mesa ao lado, havia um vidro com algo dentro. Perguntei o que era. A enfermeira disse ´Você não está sabendo? É o seu útero´. Fiquei desesperada. Meu noivo está revoltado. Vamos nos casar no final do ano e planejávamos ter um filho", disse ela à Rede Gazeta.
O nome da paciente aparecia ao lado de uma indicação para histerectomia (retirada do útero), mas ela pretendia ser submetida a uma fistulectomia (cirurgia no ânus). O médico, que havia feito dois exames na lavradora três semanas antes da operação, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), afirmou que foi induzido a erro.
Berger disse que realizou a cirurgia com base em orientações do quadro do centro cirúrgico, que informa os procedimentos do dia. "Todos os dias examino várias pessoas, não tem como lembrar. Fiquei com a idéia fixa no que estava no quadro. Foi um erro de ortografia. Fiz a cirurgia que estava agendada e acabou ocorrendo este erro e esta fatalidade", declarou.
Segundo ele, as enfermeiras são responsáveis, após o atendimento ambulatorial, por anotar no quadro de avisos as cirurgias que serão realizadas. "O quadro é o único lugar do hospital que informa quais procedimentos serão feitos. Sempre funcionou assim, até acontecer essa fatalidade. O sistema é ruim", argumentou o médico.
O presidente da Fundação Hospitalar Beneficente Concórdia, Jair Bergamaschi, responsável pelo Hospital Beneficente Concórdia, afirmou, também à Rede Gazeta, que "alguém vai ter que pagar pelo erro". A administração da unidade admitiu a falha e informou que foi aberto processo administrativo para apurar o caso. A enfermeira responsável pelos avisos no quadro de cirurgias foi suspensa, segundo o hospital. Ela não foi localizada pela reportagem.
De acordo com o Conselho Regional de Medicina, se houver denúncia formal contra o médico, uma sindicância será aberta para apurar se houve infração ao código de ética médica. O médico pode ter o diploma cassado se a denúncia for confirmada.
Mulher perde o útero por erro médico
Por: Estadao
"Fiquei desesperada. Meu noivo está revoltado. Vamos nos casar no final do ano e planejávamos ter um filho", disse a lavradora Maria Helena Zibell
RIO - Vítima de erro médico, a lavradora Maria Helena Zibell, de 29 anos, teve o útero retirado por engano pelo médico Lourival Berger no Hospital Beneficente Concórdia, no interior de Santa Maria de Jetibá, na região serrana do Espírito Santo. Ela havia sido internada para uma cirurgia no aparelho digestivo.
"Percebi que a equipe estava falando de outra operação. Fui anestesiada e apaguei. Quando acordei vi que tinha uma sonda em mim. Achei estranho. Na mesa ao lado, havia um vidro com algo dentro. Perguntei o que era. A enfermeira disse ´Você não está sabendo? É o seu útero´. Fiquei desesperada. Meu noivo está revoltado. Vamos nos casar no final do ano e planejávamos ter um filho", disse ela à Rede Gazeta.
O nome da paciente aparecia ao lado de uma indicação para histerectomia (retirada do útero), mas ela pretendia ser submetida a uma fistulectomia (cirurgia no ânus). O médico, que havia feito dois exames na lavradora três semanas antes da operação, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), afirmou que foi induzido a erro.
Berger disse que realizou a cirurgia com base em orientações do quadro do centro cirúrgico, que informa os procedimentos do dia. "Todos os dias examino várias pessoas, não tem como lembrar. Fiquei com a idéia fixa no que estava no quadro. Foi um erro de ortografia. Fiz a cirurgia que estava agendada e acabou ocorrendo este erro e esta fatalidade", declarou.
Segundo ele, as enfermeiras são responsáveis, após o atendimento ambulatorial, por anotar no quadro de avisos as cirurgias que serão realizadas. "O quadro é o único lugar do hospital que informa quais procedimentos serão feitos. Sempre funcionou assim, até acontecer essa fatalidade. O sistema é ruim", argumentou o médico.
O presidente da Fundação Hospitalar Beneficente Concórdia, Jair Bergamaschi, responsável pelo Hospital Beneficente Concórdia, afirmou, também à Rede Gazeta, que "alguém vai ter que pagar pelo erro". A administração da unidade admitiu a falha e informou que foi aberto processo administrativo para apurar o caso. A enfermeira responsável pelos avisos no quadro de cirurgias foi suspensa, segundo o hospital. Ela não foi localizada pela reportagem.
De acordo com o Conselho Regional de Medicina, se houver denúncia formal contra o médico, uma sindicância será aberta para apurar se houve infração ao código de ética médica. O médico pode ter o diploma cassado se a denúncia for confirmada.
"Fiquei desesperada. Meu noivo está revoltado. Vamos nos casar no final do ano e planejávamos ter um filho", disse a lavradora Maria Helena Zibell
RIO - Vítima de erro médico, a lavradora Maria Helena Zibell, de 29 anos, teve o útero retirado por engano pelo médico Lourival Berger no Hospital Beneficente Concórdia, no interior de Santa Maria de Jetibá, na região serrana do Espírito Santo. Ela havia sido internada para uma cirurgia no aparelho digestivo.
"Percebi que a equipe estava falando de outra operação. Fui anestesiada e apaguei. Quando acordei vi que tinha uma sonda em mim. Achei estranho. Na mesa ao lado, havia um vidro com algo dentro. Perguntei o que era. A enfermeira disse ´Você não está sabendo? É o seu útero´. Fiquei desesperada. Meu noivo está revoltado. Vamos nos casar no final do ano e planejávamos ter um filho", disse ela à Rede Gazeta.
O nome da paciente aparecia ao lado de uma indicação para histerectomia (retirada do útero), mas ela pretendia ser submetida a uma fistulectomia (cirurgia no ânus). O médico, que havia feito dois exames na lavradora três semanas antes da operação, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), afirmou que foi induzido a erro.
Berger disse que realizou a cirurgia com base em orientações do quadro do centro cirúrgico, que informa os procedimentos do dia. "Todos os dias examino várias pessoas, não tem como lembrar. Fiquei com a idéia fixa no que estava no quadro. Foi um erro de ortografia. Fiz a cirurgia que estava agendada e acabou ocorrendo este erro e esta fatalidade", declarou.
Segundo ele, as enfermeiras são responsáveis, após o atendimento ambulatorial, por anotar no quadro de avisos as cirurgias que serão realizadas. "O quadro é o único lugar do hospital que informa quais procedimentos serão feitos. Sempre funcionou assim, até acontecer essa fatalidade. O sistema é ruim", argumentou o médico.
O presidente da Fundação Hospitalar Beneficente Concórdia, Jair Bergamaschi, responsável pelo Hospital Beneficente Concórdia, afirmou, também à Rede Gazeta, que "alguém vai ter que pagar pelo erro". A administração da unidade admitiu a falha e informou que foi aberto processo administrativo para apurar o caso. A enfermeira responsável pelos avisos no quadro de cirurgias foi suspensa, segundo o hospital. Ela não foi localizada pela reportagem.
De acordo com o Conselho Regional de Medicina, se houver denúncia formal contra o médico, uma sindicância será aberta para apurar se houve infração ao código de ética médica. O médico pode ter o diploma cassado se a denúncia for confirmada.
.PT, política e polícia
Por: Reinaldo Azevedo
De um caso de política a um caso de polícia (ou muitos), bastou ao PT um mandato na Presidência da República. Lula se quer melhor do que todos os governos havidos e somados desde Cabral. Com efeito, fizeram-se 500 anos em três. Quem lê a peça acusatória do procurador-geral da República conclui que o partido aprendeu bem depressa todas as lambanças que “as elite” faziam e ainda acrescentou um tanto de originalidade. Os petistas que reclamam de perseguição têm toda razão: só porque o partido se dizia dos trabalhadores, vai ter de ser até honesto? Tenham paciência! A ser realmente verdade que o país era espoliado havia 500 anos, justo quando chega a hora dos “companheiros”, vêm esses moralistas querendo botar ordem na orgia? Ora, é preciso ter mais ética na esculhambação.
