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domingo, outubro 02, 2022

Saiba como é o cálculo para eleição de deputados




Eleitores brasileiros irão às urnas no próximo dia 2 de outubro para escolher seus representantes a presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual (deputado distrital, para o distrito federal). Embora a forma de votar seja a mesma, o cálculo do voto é diferente para os sistemas majoritário e o proporcional.

Na eleição para os cargos de presidente, governador e senador, os candidatos mais votados são eleitos, considerando os votos válidos. Ou seja, são excluídos dessa contagem os votos em branco e os nulos.

Eleição de deputado federal

Com o sistema proporcional, as vagas são distribuídas em proporção aos votos dados aos candidatos, partidos e federações. Dessa forma, o resultado da eleição para a Câmara dos Deputados não considera números exatos. Depois da primeira distribuição de vagas, sempre há "sobras" que são distribuídas em um cálculo posterior. O preenchimento das vagas é efetuado segundo o cálculo dos quocientes eleitoral (QE) e partidário (QP), além da distribuição das sobras.

Com o sistema proporcional, as vagas são distribuídas em proporção aos votos dados aos candidatos, partidos e federações. Dessa forma, o resultado da eleição para a Câmara dos Deputados não considera números exatos. Depois da primeira distribuição de vagas, sempre há "sobras" que são distribuídas em um cálculo posterior. O preenchimento das vagas é efetuado segundo o cálculo dos quocientes eleitoral (QE) e partidário (QP), além da distribuição das sobras.

O quociente eleitoral é o número de votos válidos (voto em candidato e na legenda) divididos pelo número de vagas a que determinado estado tem direito na Câmara. Já o Quociente Partidário trata do número de votos de cada partido dividido pelo quociente eleitoral. Indica quantas vagas cada partido tem direito, desprezada a fração.

Outro aspecto considerado para a eleição é a cláusula de barreira individual, que impede a eleição de candidatos que não tenham conseguido sozinhos um número de votos equivalente a 10% do quociente eleitoral.

Cálculo das sobras

O número de vagas que serão preenchidas pelas “sobras” corresponde ao número de rodadas da etapa a seguir.

- Em cada rodada, divida o número total de votos válidos que o partido obteve pelo número de cadeiras que ele obteve na rodada anterior +1.

- O partido que apresentar o resultado maior leva a cadeira. Repete-se o procedimento enquanto houver cadeiras a distribuir.

Federações

Uma novidade nesta eleição é a possibilidade dos partidos poderem se unir em federações. No cálculo de votos, a federação equivale a um partido.

Quanto mais candidatos fortes, mais votos – então, mais cadeiras o partido garante. O trabalho conjunto é importante. Tradicionalmente, poucos são os candidatos que conseguem atingir sozinhos o quociente eleitoral.

Diferente das coligações que tinham validade apenas no período eleitoral, as siglas reunidas em federação partidária deverão permanecer juntas por, no mínimo, quatro anos.

Neste ano, três federações foram registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE):

- Federação Brasil da Esperança: PT, PCdoB e PV

- Federação PSDB Cidadania

- Federação Psol Rede

Voto em legenda

Outra opção para o eleitor no sistema proporcional é o voto na legenda, sem destinar seu voto a nenhum candidato em específico. Nos cargos de deputado estadual, distrital e federal, ele pode votar dessa maneira, digitando na urna apenas os dois primeiros números – referentes ao partido – e confirmando no botão verde. Assim, o voto será computado ao partido e incluído na conta que elegerá os candidatos mais votados daquele partido.

Vagas por estado

A distribuição das vagas por estado considera primeiramente, a divisão entre o número de habitantes do país (definido pelos censos do IBGE) por 513 (total de vagas na Câmara) para definir o coeficiente populacional. Em seguida, o número de habitantes de cada estado (e do DF) é dividido pelo coeficiente populacional. Esse é o número de vagas que cada um terá.

O número mínimo de vagas é 8, e o máximo é 70. Ou seja, aos estados menos populosos (Acre, Rondônia, Roraima, etc.) é assegurada essa representação mínima, e ao estado mais populoso (São Paulo) é imposto o limite de 70. Se não houvesse limite, São Paulo teria mais de 100 deputados.

Atualmente, a distribuição está da seguinte forma:

Acre - 8

Alagoas - 9

Amazonas - 8

Amapá - 8

Bahia - 39

Ceará - 22

Distrito Federal - 8

Espírito Santo - 10

Goiás - 17

Maranho - 18

Minas Gerais - 53

Mato Grosso do Sul - 8

Mato Grosso - 8

Pará - 17

Paraíba - 12

Pernambuco - 25

Piauí - 10

Paraná - 30

Rio de Janeiro - 46

Rio Grande do Norte - 8

Rondônia - 8

Roraima - 8

Rio Grande do Sul - 31

Santa Catarina - 16

Sergipe - 8

São Paulo - 70

Tocantins - 8

Agência Câmara / Dinheiro Rural

Bolsonaro recebe apoio de políticos de extrema direita




Entre os nomes que externaram apoio ao atual presidente está o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán (dir.), além de parlamentares de países como Portugal, Espanha e Argentina. Filho de Trump também mandou mensagem.

Na véspera da eleição e em desvantagem nas pesquisas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu neste sábado (01/10) o apoio de políticos de extrema direita de diferentes países, entre eles do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán.

