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quarta-feira, julho 10, 2024

72% das cidades que poderão receber novos cursos de Medicina não têm infraestrutura adequada

 Foto: Marcelo Camargo/Arquivo/Agência Brasil

Ministério da Educação10 de julho de 2024 | 11:44

72% das cidades que poderão receber novos cursos de Medicina não têm infraestrutura adequada

BRASIL

Sete em cada dez municípios que poderão receber novas escolas médicas não têm infraestrutura adequada para sediar uma faculdade de Medicina, com problemas como ausência de hospital de ensino ou número insuficiente de leitos no SUS e de equipes de saúde da família. Parte dessas cidades, mesmo sem a estrutura esperada, já possuem cursos de graduação médica.

Os dados são de levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e obtido com exclusividade pelo Estadão com base nos 294 pedidos de autorização de novos cursos e vagas de medicina que tramitam administrativamente ou por força judicial no Ministério da Educação (MEC).

De acordo com a análise, esses processos buscam autorização para a abertura de vagas em 182 municípios brasileiros, dos quais 132 (72,5% deles) não cumprem, integralmente ou parcialmente, parâmetros considerados essenciais para o funcionamento de um curso de Medicina. O MEC afirma que análise de pedidos de abertura de vagas leva em conta a estrutura da cidade (leia mais abaixo).

Em junho, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a abertura de novos cursos de Medicina deve ser feita seguindo os critérios da lei do Mais Médicos, que teve sua constitucionalidade questionada na Justiça e previa algumas desses parâmetros. No entanto, os ministros do STF definiram que as instituições que já haviam passado da fase inicial da documentação deveriam continuar com o processo em tramitação.

De acordo com as normas do MEC para abertura dessas graduações, um município deve ter, entre outros recursos, cinco leitos do SUS para cada vaga aberta e um hospital de ensino ou unidade hospitalar com ao menos 80 leitos que tenha potencial para se tornar um estabelecimento de saúde de ensino (veja mais abaixo).

O levantamento do CFM mostra que, das 182 cidades, somente 50 (27,5%) possuem hospital de ensino. Já com relação ao número mínimo de leitos do SUS, apenas 35 municípios (19,2%) cumprem tal requisito. Do total de cidades avaliadas, 130 já possuem cursos de Medicina.

“Os graduandos de Medicina devem passar por etapas, desde os estudos da área básica, com fisiologia, fisiopatologia; passar pela prática na atenção primária, fazer estágio em áreas de emergência. São condições mínimas que a gente espera. O ensino médico é uma área de relevância pública, muito importante para a segurança da sociedade. Um médico mal formado pode ser perigoso”, diz Donizetti Giamberardino, coordenador do Sistema de Acreditação de Escolas Médicas do Conselho Federal de Medicina (SAEME-CFM).

O SAEME foi criado pelo CFM em 2015, diante do aumento expressivo de vagas de graduação na área, para certificar os cursos que cumprem requisitos de qualidade. O Brasil tem hoje 390 cursos de formação de médicos, com a oferta de mais de 43 mil vagas. Somente 59 deles têm a acreditação do CFM, de acordo com Giamberardino.

“É uma acreditação voluntária e gratuita, reconhecida internacionalmente, que vale por seis anos, desde que não haja nenhuma alteração jurídica. Ele representa um controle social sobre a qualidade médica”, diz o representante do CFM.

Um outro levantamento do conselho divulgado em maio mostrou que 78% dos 250 municípios que sediam as 390 escolas médicas em funcionamento no País apresentam números insuficientes de leitos de internação, de equipes de saúde da família e de hospitais de ensino. Juntas, essas cidades abrigam 288 estabelecimentos de ensino superior de medicina, o que corresponde a 31 mil vagas.

O CFM defende que todos os novos cursos sigam os parâmetros mínimos definidos pelo próprio MEC e que as escolas médicas em funcionamento sejam fiscalizadas e avaliadas pela pasta.

MEC diz que análise de processos irá considerar estrutura

Questionado pelo Estadão sobre a falta de infraestrutura adequada em cidades que podem receber cursos de Medicina, o MEC afirmou que, desde 2013, a autorização de novas vagas é condicionada à chamamento público que segue critérios da lei do Mais Médicos e que “os únicos casos em que foi aberto processo fora de chamamento público decorreram de determinação judicial”.