A seqüência acima, vazada com sarcasmo (com freqüência, é preciso explicar piada...), por mais absurda que pareça, é, sem tirar nem pôr, uma versão alongada do mantra petista: “Fizemos o que todo mundo sempre fez”. Já se observou aqui que tal tese é, obviamente, mentirosa. Nunca, antes, um governo ou partido havia tentado criar um Estado paralelo. Houve, durante a ditadura militar, os porões do regime, o Estado marginal, delinqüente, que se movia nas sombras. Mas ele nunca ambicionou se institucionalizar ou assumir a estatura de uma teoria política. Quando alguns espertalhões se arriscaram a tanto, foram contidos pelos próprios pares.
O padrão petista de governo está dado. É isso aí que estamos vendo: uma sociedade permanentemente mobilizada em torno de falsas questões, sem jamais sair do lugar, avançando, eventualmente, aqui e ali: ou em áreas que estão descoladas da iniciativa oficial — as exportações, por exemplo, que obedecem a uma demanda mundial — ou em outras cujo rigor técnico é exercido até a despeito do governo, não por causa dele: nesse caso, menciono a disciplina fiscal. Disciplina que, diga-se, já está indo para as cucuias. Olhem os gastos públicos destes primeiros quase quatro meses. Já estão fora de controle. A seguir nesse ritmo, não se vai fazer o superávit de 4,25%.
O mais é puro deserto. Ou pior: estamos andando é para trás. Não obstante, a gritaria é grande, o que dá a impressão de uma sociedade altiva, forte, mobilizada, estimulada a avançar e a crescer. É mentira. A resposta que Lula deu à pobreza e à distribuição de renda é o Bolsa Família, um programa meramente compensatório. Sim, é fato, caso vença um nome da oposição, eliminá-lo por ato de ofício seria um crime. Mantê-lo como está, outro. Chegaremos a 11 milhões de famílias atendidas pelo programa — estima-se que isso some mais de 40 milhões de pessoas (quase 23% da população) — porque o crescimento da economia é medíocre.
Crescimento, riqueza e trabalho geram cidadãos livres. Medidas compensatórias foram pensadas por economias que fizeram choques de produtividade — de caráter liberal — para criar uma rede de proteção aos que acabam ficando à margem do mercado. Quando dão certo, tais choques levam a um boom de crescimento e produtividade. Se essa assistência se converte em um fim, combinado com uma economia estagnada — na média, é o que se tem —, então é o pior dos mundos. O governo FHC não atrelou os vários programas ao proselitismo eleitoral. Há quem ache, até hoje, que foi um erro. Do ponto de vista eleitoreiro, pode ter sido. No que respeita ao aprumo ético, foi um acerto. Antes daquele jeito do que agora.
Regrediu-se miseravelmente na educação universitária, com os populistas e mal pensados ProUni e cotas universitárias. Por que uma afirmação tão peremptória? Porque é evidente que se fez uma aposta na multiplicação do número de vagas universitárias sem nenhuma preocupação — a mais remota que fosse — com a qualidade. Pior: o ProUni, em particular, nada mais é do que a transferência de recursos da educação pública para faculdades privadas, hoje desobrigadas de qualquer compromisso com a excelência, depois das mudanças efetuadas no tal Provão. Lula precisa é de votos. Quem precisa de universidade que preste é o Brasil.
No campo, o governo do PT semeou ilegalidades, invasões, colheu o assombroso crescimento de mortes em confrontos supostamente agrários e está dando a sua inestimável colaboração à crise do agronegócio, que foi, literalmente, a salvação da lavoura de seu primeiro e segundo anos de governo. Nas cidades, para as quais ele criou até um ridículo ministério, não se conseguiu coordenar uma miserável ação de governo voltada para alguma forma de reforma urbana — um problema dos Estados e dos municípios, é verdade, mas que não terá equacionamento sem o concurso do governo federal. A insegurança pública degenera em situações reais de guerra. E também esse tema ficou para as calendas. Márcio Thomaz Bastos, quando não estava enroscado com quebras de sigilo, dedicava-se a criar operações espetaculares da Polícia Federal para provar que os ricos também pagam o pato.
Não obstante, teremos em breve a propaganda oficial nos indagando a todos se vivemos melhor ou pior do que antes do governo Lula. Quem vive dos juros reais mais altos do mundo vai dizer, claro, que vive hoje muito melhor. Os pobres, sem perspectiva de deixar de sê-lo, sob o impacto da propaganda e sem condições de saber o que os espera, também poderão dar essa resposta. O real valorizado aumentou o poder de compra das pessoas de baixa renda, embora vá cobrar a sua fatura mais adiante. A classe média está mais ou menos entregue à oposição. Lula não vai desprezá-la, claro, mas conhece as dificuldades.
O presidente vai defender com entusiasmo, ânimo, convicção o seu governo da estagnação e da óbvia regressão em todos os quesitos que tornariam o país mais apto a ter um melhor futuro. A começar das instituições — o que também é um caso de polícia.
[reinaldo@primeiraleitura.com.br]
De um caso de política a um caso de polícia (ou muitos), bastou ao PT um mandato na Presidência da República. Lula se quer melhor do que todos os governos havidos e somados desde Cabral. Com efeito, fizeram-se 500 anos em três. Quem lê a peça acusatória do procurador-geral da República conclui que o partido aprendeu bem depressa todas as lambanças que “as elite” faziam e ainda acrescentou um tanto de originalidade. Os petistas que reclamam de perseguição têm toda razão: só porque o partido se dizia dos trabalhadores, vai ter de ser até honesto? Tenham paciência! A ser realmente verdade que o país era espoliado havia 500 anos, justo quando chega a hora dos “companheiros”, vêm esses moralistas querendo botar ordem na orgia? Ora, é preciso ter mais ética na esculhambação.
A seqüência acima, vazada com sarcasmo (com freqüência, é preciso explicar piada...), por mais absurda que pareça, é, sem tirar nem pôr, uma versão alongada do mantra petista: “Fizemos o que todo mundo sempre fez”. Já se observou aqui que tal tese é, obviamente, mentirosa. Nunca, antes, um governo ou partido havia tentado criar um Estado paralelo. Houve, durante a ditadura militar, os porões do regime, o Estado marginal, delinqüente, que se movia nas sombras. Mas ele nunca ambicionou se institucionalizar ou assumir a estatura de uma teoria política. Quando alguns espertalhões se arriscaram a tanto, foram contidos pelos próprios pares.
O padrão petista de governo está dado. É isso aí que estamos vendo: uma sociedade permanentemente mobilizada em torno de falsas questões, sem jamais sair do lugar, avançando, eventualmente, aqui e ali: ou em áreas que estão descoladas da iniciativa oficial — as exportações, por exemplo, que obedecem a uma demanda mundial — ou em outras cujo rigor técnico é exercido até a despeito do governo, não por causa dele: nesse caso, menciono a disciplina fiscal. Disciplina que, diga-se, já está indo para as cucuias. Olhem os gastos públicos destes primeiros quase quatro meses. Já estão fora de controle. A seguir nesse ritmo, não se vai fazer o superávit de 4,25%.
O mais é puro deserto. Ou pior: estamos andando é para trás. Não obstante, a gritaria é grande, o que dá a impressão de uma sociedade altiva, forte, mobilizada, estimulada a avançar e a crescer. É mentira. A resposta que Lula deu à pobreza e à distribuição de renda é o Bolsa Família, um programa meramente compensatório. Sim, é fato, caso vença um nome da oposição, eliminá-lo por ato de ofício seria um crime. Mantê-lo como está, outro. Chegaremos a 11 milhões de famílias atendidas pelo programa — estima-se que isso some mais de 40 milhões de pessoas (quase 23% da população) — porque o crescimento da economia é medíocre.