"Conheci muitos líderes, mas vi poucos tão excepcionais quanto o presidente Bolsonaro. Foi uma grande honra ter visto e aprendido como ele reduziu impostos, estabilizou a economia, reduziu a criminalidade e preparou o Brasil para um futuro brilhante", disse Orbán sobre Bolsonaro.

O húngaro também afirmou que, apesar da pressão da esquerda e da globalização, Bolsonaro foi "corajoso" em colocar Deus acima de tudo no Brasil.

Orbán, que governa a Hungria desde 2010, foi um dos poucos líderes europeus que compareceu na posse de Bolsonaro, em janeiro de 2019. Recentemente, membros do Parlamento Europeu votaram pela condenação da Hungria por seu resvalo para o autoritarismo. Para os eurodeputados, o país deveria perder o status de democracia plena, passando a ser considerado um "regime híbrido de autocracia eleitoral".

Em setembro, a Comissão Europeia propôs a suspensão de 65% dos fundos comunitários à Hungria por alegações de corrupção e violações do Estado de Direito por parte do governo de Orbán.

Apoio de parlamentares

Bolsonaro também recebeu apoio de políticos da Europa e da América do Sul e compartilhou alguns vídeos em suas redes sociais. 

Em um deles, o deputado português André Ventura, presidente do partido populista de direita Chega, diz que "em Portugal não temos dúvidas: Jair Bolsonaro é o melhor presidente para os brasileiros".

"O regresso de Lula da Silva é uma tragédia para os brasileiros, para a América Latina e para os países de língua portuguesa", afirma o parlamentar.

Outro vídeo compartilhado por Bolsonaro foi do deputado espanhol Santiago Abascal, presidente do partido de extrema direita Vox.

"Da Espanha, quero enviar todo o meu apoio ao presidente Bolsonaro, que neste domingo lidera a alternativa dos patriotas, a de nós que queremos nações livres, prósperas e soberanas, contra o comunismo e o globalismo. Avante Brasil e avante Bolsonaro", afirma Abascal.

O deputado argentino Javier Milei, principal nome da direita libertária na Argentina, disse que a liberdade do Brasil está em jogo nessas eleições. "É por isso que apoio fortemente Jair Bolsonaro contra a esquerda radical", afirmou.

Na mesma linha, Bolsonaro recebeu o apoio do ultradireitista chileno José Antonio Kast, do Partido Republicano, que perdeu a disputa pela presidência do Chile para Gabriel Boric.

"Neste domingo, o Brasil joga pela liberdade. Tem sido anos de maior progresso e segurança. Do Chile, desejamos todo o êxito para o presidente Jair Bolsonaro para que derrote mais uma vez a esquerda radical", disse Kast no vídeo.

Trump Jr. grava vídeo

Embora não tenha vindo diretamente de um político, outro vídeo empolgou a equipe do atual presidente brasileiro: o de Donald Trump Jr, filho do ex-presidente americano Donald Trump.

"O presidente Bolsonaro, o presidente de vocês, é um grande amigo dos Estados Unidos e a única pessoa que pode parar a disseminação do socialismo e do comunismo na América do Sul", destacou, em um vídeo de 13 segundos.  

Anteriormente, o ex-presidente republicado já havia manifestado apoio a Bolsonaro.

"O presidente Jair Bolsonaro ama o Brasil acima de todas as coisas. Ele é um homem maravilhoso e tem meu apoio total e completo", escreveu Donald Trump em setembro em uma rede social.

Na quinta-feira, líderes de vários espectros políticos da Europa haviam externado apoio a Luiz Inácio Lula da Silva, em uma carta. Entre os signatários estavam o ex-presidente da França François Hollande e o ex-primeiro-ministro espanhol José Luis Zapatero.

"Quando a democracia está em perigo, é preciso juntar os divergentes para vencer os antagônicos. É por isso que nós, ex-chefes de Estado e de Governo de diversas tendências políticas, apoiamos a candidatura do ex-presidente Lula à Presidência da República", diz o texto.

Deutsche Welle

A arte de perder (2)




A má notícia é que vai se aproximando a hora de ter de encarar o segundo governo Bolsonaro ou o terceiro governo Lula

Por Eduardo Affonso (foto)

Amanhã, 2 de outubro, ao cair da tarde, teremos uma boa e uma má notícia. A boa é que podemos estar chegando à reta final desta corrida maluca pela Presidência. A má é que vai se aproximando a hora de ter de encarar o segundo governo Bolsonaro ou o terceiro governo Lula.

Vejamos pelo lado bom: não tem como Bolsonaro II ser pior que Bolsonaro I — ainda que lhe sobrem vontade e talento para isso. Mas não há indícios de uma Covid-23, que o ajude a dizimar mais uma parte da população. As instituições já estão vacinadas (e com dose de reforço) contra seu autoritarismo e sua compulsão golpista. E haverá oposição — daquele tipo que leva adiante pedidos de impeachment e não aposta no “quanto pior, melhor” para depois ficar com o butim da terra arrasada. Oposição como a que o PT sempre fez quando lhe foi conveniente fazer.

