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sábado, outubro 08, 2022

‘Lula menosprezou o eleitor ao olhar para o retrovisor, sem propostas para o futuro’, diz Tebet’

Publicado em 8 de outubro de 2022 por Tribuna da Internet

Simone Tebet, a candidata que mostrou conhecimento e força nos debates -  Brasil - SBT News

Simone Tebet apresentou sugestões ao governo de Lula

Deu no Correio Braziliense
Agência Estado

Terceira colocada no 1° turno da eleição presidencial, quando recebeu 4,9 milhões de votos (4,16%) a senadora Simone Tebet (MDB), de 52 anos, declarou apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na segunda etapa, mas não deixou de fazer críticas ao petista e se colocou contra a hipótese do partido ingressar em um eventual governo.

“Ao olhar apenas para o retrovisor e falar dos possíveis acertos do passado, Lula menosprezou e não deu conforto para o eleitor”, disse Simone nesta entrevista ao Estadão. A seguir, os principais trechos:

A sra. defende que o MDB esteja em um eventual governo Lula?
Não defendo. Acho que o MDB tem que manter sua autonomia como um grande partido de centro democrático no Brasil. É fundamental que o MDB se fortaleça como o fiel da balança. Quando falamos do centro democrático temos que incluir o PSDB, por mais machucado que tenha saído do processo, além do Cidadania e o Podemos. Isso não significa que o partido não possa dar apoio ao próximo presidente nas pautas construtivas. Há um país a ser reconstruído, mas sempre critiquei o fisiologismo do partido. Não vejo dificuldade de composição, mas não pode ser na velha tradição do toma lá, dá cá, da troca de cargos por apoio.

O ex-presidente indicou que a sra. pode estar em um eventual ministério. Cogita essa hipótese?
Nada me foi oferecido. O Lula tem a experiência de saber lidar com a classe política. Ele sabe muito bem com quem fala e com quem trata. A conversa foi muito clara. Meu manifesto estava pronto e eu ia declarar o meu voto à favor da democracia e da Constituição por amor ao Brasil. Eu não vejo uma escolha difícil porque não há dois lados. Um eu reconheço como democrata apesar de todos os defeitos, o outro não. Há um lado só. Mas meu apoio não será por adesão, mas por propostas. Se eles tivessem com intuito de aceitar minhas propostas, o apoio seria maior.

Lula sinalizou que deve aceitar as suas sugestões?
Apresentei sugestões palatáveis, mas decisivas. Coloquei todas no mesmo guarda chuva. Não estou falando de teto de gastos, mas seja qual for a âncora fiscal ela precisa existir como um meio para alcançar a responsabilidade social. As propostas a princípio foram bem aceitas. Eles devem acatar essas sugestões. Provavelmente vai haver um encontro meu com o ex – presidente Lula.

A sra. falou em âncoras fiscais. Não falta clareza no programa econômico do Lula?
Total. Todos nós erramos na campanha. Foi isso que tirou a vitória do Lula no 1° turno. Ao mesmo tempo que pregava o voto útil, que é legítimo, e eu faria a mesma coisa, ele não apresentou ao Brasil as propostas que ele vai fazer se for eleito. Ao olhar apenas para o retrovisor e falar dos possíveis acertos do passado, Lula menosprezou e não deu conforto para o eleitor. O eleitor ficou desconfiado e concluiu que precisava de mais tempo.

Isso prejudicou a terceira via?…
Foi aí que eu e Ciro desidratamos. Cheguei a bater em 11% nos trackings em São Paulo. Na reta final, o eleitor migrou mais para o Bolsonaro. Agora será diferente. Será uma nova eleição. É muito difícil o Bolsonaro conseguir desidratar os votos do Lula.

A sra. falou que o respeito à democracia pesou na sua decisão. Não falta o ex-presidente se posicionar de maneira mais crítica em relação aos regime antidemocráticos latino-americanos? E tem também a ideia de regulamentar a mídia…
Sem dúvida. Nesse aspecto da mídia ele recuou, mas precisa deixar isso mais claro. O editorial do Estadão foi brilhante. Não é que o eleitor escolheu um Congresso mais conservador. Isso é do jogo e faz parte da democracia. O problema é que junto com esse conservadorismo vieram pessoas com pautas reacionárias e que representam o extremismo. Houve um aumento da bancada da bala. Não dá para desconsiderar que no caso de uma possível reeleição do Bolsonaro ele terá uma hegemonia de poder que há muito tempo não se via. Teria o controle do Congresso Nacional para se assenhorar do único poder que não é político, que é o Judiciário. Quando a gente fala de ditaduras de esquerda, não tem como apagar a história do PT. Temos que olhar para frente e para o Brasil de hoje. Eventual vitória de Bolsonaro pode dar a ele o controle do STF.