Crescimento, riqueza e trabalho geram cidadãos livres. Medidas compensatórias foram pensadas por economias que fizeram choques de produtividade — de caráter liberal — para criar uma rede de proteção aos que acabam ficando à margem do mercado. Quando dão certo, tais choques levam a um boom de crescimento e produtividade. Se essa assistência se converte em um fim, combinado com uma economia estagnada — na média, é o que se tem —, então é o pior dos mundos. O governo FHC não atrelou os vários programas ao proselitismo eleitoral. Há quem ache, até hoje, que foi um erro. Do ponto de vista eleitoreiro, pode ter sido. No que respeita ao aprumo ético, foi um acerto. Antes daquele jeito do que agora.
Regrediu-se miseravelmente na educação universitária, com os populistas e mal pensados ProUni e cotas universitárias. Por que uma afirmação tão peremptória? Porque é evidente que se fez uma aposta na multiplicação do número de vagas universitárias sem nenhuma preocupação — a mais remota que fosse — com a qualidade. Pior: o ProUni, em particular, nada mais é do que a transferência de recursos da educação pública para faculdades privadas, hoje desobrigadas de qualquer compromisso com a excelência, depois das mudanças efetuadas no tal Provão. Lula precisa é de votos. Quem precisa de universidade que preste é o Brasil.
No campo, o governo do PT semeou ilegalidades, invasões, colheu o assombroso crescimento de mortes em confrontos supostamente agrários e está dando a sua inestimável colaboração à crise do agronegócio, que foi, literalmente, a salvação da lavoura de seu primeiro e segundo anos de governo. Nas cidades, para as quais ele criou até um ridículo ministério, não se conseguiu coordenar uma miserável ação de governo voltada para alguma forma de reforma urbana — um problema dos Estados e dos municípios, é verdade, mas que não terá equacionamento sem o concurso do governo federal. A insegurança pública degenera em situações reais de guerra. E também esse tema ficou para as calendas. Márcio Thomaz Bastos, quando não estava enroscado com quebras de sigilo, dedicava-se a criar operações espetaculares da Polícia Federal para provar que os ricos também pagam o pato.
Não obstante, teremos em breve a propaganda oficial nos indagando a todos se vivemos melhor ou pior do que antes do governo Lula. Quem vive dos juros reais mais altos do mundo vai dizer, claro, que vive hoje muito melhor. Os pobres, sem perspectiva de deixar de sê-lo, sob o impacto da propaganda e sem condições de saber o que os espera, também poderão dar essa resposta. O real valorizado aumentou o poder de compra das pessoas de baixa renda, embora vá cobrar a sua fatura mais adiante. A classe média está mais ou menos entregue à oposição. Lula não vai desprezá-la, claro, mas conhece as dificuldades.
O presidente vai defender com entusiasmo, ânimo, convicção o seu governo da estagnação e da óbvia regressão em todos os quesitos que tornariam o país mais apto a ter um melhor futuro. A começar das instituições — o que também é um caso de polícia.
[reinaldo@primeiraleitura.com.br]
Não seja um canalha: jamais esteja 100% certo
Por: Reinaldo Azevedo
Há uma perspectiva nesse escândalo todo protagonizado pelo PT que não foi até agora observada e que, entendo, é, de todas, a mais preocupante: o sistema político que temos se mostrou absolutamente poroso ao tipo de invasão que o petismo promoveu. Estava e está despreparado para se proteger dessa forma de assalto à legalidade e à institucionalidade. Já se escreveu aqui e se vai repetir quantas vezes for necessário fazê-lo: não fossem as duas entrevistas de Roberto Jefferson a Renata Lo Prete, a crítica ao caráter autoritário do partido e à sua visão de mundo totalitária estaria restrita a alguns articulistas, a alguns círculos e a alguns veículos — este Primeira Leitura entre eles. Mas não teria chegado à grande imprensa com certeza. Embora este site tenha tido em março 2,2 milhões de page views e se possa amá-lo ou odiá-lo, mas não ignorá-lo, é certo que sua influência é mais forte num nicho de pensamento e do leitorado: o dos muito informados.
Lembro-me de que, nos dias que se seguiram à primeira entrevista, alguns coleguinhas jornalistas torceram o nariz: “Esse Jefferson não é de confiança”. Não duvido que muitos, se lhes fosse dado escolher, talvez tivessem até amoitado a entrevista. Devemos uma boa fatia da história que conhecemos à jornalista. Mas, é claro, a natureza do PT, mesmo sem o conhecimento daqueles casos escabrosos, já tinha sido abordada. E a reação era sempre a mesma: incredulidade, desconfiança e até um certo rancor, este também derivado da óbvia simpatia de boa parte dos jornalistas, ainda hoje, pelo partido. É um mal que carregam da universidade, onde praticamente só têm aulas com professores de esquerda (em nome da pluralidade, é claro!), para as redações. Até que se livrem da canga, vai um certo tempo.
Mesmo entre intelectuais e políticos que não gostam do PT, a crítica mais severa ao partido, precisamente aquela voltada para sua concepção totalitária, era repudiada. Encontrei em epígrafe no excelente The Captive Mind, de Czeslaw Milosz, um ditado atribuído a um velho judeu da Galícia: “Quando alguém está 55% certo, isso é muito bom e não há discussão. Se alguém está 60% certo, isso é maravilhoso, é uma grande sorte, ele que agradeça a Deus. Mas o que dizer sobre alguém estar 75% certo? Os prudentes já acham isso suspeito. Bem, e sobre estar 100% certo? Quem quer que diga que está 100% é um fanático, um facínora, o pior tipo de velhaco”.
O texto, claro, deve ser entendido na sua vertente irônica. Vivemos dias em que só a morte da convicção sobrevive, em que ter certezas é considerado um ato arrogante, quase criminoso. Para defender a democracia, é preciso antes relativizar a sua universalidade, quase pedindo desculpas por achar, vejam só, que é mesmo um modo superior e melhor de organizar a sociedade. Para apontar o caráter regressivo do islamismo, é preciso acertar as contas com o colonialismo europeu dos séculos 19 e 20; para censurar os ataques terroristas de palestinos, diga, antes, que você, obviamente, defende um Estado autônomo e a saída de Israel da Cisjordânia — reconhecendo, então, como um estúpido óbvio, que o terror é uma forma legítima de luta. Vale dizer: demonstre que você está, no máximo, 60% convicto de suas idéias. Não seja jamais um canalha, um velhaco: duvide sempre de si mesmo, não por método, mas porque a certeza ofende. Se debaterem eutanásia e você for contra, jamais diga de cara: “Sou contra”. Comece por buscar circunstâncias e situações em que ela seria admissível. Em suma, a regra é negar-se para ser aceito.
Por que se escreve isso aqui? Você tem idéia, leitor, de quantas foram as vezes em que acusaram o nosso fanatismo e o nosso “antipetismo”? E sempre o fizeram justamente quando apontávamos, ainda sem ver e sem saber, o que o procurador-geral da República apontou porque viu e soube? A explicação foi dada aqui há dois dias: não existe ato criminoso se não existe uma idéia criminosa que lhe dê suporte. Ah, mas se criticava o nosso radicalismo, essa mania de, em muitos casos e temas, demonstrarmos não 55%, não 60%, nem mesmo os suspeitos 75%, mas os insuportáveis 100% de convicção. Se fôssemos ao menos mais humildes...
Porque muitos consideravam que o “petismo” era uma categoria de pensamento, achavam que o nosso suposto “antipetismo” era uma profissão. Não era. Não é. O PT é que é, isto sim, a manifestação mais saliente, importante e organizada para tentar dar um by pass na democracia. Isso estava e está em sua história, em sua visão de mundo, na descarada adoção do presente eterno como seu único norte ético. O truque retórico sempre foi o mais sujo possível. Quando se escrevia aqui que Lula se orgulhava (e se orgulha) de sua ignorância, então exercíamos preconceito de classe, como se o dito-cujo fosse “a” classe. Hoje, quando se fala em “organização criminosa”, alguns vêem uma forma de macarthismo — porque, claro, só se pode criticar o PT se você exerce alguma forma de intolerância.
