Posted on by Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
Pesquisa do Ibope publicada domingo em O Globo, reportagem de Rafael Garcia, revelou que para 38% a culpa de não ter agido para conter o avanço do coronavirus pertente à própria população do país. Para 33% a responsabilidade é do presidente Jair Bolsonaro. A pesquisa está correta. Veem-se todos os dias nas emissoras de televisão e nas fotos de jornais aglomerações contra as quais os especialistas em saúde pública são unânimes em considerar um ato nocivo na luta conta a pandemia.
O contágio a curta distância realmente é um perigo, simplesmente ignorado por expressiva e irresponsável atitude de parte da população. Praias cheias contrariando a orientação lógica.
POSTURA ERRADA – Para 33%, a culpa é do presidente Bolsonaro porque adota comportamentos públicos absolutamente inadequados e que também vão de encontro às orientações científicas.
O fato é que a contaminação continua em ritmo desaconselhável, embora tenha se reduzido no país com exceção de no estado do Rio de Janeiro. Nas últimas 24 horas, por exemplo evidenciaram-se 40.000 novos casos para um total em números redondos de 4 milhões de contaminados: 1%. Mas no que se refere aos óbitos no Brasil o percentual de crescimento continua em 3,5% ao dia. Basta ver que para 4 milhões de contaminados o número de óbitos ficou em 128 mil.
VOLTA ÀS AULAS – O IbopeE focalizou também, reportagem de Bruno Alfano, O Globo de hoje, que 72% da população brasileira são contra a volta das aulas presenciais nas redes de ensino. O Instituto esclareceu que as duas pesquisas estão contidas nas classes A,B e C. Não incluindo assim os grupos D e E, os quais compõem as parcelas bastante altas da população em geral. Para mim as classes D e E abrangem cerca de 35% da população.
Entretanto, as classes A,B e C já funcionam para projetar um panorama. Ele seria pior se fossem ouvidas as classes D e E. Vale sempre acentuar que 55% dos que trabalham no Brasil ganham até 2,5 salários mínimos.
APOSENTADORIA – Manoel Ventura, em reportagem do Globo de hoje, revela que 35% dos funcionários públicos do país encontram-se perto da aposentadoria.
Nos próximos cinco anos, 22% terão condições de se aposentar, ou seja, 110 mil. Até 2030 35% reunirão as condições necessárias a passar para a inatividade.
Penso que a ameaça da perda de direitos, embora negada por Bolsonaro, dá margem a que os funcionalismo apressem seus pedidos de aposentadoria.
FHC CONTRA REELEIÇÃO? – Em artigo publicado domingo em O Globo e no O Estado de São Paulo, o ex-presidente FHC afirma que o apoio que deu à reeleição foi um erro. Causou muito mais problemas ao país do que aqueles que se propunha a resolver. O tempo ideal seria de 5 anos como foi no período JK.
A meu ver o equívoco maior foi a comparação feita por FHC com o calendário dos EUA. Me lembro da tese de Santiago Dantas. Nos EUA a economia privada é tão forte quanto a do Estado, o que torna o eleitorado menos dependente das ações de governo. No Brasil os eleitores dependem muito mais dos governos do que da iniciativa privada.
A iniciativa privada, por sua vez, depende substancialmente do governo. Veja-se o caso da Lava Jato que foi capaz até de abalar a Petrobrás.