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segunda-feira, maio 01, 2023

Por que cientistas temem futuro catastrófico causado pela inteligência artificial




A inteligência artificial tem o incrível poder de mudar a forma como vivemos, para o bem e para o mal — e os especialistas têm pouca confiança de que os que estão no poder estejam preparados para o que está por vir.

Por Anthony Zurcher

Em 2019, o grupo de pesquisa sem fins lucrativos OpenAI criou um software que era capaz de gerar parágrafos de texto coerente e fazer análise e compreensão rudimentar de textos sem instruções específicas.

Inicialmente, a OpenAI decidiu não tornar sua criação — chamada de GPT-2 — totalmente disponível para o público. O receio era que pessoas mal intencionadas pudessem usá-la para gerar grandes quantidades de desinformação e propaganda.

Em comunicado à imprensa anunciando a decisão, o grupo chamou o programa de "perigoso demais" na época.

Desde então, três anos se passaram, e a capacidade da inteligência artificial aumentou exponencialmente.

Em contraste com a última distribuição limitada, a nova versão, o GPT-3, foi disponibilizada prontamente em novembro de 2022.

A interface ChatGPT derivada dessa programação foi o serviço que gerou milhares de artigos de notícias e postagens de rede social, enquanto repórteres e especialistas testavam seus recursos — muitas vezes, com resultados impressionantes.

O ChatGPT escreveu roteiros de stand-up comedy no estilo do falecido humorista americano George Carlin sobre a falência do Silicon Valley Bank. Opinou sobre a teologia cristã, escreveu poesia e explicou física quântica para uma criança, como se fosse o rapper Snoop Dogg.

Outros modelos de inteligência artificial, como o Dall-E, produziram imagens tão convincentes que geraram polêmica sobre sua inclusão em sites de arte.

Pelo menos a olho nu, as máquinas aprenderam a ser criativas.

Em 14 de março, a OpenAI apresentou a última versão do seu programa, o GPT-4. O grupo afirma que ele apresenta limites mais sólidos contra usos abusivos. Os primeiros clientes incluem a Microsoft, o banco Merrill Lynch e o governo da Islândia.

E o tema mais quente na conferência interativa South by Southwest — uma reunião global de formuladores de políticas, investidores e executivos da área de tecnologia, realizada em Austin, no estado americano do Texas — foi o potencial e o poder dos programas de inteligência artificial.

'Para o bem e para o mal'

Arati Prabhakar, diretora do Escritório de Política de Ciências e Tecnologia da Casa Branca, afirmou que está entusiasmada com as possibilidades da inteligência artificial, mas também fez um alerta.

"O que todos nós estamos vendo é o surgimento dessa tecnologia extremamente poderosa. É um ponto de inflexão", declarou ela na conferência.

"Toda a história demonstra que esse tipo de tecnologia, nova e potente, pode e será usada para o bem e para o mal."

Já Austin Carson, fundador da SeedAI, um grupo de consultoria sobre políticas de inteligência artificial, que participou do mesmo painel, foi um pouco mais direto.

"Se, em seis meses, vocês não tiverem perdido completamente a cabeça [e soltou um palavrão], pago um jantar", disse ele ao público presente.

"Perder a cabeça" é uma forma de descrever o que pode vir a acontecer no futuro.

Amy Webb, chefe do instituto Future Today e professora de negócios da Universidade de Nova York, nos EUA, tentou prever as possíveis consequências. Segundo ela, a inteligência artificial pode seguir uma dentre duas direções nos próximos 10 anos.

Em um cenário otimista, o desenvolvimento da inteligência artificial vai se concentrar no bem comum, com um design de sistema transparente, e os indivíduos vão ter a capacidade de decidir se suas informações disponíveis ao público na internet serão incluídas na base de dados de conhecimento da inteligência artificial.

Nesta visão, a tecnologia serve como uma ferramenta que facilita a vida, tornando-a mais integrada, à medida que a inteligência artificial passa a estar disponível em produtos de consumo que podem antecipar as necessidades do usuário e ajudar a desempenhar virtualmente qualquer tarefa.

O outro cenário previsto por Webb é catastrófico. Envolve menos privacidade de dados, poder mais centralizado em poucas companhias, e a inteligência artificial antecipa as necessidades do usuário, mas as entende errado ou, no mínimo, reprime suas escolhas.

Ela acredita que o cenário otimista tem apenas 20% de chance de acontecer.

