Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

terça-feira, outubro 12, 2010

Nos jornais: aumenta a rejeição ao aborto no Brasil

Folha de S. Paulo

Aumenta a rejeição ao aborto no Brasil

O apoio à proibição do aborto é o mais alto no Brasil desde 1993, quando o Datafolha começou a série histórica de perguntas sobre o tema.
Segundo pesquisa realizada na última sexta-feira em todo o país, 71% dos entrevistados afirmam que a legislação sobre o aborto deve ficar como está, contra 11% que defendem a ampliação das hipóteses em que a prática é permitida e 7% que apoiam a descriminalização. Atualmente, o Código Penal brasileiro classifica o aborto entre os crimes contra a vida. A pena prevista para a mulher que o provocar ou permitir a prática em si mesma vai de um a três anos de detenção (artigo 124). O código prevê duas situações em que o aborto não é crime (artigo 128): se não há outro meio de salvar a vida da gestante e se a gravidez é resultado de estupro.
Segundo Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, a rejeição recorde ao aborto pode ser resultado da ampla exposição que o tema teve nas últimas semanas.

Caso Erenice tirou de Dilma mais votos do que as igrejas

Os fatos que levaram à queda da ex-ministra Erenice Guerra da Casa Civil e a quebra de sigilo de tucanos tiveram peso quase três vezes maior na perda de votos de Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno do que questões relacionadas à religião. Segundo pesquisa Datafolha realizada na última sexta, cerca de 6% dos eleitores mudaram seu voto, considerando tanto Dilma quanto José Serra (PSDB), por conta dos casos que marcaram a reta final do primeiro turno. Desse total, Dilma perdeu cerca de quatro pontos percentuais entre o total de eleitores. Aproximadamente 75% das perdas ocorreram por conta dos escândalos recentes no governo.
O restante, por questões relacionadas à religião- não exclusivamente envolvendo a posição da candidata sobre o aborto. Já Serra perdeu dois pontos percentuais. Tanto pelo caso de quebra de sigilo de tucanos quanto pelo caso Erenice. Os dois casos podem ter levantado suspeitas sobre irregularidades fiscais dos citados ou envolvimento de tucanos nas denúncias, por exemplo.

14% já receberam spam contra candidatos

Dilma Rousseff (PT) é o principal alvo de mensagens ofensivas divulgadas pela internet, mostra o Datafolha. Segundo pesquisa realizada na sexta-feira em todo o país, mais da metade (56%) do eleitorado brasileiro costuma acessar a internet. Entre os internautas, quase um terço (30%) recebeu mensagens virtuais com críticas a algum dos presidenciáveis (14% do total do eleitorado).

Eduardo Cunha vai a templos defender Dilma contra boatos

Para tentar estancar a perda de votos entre os evangélicos, a campanha de Dilma Rousseff (PT) escalou aliados para percorrerem igrejas no Rio de Janeiro. Ontem e anteontem, os deputados federais Eduardo Cunha (PMDB) e Felipe Pereira (PSC) visitaram templos da Assembleia de Deus, denominação com o maior número de fiéis no país. Cunha, que é da igreja Sara Nossa Terra, disse ontem em Madureira (zona norte da cidade) que a petista é contra o aborto e que informações que circulam na internet "não passam de uma onda de boatos plantados pelos adversários". Reeleito com 150 mil votos, ele é um dos parlamentares mais influentes do PMDB, e próximo do candidato a vice de Dilma, Michel Temer.

Acupunturista de Dilma ocupa cargo na Casa Civil

A Casa Civil, sob o comando da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, contratou o filho do acupunturista dela e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Gu Zhou-Ji, que ajuda o pai no atendimento à candidata, ganha R$ 4.000 por mês para atender servidores da pasta. A princípio, Zhou-Ji foi nomeado como "assessor técnico" em outubro de 2009. Em abril de 2010, parou de exercer função burocrática e passou a aplicar suas técnicas terapêuticas, como ele mesmo explicou à Folha
, nos "funcionários e seus dependentes". Dilma deixou o governo no final de março. Mas o serviço de Zhou-Ji não se restringe à Casa Civil. Como assistente do pai, o acupunturista Gu Hanghu, ele ajuda no atendimento à candidata Dilma.

Dilma e Serra trocam acusações em duelo mais agressivo da campanha

As promessas de "paz e amor" foram deixadas de lado. Os candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) realizaram ontem, na Band, o embate mais duro e agressivo desta campanha. Os ataques envolveram principalmente o aborto, contra Dilma, e as privatizações, contra Serra.
O primeiro ataque, logo na abertura do debate, partiu de Dilma. Ela acusou a campanha de Serra de atingi-la com "calúnias, mentiras e difamações". "Até com questões religiosas", afirmou.

Dilma culpa Serra por debate conservador

A candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff, responsabilizou ontem seu opositor, José Serra (PSDB), pelo tom conservador da agenda no segundo turno, com discussões sobre o aborto. Na tentativa de fugir do tema religioso, que vem dominando o segundo turno da campanha, Dilma visitou na manhã de domingo a Bienal, em São Paulo -no sábado, porém, visitou um centro que atende adolescentes grávidas na cidade. Apesar de fazer propostas na área cultural, acabou voltando ao tema do aborto e aos boatos de que teria dito que "nem Jesus Cristo" tiraria a vitória dela nas eleições. "Não tenho o menor interesse em virar conservadora. Eu não faço virada à direita para poder me eleger", disse.

Estafe da petista sugeriu "declaração de guerra" ao tucano antes do evento

Os petistas chegaram ontem ao estúdio da Band sugerindo que se deixasse de lado a discussão sobre o aborto e que Dilma Rousseff "declarasse guerra" ao adversário. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e o governador eleito pelo Rio Grande do Sul, Tarso Genro, acusaram o tucano de conservadorismo. "Vamos marcar nossas diferenças", disse Padilha. O resultado disso pôde ser resumido nas palavras de José Serra logo após o enfrentamento, o mais duro da campanha eleitoral. "Dilma Rousseff foi mais Dilma Rousseff hoje", afirmou.