Como foi tomar a decisão de apoiar Lula?
Foram as 48 horas mais difíceis da minha carreira política. O maior risco político que eu já corri foi tomar uma decisão, mas não havia outro caminho. Conhecidos, correligionários e parentes me imploraram por minha neutralidade no segundo turno.

Por que fez a declaração de apoio ao Lula sozinha sendo que muitos emedebistas estavam em São Paulo?
Muitos não estiveram comigo na campanha. E quem estava precisava manter a imparcialidade.

Pretende participar dos programas de TV e subir no palanque do Lula?
Tudo que for necessário fazer para garantir a democracia como pilar estou disposta a fazer, mas como defesa do Brasil.

(As informações são do jornal O Estado de S. Paulo)

sexta-feira, outubro 07, 2022

Bolsonaro abandona tom moderado e, aos gritos, ataca Moraes e Lula

 Sexta, 07 de Outubro de 2022 - 16:00


por Cézar Feitoza, Renato Machado e Matheus Teixeira | Folhapress

Bolsonaro abandona tom moderado e, aos gritos, ataca Moraes e Lula
Foto: Reprodução / Flickr Palácio do Planalto

Depois de conceder diversas entrevistas após o resultado do primeiro turno da eleição em tom sereno e rodeado de aliados políticos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) se exaltou nesta sexta-feira (7) e proferiu novos ataques ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com tom de voz agressivo e elevado.

 

"Alexandre de Moraes, mostre o valor das movimentações. Tenha caráter e mostre o valor das movimentações. É só tentativa de desgaste, isso é bem claro. A minha esposa não tem escritório de advocacia", disse o presidente, aos gritos, em entrevista no Palácio da Alvorada.
 

"Você está ajudando a enterrar o Brasil, por questão pessoal. Não sei qual, mas é pessoal. Para onde vai o Brasil com essa quadrilha do PT voltando ao governo?", completou Bolsonaro, em referência ao presidente do TSE.
 

Na entrevista, Bolsonaro ainda disse que a quebra de sigilo autorizada por Moraes contra Mauro Cesar Barbosa Cid, ajudante de ordens do presidente, é um "crime".
 

"Já desafiei o Alexandre de Moraes, que vazou a quebra de sigilo telemático do meu ajudando de ordens, que é um crime que esse cara fez. É um crime o que esse cara fez. O meu ajudante de ordens, em especial o Cid, é um cara de confiança meu. 'Cid, aquele assunto com o Putin é assim'. 'Aquele assunto com o Joe Biden é assado'. E esse cara [Moraes] consegue pegar tudo para ele", afirmou.
 

Bolsonaro concedeu a entrevista, de cerca de 40 minutos, após almoçar com o apresentador de TV Datena. O presidente abandonou o discurso moderado que vinha adotando desde domingo (2) e voltou a radicalizar.
 

"Se você botarem um pinguço para dirigir o Brasil, um cara sem qualquer responsabilidade que tem um rastro de corrupção, um rastro de deboche com a família brasileira, de ataques a padres e a pastores, de ataques às Forças Armadas, de ataques aos policiais, vocês acham que vai dar certo?", disse o presidente.

Bahia Notícias

Vídeo de Bolsonaro sobre comer carne humana viraliza | Polêmica Luísa Sonza Caixa de entrada

 

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Esse novo “endeusamento” de Lula desperta o antipetismo de 2018 e pode eleger Bolsonaro

Publicado em 7 de outubro de 2022 por Tribuna da Internet

Lula com artistas antes do primeiro turno

Cercado de artistas, Lula já se sente como vencedor do Oscar

Elio Gaspari
O Globo

Quem viu o último grande evento da campanha de Lula, no dia 26 de setembro, podia achar que estava na cerimônia de entrega do Oscar, com um só vencedor, Luiz Inácio Lula da Silva. Sentia-se no ar uma opção preferencial pelas celebridades. O evento destinava-se mais a deificar Lula que a permitir uma coligação de vontades que derrotasse Bolsonaro.

