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segunda-feira, abril 15, 2019

Líder do PSL aponta erros do governo Bolsonaro e diz não suportar Olavo de Carvalho


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Waldir, líder do PSL, diz que na Câmara quem manda é Rodrigo Maia
Luiz Maklouf CarvalhoEstadão
“Rodrigo Maia é o primeiro ministro. Se a reforma da Previdência passar, é mérito dele”, diz o delegado Waldir Oliveira, líder do PSL na Câmara, que não suporta Olavo de Carvalho. “O grande atrito que existe hoje no governo, as caneladas do presidente, são influência desse filósofo Olavo de Carvalho”, disse. Ex-tucano, é o deputado mais votado de Goiás e se orgulha de apontar ao presidente Bolsonaro os erros políticos do governo, “Você nunca viu na história um líder do partido do presidente firme e independente como eu” “Todas as pessoas mostram a ele só o ótimo. E eu mostro o amargo, o fel”. 
De família muito pobre, foi engraxate e preparador de mudas de café. Estudou Direito, foi escrivão depois passou no concurso para delegado da Polícia Civil de Goiás.
O que o sr. achou da queda do ministro da Educação, Ricardo Vélez, e do novo indicado, Abraham Weintraub?O primeiro foi ministro porque era um olavete, indicado pelo Olavo de Carvalho. Com a indicação do outro o presidente deu sinal de que o Olavo está muito forte, porque ele é apaixonado pelo Olavo, continua apaixonado pelas teses de Olavo de Carvalho, o que enfraquece os setores técnicos e militares do governo.
O que o sr. acha do Olavo de Carvalho, tido como guru do presidente Bolsonaro?
Zero à direita, zero à esquerda. Uma pessoa que fica dando palpite em nosso país lá de fora. Quantos votos ele trouxe? Que campanha que ele fez? Escreveu não sei quantos livros, dizem. Parabéns! Mas e daí?
O sr. já leu algum?Não tenho tempo a perder com isso. E eu duvido que o presidente Bolsonaro tenha lido um livro dele. O presidente tem muito o meu perfil. É operacional.
Como o sr. entende essa influência do Olavo de Carvalho no presidente?Eles dizem que é o profeta da direita. Aquele que trouxe os ideais do bolsonarismo. Tudo besteira. O Brasil não precisa mais de sociólogos e filósofos. Precisa de pessoas que tenham operacionalidade e tirem o Brasil da miséria e da pobreza. É inadmissível que o Olavo ataque o PSL, os parlamentares, o governo e os militares, e lá de outro país. Indicou dois ministérios. Tem que largar a teta e vim pisar na favela, sentir a nossa poeira.
Que problemas a ligação com o Olavo tem provocado?O grande atrito que existe hoje no governo, as caneladas do presidente, são influência desse filósofo Olavo de Carvalho. Tem que afastar a influência dele do governo. Quem tem que ter influência é o presidente. Ele não pode ser o palpiteiro de plantão.
Essa é uma crítica direta ao presidente, que prestigia o filósofo.Não é a primeira que eu faço. Se você pegar os olavistas que me atacam nas redes sociais, eu dou aula pra eles todos os dias. Está na hora do Olavo de Carvalho parar de dar palpite no governo. Palpite é só no jogo do bicho.
O sr. sabe que esse estilo pode levar o sr. a sair da liderança em pouco tempo?Sei que eles vão trabalhar para me derrubar, porque eu sou muito independente. O governo quer alguém que seja manipulado, e eu não sou manipulável
Já são favas contadas que o sr. vai sair?Não. Eu tenho uma força, eu tenho cartas na manga. Seria bom um deputado como eu na oposição ao governo Bolsonaro? Um deputado de dentro da Casa, que conhece os segredos da Casa? Eu não sou submisso ao presidente. Eu não devo meu mandato a ele. Meu patrão é o eleitor.
Alguns de seus colegas tem dito que o sr., como líder, precisa seguir um manual de controle.Isso é nota plantada. Eu não sigo manuais. Eu não sou uma pessoa domesticável. Ninguém me coloca coleira. Fui forjado pelo eleitor, pela minha experiência de vida. Eu fui lapidado na periferia, no gueto, venho de mãe zeladora, sem pai.