Prometido clima de "paz e amor" foi esquecido nos bastidores

Dez minutos. Apenas dez minutos. Foi o tempo suficiente para perceber que a estratégia "paz e amor" prometida no debate da Band com candidatos à Presidência, na noite de ontem, fora deixada, ou melhor, esquecida no backstage do embate. A imagem da simpática orquestra que abriu o encontro mal tinha sumido do telão quando o espinhoso tema "aborto" chegou quase como um cartão de boas-vindas de José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), acordando o telespectador sonado de fim do domingão, que logo se viu diante de trocas de gentilezas como "candidata duas caras" e " Serra, você tem mil caras", proferidas várias vezes pelos dois candidatos.

PSB pressiona por espaço em futuro governo

Com três eleições acachapantes no primeiro turno (Pernambuco, Ceará e Espírito Santo), o PSB ganhou musculatura nas urnas e já pressiona nos bastidores por espaço maior na Esplanada dos Ministérios caso Dilma Rousseff (PT) seja eleita presidente da República. Aliado do governo Lula, o partido disputa o segundo turno em outros três Estados: Paraíba, Piauí e Amapá. Desses, terminou em primeiro lugar nos dois primeiros. Com base nas eleições decididas no primeiro turno, o PSB comandará 10,7% do eleitorado do país. Se vencer as três eleições em aberto no segundo turno, esse número pode chegar a 14,6%.

Suspeita de compra de votos faz polícia apreender R$ 4 mi

A Polícia Federal apreendeu em todo o Brasil mais de R$ 4 milhões em espécie por suspeita de compra de votos no período eleitoral que antecedeu o primeiro turno. Vinte seis pessoas foram presas, entre candidatos e assessores de políticos. Os Estados da região Norte lideram o número de apreensões, com Roraima sendo o campeão absoluto. No Estado, a PF apreendeu R$ 2.823.349 no total. Uma das apreensões envolve R$ 100 mil jogados da janela de um carro que acabava de sair de um escritório do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB).
Outra apreensão, realizada em 17 de setembro, envolve R$ 750 mil que estavam com um assessor da Assembleia Legislativa de Roraima ligado à campanha do presidente da Casa, Mecias de Jesus (PR). À época, a campanha informou que o valor era resultado da venda de um posto de gasolina que pertencia ao filho de Jesus.

Bancadas verde e ruralista travarão duelo

As bancadas ruralista e ambientalista do Congresso saíram das urnas com novas lideranças para defender seus interesses. Um dos primeiros temas a dividir os parlamentares será a discussão do novo Código Florestal, aprovado em setembro em comissão da Câmara. O texto está pronto para entrar na pauta do plenário, mas ainda não há acordo sobre a data de votação. "Produtor não pode pagar a conta pelos problemas ambientais", defende Jerônimo Goergen (PP-RS), coordenador da frente para o agronegócio na Assembleia Legislativa gaúcha e reforça da bancada ruralista, que deverá ter em 90 parlamentares. Outros ruralistas eleitos são o empresário do setor de máquinas agrícolas Nelson Padovani (PSC-PR) e o ex-ministro da Agricultura Reinhold Stephanes (PMDB-PR), além do líder arrozeiro Paulo Cesar Quartiero (DEM), porta-voz dos agricultores de Roraima contra a demarcação da reserva indígena Raposa/ Serra do Sol.

O Globo

Dilma muda estratégia e parte para o ataque direto a Serra

O primeiro debate entre os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) no segundo turno, realizado ontem à noite pela TV Bandeirantes, foi de ataques do começo ao fim. Logo na primeira pergunta, exaltada, Dilma já partiu para o confronto ao abordar a questão do aborto. Em todo o primeiro bloco, os dois candidatos assumiram um tom beligerante, com acusações mútuas também sobre privatizações, segurança e corrupção. Ao longo do primeiro turno, o programa de Serra na TV criticava Dilma e o PT, enquanto a propaganda dela se concentrava mais em pregar a continuidade do governo Lula. Ontem, no debate, ela mudou a estratégia e partiu para o confronto direto. A petista apareceu na tela também muito diferente dos debates do primeiro turno, em que evitava confrontos.

Ataques também sobre privatizações

Acusações mútuas sobre a privatização de empresas estatais marcaram o segundo bloco do debate. Enquanto Dilma usou declarações de tucanos, como Luiz Carlos Mendonça de Barros e David Zylbersztajn, na tentativa de vincular Serra à ideia de privatizar a Petrobras, Serra rebateu dizendo que o governo Lula reduziu a participação nacional no controle do Banco do Brasil, além de ter vendido dois bancos públicos. A candidata do PT foi a primeira a abordar o tema. Em sua pergunta, quis saber de Serra se concordava com a gestão da Petrobras no governo Fernando Henrique, quando a estatal teria reduzido a participação acionária da população e arrecadado pouco.

Visões opostas sobre portos e aeroportos

A infraestrutura de portos e aeroportos no país e os programas habitacionais foram discutidos no quarto bloco do debate da TV Bandeirantes pelos candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Os temas serviram, mais uma vez, de combustível para a troca de acusações. Serra atacou: disse ser o sistema portuário brasileiro um dos piores do mundo. Dilma se defendeu e culpou o governo do PSDB de não investir no setor, em função de acordos com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Serra citou os portos de Santos (SP) e de Salvador (BA) como uns dos mais críticos. O tucano também criticou os aeroportos.

Postura de Dilma surpreende assessores de Serra


Até a metade do debate, a coordenação da campanha petista comemorava a inédita estratégia da candidata Dilma Rousseff (PT) de partir para a ofensiva no primeiro debate do segundo turno com o adversário José Serra (PSDB), que foi pego de surpresa, segundo assessores, com o novo repertório da petista. Do lado tucano, era indisfarçável a surpresa com a agressividade de Dilma. Os coordenadores do lado dilmista acompanhavam com apreensão apenas os contra-ataques de Serra, que traziam à tona uma discussão sobre a crença em Deus e a menção aos casos de corrupção que envolvem a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, que foi braço-direito de Dilma.