Quanto a Lula III, pode ser sua última oportunidade de não entrar para a História como um Ademar de Barros II, o do “rouba, mas faz”. Lula não tem herdeiros políticos à altura — ele mesmo esterilizou tudo à sua volta para reinar soberano, árvore sob cuja copa nada floresce. É agora ou nunca para deixar um legado inquestionável, que se sobreponha ao mensalão, ao petrolão, à responsabilidade por nos ter impingido Dilma, ao apoio a ditaduras, ao sítio do amigo etc. Para fazer um ajuste de conduta e não mais tirar dos pobres para dar aos empreiteiros, banqueiros, doleiros e cerverós.

No seu discurso de posse, 20 anos atrás, Lula I disse que “enquanto houver um irmão brasileiro ou uma irmã brasileira passando fome, teremos motivo de sobra para nos cobrirmos de vergonha”. A quantos brasileiros não faltariam comida, saúde, educação se tivessem sido investidos em programas sociais os bilhões desviados pelo PT... E até hoje ninguém do partido se mostrou envergonhado. Lula I falou em pacto social — e cindiu a sociedade. Falou em combate à corrupção — e produziu uma batelada de escândalos. Falou em derrotar a cultura da impunidade — e ei-lo aí, impune.

Já Bolsonaro, há quatro anos, disse “vamos unir o povo” — e potencializou a desunião; “valorizar a família” —devia estar se referindo à sua própria; “respeitar as religiões” — e demonizou o Estado laico. Falou em “restaurar e reerguer nossa pátria, libertando-a, definitivamente, do jugo da corrupção, da criminalidade, da irresponsabilidade econômica e da submissão ideológica” — e fez, minuciosamente, o contrário.

Amanhã saberemos o que nossa democracia terá de enfrentar — se a investida do que quer colocá-la abaixo ou do que pretende miná-la por dentro. Em qual vice prestar atenção — se no neossocialista Alckmin ou no “cumpridor de ordens” Braga Netto. Se teremos de nos conformar à linguagem neutra ou à chula.

Talvez seja mesmo hora de pedir perdão à Dilma —não pelas críticas, mas por termos duvidado de sua sapiência. Ela cravou, em 2010:

— Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder.

Amanhã, independentemente do resultado, sua profecia terá se cumprido.

Resta a esperança de eleger bons governadores, senadores e deputados. E evitar a perda total.

O Globo

Conspiração e apuração paralela: a desinformação sobre urnas que circula no WhatsApp e Telegram às vésperas da eleição




À medida que se aproxima o dia 2 de outubro, data do primeiro turno, multiplicam-se nos aplicativos de mensagem WhatsApp e Telegram postagens com desinformação que questionam a integridade das eleições no Brasil.

É o que mostra um relatório elaborado pelo NetLab, grupo de pesquisa da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), obtido com exclusividade pela BBC News Brasil.

A pesquisa identificou a circulação de informações falsas que citam supostas “evidências” de que as urnas estão sendo fraudadas e mensagens que trazem orientações problemáticas sobre como os eleitores deveriam agir no dia e durante a votação, com incentivo ao uso do celular na seção eleitoral (o uso do aparelho na hora de votar, porém, é proibidor por lei).

O relatório Ameaças à segurança da votação também aponta para a existência de 27 grupos no aplicativo Telegram, criados para cada estado do país com o objetivo de realizar uma suposta “contagem pública” dos votos no dia das eleições. Ao todo, os grupos reúnem quase 90 mil membros.

Para investigar a circulação das informações falsas, que têm potencial de induzir os eleitores a comportamentos nocivos e ameaçar a segurança das eleições no dia da votação, o Netlab analisou mais de 4 mil mensagens publicadas no WhatsApp e Telegram entre 25 de julho e 26 de setembro de 2022.

Todas as postagens trazem algum tipo de conteúdo com desinformação que questiona a confiabilidade do sistema eleitoral, promove contagens paralelas ou incentiva a desobediência civil.

No WhatsApp, no período analisado, foram identificadas 2 mil mensagens com termos relacionados à segurança das eleições compartilhadas por mil usuários únicos em 150 grupos públicos monitorados.

No Telegram, os pesquisadores contabilizaram 2.700 mensagens enviadas por 777 usuários únicos em 164 grupos e canais públicos. Ao todo, os ambientes monitorados reúnem mais de 9 mil integrantes, segundo o NetLab.

Em ambos os aplicativos, foram identificados picos de compartilhamento desinformativo sobre as urnas nos dias que antecedem a eleição de 2 de outubro.

No WhatsApp, houve um primeiro crescimento em 6 de setembro, antes das celebrações do Dia da Independência e pouco depois do anúncio pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que celulares seriam proibidos nas cabines de votação.

No fim de setembro, o volume de mensagens sobre a segurança eleitoral voltou a crescer, com intenso compartilhamento de convites para os grupos que propõem alternativas para uma “contagem pública dos votos”.

No Telegram, o maior pico de compartilhamento de mensagens foi observado no dia 22 de setembro, com quase 200 mensagens enviadas nos grupos monitorados em um único dia. Desde então, a tendência segue sendo o crescimento do assunto na plataforma.

“Identificamos muitos textos idênticos sendo replicados, o que nos leva a crer que há uma espécie de disparo em massa desses conteúdos, usando tecnologia ou por pessoas”, diz Rose Marie Santini, fundadora do NetLab e professora da UFRJ.