Um monte de gente caiu e cai nessa conversa, especialmente na imprensa. Alguns, tentando reinventar o passado, dizem até que havia um enorme preconceito contra Lula e, na verdade, não é que defendessem a sua candidatura: combatiam era aquela má consciência. Que preconceito? Criticar em 1989, 1994 ou 1998 um partido que se dizia socialista e que defendia a “ruptura” com “a ordem vigente” (qual?) era preconceito ou sensatez? Claro, tudo dependia do entendimento que se tivesse da democracia.
Volto ao ponto. Continuo interessado em saber como é que podemos tornar a democracia brasileira impermeável à sanha dos que querem assaltá-la. Esse é o debate que me interessa.
[reinaldo@primeiraleitura.com.br]
Há uma perspectiva nesse escândalo todo protagonizado pelo PT que não foi até agora observada e que, entendo, é, de todas, a mais preocupante: o sistema político que temos se mostrou absolutamente poroso ao tipo de invasão que o petismo promoveu. Estava e está despreparado para se proteger dessa forma de assalto à legalidade e à institucionalidade. Já se escreveu aqui e se vai repetir quantas vezes for necessário fazê-lo: não fossem as duas entrevistas de Roberto Jefferson a Renata Lo Prete, a crítica ao caráter autoritário do partido e à sua visão de mundo totalitária estaria restrita a alguns articulistas, a alguns círculos e a alguns veículos — este Primeira Leitura entre eles. Mas não teria chegado à grande imprensa com certeza. Embora este site tenha tido em março 2,2 milhões de page views e se possa amá-lo ou odiá-lo, mas não ignorá-lo, é certo que sua influência é mais forte num nicho de pensamento e do leitorado: o dos muito informados.
Lembro-me de que, nos dias que se seguiram à primeira entrevista, alguns coleguinhas jornalistas torceram o nariz: “Esse Jefferson não é de confiança”. Não duvido que muitos, se lhes fosse dado escolher, talvez tivessem até amoitado a entrevista. Devemos uma boa fatia da história que conhecemos à jornalista. Mas, é claro, a natureza do PT, mesmo sem o conhecimento daqueles casos escabrosos, já tinha sido abordada. E a reação era sempre a mesma: incredulidade, desconfiança e até um certo rancor, este também derivado da óbvia simpatia de boa parte dos jornalistas, ainda hoje, pelo partido. É um mal que carregam da universidade, onde praticamente só têm aulas com professores de esquerda (em nome da pluralidade, é claro!), para as redações. Até que se livrem da canga, vai um certo tempo.
Mesmo entre intelectuais e políticos que não gostam do PT, a crítica mais severa ao partido, precisamente aquela voltada para sua concepção totalitária, era repudiada. Encontrei em epígrafe no excelente The Captive Mind, de Czeslaw Milosz, um ditado atribuído a um velho judeu da Galícia: “Quando alguém está 55% certo, isso é muito bom e não há discussão. Se alguém está 60% certo, isso é maravilhoso, é uma grande sorte, ele que agradeça a Deus. Mas o que dizer sobre alguém estar 75% certo? Os prudentes já acham isso suspeito. Bem, e sobre estar 100% certo? Quem quer que diga que está 100% é um fanático, um facínora, o pior tipo de velhaco”.
O texto, claro, deve ser entendido na sua vertente irônica. Vivemos dias em que só a morte da convicção sobrevive, em que ter certezas é considerado um ato arrogante, quase criminoso. Para defender a democracia, é preciso antes relativizar a sua universalidade, quase pedindo desculpas por achar, vejam só, que é mesmo um modo superior e melhor de organizar a sociedade. Para apontar o caráter regressivo do islamismo, é preciso acertar as contas com o colonialismo europeu dos séculos 19 e 20; para censurar os ataques terroristas de palestinos, diga, antes, que você, obviamente, defende um Estado autônomo e a saída de Israel da Cisjordânia — reconhecendo, então, como um estúpido óbvio, que o terror é uma forma legítima de luta. Vale dizer: demonstre que você está, no máximo, 60% convicto de suas idéias. Não seja jamais um canalha, um velhaco: duvide sempre de si mesmo, não por método, mas porque a certeza ofende. Se debaterem eutanásia e você for contra, jamais diga de cara: “Sou contra”. Comece por buscar circunstâncias e situações em que ela seria admissível. Em suma, a regra é negar-se para ser aceito.
Por que se escreve isso aqui? Você tem idéia, leitor, de quantas foram as vezes em que acusaram o nosso fanatismo e o nosso “antipetismo”? E sempre o fizeram justamente quando apontávamos, ainda sem ver e sem saber, o que o procurador-geral da República apontou porque viu e soube? A explicação foi dada aqui há dois dias: não existe ato criminoso se não existe uma idéia criminosa que lhe dê suporte. Ah, mas se criticava o nosso radicalismo, essa mania de, em muitos casos e temas, demonstrarmos não 55%, não 60%, nem mesmo os suspeitos 75%, mas os insuportáveis 100% de convicção. Se fôssemos ao menos mais humildes...
Porque muitos consideravam que o “petismo” era uma categoria de pensamento, achavam que o nosso suposto “antipetismo” era uma profissão. Não era. Não é. O PT é que é, isto sim, a manifestação mais saliente, importante e organizada para tentar dar um by pass na democracia. Isso estava e está em sua história, em sua visão de mundo, na descarada adoção do presente eterno como seu único norte ético. O truque retórico sempre foi o mais sujo possível. Quando se escrevia aqui que Lula se orgulhava (e se orgulha) de sua ignorância, então exercíamos preconceito de classe, como se o dito-cujo fosse “a” classe. Hoje, quando se fala em “organização criminosa”, alguns vêem uma forma de macarthismo — porque, claro, só se pode criticar o PT se você exerce alguma forma de intolerância.
Um monte de gente caiu e cai nessa conversa, especialmente na imprensa. Alguns, tentando reinventar o passado, dizem até que havia um enorme preconceito contra Lula e, na verdade, não é que defendessem a sua candidatura: combatiam era aquela má consciência. Que preconceito? Criticar em 1989, 1994 ou 1998 um partido que se dizia socialista e que defendia a “ruptura” com “a ordem vigente” (qual?) era preconceito ou sensatez? Claro, tudo dependia do entendimento que se tivesse da democracia.
Volto ao ponto. Continuo interessado em saber como é que podemos tornar a democracia brasileira impermeável à sanha dos que querem assaltá-la. Esse é o debate que me interessa.
[reinaldo@primeiraleitura.com.br]
sábado, abril 15, 2006
Ex-corregedor da Câmara sob suspeita
Por: Hugo Marques
Documento da CPI dos Correios diz que assessor de Luiz Piauhylino é ''suposto beneficiário'' do valerioduto
BRASÍLIA - A CPI dos Correios enviou ao Ministério Público uma lista com os nomes de 24 servidores do Congresso sobre os quais há suspeitas de serem também beneficiários de parte do dinheiro repassado pelas empresas e funcionários de Marcos Valério Fernandes de Souza, o operador do mensalão. Entre essas pessoas, que deverão ser investigadas pelo MP e pela Polícia Federal, está Airon Hamilton Vasconcelos, assessor do ex-corregedor da Câmara, Luiz Piauhylino (PDT-PE).
O nome de Airon já tinha havia divulgado como suspeito de receber o mensalão, mas a CPI conseguiu levantar novos indícios que comprometeriam o assessor de Piauhylino. É que Airan esteve 29 vezes na sede do Banco Rural, em Brasília, nos dias em que os funcionários e as empresas de Marcos Valério sacaram um total de R$ 2,2 milhões.