Contados os votos, Lula prevaleceu, mas não conseguiu fechar a eleição no primeiro turno. Olhando para o mapa, vê-se que os candidatos apoiados por Bolsonaro ficaram na frente em todos os estados do Rio Grande do Sul ao Espírito Santo.

VENDAVAL DE 1974– O mapa de 2022 guarda semelhanças com o do vendaval de 1974, quando o MDB elegeu todos os senadores do Rio Grande do Sul até a muralha da Bahia. (A semelhança é grosseira por parcial, porque desta vez as eleições no Rio Grande do Sul e em São Paulo decidem-se no segundo turno.)

Em 1974, o favoritismo dos candidatos da ditadura era tamanho que Ulysses Guimarães em São Paulo e Tancredo Neves em Minas Gerais preferiram ficar no conforto de suas cadeiras de deputado. Elegeram-se os pouco conhecidos prefeitos de Campinas e Juiz de Fora, Orestes Quércia e Itamar Franco.

Em 1974, dizia-se no Palácio do Planalto que Nestor Jost, candidato do governo no Rio Grande do Sul, devia ficar quieto, pois ganharia uma cadeira de senador. Ilusão, ela foi para o emedebista Paulo Brossard.

ASTRONAUTA NOS CÉUS – Em 2022, o comissariado petista selou sua aliança com o ex-governador Márcio França dando-lhe a cadeira de senador e entregando à sua mulher a vice na chapa de Fernando Haddad. Contados os votos, França foi para casa, o astronauta de Bolsonaro elegeu-se senador, e Haddad lutará no segundo turno.

A eleição do astronauta Marcos Pontes em São Paulo traz outro sinal: 2022 não é um replay de 2018, porque ele não é o Major Olímpio, que tomou a cadeira de Eduardo Suplicy.

É verdade que, em 2022, o boiadeiro Ricardo Salles conseguiu se eleger para a Câmara, mas seu bolsonarismo, mesmo sendo radical, é recente. Quem o trouxe para a política de São Paulo foi Geraldo Alckmin. Entre 2018 e 2022, o deputado federal Eduardo Bolsonaro perdeu 1 milhão de votos.

ANTIPETISMO – Alguns ventos de 2018 fizeram-se sentir, mas a força que os move está, de certa forma, ligada ao antipetismo. O ex-juiz Sergio Moro elegeu-se senador pelo Paraná, e sua mulher deputada por São Paulo.

O comissariado e, sobretudo, Lula subestimaram o vigor desse sentimento. São muitos os eleitores que apreciaram a entrada de Geraldo Alckmin na chapa de Lula, mas não o acompanharam no mea-culpa de dizer-se iludido por ter condenado práticas dos governos petistas.

Juscelino Kubitschek, um político que amava a vida, ensinava que não tinha compromisso com o erro. Errou bastante, mas acertou muito mais.

NAS BOLAS DE FERRO – Lula e seus comissários, com um notável acervo de acertos, tropeçam nas bolas de ferro dos próprios erros. A eleição de domingo mostrou que a tentativa de deificação de Lula pode ter um preço: a reeleição de Jair Bolsonaro.

Quando Lula diz que o segundo turno é uma simples prorrogação de um jogo ganho, ele pode estar cometendo o último erro de uma campanha que começou bem e se perde num terrível instante, parecido com aquele em que a defesa da seleção brasileira de 1950 achou que o ponta-direita uruguaio Alcides Ghiggia recebeu a bola e centraria. Ele avançou e fez 2 x 1.

Nenhum político merece cheque em branco, mas os eleitores vão às urnas sem refletir

Publicado em 7 de outubro de 2022 por Tribuna da Internet

Charge Erasmo Spadotto – Série de Mentiras Horário Político - Portal  Piracicaba Hoje

Charge do Erasmo (Portal Piracicaba Hoje)

Magno Karl
O Globo

Promessas exageradas são parte do folclore político em qualquer democracia. Elas alimentam o imaginário do eleitor, rendem notícias para a imprensa e preenchem horas de análise nas redes e bares. Mas promessas não ancoradas na realidade também alimentam uma política personalista, que separa voto e reflexão, candidato e programa, e reforçam campanhas baseadas majoritariamente na emoção.