A pesquisadora enviou o relatório ao Tribunal Superior Eleitoral para verificação dos conteúdos. O tribunal e a lei proíbem o compartilhamento de desinformação que ameace a integridade do processo eleitoral.

Segundo uma resolução de 2021, é vedada a divulgação ou compartilhamento “de fatos sabidamente inverídicos ou gravemente descontextualizados” que atinjam os processos de votação e a apuração e totalização de votos.

Em nota enviada à reportagem, o WhatsApp afirmou que “é a plataforma de mensagens que mais coopera ativamente com as autoridades na proteção da integridade das eleições”.

“Nesse sentido, destacamos nossas parcerias com TSE e diversos TREs, que incluem contas oficiais no aplicativo para oferecer serviços da Justiça Eleitoral à população e são fonte de informação confiável sobre todo o processo eleitoral”, disse a empresa.

A plataforma afirmou ainda que “as conversas trocadas em grupos específicos, com um viés altamente politizado, de modo algum representam as conversas dos usuários brasileiros ou a forma pela qual o WhatsApp é majoritariamente utilizado no país”.

“É importante que comportamentos inapropriados, além de conteúdos ofensivos e possivelmente ilegais, sejam denunciados às autoridades competentes”, diz ainda a nota.

Em nota enviada à BBC News Brasil, o Telegram afirmou que vem adotando proativamente medidas no Brasil para “detectar e mitigar o espalhamento de desinformação e de conteúdo que viola as regras do serviço”. A empresa diz ainda ter uma linha de comunicação direta com o TSE desde maio de 2022, além de trabalhar com agências independentes de checagem de informação, como Aos Fatos e Estadão Verifica.

Desinformação e ameaça às urnas

Entre as fake news que circulam nos grupos, destacam-se mensagens que questionam a segurança do sistema eleitoral e atacam as urnas eletrônicas.

Em ambos os aplicativos de mensagem, circula uma teoria conspiratória que supostamente comprovaria que urnas foram violadas em Itapeva, cidade do estado de São Paulo.

Imagens mostram funcionários de uma empresa contratada pelo TSE via licitação pública realizando procedimentos técnicos nas urnas.

O fato de este serviço ter sido realizado na sede de um sindicato, ao lado do cartório eleitoral da cidade, gerou alarde e denúncias de que as urnas estariam sendo violadas. “Golpe à vista”, diz uma das mensagens.

As informações foram desmentidas pelo Tribunal Superior Eleitoral, que explicou que o procedimento de carga e lacração das urnas eletrônicas é uma cerimônia pública, e foi acompanhado pela Justiça Eleitoral e fiscalizado por várias entidades e cidadãos presentes.

Desde 2014, por falta de espaço físico no cartório eleitoral de Itapeva, este processo é realizado na sede sindical vizinha ao local.

Na última semana de setembro, também foram compartilhados áudios que denunciavam urnas eletrônicas supostamente sendo enviadas à cidade de Cordeiro, no Rio de Janeiro, com votos a favor do ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) carregados em sua memória interna.

O material é falso. Segundo a agência de checagem Boatos.org, o “texto que circula é vago, alarmista, tem erros de português (a pessoa erra até o nome do TSE) e não cita qualquer fonte confiável que confirme a história”.

Desde julho, circulam ainda no WhatsApp mensagens sobre suposta declaração do ex-presidente da Câmara dos Deputados Marco Maia (PT-RS) sobre um suposto plano de fraude na totalização dos votos, que teria o objetivo de favorecer Lula e outros candidatos de esquerda. A informação já foi investigada por veículos de checagem e constatada como falsa.

Na última semana de setembro, também foram compartilhados áudios que denunciavam urnas eletrônicas supostamente sendo enviadas à cidade de Cordeiro, no Rio de Janeiro, com votos a favor do ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) carregados em sua memória interna.

O material é falso. Segundo a agência de checagem Boatos.org, o “texto que circula é vago, alarmista, tem erros de português (a pessoa erra até o nome do TSE) e não cita qualquer fonte confiável que confirme a história”.

Desde julho, circulam ainda no WhatsApp mensagens sobre suposta declaração do ex-presidente da Câmara dos Deputados Marco Maia (PT-RS) sobre um suposto plano de fraude na totalização dos votos, que teria o objetivo de favorecer Lula e outros candidatos de esquerda. A informação já foi investigada por veículos de checagem e constatada como falsa.

No Telegram, uma mensagem que começou a circular no início de setembro conspira sobre diversas ações que estariam sendo empreendidas por “corruptos do TSE” e “militantes de cartórios” para sabotar eleitores do presidente Bolsonaro e anular seus votos.

As ações incluem o cancelamento de títulos de eleitor, recrutamento de militantes de esquerda para atuarem como mesários e auxiliarem na fraude e falsas alegações de falhas nas urnas em estados em que Bolsonaro lidera.

Segundo o NetLab, as Forças Armadas também são mencionadas regularmente nos grupos dos aplicativos, ainda que de forma menos intensa. Militares surgem na narrativa como uma possível salvação nesse primeiro momento, com a proposta de realizarem uma “apuração paralela” dos votos no dia das eleições.

Para Santini, especialista do NetLab, as mensagens fazem parte de uma narrativa coordenada, que inclui também declarações feitas publicamente pelo presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) sobre o sistema eleitoral.