Como que o sr. virou líder do PSL?Primeiro, o presidente do partido, Luciano Bivar, quis me conclamar líder, por aclamação. Mas o presidente Bolsonaro, por influência de um ou dois parlamentares, pediu que eu não fosse aclamado. Depois eu fui indicado com a assinatura de 36 dos então 52 deputados.
Por que o presidente Bolsonaro não quis que o sr. fosse aclamado?Por influência. O presidente não faria isso sozinho, eu era da extrema confiança dele.
O sr. estranhou?Estranhei. O Bolsonaro teve quatro votos quando foi candidato a presidente da Câmara, em 2016. Um deles era o meu. Eu fui fiel. Sempre fui um parceiro inseparável. O presente desautorizou o presidente do partido. Se tivesse concordado não teriam acontecido aquelas discussões no zap. Porque não tinha a definição do líder, e aí começou uma guerra.
O sr. já questionou o presidente por conta disso.Não. Quem tem que responder é ele. Se em algum momento ele quiser me dar uma explicação, é líquido e certo que eu gostaria. Mas tenho total respeito. Em nenhum momento perdi a admiração.
Mas foi uma pergunta que ficou sem resposta.Ficou. Mas não tenho amor à liderança também não. Estou líder, enquanto me mantiverem. Mas sou um líder independente, crítico, talvez em razão das minhas falas muito duras, de que não devem ser usadas as expressões “nova política” e “velha política”. O Bolsonaro parou de falar isso por causa das minhas falas de que deveria respeitar o parlamento. Ele começa a dialogar com o parlamento.
O sr. também disse que o projeto de previdência dos militares era um abacaxi. Se arrependeu?Nada. Eu não sou da cozinha do presidente. Então, eu tenho que usar os meios para que o nosso governo dê certo. Alguém tem que dar o recado. Alguém tem que ser maduro nesse jogo. Alguém tem que ser muito duro e falar as verdades. Muita gente fala aquilo que ele quer ouvir. Alguém tem que falar o que ele não gostaria de ouvir, mas que é verdadeiro. Eu tenho essa missão. E pago o preço se daqui a pouco me destituírem da liderança. Eu não tenho amor a isso.
O sr. tem dito que o governo não tem base na Câmara dos Deputados. Onde é que está o erro?O governo não tem base, repito. O que está errado é a articulação política. O presidente escolheu ministros técnicos para o primeiro escalão apostando nas bancadas temáticas, e as bancadas temáticas só votam assuntos do interesse delas. O parlamento está ligado aos líderes partidários, e aos partidos.
E quem é que não está conseguindo articular a base?O Ônix (Lorenzoni, ministro da Casa Civil) articula, mas não está conseguindo fazer o convencimento.
E qual é o caminho?Para convencer os parlamentares, o presidente tem de chamar os parlamentares para governar.
E ele não está fazendo isso?Não. Ele tem experiência no parlamento, quer implantar um novo modelo de governabilidade, mas ele não pode criminalizar o parlamento.
O presidente está criminalizando o parlamento?Quando o presidente criou as expressões “velha política” e “nova política” ele criminalizou a conduta do parlamento.
Explique melhor.Eu não vivo na penumbra. Eu vivo na realidade. Não tenho como tapar o sol com a peneira. O presidente colocou todos os parlamentares no mesmo saco. Nós temos parlamentares que respondem a processos, mas temos parlamentares espetaculares. Ninguém vai votar no governo porque o Bolsonaro tem olhos azuis. Ele tem que fazer carinho na cabeça do parlamentar.
Como?Os ministros precisam atender bem os parlamentares. Eu tenho parlamentar do PSL que levou 45 dias para ser atendido por um ministro. E quem recebe as queixas dos parlamentares não é o presidente, é o delegado Waldir. Eu conheço o parlamento. Nenhum ministro pode se achar deus.
O presidente ainda está criminalizando os parlamentares?Ele criminalizou. Não está mais criminalizando. Não usa mais “velha e nova política”. Foi um erro que ele corrigiu, em razão das minhas críticas. Eu fui duro. Fui a primeira pessoa a mencionar isso.