Não há confirmação de que alguns dos saques tenham sido embolsados pelos assessores ou pelos parlamentares com os quais trabalhavam. Mas o envio da lista ao Ministério Público e à Polícia Federal abre um novo horizonte de investigação, com base em uma tabela detalhada sobre ''dados da movimentação financeira suspeita''.
A justificativa apresentada no ano passado por Piauhylino foi a de que seu assessor teria ido várias vezes no Rural porque era síndico de um prédio que tinha conta no banco. O documento que a CPI enviou ao Ministério Público trata Airon como ''suposto beneficiário'' e coloca Piauhylino como sua ''relação parlamentar''.
Piauhylino é o mesmo que engavetou a investigação do mensalão, quando o Jornal do Brasil denunciou o esquema corrupto em setembro de 2004. Na época, o deputado era o corregedor da Câmara, e disse ter arquivado a investigação porque o autor da denúncia, deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), não confirmou a existência do esquema. Os dois parlamentares estão hoje no mesmo partido. O celular de Piauhylino não atendia chamadas ontem.
A lista de servidores suspeitos inclui Cláudia Luíza de Morais, que trabalha com o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE). A lista que a CPI enviou ao MP mostra que Cláudia esteve pelo menos 23 vezes na agência do Banco Rural em Brasília, nos mesmos dias em que foram sacados R$ 2,7 milhões nas contas de Marcos Valério. No ano passado, Cláudia explicou que ia freqüentemente ao Rural para realizar operações bancárias do consultório dentário do ex-marido.
Outra servidora na lista dos supostos beneficiários é Silvana Paz Japiassu, que trabalhava com o então presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP). A lista mostra que no mesmo dia em que ela esteve no Banco Rural foi registrada operação de R$ 30 mil da empresa de Valério.
A lista da CPI tem ainda os nomes de assessores dos deputados João Mendes (PSL-RJ), Nilton Baiano (PP-ES), Benedito Lira (PP-AL), e Bispo Wanderval (PL-SP). O assessor Renato Paoliello, que trabalha com o deputado Nilton Baiano, aparece na lista como suposto beneficiário de saque de R$ 100 mil da corretora Euro. Renato alegou no início do ano ter prestado serviços à corretora.
O MP e a PF tratam a investigação do mensalão em total sigilo. Os procuradores e delegados não querem detalhar as investigações que deverão ser feitas. Os parlamentares da CPI desconfiam da exagerada freqüência de funcionários de deputados à agência do Banco Rural.
A agência fica no prédio de um shopping center a cinco quilômetros do Congresso. Os servidores do Legislativo recebem seus salários em contas do Banco do Brasil, que tem agências na Câmara e no Senado. A maioria dos saques feitos na agência do Rural tinha a participação de Simone Reis Vasconcelos, funcionária da SMP&B, e de Cristiano Paz, sócio de Valério.
Na terça-feira, o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, denunciou 40 políticos, empresários, banqueiros e pessoas envolvidas com o mensalão. Novas denúncias devem ser apresentadas ao Supremo Tribunal Federal.
Fonte: JBOnline
Documento da CPI dos Correios diz que assessor de Luiz Piauhylino é ''suposto beneficiário'' do valerioduto
BRASÍLIA - A CPI dos Correios enviou ao Ministério Público uma lista com os nomes de 24 servidores do Congresso sobre os quais há suspeitas de serem também beneficiários de parte do dinheiro repassado pelas empresas e funcionários de Marcos Valério Fernandes de Souza, o operador do mensalão. Entre essas pessoas, que deverão ser investigadas pelo MP e pela Polícia Federal, está Airon Hamilton Vasconcelos, assessor do ex-corregedor da Câmara, Luiz Piauhylino (PDT-PE).
O nome de Airon já tinha havia divulgado como suspeito de receber o mensalão, mas a CPI conseguiu levantar novos indícios que comprometeriam o assessor de Piauhylino. É que Airan esteve 29 vezes na sede do Banco Rural, em Brasília, nos dias em que os funcionários e as empresas de Marcos Valério sacaram um total de R$ 2,2 milhões.
Não há confirmação de que alguns dos saques tenham sido embolsados pelos assessores ou pelos parlamentares com os quais trabalhavam. Mas o envio da lista ao Ministério Público e à Polícia Federal abre um novo horizonte de investigação, com base em uma tabela detalhada sobre ''dados da movimentação financeira suspeita''.
A justificativa apresentada no ano passado por Piauhylino foi a de que seu assessor teria ido várias vezes no Rural porque era síndico de um prédio que tinha conta no banco. O documento que a CPI enviou ao Ministério Público trata Airon como ''suposto beneficiário'' e coloca Piauhylino como sua ''relação parlamentar''.
Piauhylino é o mesmo que engavetou a investigação do mensalão, quando o Jornal do Brasil denunciou o esquema corrupto em setembro de 2004. Na época, o deputado era o corregedor da Câmara, e disse ter arquivado a investigação porque o autor da denúncia, deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), não confirmou a existência do esquema. Os dois parlamentares estão hoje no mesmo partido. O celular de Piauhylino não atendia chamadas ontem.
A lista de servidores suspeitos inclui Cláudia Luíza de Morais, que trabalha com o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE). A lista que a CPI enviou ao MP mostra que Cláudia esteve pelo menos 23 vezes na agência do Banco Rural em Brasília, nos mesmos dias em que foram sacados R$ 2,7 milhões nas contas de Marcos Valério. No ano passado, Cláudia explicou que ia freqüentemente ao Rural para realizar operações bancárias do consultório dentário do ex-marido.
Outra servidora na lista dos supostos beneficiários é Silvana Paz Japiassu, que trabalhava com o então presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP). A lista mostra que no mesmo dia em que ela esteve no Banco Rural foi registrada operação de R$ 30 mil da empresa de Valério.
A lista da CPI tem ainda os nomes de assessores dos deputados João Mendes (PSL-RJ), Nilton Baiano (PP-ES), Benedito Lira (PP-AL), e Bispo Wanderval (PL-SP). O assessor Renato Paoliello, que trabalha com o deputado Nilton Baiano, aparece na lista como suposto beneficiário de saque de R$ 100 mil da corretora Euro. Renato alegou no início do ano ter prestado serviços à corretora.
O MP e a PF tratam a investigação do mensalão em total sigilo. Os procuradores e delegados não querem detalhar as investigações que deverão ser feitas. Os parlamentares da CPI desconfiam da exagerada freqüência de funcionários de deputados à agência do Banco Rural.
A agência fica no prédio de um shopping center a cinco quilômetros do Congresso. Os servidores do Legislativo recebem seus salários em contas do Banco do Brasil, que tem agências na Câmara e no Senado. A maioria dos saques feitos na agência do Rural tinha a participação de Simone Reis Vasconcelos, funcionária da SMP&B, e de Cristiano Paz, sócio de Valério.
Na terça-feira, o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, denunciou 40 políticos, empresários, banqueiros e pessoas envolvidas com o mensalão. Novas denúncias devem ser apresentadas ao Supremo Tribunal Federal.
Fonte: JBOnline
Ex-corregedor da Câmara sob suspeita
Por: Hugo Marques
Documento da CPI dos Correios diz que assessor de Luiz Piauhylino é ''suposto beneficiário'' do valerioduto
BRASÍLIA - A CPI dos Correios enviou ao Ministério Público uma lista com os nomes de 24 servidores do Congresso sobre os quais há suspeitas de serem também beneficiários de parte do dinheiro repassado pelas empresas e funcionários de Marcos Valério Fernandes de Souza, o operador do mensalão. Entre essas pessoas, que deverão ser investigadas pelo MP e pela Polícia Federal, está Airon Hamilton Vasconcelos, assessor do ex-corregedor da Câmara, Luiz Piauhylino (PDT-PE).