Reportagem da BBC Brasil mostrou que o mandatário já atacou o sistema de votação mais de 100 vezes. Durante a maior parte do seu mandato e da corrida eleitoral, Bolsonaro levantou dúvidas, sem apresentar evidências, de que a urna eletrônica não seria à prova de fraudes.

“Ao mesmo tempo em que Bolsonaro fala sobre o tema não só em lives, mas em entrevistas e sabatinas, a circulação de mensagens nos aplicativos reforçam, embasam e dão escala ao discurso”, diz Santini. “Para a base de eleitores do presidente isso serve como reforço de viés, mas para o resto da população essas mensagens têm um efeito de semear dúvidas sobre o processo eleitoral, algo que é muito grave.”

'Segundo o NetLab, as Forças Armadas também são mencionadas regularmente nos grupos dos aplicativos'

‘Contagem paralela’

Nos grupos monitorados, o NetLab identificou grande compartilhamento de links que levam aos 27 grupos no Telegram que prometem reunir usuários para uma “contagem pública” dos votos, a ser feita com fotos dos boletins de urna.

As comunidades virtuais são divididas por estados. Os grupos com eleitores do Rio de Janeiro, São Paulo e Acre são os que mais possuem membros.

A orientação é que os eleitores fotografem o comprovante de votação e enviem as imagens para o grupo do seu estado.

“Não esqueçam: com urnas eletrônicas quem escolhe não é o povo. Não é você. Se quer votar e escolher, exija a materialidade e a contagem pública de 100% dos votos apurados”, diz uma das mensagens.

Além disso, o estudo ainda identificou postagens que incentivam o uso de sites e aplicativos independentes que prometem realizar uma espécie de contagem paralela.

Após o ato de 7 de setembro, por exemplo, circulou o link do Você Fiscal, projeto de mobilização civil, criado para “controle e contagem de votos” por meio de fotos dos boletins de urna, que deveriam ser enviados ao site ou aplicativo para comparar com o resultado oficial.

Uma corrente veiculada no WhatsApp também divulga o aplicativo Totalização Paralela. Com um leitor de QR Code, ele permite escanear os boletins de urna, transmitir e gravar a imagem em um servidor privado.

Mas o que são esses boletins de urna?

Depois que você digita o número do seu candidato na urna eletrônica e aperta o botão confirma, sua escolha será gravada no Registro Digital do Voto, um compartimento dentro da urna que mantém, em ordem aleatória, cada um dos votos registrados naquela máquina.

Neste momento, é como se você estivesse depositando numa velha urna de lona a sua cédula de papel. Ou como se derramasse uma gota de água dentro de um copo. Impossível saber quem despejou cada gota — ou cada voto — na urna.

Só às 17h do dia da eleição, logo após o encerramento da votação, que cada urna contará eletronicamente os votos digitados ao longo do dia.

Quando termina o cálculo, a urna imprime os resultados em ao menos cinco vias, são os chamados boletins de urna. Um deles fica na entrada do lugar de votação. Se for uma sala de aula de escola, onde muitos dos brasileiros costumam votar, por exemplo, é na porta dela que o boletim será colado. As outras cópias são guardadas pela Justiça Eleitoral e entregues a fiscais de partidos políticos. Você também poderá acessar os boletins de urna online, em tempo real.

Esses boletins de urna têm justamente a finalidade de assegurar que os votos depositados na urna serão idênticos aos contabilizados no TSE, já que permitem que qualquer pessoa compare o boletim que é impresso ao final da votação em cada sessão eleitoral com os votos que foram transmitidos no sistema da Justiça Eleitoral. Isso impede que haja alguma fraude durante a transmissão ou contabilidade dos votos.

‘Desorientação’

Circulam ainda muitas mensagens que sugerem aos eleitores ações como levar dois celulares para a votação, destruir urnas eletrônicas e utilizar aplicativos impróprios para a realização de denúncias, como forma de impedir que supostas fraudes se concretizem.

No Telegram, mensagem de um suposto mesário orienta que eleitores levem dois celulares e entreguem apenas um deles ao mesário de sua seção, de modo a enganá-lo e levar outro para a cabine de votação.

Outra mensagem sugere também que a forma de combater a decisão “inconstitucional” (de proibir o uso do celular na cabine de votação) é a depredação das urnas em caso de suposta fraude.

Um vídeo ainda aconselha eleitores a orientarem mesários para a realização de denúncias no aplicativo Pardal, da Justiça Eleitoral Brasileira.

O Tribunal Superior Eleitoral, porém, afirma que essa ferramenta é exclusiva para receber denúncias de propaganda eleitoral irregular, compra de votos, abuso de poder econômico etc.

O tribunal orienta que, em caso de eventual defeito ou mau funcionamento da urna eletrônica, o eleitor apresente queixa diretamente ao presidente da mesa de voto. Em seguida, um juiz deve ser chamado para registrar a ocorrência.

Segundo Santini, do NetLab, esse tipo de orientação problemática tem potencial para causar transtornos no dia da votação. “A orientação recebida pelos mesários é de que quem não entregar o celular não poderá votar. Isso pode causar muita confusão”, diz.

Anúncios com desinformação em redes sociais

A pesquisa do NetLab ainda se dedicou a monitorar anúncios financiados nas plataformas Meta, Instagram e Facebook, com pedidos de implementação do voto impresso e da “contagem pública” dos votos.