Um bom candidato é um vendedor de visão de futuro. No Brasil, entretanto, o debate de ideias foi mais uma vontade que não pegou. Aos eleitores, os candidatos oferecem um cardápio de promessas vagas. Aos grupos organizados, oferecem a satisfação de suas demandas. Ao TSE, por obrigação legal, oferecem documentos sem relevância, descolados de suas campanhas, que ficam velhos a cada entrevista.

NADA SIGNIFICAM – Eleições não são campeonatos de histórias inspiradoras. Programas de governo não são cartas dos desejos de candidatos a Papai Noel. Descoladas da realidade, promessas bem-intencionadas nada significam.

Recentemente, o Supremo Tribunal Federal suspendeu o piso salarial da enfermagem para que seus custos e riscos ao sistema de saúde fossem analisados melhor. Para cada nova lei sancionada, uma série de consequências é disparada, muitas vezes atropelando as intenções originais.

A análise dessas possibilidades também é responsabilidade daqueles que desejam fazer reparos no status quo, sob pena de desorganização de pilares fundamentais do país.

DEBATE É FUNDAMENTAL – A exigência de que os candidatos apresentem suas ideias para debate durante o período eleitoral é fundamental. O amadurecimento da nossa democracia passa, necessariamente, pela substituição do personalismo pela fundamentação em proposições — cujas consequências merecem ser discutidas antes que a sociedade opte por um candidato.

O descasamento entre campanhas e programas esvazia o papel construtivo dos partidos e reforça o personalismo. O resultado é a multiplicação de dinastias que reúnem em cargos públicos pais e mães, maridos e esposas, filhos e sobrinhos —e afastam o eleitor comum, sem parentes influentes.

A apresentação de propostas realistas é importante porque a capacidade de equilíbrio entre ideias e seus custos é fator relevante para medir a maturidade de cada candidatura.

POLÍTICAS PÚBLICAS – O desejo de criar ou expandir programas, reconhecer categorias profissionais, construir ou reformar não elimina a necessidade de análises das políticas públicas e de suas inevitáveis consequências.

Numa sociedade democrática, não deve haver barreiras para disputas que emocionem, engajem e motivem a militância. Negar os aspectos emocionais de uma campanha seria despir a política dos grandes atos, dos discursos memoráveis, das construções simbólicas que inspiram sociedades por séculos.

É natural que as propostas dos candidatos misturem diversas faces do que está em jogo, sinalizando para as aspirações do eleitorado em várias frentes.

SUPERCONFIANÇA – O que não é normal é a nossa superconfiança nos poderes de líderes carismáticos, os únicos capazes de nos proteger de grandes ameaças ou de colocar comida em nossa mesa. Atividade de baixa reputação junto à sociedade, a política precisa não apenas ser limpa, mas demonstrar que é limpa.

É preciso que acordos de gabinetes sejam substituídos por alianças programáticas, que mostrem aos eleitores os temas e os motivos que unem, mesmo que pontualmente, partidos e políticos outrora antagônicos.

O Brasil do futuro é o país de propostas e propósitos, não pode ser o país do cheque em branco.

Bolsonaro é ameaça ao Brasil, diz cofundador da Natura ao abrir voto em Lula

 

***FOTO DE ARQUIVO*** SÃO PAULO, SP, 19-02-2019 - Pedro Passos, cofundador da Natura. (Foto: Eduardo Knapp/Folhapress)
***FOTO DE ARQUIVO*** SÃO PAULO, SP, 19-02-2019 - Pedro Passos, cofundador da Natura. (Foto: Eduardo Knapp/Folhapress)

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O empresário Pedro Passos, cofundador da Natura, foi um dos primeiros, ainda no início de 2021, a defender a construção de uma terceira via nas eleições presidenciais. Depois, escolheu Simone Tebet (MDB) e fez contribuições para a sua candidata.

Com a polarização se mostrando intransponível nas urnas no primeiro turno, ele também toma a frente em outro movimento que foi destaque na cena econômica nesta primeira semana do segundo turno: declarou voto em em Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Abro o voto para Lula porque estamos diante de uma ameaça institucional com o governo Bolsonaro", afirmou. "E o Brasil não pode viver sob ameaça."

Segundo Passos, o atual presidente da República também descumpriu promessas na economia. " É um governo que prometeu ser liberal, mas de liberal não tem nada", disse. "É intervencionista."