O nome de Airon já tinha havia divulgado como suspeito de receber o mensalão, mas a CPI conseguiu levantar novos indícios que comprometeriam o assessor de Piauhylino. É que Airan esteve 29 vezes na sede do Banco Rural, em Brasília, nos dias em que os funcionários e as empresas de Marcos Valério sacaram um total de R$ 2,2 milhões.
Não há confirmação de que alguns dos saques tenham sido embolsados pelos assessores ou pelos parlamentares com os quais trabalhavam. Mas o envio da lista ao Ministério Público e à Polícia Federal abre um novo horizonte de investigação, com base em uma tabela detalhada sobre ''dados da movimentação financeira suspeita''.
A justificativa apresentada no ano passado por Piauhylino foi a de que seu assessor teria ido várias vezes no Rural porque era síndico de um prédio que tinha conta no banco. O documento que a CPI enviou ao Ministério Público trata Airon como ''suposto beneficiário'' e coloca Piauhylino como sua ''relação parlamentar''.
Piauhylino é o mesmo que engavetou a investigação do mensalão, quando o Jornal do Brasil denunciou o esquema corrupto em setembro de 2004. Na época, o deputado era o corregedor da Câmara, e disse ter arquivado a investigação porque o autor da denúncia, deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), não confirmou a existência do esquema. Os dois parlamentares estão hoje no mesmo partido. O celular de Piauhylino não atendia chamadas ontem.
A lista de servidores suspeitos inclui Cláudia Luíza de Morais, que trabalha com o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE). A lista que a CPI enviou ao MP mostra que Cláudia esteve pelo menos 23 vezes na agência do Banco Rural em Brasília, nos mesmos dias em que foram sacados R$ 2,7 milhões nas contas de Marcos Valério. No ano passado, Cláudia explicou que ia freqüentemente ao Rural para realizar operações bancárias do consultório dentário do ex-marido.
Outra servidora na lista dos supostos beneficiários é Silvana Paz Japiassu, que trabalhava com o então presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP). A lista mostra que no mesmo dia em que ela esteve no Banco Rural foi registrada operação de R$ 30 mil da empresa de Valério.
A lista da CPI tem ainda os nomes de assessores dos deputados João Mendes (PSL-RJ), Nilton Baiano (PP-ES), Benedito Lira (PP-AL), e Bispo Wanderval (PL-SP). O assessor Renato Paoliello, que trabalha com o deputado Nilton Baiano, aparece na lista como suposto beneficiário de saque de R$ 100 mil da corretora Euro. Renato alegou no início do ano ter prestado serviços à corretora.
O MP e a PF tratam a investigação do mensalão em total sigilo. Os procuradores e delegados não querem detalhar as investigações que deverão ser feitas. Os parlamentares da CPI desconfiam da exagerada freqüência de funcionários de deputados à agência do Banco Rural.
A agência fica no prédio de um shopping center a cinco quilômetros do Congresso. Os servidores do Legislativo recebem seus salários em contas do Banco do Brasil, que tem agências na Câmara e no Senado. A maioria dos saques feitos na agência do Rural tinha a participação de Simone Reis Vasconcelos, funcionária da SMP&B, e de Cristiano Paz, sócio de Valério.
Na terça-feira, o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, denunciou 40 políticos, empresários, banqueiros e pessoas envolvidas com o mensalão. Novas denúncias devem ser apresentadas ao Supremo Tribunal Federal.
Fonte: JBOnline
Documento da CPI dos Correios diz que assessor de Luiz Piauhylino é ''suposto beneficiário'' do valerioduto
BRASÍLIA - A CPI dos Correios enviou ao Ministério Público uma lista com os nomes de 24 servidores do Congresso sobre os quais há suspeitas de serem também beneficiários de parte do dinheiro repassado pelas empresas e funcionários de Marcos Valério Fernandes de Souza, o operador do mensalão. Entre essas pessoas, que deverão ser investigadas pelo MP e pela Polícia Federal, está Airon Hamilton Vasconcelos, assessor do ex-corregedor da Câmara, Luiz Piauhylino (PDT-PE).
O nome de Airon já tinha havia divulgado como suspeito de receber o mensalão, mas a CPI conseguiu levantar novos indícios que comprometeriam o assessor de Piauhylino. É que Airan esteve 29 vezes na sede do Banco Rural, em Brasília, nos dias em que os funcionários e as empresas de Marcos Valério sacaram um total de R$ 2,2 milhões.
Não há confirmação de que alguns dos saques tenham sido embolsados pelos assessores ou pelos parlamentares com os quais trabalhavam. Mas o envio da lista ao Ministério Público e à Polícia Federal abre um novo horizonte de investigação, com base em uma tabela detalhada sobre ''dados da movimentação financeira suspeita''.
A justificativa apresentada no ano passado por Piauhylino foi a de que seu assessor teria ido várias vezes no Rural porque era síndico de um prédio que tinha conta no banco. O documento que a CPI enviou ao Ministério Público trata Airon como ''suposto beneficiário'' e coloca Piauhylino como sua ''relação parlamentar''.
Piauhylino é o mesmo que engavetou a investigação do mensalão, quando o Jornal do Brasil denunciou o esquema corrupto em setembro de 2004. Na época, o deputado era o corregedor da Câmara, e disse ter arquivado a investigação porque o autor da denúncia, deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), não confirmou a existência do esquema. Os dois parlamentares estão hoje no mesmo partido. O celular de Piauhylino não atendia chamadas ontem.
A lista de servidores suspeitos inclui Cláudia Luíza de Morais, que trabalha com o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE). A lista que a CPI enviou ao MP mostra que Cláudia esteve pelo menos 23 vezes na agência do Banco Rural em Brasília, nos mesmos dias em que foram sacados R$ 2,7 milhões nas contas de Marcos Valério. No ano passado, Cláudia explicou que ia freqüentemente ao Rural para realizar operações bancárias do consultório dentário do ex-marido.
Outra servidora na lista dos supostos beneficiários é Silvana Paz Japiassu, que trabalhava com o então presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP). A lista mostra que no mesmo dia em que ela esteve no Banco Rural foi registrada operação de R$ 30 mil da empresa de Valério.
A lista da CPI tem ainda os nomes de assessores dos deputados João Mendes (PSL-RJ), Nilton Baiano (PP-ES), Benedito Lira (PP-AL), e Bispo Wanderval (PL-SP). O assessor Renato Paoliello, que trabalha com o deputado Nilton Baiano, aparece na lista como suposto beneficiário de saque de R$ 100 mil da corretora Euro. Renato alegou no início do ano ter prestado serviços à corretora.
O MP e a PF tratam a investigação do mensalão em total sigilo. Os procuradores e delegados não querem detalhar as investigações que deverão ser feitas. Os parlamentares da CPI desconfiam da exagerada freqüência de funcionários de deputados à agência do Banco Rural.
A agência fica no prédio de um shopping center a cinco quilômetros do Congresso. Os servidores do Legislativo recebem seus salários em contas do Banco do Brasil, que tem agências na Câmara e no Senado. A maioria dos saques feitos na agência do Rural tinha a participação de Simone Reis Vasconcelos, funcionária da SMP&B, e de Cristiano Paz, sócio de Valério.
Na terça-feira, o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, denunciou 40 políticos, empresários, banqueiros e pessoas envolvidas com o mensalão. Novas denúncias devem ser apresentadas ao Supremo Tribunal Federal.
Fonte: JBOnline
ESCRAVIDÃO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS LIBERTADORES
Por: Jaques Jesus
Anexa é socializada versão digital de dissertação de Mestrado em Psicologia Social sobre pessoas que libertam escravos no Brasil contemporâneo.