Na interface da Biblioteca de Anúncios da Meta, foram contabilizados 130 anúncios que citam “contagem pública” dos votos entre 25 de julho e 26 de setembro.

Apenas entre 15 e 25 de setembro, foram veiculados ainda 280 anúncios que mencionam o termo “voto impresso”.

Segundo os pesquisadores, muitas das peças foram financiadas por candidatos que concorrerão a cargos públicos em 2 de outubro.

Uma candidata a deputada federal, por exemplo, diz que defende a impressão e conferência do voto ainda na cabine e utiliza a pauta da maior transparência no processo eleitoral para conquistar novos eleitores.

A postagem patrocinada foi vista por mais de 70 mil pessoas entre 15 e 24 de setembro.

Outro candidato à Câmara dos Deputados afirma que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de proibir o uso de celulares em cabines eleitorais seria anticonstitucional e um ataque à democracia.

Entre outras coisas, ele diz que o povo não pode votar sob uma atmosfera de medo e possíveis prisões e que a decisão é “mais um passo” para a instauração de uma ditadura no Brasil, movimento que já estaria em curso, segundo esse candidato. Até 50 mil pessoas visualizaram o anúncio.

Em agosto, a Meta anunciou que iria proibir anúncios “questionando a legitimidade” da eleição.

Em resposta enviada à reportagem, a empresa Meta afirmou que, por não ter acesso ao relatório completo, não poderia comentar a respeito de suas conclusões. Disse, porém, que tem se preparado “extensivamente para as eleições de 2022 no Brasil”.

“Lançamos ferramentas que promovem informações confiáveis por meio de rótulos em posts sobre eleições, estabelecemos um canal direto para o Tribunal Superior Eleitoral nos enviar conteúdo potencialmente problemático para revisão e seguimos colaborando com autoridades e pesquisadores brasileiros”, diz a nota enviada à BBC Brasil.

“Nossos esforços na última eleição do Brasil resultaram na remoção de 140.000 conteúdos no Facebook e no Instagram por violarem nossas políticas de interferência eleitoral. Também rejeitamos 250.000 submissões de anúncios políticos não autorizados. Estamos comprometidos em proteger a integridade das eleições no Brasil e no mundo.”

POR JULIA BRAUN 

BBC Brasil / Daynews

Mais de 330 mil brasileiros votarão em trânsito no primeiro turno




Mais de 330 mil brasileiros que estarão fora do domicílio eleitoral neste domingo (2) solicitaram o voto em trânsito à Justiça Eleitoral. Na eventualidade de segundo turno, o pedido foi feito por 314.804 eleitores. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na comparação com as eleições gerais de 2018, os pedidos de voto em trânsito aumentaram 278% em relação ao primeiro turno, quando foram feitas 87.979 solicitações, e 277% em relação ao segundo, que registrou 83.494 pedidos.

Para o público geral, o prazo para requerimento, alteração ou cancelamento da habilitação para votar em trânsito ou em seção distinta da origem nas eleições deste ano terminou em 18 de agosto. Já para militares, guardas municipais, agentes de trânsito e pessoas convocadas para apoio logístico, entre outros, o prazo foi até 26 de agosto.

O estado de São Paulo é o destino do maior número de pessoas que pediram para votar em trânsito no primeiro turno: 82.393. Destes, 38.030 paulistas pretendem votar fora do domicílio eleitoral, mas no próprio estado, que é o maior colégio eleitoral do país. Por outro lado, 44.363 eleitores de outros estados requereram o direito de votar em São Paulo. Em 2018, São Paulo também registrou o maior número de eleitores que votaram em trânsito na primeira etapa da eleição: 17.773.

O estado de São Paulo é o destino do maior número de pessoas que pediram para votar em trânsito no primeiro turno: 82.393. Destes, 38.030 paulistas pretendem votar fora do domicílio eleitoral, mas no próprio estado, que é o maior colégio eleitoral do país. Por outro lado, 44.363 eleitores de outros estados requereram o direito de votar em São Paulo. Em 2018, São Paulo também registrou o maior número de eleitores que votaram em trânsito na primeira etapa da eleição: 17.773.

Transferência temporária

A transferência temporária para outra seção eleitoral é facultada aos presos provisórios e aos adolescentes que cumprem medida socioeducativa em unidades de internação; aos integrantes das Forças Armadas, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Ferroviária Federal, das polícias civis e militares; e às equipes do Corpo de Bombeiros e de guardas municipais que estiverem em serviço por ocasião das eleições. Vale também para juízes eleitorais, servidores da Justiça Eleitoral e promotores eleitorais, além de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

Neste ano, 26.725 militares pediram a transferência temporária (TTE) de sua seção no primeiro turno. Os presos provisórios, por sua vez, fizeram 12.903 solicitações. Por parte da Justiça Eleitoral, foram 7.792 requerimentos de transferência temporária para votação e 149.643 TTEs de ofício.

Outros casos

Ao todo, 469 indígenas e quilombolas indicaram para o primeiro turno o local onde preferem votar, em vez daquele em que está sua seção eleitoral.

A opção é assegurada a indígenas e quilombolas, desde que dentro dos limites da circunscrição da eleição.

No caso de eleitores com deficiência ou com mobilidade reduzida, 14.001 pediram para votar no primeiro turno em uma seção especial com acessibilidade.