Webb afirma à BBC que o rumo que a tecnologia vai tomar depende, em grande parte, do grau de responsabilidade das empresas que vão desenvolvê-la. Será que elas vão fazer isso de forma transparente, revelando e fiscalizando as fontes das quais os chatbots — chamados pelos cientistas de Grandes Modelos de Linguagem (LLM, na sigla em inglês) — extraem suas informações?

O outro fator, segundo ela, é se o governo — incluindo os órgãos federais de regulamentação e o Congresso — pode agir rapidamente para estabelecer proteções legais para orientar os desenvolvimentos tecnológicos e evitar seu uso indevido.

Nesse sentido, a experiência dos governos com as empresas de redes sociais — Facebook, Twitter, Google e outras — é um indicativo. E não é uma experiência encorajadora.

"O que ouvi em muitas conversas foram preocupações de que não existe nenhuma barreira de proteção", afirmou Melanie Subin, diretora-gerente do instituto Future Today, na conferência South by Southwest.

"Existe a sensação de que algo precisa ser feito."

"E acho que as redes sociais, como uma lição, é o que fica na mente das pessoas quando elas observam a rapidez do desenvolvimento da inteligência artificial criativa", acrescentou.

Combatendo o assédio e o discurso de ódio

'Amy Webb descreveu sua visão sobre os rumos que a inteligência artificial pode tomar nos próximos 10 anos'

Nos Estados Unidos, a supervisão federal das empresas de redes sociais é baseada, em grande parte, na Lei de Decência nas Comunicações, aprovada pelo Congresso americano em 1996, além de uma cláusula curta, mas poderosa, contida no artigo 230 da lei.

O texto protege as empresas da internet de serem responsabilizadas pelo conteúdo gerado pelos usuários em seus sites. É considerado responsável por criar um ambiente legal no qual as empresas de redes sociais poderiam prosperar. Mas, mais recentemente, também está sendo acusado de permitir que essas mesmas empresas ganhem muito poder e influência.

Os políticos de direita reclamam que a lei permitiu que os Googles e Facebooks da vida censurassem ou reduzissem a visibilidade das opiniões conservadoras. Já os de esquerda acusam as empresas de não fazerem o suficiente para evitar a disseminação de discursos de ódio e ameaças violentas.

"Temos a oportunidade e a responsabilidade de reconhecer que o discurso de ódio gera ações de ódio", afirmou Jocelyn Benson, secretária de Estado de Michigan, nos EUA.

Em dezembro de 2020, a casa de Benson foi alvo de protestos por parte de apoiadores armados de Donald Trump, organizados no Facebook, que contestavam os resultados da eleição presidencial de 2020.

Ela apoiou leis contra práticas enganosas no seu Estado, que responsabilizaria as empresas de rede social por espalhar informações prejudiciais conscientemente.

Propostas similares têm sido apresentadas a nível federal e em outros Estados americanos, além de legislação que exige que os sites de redes sociais forneçam uma maior proteção aos usuários menores de idade, sejam mais abertos sobre suas políticas de moderação de conteúdo e tomem ações mais ativas para diminuir o assédio online.

Mas as chances de sucesso dessas reformas dividem opiniões. As grandes empresas de tecnologia mantêm equipes inteiras de lobistas na capital americana, Washington, e nas capitais dos Estados. Elas também contam com cofres abarrotados para influenciar os políticos com doações de campanha.

"Apesar das imensas evidências de problemas no Facebook e em outros sites de redes sociais, já se passaram 25 anos", afirma a jornalista de tecnologia Kara Swisher.

"Ficamos esperando uma legislação do Congresso para proteger os consumidores, e eles abriram mão da sua responsabilidade."

Swisher afirma que o perigo reside no fato de que muitas das empresas que são grandes players nas redes sociais — Facebook, Google, Amazon, Apple e Microsoft — agora são líderes na área de inteligência artificial.

Se o Congresso não conseguir regulamentar com sucesso as redes sociais, será um desafio agir rapidamente para lidar com as preocupações sobre o que Swisher chama de "corrida armamentista" da inteligência artificial.

As comparações entre as regulamentações de inteligência artificial e as redes sociais também não são apenas acadêmicas. A nova tecnologia de IA pode navegar pelas águas já turbulentas de plataformas como Facebook, YouTube e Twitter e transformá-las em um mar revolto de desinformação, à medida que se torna cada vez mais difícil distinguir postagens de seres humanos reais de contas falsas — mas totalmente convincentes — geradas por IA.