O que fazer para que o governo tenha uma base?O presidente confia ainda na pressão popular, que foi muito forte na eleição do Senado.
O sr. confia?É uma ferramenta importante, mas que não vai convencer a maior parte do parlamento. O parlamento é muito corporativista. O governo já teve algumas derrotas.
O que é que vai resolver o impasse?O parlamento quer ser bem tratado. O parlamento é a namorada, o presidente é o namorado. Ele viu a menina. E em vez de dizer “oi meu amor, minha querida” disse “nossa!, hoje você está uma bruaca”. No primeiro encontro, chegou três horas atrasado. A mulher, que é o parlamento, quer ser bem tratada, bem cuidada. “Que unha maravilhosa!” “Que boca maravilhosa!” “O seu cabelo está lindo!”. É isso. Está faltando convencer, agradar. O parlamento é muito sensível.
Como assim, sensível?Cada parlamentar aqui é uma pessoa independente. Tem suas próprias convicções e um vínculo partidário. Se não seguir a orientação partidária, não vai ter fundo partidário. O presidente tem que convencer a mãe da moça, que é o presidente dos partidos. Ele está tratando a mãe da moça com desprezo. Nem quer saber quem é a mãe da moça, não está nem aí pra mãe da moça. Que se lasque a mãe da moça. Não quer saber se ela está doente. E a mãe da moça é a que sustenta, a que dá a fralda, a escola.
O presidente teve oito mandatos como deputado. O sr. quer dar aula para ele de como lidar com o Câmara?Não. Mas o presidente está com a estratégia equivocada do Olavo de Carvalho. Vai pro belicismo com o parlamento. Joga o povo contra o parlamento. Afronta o parlamento. Manda o parlamento tomar no cu. Estou usando as palavras do próprio Olavo de Carvalho no domingo, dia 7. Ele disse: “Eu sou Bolsonaro, os filhos do Bolsonaro, e eu sou o povão. O resto vai tomar no cu”.
Como o sr. lê isso?Não leva a nada. E depois o maluco sou eu.
A se acreditar no sr., a reforma da Previdência vai continuar complicada.A reforma da Previdência não avança se o presidente quiser. Quem manda na reforma da previdência é o Rodrigo Maia, presidente da Câmara. O Rodrigo Maia é o primeiro ministro. Nós não temos o parlamentarismo, mas o primeiro ministro, neste momento, é o Rodrigo Maia.
Por que o sr. acha isso?Porque ele tem em torno de 330 parlamentares. O Rodrigo mostrou que é o primeiro-ministro quando em uma hora ele aprovou em dois turnos a PEC do Orçamento. Qualquer coisa nessa Casa, só passa se o Rodrigo quiser.
O governo é refém do Rodrigo Maia, então?O Bolsonaro resolveu construir com o Olavo. O Rodrigo escolheu construir com o parlamento. É uma questão de escolha. E escolha você pode mudar a qualquer hora.
Quanto tempo o sr. acha que dura no cargo?Enquanto os parlamentares quiserem. Eu não nasci na liderança. Eu estou líder. Tenho várias ideias semelhantes às do presidente, mas não sou direitista de carteirinha, não dependi de movimento de direita para ser eleito, não dependi do presidente da República para ser eleito.
O sr. é o quê, de carteirinha?Um defensor do cidadão. Daquele que me elegeu, que é o meu patrão, que me paga o salário. Para esse eu devo satisfação. Você nunca viu na história um líder do partido do presidente firme e independente como eu. Todas as pessoas mostram só o ótimo. E eu mostro o amargo, o fel.
E por que ele tem que saber do fel?Porque está cercado de pessoas que querem mostrar o céu. Pessoas que querem dizer que ele tem 308 votos aqui, e ele não tem. Não tem 200 votos. Ele tem, estourando, 100 votos. Se a reforma da previdência passar, o mérito é do primeiro ministro Rodrigo Maia.
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NOTA DE REDAÇÃO DO BLOG 
– É promissor constatar que existem no Congresso parlamentares que dizem verdades e se comportam de forma independente. O líder do PSL é uma dessas raridades. Seu diagnóstico sobre os motivos de Bolsonaro não ter base aliada é muito verdadeiro. Certamente, o delegado Waldir Oliveira será líder por pouco tempo. Sempre haverá algum puxa-saco se oferecendo para substituí-lo. (C.N.)