Voto no exterior

Conforme o Código Eleitoral e a Resolução TSE nº 23.669/2021, quem está no exterior não pode votar em trânsito.

Entretanto, se o título de eleitor estiver cadastrado em outro país, e a pessoa estiver em território nacional, será possível votar este ano penas para presidente da República. No total, 1.719 pessoas nesta situação pediram para votar em trânsito na primeira etapa do pleito.

Na eventualidade de haver segundo turno, foram 1.496 pedidos.

Consultas

Para saber o local onde votar em trânsito, o eleitor deve acessar o Portal do TSE e clicar no link Consulta aos locais de votação para o voto trânsito (pessoas ausentes do seu domicílio eleitoral), localizado em “Locais de Votação”, na aba “Eleições 2022”.

“Caso o eleitor habilitado para votar em trânsito não compareça à seção, deverá justificar a ausência, inclusive se estiver no domicílio eleitoral de origem no dia da eleição. A justificativa não poderá ser feita no município por ele indicado para o exercício do voto”, orienta o TSE.

Agência Brasil / Dinheiro Rural

Carioca Tarcísio adotou moderação e aprendeu rápido a listar problemas paulistas




Para um dito "forasteiro", o carioca Tarcísio de Freitas, de 47 anos, aprendeu rápido. Escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para representá-lo na disputa pelo governo de São Paulo, o ex-ministro da Infraestrutura decorou, em pouco tempo, os principais problemas do Estado, especialmente nas áreas de mobilidade e logística, que lhe são mais favoráveis.

Ao longo da campanha, tornou-se também mais político, sempre se equilibrando entre o "bolsonarismo raiz" e as demandas do eleitor moderado, de centro, que tende a votar nos tucanos. No entanto, exatamente por isso, chega ao final deste primeiro turno disputando com o atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), o posto de candidato antipetista.

Segundo as pesquisas de intenção de voto, uma das vagas na segunda etapa da eleição está assegurada a Fernando Haddad (PT), que liderou todo o processo até aqui torcendo, assim como Tarcísio, para que o eleitor repita em São Paulo a polarização nacional.

Tentar minar as chances de Rodrigo Garcia chegar lá é estratégia de ambas as campanhas que temem em um segundo turno enfrentar a debilitada, mas persistente tradição tucana no Estado.

Apoio

Apesar de filiado ao Republicanos, foi no PSD, o partido de seu vice, Felicio Ramuth, que o ex-ministro se escorou para montar seu plano de governo e ser orientado sobre como responder às críticas de ter se mudado para o Estado apenas para disputar a eleição.

"É o prefeito que tem de saber os nomes das ruas, dos líderes de bairros e os problemas de zeladoria de cada região. Governador não precisa saber detalhes de tudo, precisa ter experiência e capacidade de gestão. E ficou claro nesta caminhada que Tarcísio é muito bem preparado", disse Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, ao Estadão.

Além de aprender a listar problemas amplamente conhecidos dos paulistas, como a demora para a conclusão de obras de metrô, as filas para atendimento nos hospitais estaduais e o alto preço dos pedágios nas rodovias concedidas, Tarcísio também tem na ponta da língua temas locais que incomodam os tucanos.

Formado pela Academia Militar das Agulhas Negras e graduado em engenharia, o candidato, sempre que pode, destaca, por exemplo, a prometida (e nunca entregue) ponte ou túnel entre Santos e Guarujá, a saga do Rodoanel e o fato de São Paulo ainda não ter universalizado o saneamento básico.

Entre as suas principais promessas, destacam-se a redução do IPVA, de impostos sobre a cesta básica, a ampliação do ensino médio profissionalizante, a universalização de vagas em creches por meio de parcerias com os municípios, o investimento em telemedicina e a polêmica revisão do programa de câmeras nos uniformes dos policiais militares.

Tarcísio de Freitas encampa a política defendida pelo presidente Jair Bolsonaro de armar a população, se posiciona contra a saída temporária de presos e também contra o aborto. Também disse que, se eleito, vai acabar com a obrigatoriedade de os servidores estaduais se vacinarem contra a covid-19.

No dia a dia, Tarcísio é guiado mais de perto pelo ex-ministro Guilherme Afif Domingos (PSD), que compôs governos diversos, como os de Geraldo Alckmin, de quem foi secretário e vice-governador; de Dilma Rousseff (PT), quando atuou como ministro-chefe da Secretaria de Micro e Pequena Empresa; e de Jair Bolsonaro, como assessor especial de Paulo Guedes.

Nome de confiança de Kassab, foi Afif quem montou o plano de governo e reuniu os mais variados setores da sociedade para reuniões de apresentação do candidato. Kassab, inclusive, disse a apoiadores na época em que definiu a aliança para a disputa do governo paulista que o fato de Afif coordenar o plano de governo de Tarcísio foi um dos principais motivos para se unir ao ex-ministro de Bolsonaro.

Percalços

A linha mestra da estratégia de comunicação da campanha foi apresentá-lo como um bolsonarista moderado, que rejeita a narrativa da ala mais radical dos seguidores do presidente da República. Sob essa perspectiva, o próprio candidato avalia que o ataque do deputado estadual Douglas Garcia (PL) à jornalista Vera Magalhães, após o debate da TV Cultura entre postulantes ao governo, foi o momento mais crítico da campanha.