Mesmo se o governo for bem-sucedido na aprovação de novas regulamentações para as redes sociais, elas podem acabar sendo inúteis se houver um imenso fluxo de conteúdo pernicioso gerado por inteligência artificial.

Entre as incontáveis sessões da conferência South by Southwest, houve uma intitulada "Como o Congresso [americano] está construindo a política de IA a partir do zero". Depois de cerca de 15 minutos de espera, os organizadores informaram ao público que o painel havia sido cancelado porque os participantes haviam se deslocado para o lugar errado.

Para quem esperava encontrar sinais de competência humana no governo, o episódio não foi nada encorajador.

BBC Brasil

Contraofensiva ucraniana: metas, oportunidades, riscos




Ucrânia se prepara para manobras coordenadas possivelmente decisivas, visando libertar seus territórios ocupados pela Rússia. Quanto mais Kiev espera, melhores parecem suas chances.

Por Roman Goncharenko

Uma autoestrada da Polônia na fronteira com a Ucrânia numa manhã de abril: um comboio formado por uma dúzia de caminhões militares verde-oliva retorna do país vizinho com seus reboques vazios. "Eu os vi uma semana atrás, eles levaram tanques de combate para a Ucrânia", conta um taxista. "Eram tanques bem grandes."

Nas próximas semanas e meses, a nação sob invasão russa necessitará cada um desses veículos: suas Forças Armadas estão concluindo os preparativos para uma contraofensiva. Anunciada meses atrás e aguardada com suspense, ela deverá ser uma guinada na massacrante guerra de exaustão em curso, e expulsar a Rússia dos territórios ocupados; poderá ser uma batalha decisiva, um ato de libertação.

Quem vai para Kiev por estes dias vivencia a literal calma antes da tempestade. Bombardeios aéreos russos, como o da última sexta-feira (28/04), tornaram-se raros. Nas bem cuidadas ruas da capital ucraniana, árvores e canteiros florescem, os cafés estão lotados, a guerra parece estar distante.

Entretanto o visitante é lembrado da existência dela constantemente: em cada esquina estão afixados cartazes convocando ao recrutamento voluntário ou a fazer doações para o Exército. Na Maidan, a Praça da Independência, são exibidos quase diariamente caixões de combatentes de destaque caídos na guerra.

Em Bakhmut, em especial, muitos estão morrendo. Há meses transcorrem os combates pela cidade na região de Donetsk, agora em grande parte sob controle russo. Mais o exército ucraniano não desiste – segundo a liderança estatal e militar, a fim de proteger outras cidades próximas.

Contudo Kiev não quer apenas subjugar as forças russas em Bakhmut, mas também ganhar tempo para os preparativos de contraofensiva. Por isso o exército tem poupado longamente suas reservas, ao preço de grandes baixas, cujos números exatos não são conhecidos.

'Russos lançaram míssil contra edifício residencial da cidade de Uman, na região de Cherkasy, em 28/04/2023'

Silêncio sobre os planos de contraofensiva

Também Andriy e Maxim (nomes alterados para proteger as identidades dos entrevistados) lutaram em Bakhmut. No momento, encontram-se novamente em Kiev, para um bem merecido descanso. "Torço mesmo para que tenha valido a pena", comenta Andriy a decisão de defender a cidade no leste do país, aparentando não estar seguro, ele mesmo.

Maxim relata sobre a superioridade numérica das tropas russas, a má preparação e armamento insuficiente de sua própria unidade. Assim como seu colega, ele espera da contraofensiva "finalmente territórios liberados". A planejada operação militar é tema constante na mídia ucraniana, porém os líderes militares mantêm silêncio: para todas as perguntas, a resposta é "aguardar".

Os motivos para tal são vários: por exemplo, ainda não chegaram todas as armas ocidentais esperadas. Desde o início de 2023, a Ucrânia recebeu, dos países-membros da Otan, muito "heavy metal", como se diz coloquialmente – em grande parte pela primeira vez, como tanques de combate e defesa de fabricação alemã e britânica, sistemas de defesa aérea americanos do tipo Patriot, aviões caças soviéticos.

O jornal online Ukrainska Pravda calcula que o Exército e a Guarda Nacional tenham criado pelo menos 16 brigadas adicionais, com um total de até 50 mil soldados. Essas novas unidades precisam de tempo para se preparar, também para se familiarizar com os novos armamentos.