Um debate em que Lula foi o grande ausente

Especialistas ouvidos pelo GLOBO viram no debate de ontem um corte em relação à campanha do primeiro turno, em que a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, e o candidato do PSDB, José Serra, evitavam o confronto direto. Para eles, houve uma atmosfera de ataque e de contraataques, em que temas polêmicos antes evitados como o escândalo envolvendo a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, ex-braço-direito de Dilma foram abordados. Mas, mesmo tornando o debate mais emocionante, esse clima de confronto pode não se traduzir em votos para nenhum dos dois candidatos, opinam. Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o grande ausente no debate de ontem, na análise dos especialistas ouvidos pelo GLOBO.

Pesquisa Datafolha deixa PT preocupado

A pesquisa Datafolha divulgada ontem, que mostra uma diferença de sete pontos percentuais entre a candidata petista, Dilma Rousseff, e o tucano José Serra foi recebida como um sinal de alerta no Palácio do Planalto. Isso porque a distância entre os dois presidenciáveis já está longe da zona de conforto para os petistas. De forma reservada, a cúpula da campanha petista reconheceu que é preciso entender alguns recados dos números. Chamou atenção o fato de Serra ter herdado a maior parte dos votos da candidata derrotada do PV, Marina Silva. Além disso, a pesquisa apontou uma queda de cinco pontos percentuais na diferença entre Dilma e o tucano no segundo turno, em comparação com a simulação anterior feita pelo Datafolha. Outra preocupação entre integrantes da campanha foi o empate e até mesmo ligeira vantagem de Serra nas regiões Sul, Sudeste, Norte e Centro-Oeste.

Entre os tucanos, clima de alívio com ascensão de Serra

Já na campanha do tucano José Serra, o sentimento é de alívio com a pesquisa. Apesar da discreta comemoração, observa um dirigente do PSDB, o resultado Datafolha impediu o salto alto no ninho tucano. O mais importante, para o partido, foi a queda da diferença entre Dilma Rousseff e Serra. Mas a avaliação realista é que ainda é preciso ajustar a campanha. A imagem de Dilma está arranhada e o pessoal do PT ainda não conseguiu recuperar o ânimo depois do resultado do primeiro turno. Essa semana será decisiva aposta o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

Licitação nos Correios é posta sob suspeita

Um nova suspeita envolvendo licitações nos Correios veio à tona ontem. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a estatal teria fechado, em setembro passado, um contrato de R$ 44,3 milhões com a Total Linhas Aéreas, R$ 2,8 milhões a mais do que o preço de referência estabelecido no processo. Por um ano, a empresa transportará cargas para a estatal no trecho Fortaleza-Salvador-São PauloBelo Horizonte. A licitação, cancelada pela antiga direção dos Correios, demitida em meados deste ano, foi reaberta pela atual, indicada pela ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra.

'Afastamos inúmeros juízes', diz Dipp

Um dos juízes mais experientes do país, o ministro Gilson Dipp, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), surpreendeuse com o grau de corrupção que descobriu em alguns setores do Judiciário no período em que esteve à frente da Corregedoria Nacional de Justiça, entre setembro de 2008 e setembro deste ano. Durante a gestão de Dipp, até um colega do STJ, o ministro Paulo Medina, foi condenado a se aposentar depois de ser acusado de venda de decisão judicial. Para Gilson Dipp, da mesma forma que ocorre com profissionais de outras áreas, juízes cometem desvios por causa da sensação de impunidade.

Brasil Alfabetizado gasta, mas não alfabetiza

O faxineiro Edvaldo Félix Bezerra limpa banheiros no setor de transporte e garagem da Câmara dos Deputados. Entra às 7h e começa o dia sujando o polegar de tinta. Aos 53 anos, Edvaldo é analfabeto e preenche a folha de ponto com a impressão digital. Principal meta do Ministério da Educação (MEC) no início do governo Lula, a erradicação do analfabetismo está longe de virar realidade. Em seu oitavo ano, o programa Brasil Alfabetizado já gastou R$ 2 bilhões, em valores atualizados, e matriculou milhões de jovens e adultos. Mas o índice de iletrados, na faixa de 15 anos ou mais, caiu menos de dois pontos percentuais: de 11,6%, em 2003, para 9,7%, em 2009, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE. O número absoluto de analfabetos está na casa de 14 milhões desde 2006, segundo a Pnad. No ano passado, eram 14,1 milhões.

MEC admite mau resultado do programa


O secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, André Lázaro, admite que o Brasil Alfabetizado teve um impacto menor do que o esperado na redução do analfabetismo. Mas considera excelente o formato do programa e defende maior participação do Sistema Único de Saúde (SUS) no atendimento oftalmológico e na distribuição de óculos para a população iletrada: A queda (do analfabetismo) não é proporcional aos nossos esforços. Segundo ele, 80% das turmas do Brasil Alfabetizado funcionam no Nordeste. Essa seria a explicação para a diminuição mais acentuada do analfabetismo entre a população de 15 anos ou mais na região: de 22,43%, para 18,7%, de 2004 para 2009. No Brasil, a redução foi de 11,45% para 9,7%.

O Estado de S. Paulo

TCU vai investigar contrato superfaturado nos Correios

O contrato superfaturado pelos Correios em R$ 2,8 milhões para favorecer a Total Linhas Aéreas será investigado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O procurador Marinus Marsico, representante do Ministério Público no tribunal, defendeu no domingo, 10, a anulação dessa licitação, aprovada em setembro pelo presidente da estatal, David José de Matos, e sua diretoria. "O valor acima do estimado deveria resultar no fracasso da licitação, e não na contratação", afirmou. O procurador anunciou que pedirá toda documentação do processo de contratação da empresa. "Vamos requerer mais essa documentação, juntá-la às que já recebemos dos Correios sobre outras contratações recentes e investigar todas em conjunto da maneira mais aprofundada possível", disse.