Sobre esses processos, o ministério afirma que eles “estão ainda em análise, em razão da necessidade de envio de documentos complementares e da existência de uma fase adicional de contraditório e ampla defesa”. Em todos esses casos, diz a pasta, os pedidos serão analisados com base no critério de necessidade social, seguindo os termos da portaria 531/2023.

O MEC diz ainda que a análise do pedido de abertura de cursos de Medicina observará, necessariamente, “a estrutura de equipamentos públicos e programas de saúde existentes e disponíveis no município de oferta do curso”, conforme requisitos dispostos abaixo:

• Existência de, no mínimo,cinco leitos do SUS disponibilizados para o campo de prática por vaga solicitada;

• Existência de Equipes Multiprofissionais de Atenção Primária à Saúde;

• Existência de leitos de urgência e emergência ou pronto-socorro;

• Grau de comprometimento dos leitos do SUS para utilização acadêmica; e

• Hospital de ensino ou unidade hospitalar com mais de 80 leitos, com potencial para ser certificada como hospital de ensino na região de saúde, conforme legislação vigente.

O MEC disse ainda que, desde agosto de 2023, após a decisão do Supremo, vem adotando as medidas necessárias para conferir integral cumprimento à determinação e que o entendimento do Judiciário “é compatível com as medidas que já vinham sendo implementadas” pela pasta.

“O MEC seguirá, portanto, comprometido com a análise de todos os processos de autorização de curso de Medicina em trâmite, seguindo as etapas necessárias para verificar sua conformidade à lei dos Mais Médicos, nos termos da decisão do STF”.

A pasta disse ainda que, na semana passada, concluiu a análise dos primeiros dez processos judicializados, “autorizando apenas aqueles que cumpriram os critérios de necessidade social e infraestrutura necessária para assegurar a qualidade da oferta”.

O ministério foi questionado também sobre os cursos já em funcionamento localizados em cidades sem infraestrutura, mas não respondeu.

A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) também foi procurada pelo Estadão, mas não se pronunciou até a publicação desta reportagem.

Fabiana Cambricoli/Estadão ConteúdoPoliticaLivre

STJ rejeita revisão de sentença de três pré-candidatos condenados pela Lei da Ficha Limpa

 Foto: Ascom/STJ/Arquivo

O vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Og Fernandes10 de julho de 2024 | 14:15

STJ rejeita revisão de sentença de três pré-candidatos condenados pela Lei da Ficha Limpa

BRASIL

O vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Og Fernandes, rejeitou analisar os recursos de três pré-candidatos às eleições municipais que foram condenados pela Lei da Ficha Limpa. Os políticos pediam a revisão das sentenças, mas o ministro considerou que as solicitações eram improcedentes e manteve as condenações.

O pré-candidato Fabio Bello de Oliveira foi condenado a um ano de prisão, em 2016, quando era prefeito de Ibiúna (SP). Ele foi acusado de ordenar despesas sem que o município tivesse recursos para os gastos. A defesa dele alegou que não houve dolo na conduta e considerou as denúncias genéricas. Na avalição de Og, não foram apresentadas novas provas que revertam as decisões judiciais anteriores ou que levem a um novo recurso.

Outro caso é o de Fabricio Menezes Marcolino, que era sócio de uma empresa que venceu uma licitação com suspeitas de fraude. Ele foi condenado a dois anos e oito meses de prisão, além de pagamento de multa. Os advogados dele argumentaram não haver correlação direta entre a escolha da companhia e as eventuais irregularidades no processo. O ministro avaliou que não há relevância jurídica nos argumentos apresentados.

Já Alexander Silva Salvador de Oliveira foi condenado a dois anos de reclusão no regime aberto e pagamento de multa, por peculato. Segundo a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais, ele teria inserido informação falsa em um documento oficial quando era vereador em Itabirito (MG), em 2011, e se apropriou de dinheiro público. A defesa apresentou um pedido de habeas corpus, propondo um acordo de não-persecução penal. O pedido fora rejeitado à época e, novamente, Og negou a possibilidade. Na avaliação do ministro, o novo pedido é uma tentativa de reverter o resultado desfavorável já analisado pelo STJ.