Um desafio adicional é a mobilização coordenada de diversas tropas numa grande ofensiva, um tipo de manobra em massa com que, até agora, a Ucrânia teve pouca experiência. Segundo círculos especializados de Kiev, diferentes configurações e desdobramentos estão sendo estudados em simulações de computador.

Apesar da chegada da primavera, as condições meteorológicas ainda são desfavoráveis: chuvas deixaram muitas estradas rurais praticamente intransitáveis para tecnologia de guerra pesada. Além disso, os soldados ucranianos precisam esperar as árvores ganharem folhagem mais espessa para poder se camuflar melhor. Assim, ainda levará alguns dias até os palcos de guerra estarem convenientemente secos e verdes.

Ucrânia teme pressão para negociar paz com russos

Onde, quando e como a Ucrânia atacará é no momento um dos segredos mais bem guardados. A ofensiva deverá vir de pelo menos duas direções: assim as Forças Armadas nacionais procederam no terceiro trimestre de 2022, em Kharkiv e Kherson, com sucesso.

Em seu único artigo programático até agora, em dezembro de 2022, o comandante supremo do Exército ucraniano, general Valeriy Zaluzhnyi, apenas esboçou como poderia se desenrolar uma contraofensiva. Ele se referiu a "alguns contra-ataques consequentes, idealmente simultâneos", além de mencionar como uma meta estrategicamente importante a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

Segundo diversos observadores de Kiev, essa seria o principal alvo bélico da Ucrânia. Pode-se também esperar surpresas e manobras de dissimulação, porém poucos creem que seu exército já seja capaz de capturar a península: para tal ainda faltam pessoal e equipamento.

Há muito a região de Zaporíjia, no sul do país, é considerada como principal foco para os ataques. A partir de lá, os ucranianos pretendem seguir até a Crimeia, a fim de cortar o abastecimento das tropas russas por via terrestre. Se isso der certo, seria uma grande vitória para Kiev, diz-se. Fácil, não será, contudo, já que a Rússia ergueu várias linhas de defesa. Além disso, ao contrário dos combates em Kharkiv e Kherson, ela poderá reagir com contra-ataques, o que conta entre os riscos da grande ofensiva ucraniana.

Ainda assim, o clima em Kiev é cautelosamente otimista. "Essa ofensiva não pode fracassar de jeito nenhum, outras regiões vão ser liberadas", afirma um perito militar. "A questão é só: quanto e a que preço." O soldado Andriy se dá conta desse preço toda vez que confere a lista de contatos do seu telefone celular: "Muitos camaradas caíram. Não consigo apagar os números deles."

Também está no ar a questão de o que acontecerá depois da contraofensiva. Muitos temem que, caso o resultado fique muito aquém das expectativas, o Ocidente tente convencer a Ucrânia a uma solução negociada, com dolorosas concessões.

A liderança militar rechaça veementemente essa alternativa. Andriy assegura: "Não vai acontecer." Assim como muitos em Kiev, ele conta com uma longa guerra, que também não acabará depois da contraofensiva. Por isso, torce pela chegada de muitos outros comboios com equipamento pesado do Ocidente.

Deutsche Welle

Google tenta desfocar o debate, mas esquece a propaganda de violência

Publicado em 1 de maio de 2023 por Tribuna da Internet

Google diverge da realidade e produz, ele próprio, uma fake news

Pedro do Coutto

O Google, destacada plataforma da internet, publicou um anúncio publicitário de página inteira na edição deste domingo da Folha de S.Paulo combatendo o projeto do deputado Orlando Silva. O texto refere-se apenas às fake news, esquecendo as mensagens de incitamento à violência e de propagação do ódio.

O Google afirma que o projeto de lei das fake news pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira no Brasil. “Precisamos melhorar o texto e por isso cada pessoa deve procurar o seu deputado nas redes sociais para que ele assuma uma posição que atenda ao conteúdo do anúncio”, diz um trecho do informe.

NOTÍCIAS FALSAS – A questão essencial, a meu ver, não é essa. Não se trata de condicionar o debate às notícias falsas, sobretudo porque as falsidades não resistem à passagem de alguns dias. O problema fundamental são os textos que incitam à violência, agressão e os ataques, inclusive nas redes escolares. Assim agindo, o Google empenha-se para desfocar a verdade e com isso produz, ele próprio, uma fake news. O que é verdade e o que é mentira tem uma solução rápida, desde que não pratique os crimes de calúnia, injúria e difamação.