O empresário destaca que o risco institucional da atual gestão contaminou até a economia, com estouros do teto de gastos e o uso indiscriminado do instrumento da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para viabilizar medidas que não são saudáveis à economia.

"Não tenho nenhuma expectativa de que ele possa fazer algo muito diferente daqui para frente", afirmou.

PERGUNTA - Em 2018, o sr. escreveu um artigo na Folha de S.Paulo intitulado "Qual é o meu voto", defendendo uma agenda de mudanças, mas não citou nomes. Agora, por que o sr. sente essa necessidade de abrir o voto?

PEDRO PASSOS - Abro o voto para Lula porque estamos diante de uma ameaça institucional com o governo Bolsonaro e também porque tenho acompanhado a eleição. Eu apoiei a construção de uma agenda com o programa da Simone.

Efetivamente, no primeiro turno, tivemos a surpresa de uma maior votação no Bolsonaro do que o previsto nas pesquisas, e vimos a eleição de um Congresso muito radical de direita, na linha do Bolsonaro. Eu tenho muito medo que isso se reflita num governo forte e com tendências reacionárias. Tenho muito medo do que pode acontecer institucionalmente

Basta ver o que ocorreu em períodos recentes. Vários aspectos, que a gente supunha serem inconstitucionais foram implementados. Tivemos a PEC Kamikaze, a PEC dos precatórios, os benefícios em ano eleitoral. E o Supremo [Tribunal Federal] ainda é desrespeitado. A gente está diante de muitos desafios.

Eu achei importante abrir até para manifestar a orientação que discutimos dentro do grupo que apoiou a Simone, que decidiu apoiar Lula.

P. - Cinco economistas ligados à criação do Real e à estabilidade da moeda, bem como empresários como sr. já declararam apoio a Lula. O sr. espera algum aceno de Lula na área econômica a partir desse apoio público?

PP - Eu espero que sim. Infelizmente, o programa que o PT tem sinalizado é muito ultrapassado. Seja pelo intervencionismo, seja pela influência que prevê nas estatais, pela manutenção de uma economia fechada, ou pela revisão de algumas reformas importantes, como a trabalhista.

Não é a agenda que imaginamos para o Brasil.

p. - E qual seria?

PP - Em primeiro lugar, precisamos de estabilidade fiscal. A melhor forma para atingir objetivos sociais é mantendo as contas públicas em ordem, porque assim baixa a taxa de juros e atrai investimentos. Mas também precisamos de uma agenda de modernização. Não podemos ter o Brasil sempre atrasado, isolado do mundo, com baixa inserção internacional e baixa produtividade.

Na agenda de produtividade há vários componentes e ela anda meio esquecida. É importante que o governo Lula vá na direção das reformas necessárias para elevar a produtividade.

P. - Qual é sua avaliação do governo Bolsonaro na economia?

PP - É um governo que prometeu ser liberal, mas de liberal não tem nada. É intervencionista. Interveio na Petrobras várias vezes. Não respeitou o teto de gastos. Não evoluiu com as reformas. A reforma tributária está acordada, mas não foi implementada.

Falando em educação, a reforma do ensino médio, aprovada no governo de Michel Temer, não foi implementada pelo governo Bolsonaro. Aliás, a educação foi uma tragédia. Sem falar da questão ambiental.

Não tenho nenhuma expectativa de que ele possa fazer algo muito diferente daqui para frente.

Mas a minha maior preocupação com o Bolsonaro é como ele lida com a parte institucional, com a democracia. Ele é uma ameaça, e o Brasil não pode viver sob ameaça.

P. - Qual o seu cenário para a economia no ano que vem?

PP - Vai ser um ano difícil. Sem grande crescimento. Vamos ter de discutir como fazer a transição diante das dinamites deixadas pelo governo atual. O cenário internacional sinaliza recessão, ou ao menos baixo crescimento nos Estados Unidos. E ainda tem a guerra na Ucrânia, que está indefinida. Não vai ser fácil em 2023, nem em 2024.

P. - O sr. notou que traçou um cenário de transição como se Lula já tivesse sido eleito?

PP - [risos] Eu não tenho capacidade de análise eleitoral. Talvez aqui eu tenha manifestado o cenário que eu acho melhor.

YAHOO

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