Guilherme Naldis/EstadãoPoliticaLivre

Governo federal anuncia incentivos para reciclagem e catadores de R$ 400 milhões

 Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Governo retoma Programa Cataforte10 de julho de 2024 | 16:30

Governo federal anuncia incentivos para reciclagem e catadores de R$ 400 milhões

ECONOMIA

O governo federal anunciou nesta quarta (10) um pacote de medidas de incentivo à reciclagem e ao trabalho dos catadores de materiais recicláveis. Dados da Associação Nacional de Catadores (Ancat) apontam que cerca de 800 mil pessoas trabalham na área, a maioria composta por mulheres negras.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ladeados por lideranças de movimentos de catadores de várias partes do país, anunciaram programas e medidas que somam mais de R$ 425 milhões.

Elas incluem o decreto de regulamentação da Lei de Incentivo à Reciclagem (LIR), que prevê R$ 306 milhões em renúncia fiscal já em 2024, e o programa Novo Cataforte, com editais que somam mais de R$ 100 milhões oriundos da Caixa Econômica Federal (CEF), da Fundação Banco do Brasil, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do Fundo Nacional do Meio Ambiente.

Os anúncios foram feitos durante a reunião do Comitê Interministerial para Inclusão Socioeconômica de Catadoras e Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis (CIISC) nesta quarta-feira (10), em Brasília.

“Sou catadora de origem de rua e comecei a catar de carroça com a minha avó”, discursou a catadora Aline Souza, que passou a faixa presidencial a Lula na cerimônia de posse em janeiro do ano passado, cuja liturgia foi alterada pela ausência do ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Essas entregas não são para o benefício apenas de catadores e catadoras do Brasil, mas para fortalecer a nossa Política Nacional de Resíduos Sólidos, que trata da questão ambiental. A reciclagem precisa de investimento. Gasta-se muito dinheiro para transportar e aterrar lixo, mas não se gasta com quem está trabalhando para desviar esses resíduos”, disse ela.

“Se não trabalharmos na origem, vamos ter de lidar com as consequências do problema. Se a gente gera lixo, a gente tem responsabilidade e tem que arcar com ela. Tem quem ache que a catador é o resto do resto, mas prestamos um serviço ambiental essencial. Só com políticas públicas poderemos resgatar a nossa dignidade humana”.

Lula, em tom de puxão de orelha nas autoridades presentes, afirmou: “Todos os ministros que estão envolvidos nestas pautas precisam estar presentes nas reuniões da comissão que vai implementar esses recursos. Quero seriedade nisso porque quero que vocês tenham sucesso. Isso só faz sentido se esse dinheiro estiver gerando mais emprego e cidadania”. Também participaram o Secretário-Geral da Presidência, Márcio Macedo, e ministros da Justiça, Saúde, Igualdade Racial, Direitos Humanos e Povos Indígenas.

LEI DE INCENTIVO À RECICLAGEM

Promulgada em dezembro de 2021, a Lei de Incentivo à Reciclagem (LIR), apelidada de Lei Rouanet da Reciclagem, se baseou no modelo de incentivo ao esporte para permitir a captação de recursos privados para projetos de reciclagem aprovados pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA).

A lei 14.260 prevê a dedução de até 6% do imposto de renda de pessoas físicas e até 1% de pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real.

O decreto estabelece que podem ser inscritos na LIR projetos direcionados a implantação de infraestrutura para empresas, associações e cooperativas; aquisição de equipamentos e de veículos. Também estão previstos projetos de organização de cadeias produtivas de reciclagem e de fortalecimento da participação de catadores nelas, além de capacitação, formação e assessoria técnica. Incubação de empresas para o setor, pesquisas na área e desenvolvimento de novas tecnologias para agregar valor ao trabalho de coleta de materiais recicláveis entram também na LIR.

“Serão 103 milhões investidos a fundo perdido na capacitação, fortalecimento e estruturação de cooperativas”, afirma o secretário de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental do MMA, Adalberto Maluf. “A ideia é capacitar cooperativas, dar estrutura para elas, dar maquinários, sistemas solares, contêineres e compostagem para que se estruturem em centrais de cooperativas, capazes de dar escala à produção e de vender direto para a indústria”, explica.

Segundo Maluf, o Brasil tem cerca de 3 mil cooperativas de catadores, e somente 721 recebem créditos de logística reversa, prática em que empresas adquirem créditos de materiais recicláveis recuperados para a cadeia de reciclagem de acordo com a quantidade de resíduos gerados pelos produtos que elas colocam no mercado.