Quando for este o caso, os responsáveis devem ser questionados em ações éticas ou judiciais que vão desde o direito de resposta, líquido e certo, previsto na Lei de Imprensa, até  ações de reparação civil ou acusação criminal. O Google, em seu anúncio ,não trata também, talvez por falta de espaço, embora uma página inteira fosse suficiente, do problema relativo à autoria das matérias veiculadas e das mensagens lançadas.

Não é possível, mas o Google omite esta parte, que um órgão de Comunicação não apresente a autoria dos conteúdos que publica, e tão pouco pode ocultar  os que injetaram publicidade comercial, como é o caso desta página a qual me refiro, nas plataformas e redes sociais. O Google, na minha opinião, não focaliza os pontos principais e essenciais da questão em debate na Câmara dos Deputados.

FISCALIZAÇÃO – O projeto de Orlando Silva, resultado de um debate que se desenrola há três anos no Congresso, colocou bem as questões, inclusive retirou o dispositivo da proposição que previa  o surgimento de um órgão fiscalizador dos conteúdos. Agiu bem. Não se trata de fiscalizar os conteúdos previamente. Trata-se, isso sim, de responsabilizar, como é natural, os seus autores. Caso contrário, os autores ficarão livres dos princípios legais de qualquer país, no caso o Brasil, o que significa um grande absurdo. Todos  são responsáveis pelo que dizem e veiculem dentro do princípio da liberdade de expressão.

No campo jornalístico, não existe censura prévia. Mas existem editores que observam a existência de exageros em reportagens voltadas para ingresso em suas páginas. Na internet cada um é editor de si mesmo, o que dá margem a controvérsias.  A liberdade de expressão, contudo, não pode se voltar para incentivar agressões, atentados, depredações, a violação do princípio de propriedade e impulso à violência de modo geral.

A responsabilidade do que é publicado é muito grande e não pode ser substituída pela irresponsabilidade. Caso contrário, os internautas  encontrar-se-iam na estratosfera, escapando dos princípios vigentes na Legislatura. Há exemplos marcantes desse panorama. Como é possível aceitar sites dirigidos para a pedofilia, por exemplo? Para o consumo de entorpecentes?  

BLINDAGEM – No meio de todos esses pontos esquecidos pelo Google, reportagem de Ângela Pinho, Folha de S. Paulo deste domingo, destaca um ponto que deve ser bem observado: a tentativa contida no projeto, voltada para blindar políticos por suas opiniões. Não deve existir o princípio da imunidade parlamentar nas redes sociais. Deve prevalecer o princípio geral que vale para todas as pessoas da responsabilidade pelo que dizem e proferem.

A Constituição de 1946 estabelecia a imunidade que se traduzia no seguinte: o parlamentar, seja deputado ou senador, somente poderia ser processado depois de licença aprovada pela Casa a que pertencia. Esse princípio desigual caiu na Constituição de 1988, e qualquer deputado e senador pode ser alvo de processo, excetuando o conteúdo de seus discursos no Legislativo através de processo aceito e encaminhado ao Supremo pela Procuradoria Geral da República. A imunidade como vigorou de 1946 a 1988 não existe mais. Por isso, não adianta colocá-la num debate como um fato impeditivo de alguém atingido por um ataque fora da Tribuna e que não possa recorrer contra o autor da ofensa ou acusação de calúnia e injúria.

Logo, não se deve estabelecer confusão sobre um assunto tão delicado e que pode alcançar milhões de pessoas em todo o Brasil. O Google e todas as plataformas que formam as redes sociais da internet têm que levar em conta todos esses aspectos, considerados claramente na Lei de Imprensa em pleno vigor. As redes da internet devem seguir, o que é tão simples quanto lógico, a Lei de Imprensa, inclusive porque não pode haver outra forma de regular a comunicação humana. Liberdade com responsabilidade.

TRABALHO INFORMAL –  Com base em dados oficiais, reportagem de Letícia Lopes e Carolina Nalin, O Globo deste domingo, revela que o trabalho informal no Brasil atinge 40% da mão-de-obra ativa, significando um universo de 39 milhões de homens e mulheres trabalhando. A matéria lembra o dia de hoje, 1º de maio, quando se completam 80 anos da lei promulgada pelo presidente Getúlio Vargas na fase final da ditadura que começou em novembro de 1937 e acabou em 29 de outubro de 1945.