Dissertação sobre Trabalho Escravo no Brasil Contemporâneo -
No Brasil contemporâneo permanecem relações escravocratas, especialmente no meio rural. Apresenta-se o resultado de pesquisa com 15 sujeitos, por meio de entrevistas semi-estruturadas interpretadas pela análise de conteúdo clássica e pelo software ALCESTE, sobre as representações sociais de pessoas que libertam escravos, no Brasil contemporâneo, sobre o sentido desse abuso da cidadania e dos direitos fundamentais às margens do mercado laboral globalizado. Como resultado da pesquisa, supõe-se que a representação social do trabalho de libertar escravos tem três tipos de ancoragens, elementos que orientam e norteiam a representação social para que sua força mobilizadora não perca o sentido, possa manter-se relativamente estável durante um certo período de tempo e seja percebida como legítima: a ancoragem do bem (no libertador), a ancoragem do mal (na estrutura escravista) e a ancoragem da necessidade (no trabalhador escravo); a ideologia permeia todos os elementos cognitivos e afetivos que ancoram a representação social. Os libertadores de escravos no Brasil contemporâneo trabalham para combater a contradição entre a humanidade dos escravos e a forma como a realidade trata essas pessoas. O libertador depende da libertação do escravo para se libertar do sofrimento no seu trabalho.
Email:: jaquesjesus@yahoo.com
© Copyleft http://www.midiaindependente.org:É livre a reprodução para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.
Anexa é socializada versão digital de dissertação de Mestrado em Psicologia Social sobre pessoas que libertam escravos no Brasil contemporâneo.
Dissertação sobre Trabalho Escravo no Brasil Contemporâneo -
No Brasil contemporâneo permanecem relações escravocratas, especialmente no meio rural. Apresenta-se o resultado de pesquisa com 15 sujeitos, por meio de entrevistas semi-estruturadas interpretadas pela análise de conteúdo clássica e pelo software ALCESTE, sobre as representações sociais de pessoas que libertam escravos, no Brasil contemporâneo, sobre o sentido desse abuso da cidadania e dos direitos fundamentais às margens do mercado laboral globalizado. Como resultado da pesquisa, supõe-se que a representação social do trabalho de libertar escravos tem três tipos de ancoragens, elementos que orientam e norteiam a representação social para que sua força mobilizadora não perca o sentido, possa manter-se relativamente estável durante um certo período de tempo e seja percebida como legítima: a ancoragem do bem (no libertador), a ancoragem do mal (na estrutura escravista) e a ancoragem da necessidade (no trabalhador escravo); a ideologia permeia todos os elementos cognitivos e afetivos que ancoram a representação social. Os libertadores de escravos no Brasil contemporâneo trabalham para combater a contradição entre a humanidade dos escravos e a forma como a realidade trata essas pessoas. O libertador depende da libertação do escravo para se libertar do sofrimento no seu trabalho.
Email:: jaquesjesus@yahoo.com
© Copyleft http://www.midiaindependente.org:É livre a reprodução para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.
.Delegado barrado por exame de sexualidade
Por: Correio Braziliense
Em pleno Século XXI, no Brasil ainda existe discriminação contra pessoas homossexuais e bissexuais, de tal modo que mesmo pessoas heterossexuais são discriminadas por não se enquadrarem no perfil machista e homofóbico imposto por instituições como a da segurança pública.
Delegado barrado por exame de sexualidade Reconhecido pelo trabalho de combate ao crime organizado, investigador luta para conseguir nomeação na Polícia Federal -------------------------------------------------------------------------------- Ana D´Angelo Do Estado de Minas Zuleika de Souza/CB/31.3.06 Badenes está no programa de proteção a testemunhas do governo federal: ameaças de morte Após dois anos de análise e seguidas recomendações de parlamentares, membros do Ministério Público Federal e até da Advocacia-Geral da União, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, negou-se a nomear Francisco Badenes Junior para delegado da Polícia Federal. Premiado diversas vezes no Brasil e no exterior pelo combate ao crime organizado no Espírito Santo, Badenes, delegado da Polícia Civil concursado, foi aprovado em todas as provas de conhecimentos do concurso da Polícia Federal realizado em 1993. Mas não passou na segunda etapa do teste psicotécnico. O laudo do exame concluiu que Badenes não tinha temperamento adequado para ser delegado da PF por não atender a média nas escalas de determinados atributos, entre eles, o de heterossexualidade. Badenes pediu ao ministro Bastos a reconsideração da decisão do governo Fernando Henrique Cardoso, que indeferiu os dois recursos administrativos que interpôs. O ministro da Justiça informou que vai esperar a decisão definitiva da Justiça sobre o caso. Além do procedimento administrativo, Badenes também recorreu ao Judiciário questionando o resultado do teste. A Comissão Nacional de Defesa e Proteção da Pessoa Humana, vinculada ao ministério de Bastos, também recomendou a posse. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região se manifestou favorável a Badenes em recurso julgado no final do ano passado, reconhecendo seu direito, mas, por questão processual, decidiu que cabe ao juiz de primeira instância determinar a posse de Badenes. Ele agora aguarda pelo deferimento de uma liminar. Escala duvidosa De acordo com o laudo do exame psicotécnico da Polícia Federal, Badenes, que já havia passado em concurso para delegado da Polícia Civil, é inapto para a função. Relatório recente da própria PF sobre o caso, de agosto do ano passado, tentou explicar a reprovação de Badenes, que é heterossexual: “A escala de heterossexualidade tende a mensurar a quantidade de energia que o indivíduo desprende para o sexo e a direção dessa canalização energética em termos psíquicos. Esse dado é necessário, pois complementa outros que analisam a energia vital do indivíduo, bem como sua pré-disposição para o trabalho, persistência, produtividade e resistência à fadiga e frustração”. Conforme o documento da PF, “o fator heterossexualidade estaria relacionado ao fator persistência”. Ou seja, para os critérios da Polícia Federal, o indivíduo homossexual seria mais fraco na função de policial. Questionada, a direção da PF assegurou que não há restrição quanto à opção sexual dos candidatos e que o fator heterossexualidade — exclusivamente ou somado a outros fatores — não é causa de inaptidão. O resultado do teste caiu na época como um salvo-conduto nas mãos das autoridades do Espírito Santo envolvidas em denúncias graves de homicídios, contrabandos e outros crimes. No Espírito Santo, o crime organizado infiltrou-se no aparato estatal e virou uma associação criminosa de bicheiros, traficantes, políticos, juízes, advogados, policiais (inclusive da Polícia Federal), entre outros agentes públicos. ARBITRARIEDADE O Conselho Federal de Psicologia do Distrito Federal informou que o chamado EPPS, aplicado pela Polícia Federal no concurso realizado em 1993, é considerado um teste sem condições de uso para avaliação psicológica no Brasil. A partir de 1993, começou a funcionar o Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (Satepsi), conforme resolução do conselho, para impedir que testes psicológicos sejam utilizados arbitrariamente. De acordo com a presidente do Conselho, Ana Mercês Bahia, o teste deve possuir os requisitos mínimos de cientificidade. “O resultado da aplicação de um único teste psicológico não pode ser suficiente para afirmar certas características sobre a pessoa que está sendo avaliada.” (AD) -------------------------------------------------------------------------------- Perseguido por autoridades indiciadas Na época do concurso para delegado da Polícia Federal, Badenes investigava o extermínio de menores naquele estado e se defrontou com a famosa Scuderie Detetive Le Coq, da qual faziam parte membros do crime organizado. Badenes apurou as execuções sumárias de mais de 30 meninos de rua. Os cadáveres de crianças, entre 10 e 14 anos, eram expostos nas principais vias de acesso da capital, Vitória. Com o resultado do teste da Polícia Federal nas mãos, os acusados atacaram o delegado Badenes publicamente, em panfletos e jornais locais, desqualificando suas investigações. Ele foi chamado de louco e débil mental por figurões como o ex-presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo, o bicheiro José Carlos Gratz, que cumpre pena de 15 anos de prisão, e pelo ex-governador José Ignácio, que respondeu a processo por desvio de cerca de R$ 25 milhões dos cofres públicos e foi indiciado pela Missão Especial de Combate ao Crime Organizado, integrada por membros do Ministério da Justiça, Legislativo e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Desqualificação O resultado do laudo também tem sido usado nos processos judiciais dos membros do crime organizado para se defenderem das acusações feitas pelo Ministério Público, que se baseiam em investigações do delegado Badenes. Também chegou a ser exibido por Gratz para se defender na CPI do Narcotráfico, em 1999. “O inquérito que apurou grupos de extermínio de menores em Vitória gerou indiciamentos de policiais. Imagine o prejuízo para a denúncia o fato de se questionar as faculdades mentais da autoridade responsável pelo inquérito”, afirmou o procurador regional da República Ronaldo Albo, que ajuizou ação civil pública que resultou na dissolução da Scuderie Le Cocq, em novembro de 2004, com base no inquérito conduzido pelo delegado. “A dívida que o Espírito Santo tem com Badenes é impagável”, emociona-se o procurador. Jurado de morte pelo crime organizado do Espírito Santo, Badenes está hoje no Programa de Proteção a Testemunhas. Enquanto não toma posse, profere palestras e cursos para membros da Polícia Federal da Analyst´s Notebook, programa internacional de análise investigativa de visualização de dados complexos. (AD) Editora: Ana Paula Macedo// ana.paula@correioweb.com.br Subeditor: Olimpio Cruz e-mail : olimpio.cruz@correioweb.com.br Tels. 3214-1172
Email:: ana.paula@correioweb.com.br URL:: http://www.correioweb.com.br
© Copyleft http://www.midiaindependente.org:É livre a reprodução para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.