“Isso quer dizer que só tem 721 cooperativas organizadas, que emitem nota fiscal e conseguiram negociar um acordo com uma entidade gestora de logística reversa. Então, eu tenho quase 2.300 outras cooperativas que posso capacitar e melhorar para que ela comece a ganhar crédito de logística reversa”, explica.

Os trâmites dos projetos serão especificados por portaria que deve determinar prazos, meios e limites. Proponentes de projetos para a LIR precisam ser pessoas jurídicas com um ano de funcionamento, entre pequenas e microempresas, cooperativas. condomínios, organizações da sociedade civil (OSC), instituições de ensino e de pesquisa e empreendimentos de catadores. A somatória de projetos de um mesmo proponente está prevista para ter um teto de R$ 8 milhões.

O governo lançou ainda um campo do Sistema Nacional de Informações sobre Gestão de Resíduos Sólidos (Sinir) voltado apenas para catadores.

“Todo incentivo para ampliar a reciclagem é muito bem-vindo”, avalia Carlos da Silva Filho, presidente da International Solid Waste Association (ISWA) e sócio da S2F Partners. Se a gente considerar que hoje recicla 2,4 milhões de toneladas por ano e que a meta a partir de 2024 é dobrar esse número para cerca de 5 milhões de toneladas ano, precisaremos de muito incentivos que vão além da lei”, diz.

Para ele, é preciso lembrar que reciclagem é importante para resíduos secos e também para os orgânicos.

Fernanda Mena/FolhapressPoliticaLivre

“Passando vergonha”, diz o editorial do The New York Times sobre Joe Biden


The New York Times', 'The Wall Street Journal' e 'The Economist' pedem que  Biden desista da candidatura à presidência dos EUA | Eleições nos EUA 2024  | G1

New York Times pede mais uma vez que Biden desista

Laura Braga
Metrópoles

O jornal The New York Times voltou a defender que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (Partido Democrata), desista de se candidatar à reeleição. Ele tem afirmado que disputará as eleições do país contra o republicano Donald Trump, em 5 de novembro.

No editorial publicado nessa terça-feira (9/7), o jornal americano disse que o presidente dos EUA, de 81 anos, está “passando vergonha, “colocando seu legado em risco” e aponta que Biden “parece inapto” ao manter a candidatura.

FEZ PROMESSA – Biden se comprometeu a cumprir um segundo mandato inteiro se for reeleito, afirmou sua porta-voz, Karine Jean-Pierre. Um segundo mandato terminaria em 2028, quando o democrata terá 86 anos.

Desde o último dia 27 de junho – data do primeiro debate eleitoral –, aumentou a pressão para que Biden desista de concorrer ao pleito, em razão do mau desempenho dele.

Na ocasião, o presidente se mostrou confuso, hesitante e pouco reativo. Depois, admitiu não ter ido bem, mas vem insistindo que tem capacidade para seguir na disputa.

DOIS INAPTOS – The New York Times chama Biden e Trump de inaptos. O editorial destaca pontos polêmicos e que circulam nos bastidores das eleições. Diz, por exemplo, que políticos democratas “que querem derrotar Trump” devem “falar claramente” com Biden para que ele desista.

Também iguala os candidatos republicano e democrata, ao dizer que uma vitória de Trump, “um inapto a ser presidente”, colocaria em risco a democracia e que ainda há tempo de convencer os eleitores a esse respeito.

“Mas os democratas terão dificuldade (…) enquanto seu próprio representante for um homem que também parece inapto para servir como presidente pelos próximos quatro anos”, afirma.

INSISTÊNCIA – Foi o segundo editorial do NYT sobre o assunto. Em 28 de junho, um dia após o debate, o jornal já havia defendido a desistência do presidente.

Outros veículos também já se manifestaram nesse sentido: na semana passada, a revista britânica The Economist mostrou um andador na capa para dizer que o presidente não tem condição de comandar o país.

O agregador de pesquisas do site americano 538 aponta que Trump é escolhido por 42,1% dos eleitores; Biden tem 39,9%. Em uma carta enviada na segunda-feira (8/7) a deputados, Biden confrontou membros do Partido Democrata e recusou novamente o pedido para que decline da ideia de disputar à Casa Branca. Ele pediu ainda que os deputados deixem de pressionar por sua desistência.