No 1º duelo, Dilma parte para ataque a Serra

O primeiro debate entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) no segundo turno da campanha eleitoral foi marcado por polêmicas em torno de temas como legalização do aborto, privatizações e corrupção. Pela primeira vez, a iniciativa de atacar partiu da petista. O tom do confronto se revelou logo no início do evento, exibido pela TV Bandeirantes. Dilma disse estar sendo vítima de "calúnias, mentiras e difamações" e acusou o vice de Serra, Índio da Costa, de organizar grupos para atingi-la. O tucano, nesse momento, abordou a questão do aborto pela primeira vez. "Você disse que era a favor da liberação do aborto, depois disse que era contra. Aí se trata de ser coerente, de não ter duas caras", afirmou.

Total Linhas Aéreas nega irregularidades na operação

A Total Linhas Aéreas disse, por escrito, que não há irregularidades na sua recente contratação pelos Correios. "Na realidade, a ECT (Correios) fixa no momento da licitação um preço de referência. Ficamos com 4,9% acima dessa estimativa. Como é de conhecimento público, a planilha que forma esse preço não contempla todos os custos inerentes à operação, como, por exemplo, estruturação de bases. Vale ressaltar que os contratos possuem cláusulas específicas de penalização/multas, sendo bastante leoninos nesse sentido", disse.

'Serra nunca falou em privatizar o BB e a Petrobrás'

Ex-presidente do DEM, Jorge Bornhausen foi convidado a integrar o núcleo político que vai comandar a campanha de José Serra (PSDB) no segundo turno da corrida presidencial. Um dos críticos mais contundentes do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bornhausen, que já pregou o "fim da raça" petista, diz que o DEM deu respostas ao atual governo nas urnas. Foi em Santa Catarina que Lula disse que o partido seria extirpado e foi lá que o candidato Raimundo Colombo, do DEM, foi eleito. Político experimentado, Bornhausen cobra uma postura crítica de José Serra. Acha que a oposição tem que se mostrar como oposição. "Não vejo porque temer em falar em Fernando Henrique", afirma. Porém, salienta, o eixo da campanha não deve ser o passado. "A tônica central deve ser a proposição, o confronto de personagens. Mas, é indispensável que a crítica exista. E essa crítica foi muito mais feita pela imprensa", analisa.

Derrotados já miram disputa municipal de 2012


As urnas não tinham sido fechadas ainda, a decisão à Presidência caminhava para um segundo turno, e os diretórios estaduais dos partidos já estavam focando as eleições de 2012. Derrotados nas urnas, no dia 3, e com futuro político incerto, nomes importantes de DEM, PSDB e PT articulam agora suas candidaturas a prefeito, daqui a dois anos. É o caso dos tucanos Arthur Virgílio (AM) e Gustavo Fruet (PR). Derrotado à reeleição no Senado, Virgílio é o nome mais cotado para levar o PSDB à Prefeitura de Manaus, em 2012. "Em Manaus, Virgílio saiu vitorioso. Foi mais votado do que a candidata eleita para a segunda vaga no Senado (Vanessa Grazziotin, do PC do B), o que o torna candidato natural à prefeitura", diz o presidente do PSDB-AM, Mário Barros da Silva. Virgílio teve 21,9% dos votos válidos, apenas um ponto porcentual atrás de Vanessa. "Ele ainda é o nosso principal cabo eleitoral no Estado", diz.

Fonte: Congressoemfoco

“Homem-bomba” do PSDB é nova arma de Dilma em campanha

Claudio Leal
Marcela Rocha
Direto de São Paulo

no Terra

No final do primeiro bloco do debate na Rede Bandeirantes, Dilma Rousseff (PT), cobrou de José Serra (PSDB) esclarecimentos sobre Paulo Vieira de Souza, ex-membro do governo tucano em São Paulo que, segundo a petista, “fugiu com R$ 4 milhões de sua campanha”. Na plateia, o questionamento deixou os petistas efusivos. Integrantes do PSDB, preocupados com o cerco da imprensa a partir deste instante, prepararam uma saída à francesa do senador eleito Aloysio Nunes, que mantinha relações estreitas com Vieira de Souza. Minutos depois, o senador eleito deixou o estúdio e não retornou.

Mais conhecido como Paulo Preto, Paulo Vieira de Souza foi diretor de engenharia da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa). Ele era o responsável direto por grande parte das obras viárias do governo de São Paulo. Chamado de “homem-bomba do PSDB”, em matéria da revista Veja, publicada em maio deste ano, Paulo Preto foi demitido oito dias depois de ter inaugurado o trecho sul do Rodoanel. Quando Aloysio Nunes deixou o debate, depois do questionamento sobre Paulo Preto, o correligionário Cícero Lucena ocupou o seu lugar na plateia.

No instante da acusação, Serra olhou para assessores, o marqueteiro Luiz Gonzalez e o estrategista Felipe Soutello. Tempo encerrado. Nos bastidores, a denúncia agitou a plateia e as conversas de pé-de-ouvido. “Ele está desnorteado. Isso, no boxe, é nocaute”, mordiscou o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT). Mais abaixo, o coordenador de comunicação de Dilma, o deputado estadual Rui Falcão, informava: “A imprensa já noticiou: ele era diretor da Dersa e fugiu com quatro milhões”. Dinheiro que, segundo a pergunta-acusação de Dilma no debate, teria sido arrecadado para campanha tucana.

“Serra deve ter levado um susto”, comemorou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. “A Dilma colocou o tema do Paulo Preto na campanha. Foi colocado e não houve qualquer reação. Está na pauta das discussões dos próximos dias”, avaliou Edinho Silva, presidente do PT paulista.

Ainda segundo a matéria da revista Veja, “Vieira de Souza e Aloysio se conhecem há mais de 20 anos. Quando, no ano passado, o tucano sonhou em ser o candidato de seu partido ao governo de São Paulo, Vieira de Souza foi apresentado como seu ‘interlocutor’ junto ao empresariado. A proximidade entre os dois é tão grande que a família dele contribuiu para que o ex-secretário comprasse seu apartamento”.