Parlamentares britânicos pedem extradição de Julian Assange para a Suécia

Parlamentares britânicos pedem extradição de Julian Assange para a Suécia

Fundador do WikiLeaks, Julian Assange foi preso em Londres, na última quinta-feira, 11 Foto: HENRY NICHOLLS / Reuters
Assange, sempre altivo, após 7 anos asilado dentro da embaixada
Deu em O Globo
Mais de 70 parlamentares britânicos assinaram uma carta pedindo ao Ministério do Interior do Reino Unido que faça “todo o possível” para permitir o envio de Julian Assange, fundador do WikiLeaks, à Suécia. Isso caso as autoridades suecas peçam sua extradição por um suposto caso de estupro, antes que ele seja enviado aos Estados Unidos.
Aos 47 anos, Julian Assange foi preso na última quinta-feira, dia 11, na embaixada do Equador em Londres, onde estava refugiado há quase sete anos. Desde então, ele se encontra em uma prisão britânica. Ele foi detido por descumprir condições de liberdade condicional em 2012 e porque há uma solicitação de extradição das autoridades dos EUA.
DENÚNCIA SUECA – A carta dos parlamentares britânicos foi divulgada neste sábado, dia 13. Em sua maioria, por deputados trabalhistas. Eles pedem ao ministro de Interior, Sajid Javid, que priorize um eventual pedido de extradição da Suécia para “investigar adequadamente” uma denúncia de estupro que prescreverá em agosto de 2020.
No documento, os deputados pedem a Javid que defenda as “vítimas da violência sexual” e permita que as acusações sejam devidamente investigadas.
“Não presumimos a culpabilidade, certamente, mas acreditamos que o devido processo deveria ser seguido e a denunciante deveria ver que se faz justiça”, escrevem os parlamentares.
REABERTURA – A advogada da mulher que acusa Assange pediu a reabertura do caso. O Ministério Público da Suécia não descarta reabrir a investigação contra o jornalista e ativista pelo suposto crime sexual.
A investigação original, pela qual a Suécia pedia a entrega de Assange, foi encerrada em 2017, diante da impossibilidade de fazê-la avançar com o ativista refugiado na embaixada do Equador.
A carta dos parlamentares sugere que as autoridades britânicas e americanas sabiam que o Equador iria retirar o asilo político do ativista. “Parece que as autoridades suecas não estavam a par dos planos da detenção de Assange em Londres”, dizem os deputados no documento.
CONSPIRAÇÃO – Os EUA pedem a extradição de Assange, a quem acusam de conspiração com Chelsea Manning — militar presa por acessar e divulgar informações sigilosas que resultaram no escândalo conhecido como Cablegate — para hackear a senha de uma rede de computadores do governo.
Um tribunal em Londres o considerou culpado na última quinta-feira de ter violado as condições de liberdade condicional em 2012, tornando-o passível de ser condenado a uma pena de até 12 anos de prisão.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Assange é vítima de uma perseguição implacável. A acusação sexual chega a ser ridícula. Na Suécia, fazer sexo consensual sem camisinha condena o homem por estupro, pela possibilidade de poder engravidá-la, mas não condena a mulher pela possibilidade de contaminá-lo por alguma doença. Quanto ao crime de “conspiração”, a denominação mais adequada seria “liberação de informações confidenciais que deveriam ser públicas”. Assange não é criminoso, e sim um herói dos tempos modernos, conforme ficará registrada na História Universal a trajetória dele. (C.N.)