DISSE BIDEN – “Temos 42 dias para a Convenção Democrata e 119 dias para as eleições gerais”, disse Biden na carta, distribuída por sua campanha de reeleição. “Qualquer enfraquecimento da determinação ou falta de clareza sobre a tarefa que temos pela frente só ajuda Trump e nos prejudica. É hora de nos unirmos, avançarmos como um partido unificado e derrotar Donald Trump.”

Na terça, congressistas democratas se reuniram para discutir a situação de Biden. O presidente ganhou apoio de alguns parlamentares, embora ainda não haja consenso, segundo relato da Agência France Presse.

Nesta semana, Biden participa de reunião em comemoração aos 75 anos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O evento pode oferecer uma trégua temporária — ou ser a última batalha do presidente, uma vez que qualquer deslize pode aumentar as resistências contra ele.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Com o mesmo problema de idade e de dizer bobagens em série, Joe Biden e Lula da Silva são dois velhos perdidos numa política suja, como diria o genial dramaturgo e ator Plínio Marcos(C.N.)

Lula defende a candidatura trôpega de Biden e diz que “votaria nele”

Em dia de julgamento no TSE, Bolsonaro aciona STF contra Lula | Metrópoles

Lula acha normal Biden forçar candidatura aos 81 anos

Karolini Bandeira
O Globo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a comentar sobre a candidatura à reeleição do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmando que “votaria nele” se fosse um eleitor do país. Em 27 de junho, Biden teve um desempenho desastroso em debate contra Donald Trump e justificou que estava doente.

O presidente brasileiro retomou os comentários feitos nas últimas semanas, sobre a decisão de concorrer ou não à Presidência americana caber somente a Biden.

DISSE LULA — “Somente o Biden se conhece bem, somente ele sabe se ele pode ou não pode (concorrer). Ele tem que tomar a decisão (…) mas se eu fosse eleitor americano, eu votaria nele” — declarou Lula a jornalistas em Assunção nesta segunda-feira.

Pressionado a abandonar a candidatura à reeleição nos EUA, Joe Biden reconheceu o mau desempenho no debate contra Trump em 27 de junho. Na primeira entrevista na TV desde então, disse na sexta-feira que “estava exausto” e “doente” no dia do embate, e que chegou a ser submetido a exames antes de entrar no palco.

Apesar da pressão, o presidente não parece disposto a abandonar a disputa, e afirmou, em sua primeira entrevista após o debate, que só desistiria “se Deus Todo Poderoso” pedisse diretamente para ele.

NÃO DESISTE – Em carta a aliados do Congresso, divulgada nesta segunda-feira, Biden reiterou que estava “firmemente comprometido em permanecer na disputa”, uma mensagem aos aliados no Capitólio que têm vindo a público pedir para que abandone a corrida presidencial.

 O presidente também ligou para o programa Morning Joe, da rede MSNBC, para afirmar que não se importava com nenhum dos “grandes nomes” que o pressionavam.

“Se algum desses caras acha que eu não deveria concorrer, concorra contra mim” — afirmou, desafiando: “Anuncie sua candidatura a presidente. Desafiem-me na convenção em agosto”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Joe Biden é uma derrota antecipada; Lula da Silva, também. A longevidade é inimiga da política. Nenhum governante se reelegeu com a idade que Biden e Lula pretendem: 81 anos. No caso de Lula, essa idade será completada antes do segundo turno, em 27 de outubro de 2026. Alegam que estão se sacrificando em nome do país, mas é apenas em nome da vaidade e da ambição. C.N.)  

No futuro, não será a História que julgará os tiranos, mas o riso das plateias

Publicado em 10 de julho de 2024 por Tribuna da Internet

Como Stálin escondeu sua cooperação com os nazistas durante a 2ª Guerra  Mundial

Hitler e Stálin, retratados da maneira que realmente merecem

João Pereira Coutinho
Folha

É uma história que sempre me intrigou: em junho de 1934, o camarada Stálin telefonou ao escritor Boris Pasternak. O motivo do telefonema era inusitado: o que tinha Pasternak a dizer sobre o poeta Osip Mandelstam, preso um mês antes por ter recitado um poema satírico sobre o tirano?

Na versão contada anos depois por Isaiah Berlin, a única que conhecia, Pasternak foi esquivo nas respostas: alegou não ser íntimo de Mandelstam e depois tentou mudar o tema da conversa para assuntos mais metafísicos.