Em agosto, a revista ISTO É publicou uma matéria de capa, segundo a qual líderes do PSDB acusam Paulo Preto “de ter arrecadado dinheiro de empresários em nome do partido e não entregá-lo para o caixa da campanha”. A publicação traz também uma declaração de um diretor de uma das empreiteiras responsáveis por obras de remoção de terras no eixo sul do Rodoanel: “não fizemos nenhuma doação irregular, mas o engenheiro Paulo foi apresentado como o ‘interlocutor’ do Aloysio junto aos empresários”.

À saída do debate na TV Bandeirantes, os petistas questionavam a falta de resposta do tucano à acusação feita por Dilma com base na denúncia da revista ISTO É. O deputado Jutahy Magalhães Jr., diz “desconhecer completamente a história” e acrescenta que o comportamento mais ofensivo da ex-ministra flagra “a preocupação com os números”. A afirmação é referente às pesquisas eleitorais. Segundo o último Datafolha – publicado no sábado (9) – Dilma tem 54% dos votos válidos, contra 46% de Serra.

O candidato tucano e sua equipe avaliaram que a estratégia da petista era conclamar sua militância. “Ela falou para dentro do partido”, avaliou o jornalista Luiz Gonzalez, coordenador de marketing da campanha. Para Serra, a petista se comportou de forma atípica para poder usar as imagens em seu programa de televisão. O marqueteiro da petista, João Santana Filho, sorriu com a declaração.

O deputado eleito Sérgio Guerra (PSDB-PE) provocou: “esta foi a primeira intervenção de Ciro Gomes (PSB) na campanha”. O socialista é integrante novo na campanha de Dilma e, segundo aliados, entrou para “bater”. Para o governador de São Paulo, Alberto Goldman, a petista fez afirmações “estapafúrdias”: “eu nunca vi em 40 anos um suicídio desta forma que ela está fazendo”. E completou: “ela está totalmente perdida”.

Tucanos e petistas monitoraram, durante o debate, a reação de grupos focais espalhados pelas regiões brasileiras. Nas pesquisas do PT, houve aprovação da linha de ataques assumida por Dilma, o que justificou a manutenção dos ataques a Serra em todos os blocos do debate. Nas qualitativas tucanas, a petista aparecia como “agressiva” e “raivosa”.

Ainda em relação às análises particulares, o coordenador jurídico da campanha, José Eduardo Cardozo, opinou: “no confronto frente a frente, a linha vai ser essa”.

Os tucanos usam o exemplo deixado por Geraldo Alckmin em 2006 contra Lula, então candidato à reeleição. O primeiro confronto entre os dois, já no segundo turno, foi marcado por ataques mútuos. O tucano, diferente do que fizera no primeiro turno, resolveu subir o tom contra o petista. À época, o PSDB avaliou que esta mudança de comportamento foi o que rendeu uma vitória ainda mais folgada a Lula.

segunda-feira, outubro 11, 2010

Nas revistas: A cruzada contra a guerra suja

ISTOÉA cruzada contra a guerra sujaDesde a manhã da segunda-feira 4, a rotina de sermões do pastor evangélico Manoel Ferreira foi radicalmente substituída por uma sequência interminável de reuniões políticas. A mais importante delas ocorreu na quarta-feira 6 à tarde. Trancado no gabinete de Gilberto Carvalho, no Palácio do Planalto, o líder religioso disse ao assessor do presidente Lula que a insistência da oposição em explorar a questão do aborto no segundo turno poderia minar a estratégia da campanha de Dilma Rousseff de discutir propostas concretas para o futuro do País. “Não devemos ficar presos a esse debate superficial que só atende a interesses obscuros”, afirmou Ferreira. O pastor foi convocado às pressas a Brasília para comandar o exército que saiu em defesa da candidatura de Dilma em meio à guerra suja alimentada, nos últimos dias, pelo PSDB na disputa à Presidência da República. Numa tentativa de desgastar a imagem de Dilma perante o eleitorado, os tucanos têm disseminado a tese de que a candidata do PT é a favor da descriminalização do aborto, das drogas e da união homossexual.

“É um debate fundamentalista”, disse o pastor à ISTOÉ. Para mudar a situação, o líder religioso sugeriu a Gilberto Carvalho uma série de medidas. A principal delas, o enterro, sem velório, do Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). “Esse documento é o centro irradiador de toda a polêmica.” Presidente da Assembleia de Deus de Madureira e da Convenção Nacional das Assembleias de Deus (CNAD), corrente que congrega oito milhões de evangélicos, Ferreira é conhecido pelo carisma e pela capacidade de mediação. Deputado federal pelo PR do Rio, o pastor é amigo de Lula desde a eleição de 1994.

“Lula é o presidente mais sensível às demandas religiosas que o Brasil já teve”, defende Ferreira. Ele espera selar de vez a paz com as principais lideranças religiosas, católicas e evangélicas, num encontro na quarta-feira 13. Ao longo da semana passada, Ferreira telefonou para dirigentes da CNBB, da Igreja Universal, da Assembleia de Deus e dos movimentos carismáticos. A ideia é reuni-los com Dilma e o presidente Lula, a fim de convencê-los a apoiar a candidatura petista em troca de um compromisso definitivo sobre as principais demandas religiosas. Além do enterro do PNDH-3, Ferreira sugere o arquivamento do PL-122, que criminaliza a homofobia. Esse compromisso de Dilma com os segmentos religiosos seria consolidado numa nova versão da Carta ao Povo de Deus, como a divulgada por Dilma em agosto. O rascunho do texto será elaborado na segunda-feira 10, quando Dilma reunirá os coordenadores de campanha no hotel Brasília Imperial às 10h.