domingo, abril 14, 2019

Presidente gastou parte do cacife político em seus primeiros meses de mandato


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Charge do Frank (Arquivo Google)
Elena LandauEstadão
A queda da aprovação do governo Bolsonaro, confirmada em mais uma pesquisa, vem acompanhada de revisão para baixo nas projeções de crescimento para este ano. Não é mera coincidência. Gastou-se rapidamente o cacife político de um primeiro mandato e as expectativas empresariais refletem esse desgaste: PIB abaixo de 2%.
Planos de investimentos parecem estar em suspenso até que o cenário sobre a possibilidade de aprovação da reforma da Previdência fique mais claro. O governo tenta reagir criando uma pauta positiva com anúncios dos bons resultados nos leilões de concessões e importantes avanços na agenda da desburocratização.
REFORMA TRIBITÁRIA – O Congresso, por sua vez, colocou a reforma tributária na pauta. Pelo jeito, não querem ficar a reboque do governo. O secretário Marcos Cintra foi pego de surpresa e suas ideias foram atropeladas, o que não é de todo ruim. A proposta que está na mesa é a de Bernard Appy, do CCiF. Boa notícia, porque seu projeto de simplificação do sistema tributário em torno do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) foi apresentado aos candidatos nas eleições e longamente debatido por especialistas da área ano passado. É meio caminho andado.
Que a mudança venha rápido, já que, frente à estagnação, a tentação de se apelar para incentivos setoriais é grande. Parece incrível que, mesmo após o desastre da política de desonerações e subsídios via BNDES do governo Dilma, em pleno 2019 essas ideias voltem a circular.

VELHO ESQUEMA – O governador João Doria, assessorado por Meirelles, não hesitou em usar o ICMS para manter a fábrica da GM em São Paulo. Mesmo se autointitulando a modernidade do PSDB, recorreu ao que há de mais velho na política industrial brasileira: incentivos fiscais para automóveis. Não há apelido que resolva, não existe inovação alguma. Continua sendo uma atividade que, apesar de todo apoio recebido do Estado, isto é, dos pagadores de impostos, não consegue produzir carros que tenham competitividade internacional.
O que já se gastou de dinheiro do contribuinte, nacional ou estadual, com apoio à indústria automobilística certamente seria melhor empregado em transportes públicos alternativos, menos poluentes. Recente tese de doutorado, defendida na PUC/RJ, calcula que o trabalhador brasileiro leva em média 84 minutos indo e vindo de casa para o trabalho. Para uma jornada de 8 horas, ele gasta 17% só neste deslocamento. Mas vamos colocar mais carros nas ruas.
SALVAR EMPREGOS – As razões para incentivos localizados feito esse são sempre as mesmas: salvar empregos que seriam perdidos com o fechamento da fábrica. Uma decisão de curto prazo para dar fôlego a uma atividade que não consegue sobreviver em ambiente competitivo. Evidente que a preservação de postos de trabalho é importante. Porém, mais relevante é a criação de empregos de alta produtividade, beneficiando os trabalhadores em geral.
Em vez de dar benefícios fiscais à GM, por que não diminuir o ICMS sobre energia ou telecomunicações, por exemplo. Um corte de impostos horizontal que beneficiaria toda a economia paulista, além de reduzir o peso desses serviços no orçamento familiar.
SEM GUERRA FISCAL – Um dos grandes efeitos positivos da unificação em torno do IVA é acabar com a possibilidade de guerra fiscal que uma política como a de Doria pode gerar. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, em recente entrevista reclamou de forma veemente e deu seu recado.
Mas São Paulo não é caso isolado. O uso de incentivos é mais generalizado do que se imagina. Um exemplo importante é a Zona Franca de Manaus que em 2014 obteve uma prorrogação constitucional até 2073, sem qualquer avaliação técnica e isenta dos benefícios gerados por uma renúncia fiscal anual de R$ 20 bilhões anuais. Há no STF uma demanda para que o IPI não pago gere um crédito tributário a quem comprou insumo produzido lá. Isso mesmo, um crédito tributário com base em um imposto que não foi pago! Se vencedora, essa tese, serão mais R$ 16 bilhões.
PROTEÇÃO AMBIENTAL – Para justificar o injustificável começaram a divulgar a ideia de que Zona Franca é um importante cinturão de proteção ambiental, sem que haja um único estudo consistente a apoiar o argumento. Para se ter ideia do que significam esses recursos concentrados para poucas empresas numa única região, basta dar uma pesquisada rápida no orçamento federal e ver gastos sociais que beneficiam milhões de brasileiros em todo o país todo, como: Bolsa Família (R$ 30 bilhões), Fundeb (R$ 13 bilhões) ou Abono Salarial (R$ 17 bilhões).
As indústrias na Zona Franca, assim como a automobilística em SP, se recusam a amadurecer. Pelo jeito, serão indústrias nascentes pelo resto da vida. Sofrem da síndrome de Peter Pan. É compreensível, crescer não é fácil