A CLT, até hoje, representando um marco fundamental para a segurança do trabalhador, estabeleceu a estabilidade aos 10 anos de emprego. Em 1966,  com base em um projeto do ministro Roberto Campos, avô do presidente do Banco Central, a estabilidade na prática foi substituída pelo Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.

A CLT de 1943,  que excluía o trabalhador rural, representou um avanço em sua época. A lei do FGTS é outro avanço no tempo, mas o trabalho informal bloqueia a capitalização  da Caixa Econômica Federal para dar sequência, como previa o ministro Roberto Campos, a uma fonte de financiamento para a casa própria e a moradia popular.

SANEAMENTO – A moradia popular trazia consigo um amplo programa de saneamento cada vez mais urgente e indispensável nos dias de hoje: 50% da população brasileira (cerca de 120 milhões de homens e mulheres) não contam com rede de tratamento de esgoto. É fácil constatar as consequências.

As reportagens quase diárias da TV Globo e da GloboNews destacam o problema a partir dos subúrbios da Cidade do Rio de Janeiro, cujo panorama dramático, incluindo a violência e criminalidade, é o oposto da publicidade comercial veiculada tanto pela Prefeitura do Rio quanto pelo Governo do estado do Rio de Janeiro.

INSS – No que se refere ao trabalho informal, ele se choca com o interesse legítimo do INSS, uma vez que bloqueia a receita  proporcionada pelos empregados e empregadores à Previdência Social. Vale acentuar que a contribuição dos empregadores é de 20% sobre as folhas de salários.

Muito maior do que a contribuição dos empregados. Inclusive, não tem limite, e a dos trabalhadores e trabalhadoras está limitada a cinco salários mínimos. Esse é o quadro social brasileiro. Seria importante ouvir a opinião de Roberto Campos Neto sobre a iniciativa progressista de seu avô. Mas ele está preocupado com o desempenho do mercado financeiro.

Na CPI, governo terá de explicar desprezo a informes da Abin e “apagão da inteligência”

Publicado em 1 de maio de 2023 por Tribuna da Internet

Veja mais imagens do general Gonçalves Dias no 8 de janeiro

Governo pensa (?) que pode colocar toda a culpa no GDias

Fabio Serapião
Folha

A CPI mista do 8 de janeiro no Congresso é o espaço em que será possível apontar todos os órgãos e autoridades públicas que de alguma forma falharam ou se omitiram nos ataques aos prédios dos três Poderes.

Com integrantes da base e da oposição, a comissão poderá se valer da disputa política para ir além das autoridades do Distrito Federal apontadas como omissas pelas investigações da Polícia Federal e esmiuçar como cada órgão e autoridade federal reagiu, por exemplo, aos alertas produzidos pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

FALTAM EXPLICAÇÕES – Os informes da Abin revelados pela Folha apontam para muitas perguntas que a CPI deverá responder na linha de apuração sobre quem são as possíveis autoridades omissas e como os órgãos públicos, em especial os federais, falharam a ponto de ter seus três principais prédios invadidos e depredados.

No âmbito distrital, além das investigações da PF, uma CPI na Câmara Distrital já apura os responsáveis.

Na esfera federal, embora as responsabilidades operacionais sejam mais restritas, uma vez que cabe ao Governo do DF a segurança na capital federal, é preciso saber se todas as medidas possíveis foram tomadas e por que não houve tentativas básicas de mitigar os efeitos da investida dos bolsonaristas acampados no QG do Exército contra os três Poderes.

HOUVE ALERTAS – A CPI foi aberta, após meses de atuação contrária da base governista, depois do surgimento de dúvidas sobre como se deu a atuação do governo Lula (PT) com a divulgação pela CNN Brasil das imagens internas do Palácio do Planalto.

O documento enviado pela Abin ao Congresso afirma que ao menos desde a sexta-feira (6) foram enviadas aos principais órgãos de inteligência do país e do Distrito Federal informações sobre a possibilidade de atos violentos de invasão aos três Poderes.

Os documentos contradizem o depoimento do ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Gonçalves Dias, os posicionamentos de outros integrantes do governo e a fala do próprio presidente Lula em sua primeira entrevista após o 8 de janeiro à GloboNews.