Essas iniciativas serão fundamentais para duas coisas: em primeiro lugar, esclarecer que Dilma, uma vez eleita, não interferirá no debate sobre aborto e outros temas sensíveis, que ficarão a cargo do Congresso. E, em segundo, focar a campanha no detalhamento do programa de governo e nas dife¬ren¬ças entre os projetos petista e tucano, especialmente a questão das privatizações e o marco regulatório do pré-sal. “Vamos priorizar aquilo que nos diferencia. Ontem, Serra defendeu fortemente as privatizações. Está ficando explícito quais são as diferenças. Esse é o debate do segundo turno. Eles são contra a ideia de fortalecer a Petrobras, o Estado, no processo de exploração do pré-sal”, disse na quinta-feira 7 o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Um homem ficha limpa

Aos 38 anos, o economista José Antônio Reguffe (PDT-DF) foi eleito deputado federal com a maior votação proporcional do País – 18,95% dos votos válidos (266.465 mil) no Distrito Federal. Caiu no gosto do eleitorado graças às posturas éticas adotadas como deputado distrital. Seus futuros colegas na Câmara dos Deputados que se preparem.

Na Câmara Legislativa de Brasília, o político desagradou aos próprios pares ao abrir mão dos salários extras, de 14 dos 23 assessores e da verba indenizatória, economizando cerca de R$ 3 milhões em quatro anos. A partir de 2011, Reguffe pretende repetir a dose, mesmo ciente de que seu exemplo saneador vai contrariar a maioria dos 513 deputados federais. Promete não usar um único centavo da cota de passagens, dispensar o 14º e 15º salários, o auxílio-moradia e reduzir de R$ 13 mil para R$ 10 mil a cota de gabinete. “O mau político vai me odiar. Eu sei que é difícil trabalhar num lugar onde a maioria o odeia. Quero provar que é possível exercer o mandato parlamentar desperdiçando menos dinheiro dos cofres públicos”, disse em entrevista à ISTOÉ.

IstoÉ - O que foi diferente na sua campanha para gerar uma votação recorde?JOSÉ ANTÔNIO REGUFFE - A campanha foi muito simples, gastei apenas R$ 143,8 mil. Não teve nenhuma pessoa remunerada, não teve um comitê, carro de som, nenhum centavo de empresários. Posso dizer isso alto e bom som. Foi uma campanha idealista, da forma que acho que deveria ser a política. Perfeito ninguém é. Mas honesta toda pessoa de bem tem a obrigação de ser. Não existe meio-termo nisso. Enfrentei uma campanha muito desigual. Só me elegi pelo trabalho como deputado distrital.

O que o sr. fez como deputado distrital?

Abri mão dos salários extras que os deputados recebem, reduzi minha verba de gabinete, eliminei 14 vagas de assessores de gabinete. Por mês, consegui economizar mais de R$ 53 mil aos cofres públicos, um dinheiro que deveria estar na educação, na saúde e na segurança pública. Com as outras economias, que incluem verba indenizatória e cota postal, ao final de quatro anos, a economia foi de R$ 3 milhões. Se todos os 24 deputados distritais fizessem o mesmo, teríamos economia de R$ 72 milhões

.O sr. pretende abrir mão de todos os benefícios também na Câmara Federal?
Na campanha, assumi alguns compromissos de redução de gastos. Na Câmara, vou abrir mão dos salários extras de deputados, como o 14º e o 15º, que a população não recebe e não faz sentido um representante dessa população receber. Não vou usar um único centavo da cota de passagens aéreas, porque sou um deputado do DF. Não vou usar um único centavo do auxílio-moradia. É um absurdo um deputado federal de Brasília ter direito ao auxílio-moradia. Vou reduzir a cota interna do gabinete, o “cotão”, e não vou gastar mais de R$ 10 mil por mês.

As novas forças da política
Qualquer que seja o resultado da disputa presidencial, novas lideranças vão exercer papel de destaque na política nacional nos próximos anos. Embora não representem necessariamente uma novidade na cena política, os tucanos Aécio Neves (MG), Antonio Anastasia (MG), Geraldo Alckmin (SP) e Aloysio Nunes Ferreira (SP), o peemedebista Sérgio Cabral (RJ), o socialista Eduardo Campos (PE) e os petistas Tarso Genro (RS), Lindberg Farias (RJ) e Jaques Wagner (BA) emergem como atores importantes nesse novo mapa político brasileiro.

“Eles passam a ocupar o pódio dos líderes nacionais. Necessariamente terão de ser ouvidos daqui para a frente e serão importantes nas costuras para as próximas eleições”, diz o sociólogo Antônio Lavareda. É como se houvesse uma troca de guarda de gerações. Saem de campo personagens antigos da política como Marco Maciel (DEM-PE), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Heráclito Fortes (DEM-PI) e Arthur Virgílio (PSDB-AM), aposentados pelos eleitores, e entram os políticos do novo século. “Podemos dizer que o século XXI da política começou agora. Quem deu as cartas no século XX ficou para trás”, atesta Lavareda.

Para onde vai Marina?
Ao repudiar de forma preventiva a proposta de quatro ou cinco ministérios que os tucanos ofereceram ao Partido Verde (PV), a senadora Marina Silva não só rejeitou o fisiologismo como também mostrou o caminho que vai tomar daqui para a frente. Será o caminho da coerência com tudo que ela apresentou aos eleitores durante sua campanha à Presidência. “Quem estiver oferecendo cargo não entendeu nada do que as urnas disseram”, advertiu a senadora. A sinalização poderá representar ainda mais. Se Marina decidir manter coerência também com sua trajetória política, naturalmente estará muito mais próxima do pensamento do governo Lula do que dos tucanos. Até mesmo analistas internacionais já anotaram esse possível desfecho. O jornal “Le Figaro”, por exemplo, porta-voz da direita francesa, ressaltou durante a semana que a tendência natural será a aproximação de Marina com o PT. “A maioria dos dirigentes do Partido Verde apoiaria José Serra, em nome das alianças regionais costuradas entre os dois partidos. Mas um tal gesto de Marina seria julgado como uma traição à esquerda”, ressaltou o conservador “Le Figaro”. Seria também uma traição às origens políticas da senadora.