Cabral mente demais, e sua confissão ao juiz Bretas já virou conversa de botequim


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Sérgio Cabral fica inventando histórias em depoimentos espetaculosos
Elio Gaspari
O Globo/Folha
A colaboração de Sérgio Cabral com o Ministério Público do Rio e com o juiz Marcelo Bretas virou conversa de botequim. Até agora, suas confissões confirmam que ele corrompeu o mandato de governador do Rio, mas isso já se sabia, pois está condenado a 198 anos e seis meses de prisão.
Num depoimento espetaculoso, Cabral contou que em 2011 o chefe de sua Casa Civil, Regis Fichtner, pressionou-o até com “ameaça” para que seu cunhado, o desembargador Marco Aurélio Bellizze, fosse nomeado para uma vaga no Superior Tribunal de Justiça, atropelando a candidatura do advogado Rodrigo Candido de Oliveira, sócio do escritório da mulher de Cabral.
A VERDADE – O juiz Bretas e o meio jurídico sabem que uma nomeação nada teve a ver diretamente com a outra. Belizze foi escolhido para uma vaga de magistrado, e Rodrigo disputava uma cadeira dos advogados. Ademais, quem nomeia ministros para o STJ é o presidente da República, e Bellizze tinha currículo que superava o parentesco.
O ex-governador disse ao juiz Bretas que foi obrigado a fazer “esse papelão de barrar o sócio de minha esposa”. Colocou-se em outro papelão ao embaralhar os fatos. Os dois disputavam páreos diferentes em ocasiões diferentes, Rodrigo perdeu em abril, e Bellizze ganhou em julho. A farofa leva água para a suspeita de que Cabral instrumentaliza suas confissões pelos ventos da política do Rio de Janeiro.
BANALIZAÇÃO – O pastel de vento é demonstrativo da banalização em que caíram as delações. Quando Cabral, o Magnífico Gestor, fez coisas que nem Asmodeu imaginava, tudo parecia normal. Agora, quando Cabral, o Penitente, confessa seu “papelão”, busca crédito de virgem.
Olhando-se para trás, quando Antonio Palocci era o quindim da banca, viam-no como um grande ministro da Fazenda. Apenado, tornou-se uma fábrica de delações espetaculares, vazias de provas. Ele contou que foi nomeado gerente de uma caixinha de empreiteiras, o que pode ser verdade, mas não se sabe ainda como recolheu o dinheiro, nem como o distribuiu.
A divulgação do anexo de Palocci pelo juiz Sergio Moro foi instrumentalizada na campanha eleitoral do ano passado. O Rio não precisa que mais essa praga entre na sua política.

Após denúncia, Janaína Paschoal pede que Bolsonaro demita o ministro do Turismo


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Janaina diz que Bolsonaro não pode ficar esperando o inquérito
Deu no Correio Braziliense(Agência Estado)
A deputada estadual Janaína Paschoal (PSL/SP) pediu neste sábado (dia 13), em sua conta no Twitter, a demissão do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. O pedido ocorre após a deputada federal Alê Silva (PSL-MG) ter solicitado proteção policial alegando ter recebido ameaças do ministro, segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo.
“Todo meu apoio à deputada federal Alê Silva. E agora, presidente? O ministro do Turismo fica? A deputada federal eleita também estaria mentindo? Exijo a demissão do ministro! Não tem que esperar conclusão de inquérito nenhum!”, disse.
DEPOIMENTO – A ameaça de morte à deputada Alê Silva teria ocorrido em uma reunião do ministro com correligionários em março, em Belo Horizonte.
A parlamentar prestou depoimento espontâneo na última quarta-feira à Polícia Federal relatando esquema de candidaturas de laranjas no PSL, comandado por Álvaro Antônio. Ela deve prestar depoimento nas próximas semanas.
Segundo Janaína, o afastamento do ministro não implicaria atribuição de culpa, “apenas um sinal de que o presidente se importa com as mulheres de seu partido”.

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