A reação de repulsa por parte de Tarcísio foi rápida e contundente, apesar dos protestos de uma ala exaltada do bolsonarismo.

Tarcísio ainda assumiu publicamente ter se arrependido de gravar um vídeo de apoio ao ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB), candidato ao governo de Alagoas, e amenizou o fato de não ter sabido responder onde fica seu colégio eleitoral, em entrevista na cidade em que hoje diz morar, São José dos Campos. Até pouco tempo atrás, sua cidade era Brasília, onde, inclusive, é servidor da Câmara.

Apesar dos percalços, o marqueteiro Pablo Nobel comemora os resultados das pesquisas. "Ele não tinha recall, foi muito difícil torná-lo conhecido de tantos eleitores", afirmou Nobel.

Sobre a estratégia em um eventual segundo turno, o marqueteiro é direto. "Vamos reforçar a narrativa contra o PT. Até agora tivemos de dividir as forças", afirmou. Para chegar lá, porém, Tarcísio terá de superar Garcia e a pecha de estrangeiro nas urnas.

Estadão / Dinheiro Rural

Debate reflete a miséria da campanha - Editorial




Truculência bolsonarista, que incluiu a exumação de suspeitas sobre envolvimento de Lula no caso Celso Daniel, monopoliza último debate, em que quase não se discutiu o País

O presidente Jair Bolsonaro usou o debate entre os candidatos a presidente na TV Globo, na noite de anteontem, para levantar suspeitas de que seu principal oponente, o ex-presidente Lula da Silva, foi o “mentor intelectual” do sequestro e assassinato do petista Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André (SP), em 2002. Disse mais: que, segundo essa versão fantasiosa, Lula pagou “milhões” para que não fosse envolvido nas investigações.

Trata-se de gravíssima acusação, que não encontra qualquer respaldo no resultado das investigações da polícia – que, como se sabe, concluíram que se tratou de crime comum. Recentemente, o Tribunal Superior Eleitoral determinou que a campanha bolsonarista retirasse do ar um site que disseminava mentiras sobre o suposto envolvimento de Lula no crime. Bolsonaro, no entanto, reviveu o caso para insinuar que Lula mandou matar seu correligionário e amigo para esconder escândalos de corrupção do PT.

A esta altura, o comportamento imoral do atual presidente da República já não deveria surpreender ninguém, mas Bolsonaro, em sua melhor forma, conseguiu se superar. Para isso, contou com a ajuda inestimável de um exótico candidato que se apresenta como “padre” e que só estava ali para lhe servir de escada na tentativa de transformar o debate em briga de rua – situação em que o bolsonarismo joga em casa.

Que fique claro: este jornal não esquece – e muito menos aprova – o modo como os petistas trataram todos os seus oponentes desde a fundação do partido. Quem já foi vítima da máquina de destruição de reputações do PT sabe bem o que é ser acusado leviana e insistentemente do que não fez. Não se trata, portanto, de ter qualquer condescendência com Lula da Silva, mas, se queremos uma democracia saudável, é preciso haver limites – e Bolsonaro, como sempre, os superou.

Em princípio, um debate serve para que candidatos exponham suas ideias e contestem as dos concorrentes. É claro que não se deve esperar um encontro sereno e educado, exatamente porque a política é, por definição, um embate apaixonado de visões divergentes de mundo. Além disso, esses eventos televisivos há muito tempo deixaram de ser meras oportunidades para a exposição de propostas e se transformaram em ocasiões para que os candidatos se desconstruam mutuamente, expondo fragilidades alheias e dando aos erros dos adversários uma dimensão muito maior do que têm na realidade. “Vence” o debate, portanto, aquele que sobreviver à saraivada de críticas e portar-se, tanto quanto possível, como um imperturbável estadista.

Se esse é o parâmetro, Bolsonaro perdeu o debate e o pouco que ainda lhe restava de decoro. Para os bolsonaristas, no entanto, o presidente “venceu”, porque inundou o debate com um aluvião de desinformações – em tamanha quantidade que seria humanamente impossível responder uma a uma. Esse foi o método com o qual Bolsonaro venceu a eleição de 2018, ao transformar a realidade numa colagem de mentiras, induzindo o eleitor a acreditar no que não via e a desacreditar do que via. É assim que vicejam os autocratas populistas.

Quem se dispôs a ficar até de madrugada assistindo ao deprimente pas de deux entre o presidente da República e o “padre de festa junina”, como bem o definiu a candidata Soraya Thronicke, ainda pôde testemunhar o esforço dos candidatos Simone Tebet e Ciro Gomes para discutir algo assemelhado a um programa de governo. Obviamente ninguém se lembra do que eles disseram, porque as atenções do País foram capturadas pela truculência e pela mendacidade de Bolsonaro. Se o presidente esperava reduzir sua imensa rejeição entre os eleitores, resultante em larga medida de sua incapacidade de entender a democracia, a estratégia certamente fracassou.

O “padre” de fancaria foi o menor dos problemas do debate de anteontem. Sua participação, de certa forma, coroou a miséria propositiva desta corrida eleitoral, em especial por parte dos líderes das pesquisas. Resta torcer para que o País possa testemunhar uma campanha mais madura em 2026.

O Estado de São Paulo

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