Marina já demonstrou que não pretende ficar refém dos interesses do PV. Dentro do partido, as críticas da senadora ao voraz apetite verde por cargos provocou reações. O comando do partido, de olho em prováveis empregos, chegou a ameaçar, na quinta-feira 7, com uma rebelião. Num encontro convocado às pressas, cerca de 20 membros da cúpula do PV se declararam desrespeitados por Marina e começaram a discutir estratégias para apoiar Serra de qualquer jeito. A ação dos dirigentes do PV acaba, porém, fechando as portas da neutralidade para Marina. A partir de agora, não se posicionar no segundo turno significaria, na prática, corroborar a adesão fisiológica do partido aos tucanos. No entanto, Marina sabe que dos 20 milhões de votos que recebeu das urnas, certamente não mais de 4% são atribuídos à influência do PV, que elegeu apenas 15 deputados federais. Levando isso em conta, ela não está disposta a se submeter a uma minoria depois do enorme sucesso eleitoral conquistado.

Na contramão do PV, Marina já enumerou também suas prioridades que, não por acaso, se aproximam das que são defendidas por Dilma Rousseff. Um exemplo é a questão que envolve a independência do Banco Central (BC). Enquanto o tucano José Serra fala em subordinar o BC ao ministro da Fazenda, Marina, já na campanha, adotou uma linha mais liberal, defendendo a autonomia da instituição. Outras questões de fundo aproximam Marina das bandeiras do PT, seu antigo partido. A senadora não cansou de ressaltar, mesmo quando ainda participava do embate eleitoral, que o governo Lula foi o que mais criou políticas públicas voltadas para a erradicação da miséria e a sustentabilidade socioambiental. Reconhece ainda que à frente do Ministério do Meio Ambiente teve apoio do presidente para reduzir o desmatamento da Amazônia e aumentar as áreas de preservação ambiental.

Com o apoio de Lula, Marina levou ao Conselho Monetário Nacional a resolução que vincula critérios de sustentabilidade à liberação de recursos ao agronegócio. “A Marina participou dos dois programas de governo do PT, em 2002 e 2006, e o partido conservou os núcleos de meio ambiente que ela alimentava”, disse à ISTOÉ o coordenador de políticas públicas do Greenpeace, Nilo D’Ávila. “Suas ideias não são novas no PT e poderão ser mais rapidamente executadas num governo Dilma.” Assim, D’Ávila considera natural a aliança da senadora com a ex-ministra da Casa Civil.
Uma difícil mudança para Serra
O presidenciável José Serra (PSDB) está fazendo um esforço concentrado para remodelar sua campanha presidencial. Primeiro, juntando forças: logo depois de ter o nome confirmado para o segundo turno das eleições, Serra passou a escalar os aliados – vitoriosos ou não nas urnas – para a articulação política nos Estados. De olho no eleitorado de Marina Silva (PV), também adotou um novo slogan: Serra é + Brasil, em verde e amarelo. Tanto o verde quanto o sinal “+” são referências à campanha da candidata do PV, cujo slogan no primeiro turno era Sou + Marina. No discurso, de modo oportunista, o tucano passou a apostar cada vez mais na exaltação dos valores cristãos e da família, tentando se aproveitar de restrições que os eleitores evangélicos teriam contra a candidata do PT. Para reformar sua imagem, entre outras mudanças arquitetadas para apresentá-lo como um candidato “do bem”, haverá o “Serrinha”, um boneco inflável que deve participar de caminhadas e aparecer no horário político eleitoral. Por trás de todas essas mudanças, no entanto, Serra continua o mesmo de sempre. Até o fantasma do velho fisiologismo já começou a rondar sua campanha, com a oferta de cargos e postos importantes em troca do apoio do PV

.Na quarta-feira 6, Serra reuniu cerca de 200 aliados no Centro de Convenções Brasil XXI, em Brasília. O encontro de três horas foi uma espécie de grito de guerra, uma forma de mobilizar os aliados para a segunda fase da campanha e de distribuir tarefas nos Estados. Nos bastidores, discutiu-se como conquistar os votos antes destinados a Marina. Senador eleito pelo PSDB, Aloysio Nunes Ferreira (SP) lembrou os pontos em comum entre os tucanos e os verdes. “A lei de mudanças climáticas que aprovamos no governo Serra é um exemplo para o mundo”, afirmou Ferreira. “E o PV faz parte da nossa base de apoio na Assembleia.” Mais enfático, o deputado Rodrigo Maia (RJ), presidente do DEM, partido do candidato a vice da chapa encabeçada pelo PSDB, sugeriu a Serra que o presidenciável direcione seus discursos a um grupo de eleitores em particular. “É óbvio que o eleitor evangélico e o católico levaram a eleição para o segundo turno”, disse Maia.

Último a discursar no encontro em Brasília, Serra já estava em sintonia com a sugestão de Maia e apelou para transformar o sensível tema do aborto no ponto central do debate político brasileiro. Cometeu, porém, o que em psicanálise se chama ato falho. “Nunca disse que sou contra o aborto, porque sou a favor do aborto”, afirmou Serra. “Ou melhor, nunca disse que era a favor do aborto, porque sou contra o aborto”, corrigiu em seguida o presidenciável. O aborto também foi um dos itens citados em panfleto distribuído entre aqueles que participaram da reunião de cúpula tucana, dando dicas para uma campanha anti-Dilma Rousseff, a candidata do PT à Presidência da República. Entre outras instruções, o panfleto recomendava uma visita ao site do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, que leva o nome do fundador da Tradição, Família e Propriedade (TFP), uma organização radicalmente conservadora. “Divulgue esta informação através das redes sociais da internet (blogs, Orkut..)”, sugeria o panfleto. Por meio de sua assessoria, o PSDB informou que o panfleto não foi produzido pela coligação que lidera, não integra o material oficial da campanha e que a sua distribuição foi feita sem a autorização do partido.