TUDO TRANQUILO? – A Abin é o órgão de inteligência responsável por assessorar diretamente o presidente da República.

Após afirmar que deixou Brasília naquela sexta-feira porque foi informado que “estava tudo tranquilo”, Lula afirmou que o sistema de inteligência federal “não existiu”, citando pela primeira vez o tal “apagão da inteligência” — depois citado por GDias à PF.

“Nós temos inteligência do Exército, nós temos a inteligência do GSI, nós temos a inteligência da Abin, nós temos a inteligência da Marinha, nós temos a inteligência da Aeronáutica. A verdade é que nenhuma dessas inteligências serviu para avisar o presidente da República que poderia ter acontecido isso”, disse Lula.

TODOS SE OMITIRAM – Todas as inteligências citadas por Lula e outras, como a da Secretaria de Segurança do DF, segundo os documentos da Abin, sabiam desde o dia 6 da possibilidade de atos violentos.

O próprio GDias, o Ministério da Justiça, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, entre outros órgãos e autoridades, receberam ainda às 19h40 da sexta o informe sobre risco de atos violentos e invasões a prédios, além da convocação de manifestantes para Brasília, com citação até ao uso de armas.

GDias teria recebido vários informes em seu próprio WhatsApp do dia 6 de janeiro até o início dos ataques, por volta das 15h do dia 8.

MENSAGENS A GDIAS – Do total, três mensagens teriam sido encaminhadas exclusivamente para o ex-ministro, sem repasse para os órgãos que compõem o Sisbin (Sistema Brasileiro de Inteligência).

Os documentos também mostram que ao menos três estruturas ligadas ao Ministério da Justiça receberam os informes: a diretoria de Inteligência da pasta, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal.

Todos integravam uma célula de inteligência da Secretaria de Segurança do Distrito Federal recriada após os alertas da sexta e receberam as informações.

MAIS EXPLICAÇÕES – Um dos pontos que a CPI poderá apurar é por que esses órgãos federais, como o Ministério da Justiça, o GSI e o próprio ex-ministro negam ter recebido as informações da Abin. Nesse cenário, onde foram parar essas informações?

Ou, em outra possibilidade, a agência de inteligência responsável por assessorar o presidente falhou na difusão das informações, embora as tenha produzido, e não conseguiu que elas chegassem as autoridades com poder de decisão?

Se a Abin e o sistema de inteligência federal não falharam, também outro cenário possível, quais medidas foram tomadas por cada autoridade e órgão público para evitar a concretização das previsões apontadas nos informes?

CRÍTICAS AO WHATSAPP – Até agora, no governo, além das negativas sobre o recebimento dos informes da Abin e dos apontamentos para as forças de segurança do DF, essas, claro, com boa parte da responsabilidade de acordo com as apurações, só houve a critica de Ricardo Capelli, atual ministro interino do GSI, ao meio utilizado para enviar os informes: o WhatsApp.

“Não é adequado que informes de inteligência confidenciais de um país sejam repassados através de um aplicativo de mensagem de uma empresa privada de uma nação estrangeira. Não se trata de xenofobismo nem conspiracionismo. Estamos tratando de SOBERANIA NACIONAL”, disse nas redes sociais, com palavras em maiúsculas.

A Abin, por sua vez, defende o método utilizado no 8 de janeiro e que, segunda a agência, “utilizados, com eficiência, em eventos críticos como os movimentos dos caminhoneiros em 2021, os atos de 7 de setembro de 2022, as eleições de 2022 e a posse presidencial em 1º de janeiro de 2023”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Excelente resumo de Fabio Serapião na Folha, mostrando a importância do assunto, que continua sendo estranhamente omitido pelos demais órgãos de comunicação, inclusive as emissoras de TV. (C.N.)

Neste 1º de maio vamos apresentar nossa indignação contra a impunidade que acoberta o NEPOTISMO na prefeitura de Jeremoabo

 Nepotismo é prática que viola as garantias constitucionais de impessoalidade administrativa, na medida em que estabelece privilégios em função de relações de parentesco e desconsidera a capacidade técnica para o exercício do cargo público. A proibição do nepotismo é exigência constitucional, vedada em todos os Poderes da República. Pai, mãe, filho, avós, netos, bisavós, bisnetos, irmãos, tios, sobrinhos, sogros, genros, noras, padrastos, madrastas, enteados, cunhados, concunhados e avós do cônjuge, todos se encaixam na proibição do nepotismo.

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