Stálin, antes de terminar abruptamente com o telefonema, criticou Pasternak por não defender o amigo.

NUNCA SE PERDOOU – A história correu Moscou e Pasternak nunca verdadeiramente se perdoou. Mandelstam, torturado em 1934, acabaria por morrer no exílio em 1938. Aprendo agora que essa não é a única versão. Existem, pelo menos, 13 versões, escreve Ismail Kadaré no seu derradeiro livro, “A Dictator Calls”, ou um ditador telefona.

Era inevitável que Kadaré, morto aos 88 anos, revisitasse esses três minutos de conversa entre Stálin e Pasternak. Na literatura europeia do nosso tempo, ninguém escreveu mais ou melhor sobre a relação entre o totalitarismo e a vida intelectual do que Kadaré.

Nenhuma das versões apresentadas iliba Pasternak. Em todas elas, o escritor não defende o colega. Em todas, Stálin critica Pasternak por não ser capaz de o fazer.

MAS POR QUÊ? – O interesse do livro, porém, está na busca obsessiva de porquês. Por que motivo Stálin telefonou a Pasternak? E por que motivo Pasternak falhou neste teste trágico?

Comecemos pelo autor de “Doutor Jivago”. Falhou por inveja, talvez. Como excluir esse veneno silencioso que corre livre entre a república das letras? Ou, então, falhou por medo, para não sermos tão cínicos.

Não foi apenas Mandelstam a parodiar Stálin no seu círculo de amigos —”o alpinista do Kremlin”, com “dez vermes grossos [como] seus dedos” e “enormes baratas risonhas no seu lábio superior” etc. Pasternak também o retratara em tempos como um anão em corpo de adolescente e com um rosto de velho.

TEMOR Á DENÚNCIA – Estaria Pasternak a pensar no seu próprio currículo? Ou temia que, sob tortura, Mandelstam o denunciasse como uma das testemunhas da sua ofensa poética?

Em caso afirmativo, a ambiguidade de Pasternak também pode ser vista como uma estratégia de defesa.

É legítimo especular. Mas é supérfluo também. As respostas de Pasternak —não somos íntimos, não pertencemos à mesma escola poética, falemos de outros assuntos— só revelam o terror do espírito perante a brutalidade do poder tirânico.

OUTRO EXEMPLO – O próprio Ismail Kadaré relata uma experiência semelhante: o dia em que o ditador albanês Enver Hoxha lhe telefonou inesperadamente para o congratular por um poema.

A reação de Kadaré, que era um crítico sutil do regime, foi uma mistura de pasmo e angústia, servida por sucessivos “obrigados”. Nenhum heroísmo.

Mas por que Stálin telefonou? Para testar a lealdade do escritor ao regime? Para saber até que ponto a paródia de Mandelstam se tornara conhecida entre a “intelligentsia” russa? Nesse último caso, não será a fragilidade do tirano, o seu medo do ridículo, o seu temor ante a perenidade da arte, mais patético do que as hesitações de Pasternak?

RICARDO III – Como lembra Ismail Kadaré, o rei Ricardo 3º da Inglaterra não terá sido o monstro pintado por Shakespeare, mas é como monstro que ele ficou.

E lembra mais: Lênin sempre temeu as caricaturas selvagens dos mais talentosos escritores russos, razão pela qual poupou e cortejou Maximo Górki.

Quando Stálin telefona a Pasternak, talvez estivesse interessado em saber a opinião do maior escritor do seu tempo sobre o lugar que ele, Stálin, ocuparia nas belas-letras.

PENA E ESPADA – Para usar o ditado célebre, a pena pode ser mais poderosa do que a espada. O comentário final de Stálin, criticando Pasternak pela sua falta de coragem na defesa de Mandelstam, é tão patética e descabida que apenas revela uma frustração mais profunda.

No fim das contas, é a frustração que habita o coração dos tiranos. Embriagados pelo poder, rodeados de lisonjas e mentiras, eles temem e invejam o talento dos criadores livres.

E sabem, inconscientemente que seja, que não será a história a julgá-los; serão os risos da plateia quando seus cadáveres forem expostos sem máscaras. É por isso que a obra de Boris Pasternak ou Ismail Kadaré perdurarão. A poesia de Mandelstam também. Stálin ou Enver Hoxha serão apenas piadas de mau gosto.

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