Em pleno Século XXI, no Brasil ainda existe discriminação contra pessoas homossexuais e bissexuais, de tal modo que mesmo pessoas heterossexuais são discriminadas por não se enquadrarem no perfil machista e homofóbico imposto por instituições como a da segurança pública.
Delegado barrado por exame de sexualidade Reconhecido pelo trabalho de combate ao crime organizado, investigador luta para conseguir nomeação na Polícia Federal -------------------------------------------------------------------------------- Ana D´Angelo Do Estado de Minas Zuleika de Souza/CB/31.3.06 Badenes está no programa de proteção a testemunhas do governo federal: ameaças de morte Após dois anos de análise e seguidas recomendações de parlamentares, membros do Ministério Público Federal e até da Advocacia-Geral da União, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, negou-se a nomear Francisco Badenes Junior para delegado da Polícia Federal. Premiado diversas vezes no Brasil e no exterior pelo combate ao crime organizado no Espírito Santo, Badenes, delegado da Polícia Civil concursado, foi aprovado em todas as provas de conhecimentos do concurso da Polícia Federal realizado em 1993. Mas não passou na segunda etapa do teste psicotécnico. O laudo do exame concluiu que Badenes não tinha temperamento adequado para ser delegado da PF por não atender a média nas escalas de determinados atributos, entre eles, o de heterossexualidade. Badenes pediu ao ministro Bastos a reconsideração da decisão do governo Fernando Henrique Cardoso, que indeferiu os dois recursos administrativos que interpôs. O ministro da Justiça informou que vai esperar a decisão definitiva da Justiça sobre o caso. Além do procedimento administrativo, Badenes também recorreu ao Judiciário questionando o resultado do teste. A Comissão Nacional de Defesa e Proteção da Pessoa Humana, vinculada ao ministério de Bastos, também recomendou a posse. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região se manifestou favorável a Badenes em recurso julgado no final do ano passado, reconhecendo seu direito, mas, por questão processual, decidiu que cabe ao juiz de primeira instância determinar a posse de Badenes. Ele agora aguarda pelo deferimento de uma liminar. Escala duvidosa De acordo com o laudo do exame psicotécnico da Polícia Federal, Badenes, que já havia passado em concurso para delegado da Polícia Civil, é inapto para a função. Relatório recente da própria PF sobre o caso, de agosto do ano passado, tentou explicar a reprovação de Badenes, que é heterossexual: “A escala de heterossexualidade tende a mensurar a quantidade de energia que o indivíduo desprende para o sexo e a direção dessa canalização energética em termos psíquicos. Esse dado é necessário, pois complementa outros que analisam a energia vital do indivíduo, bem como sua pré-disposição para o trabalho, persistência, produtividade e resistência à fadiga e frustração”. Conforme o documento da PF, “o fator heterossexualidade estaria relacionado ao fator persistência”. Ou seja, para os critérios da Polícia Federal, o indivíduo homossexual seria mais fraco na função de policial. Questionada, a direção da PF assegurou que não há restrição quanto à opção sexual dos candidatos e que o fator heterossexualidade — exclusivamente ou somado a outros fatores — não é causa de inaptidão. O resultado do teste caiu na época como um salvo-conduto nas mãos das autoridades do Espírito Santo envolvidas em denúncias graves de homicídios, contrabandos e outros crimes. No Espírito Santo, o crime organizado infiltrou-se no aparato estatal e virou uma associação criminosa de bicheiros, traficantes, políticos, juízes, advogados, policiais (inclusive da Polícia Federal), entre outros agentes públicos. ARBITRARIEDADE O Conselho Federal de Psicologia do Distrito Federal informou que o chamado EPPS, aplicado pela Polícia Federal no concurso realizado em 1993, é considerado um teste sem condições de uso para avaliação psicológica no Brasil. A partir de 1993, começou a funcionar o Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (Satepsi), conforme resolução do conselho, para impedir que testes psicológicos sejam utilizados arbitrariamente. De acordo com a presidente do Conselho, Ana Mercês Bahia, o teste deve possuir os requisitos mínimos de cientificidade. “O resultado da aplicação de um único teste psicológico não pode ser suficiente para afirmar certas características sobre a pessoa que está sendo avaliada.” (AD) -------------------------------------------------------------------------------- Perseguido por autoridades indiciadas Na época do concurso para delegado da Polícia Federal, Badenes investigava o extermínio de menores naquele estado e se defrontou com a famosa Scuderie Detetive Le Coq, da qual faziam parte membros do crime organizado. Badenes apurou as execuções sumárias de mais de 30 meninos de rua. Os cadáveres de crianças, entre 10 e 14 anos, eram expostos nas principais vias de acesso da capital, Vitória. Com o resultado do teste da Polícia Federal nas mãos, os acusados atacaram o delegado Badenes publicamente, em panfletos e jornais locais, desqualificando suas investigações. Ele foi chamado de louco e débil mental por figurões como o ex-presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo, o bicheiro José Carlos Gratz, que cumpre pena de 15 anos de prisão, e pelo ex-governador José Ignácio, que respondeu a processo por desvio de cerca de R$ 25 milhões dos cofres públicos e foi indiciado pela Missão Especial de Combate ao Crime Organizado, integrada por membros do Ministério da Justiça, Legislativo e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Desqualificação O resultado do laudo também tem sido usado nos processos judiciais dos membros do crime organizado para se defenderem das acusações feitas pelo Ministério Público, que se baseiam em investigações do delegado Badenes. Também chegou a ser exibido por Gratz para se defender na CPI do Narcotráfico, em 1999. “O inquérito que apurou grupos de extermínio de menores em Vitória gerou indiciamentos de policiais. Imagine o prejuízo para a denúncia o fato de se questionar as faculdades mentais da autoridade responsável pelo inquérito”, afirmou o procurador regional da República Ronaldo Albo, que ajuizou ação civil pública que resultou na dissolução da Scuderie Le Cocq, em novembro de 2004, com base no inquérito conduzido pelo delegado. “A dívida que o Espírito Santo tem com Badenes é impagável”, emociona-se o procurador. Jurado de morte pelo crime organizado do Espírito Santo, Badenes está hoje no Programa de Proteção a Testemunhas. Enquanto não toma posse, profere palestras e cursos para membros da Polícia Federal da Analyst´s Notebook, programa internacional de análise investigativa de visualização de dados complexos. (AD) Editora: Ana Paula Macedo// ana.paula@correioweb.com.br Subeditor: Olimpio Cruz e-mail : olimpio.cruz@correioweb.com.br Tels. 3214-1172
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