"A batalha de São Paulo" (Octávio Costa)

Na noite de domingo, com seu staff, e durante toda a segunda-feira em contato com governadores eleitos da base aliada, Dilma Rousseff tinha uma pergunta na ponta da língua: “O que aconteceu em São Paulo?” Não só fi cou surpresa com a virada tucana como cobrou de todos melhor desempenho no segundo turno no maior colégio eleitoral do País. Ali estão em jogo 29,8 milhões de votos ou 22,4% do total. Comenta-se no PT que um dos motivos do mau resultado foi a divisão do PMDB paulista, legenda do candidato a vice, Michel Temer. Agora, sem Orestes Quércia no caminho, os petistas esperam que Temer dê uma contribuição maior em São Paulo.

A política é bela! (Zeca Baleiro)

O filme “Baarìa – A Porta do Vento”, do italiano Giuseppe Tornatore, foi lançado no Festival de Veneza deste ano e está em cartaz nos cinemas brasileiros. Embora tenha sido alvo de duras críticas, como um filme indigesto, longo e confuso, e mesmo que não seja o melhor filme de todos os tempos, é um belo filme, como já não se produz mais – épico e amoroso, político e sentimental, grandioso. Guarda parentesco com “Amarcord” e “1900”, clássicos dos conterrâneos Fellini e Bernardo Bertolucci. Com o primeiro, tem em comum o tom memorialista e delirante, ao contar, através dos olhos e sentimentos de um menino, a dura vida na Baghería (Baarìa em dialeto regional), uma aldeia da Sicília. O tom de registro histórico, que mostra as transformações políticas da Itália desde o surgimento do fascismo, a eclosão da Segunda Guerra e o fortalecimento do Partido Comunista, faz dele um primo de segundo grau do filme de Bertolucci, que é um retrato mais cru e cruel da história do país desde o início do século XX até sua metade, passando pela ascensão de Mussolini até o fim da guerra.

Entre todas as belas e plásticas cenas do filme “Baarìa”, entre todas as tocantes e passionais histórias lá contadas, a passagem que mais me chamou a atenção – e, por que não dizer, me comoveu de fato – foi a cena em que o pai do personagem protagonista Peppino está moribundo na cama à espera do filho, que naquela altura lançara sua candidatura a um cargo político pelo Partido Comunista. Toda a família e a vizinhança estão em redor do velho senhor, aguardando ansiosamente a chegada do filho político, orgulho da família pobre. Em certo momento o irmão de Peppino, temendo que o pai se vá sem ver o filho pela última vez, fala algo como: “Ele já virá, pai, está ocupado demais com a campanha...”. Ao que o pai responde, com fervor idealista: “É, filho, a política é bela! A política é bela!”... Depois de certo suspense, enfim Peppino chega à casa paterna e abraça o pai que o esperava para partir. E então o pai morre.

O que há de tão belo nessa cena banal? Há a fé, de alguém que passou por tantas intempéries e dores – desde o terror de uma guerra e privações como a fome até a liberdade roubada pelo regime fascista e a submissão aos mafiosos donos da cidade –, a fé comovente na política como elemento transformador da realidade, a serviço de ideais nobres, com propósitos éticos, libertadores, como agente do bem coletivo. Transpondo a cena para os tempos cínicos de hoje, a fala do pai de Peppino soaria no mínimo ingênua. Há hoje quase uma cobrança da sociedade aos incautos crédulos, aos que ainda creem na política. É como se fosse um pecado, uma pureza imperdoável alimentar a fé nas instituições e discursos políticos, nas plataformas dos candidatos, na verdade de suas falas...

Há uma semana o povo foi às urnas eleger presidente, governadores, senadores e demais parlamentares. Mas foi pela obrigação do voto, sem paixão, sem fé nem vontade. Nunca ouvi tanta gente falando em votar nulo como neste ano. Seria simplório (e óbvio) dizer que a falta de ânimo do povo com a política é responsabilidade dos políticos, de sua cara de pau e ganância sem fim, suas corrupções e desmandos, sua falta de escrúpulos e seu descaso para com o sofrimento e as faltas do povo. Nem por isso deixa de causar estranheza o desinteresse do eleitor com a matéria, com o futuro político e econômico da nação. Talvez estes tempos de luta insana pela sobrevivência e de evasão virtual favoreçam um certo silêncio – e omissão – da população. O que torna cada vez mais improvável que a fala do personagem de Tornatore caiba um dia em nossas bocas sem esperança.

O Brasil na guerra do dólar

Rostinhos bonitos nunca foram o forte das reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, em que se debatem os rumos das finanças globais. Até a semana passada. A atriz Anne Hathaway (“O Diabo Veste Prada”), a supermodelo Christy Turlington e o ator Pierce Brosnan (007) apareceram em Washington para dar apoio às iniciativas do Banco Mundial envolvendo meninas adolescentes de países pobres e a biodiversidade. Mas, apesar das boas intenções e dos sorrisos hollywoodianos, o ambiente continuou pesado na capital americana. O clima nos quartéis-generais do FMI e do Banco Mundial, na rua 19, é de guerra. Desta vez, o conflito é cambial.

O confronto tomou conta do debate econômico de vários países logo na segunda-feira 4, quando o ministro Guido Man¬tega (Fazenda) anunciou medidas para amenizar a forte entrada de dólares no Brasil e usou, pela primeira vez, a expressão “guerra cambial”. Nela, cada um luta como pode para evitar a valorização de suas moedas diante do dólar e, assim, manter a competitividade de suas próprias exportações e favorecer a indústria nacional. “Vários países estão tomando medidas em relação ao câmbio. Ninguém está dormindo em serviço. Cada um está defendendo os seus interesses e a tendência é de que os países desvalorizem suas moedas”, explicou Mantega.Nas últimas semanas, Japão, Suíça, Austrália e Coreia do Sul também armaram seus canhões para tentar manter a taxa de câmbio sob controle. A China tem segurado a moeda desvalorizada para azeitar sua máquina exportadora, a mais voraz do mundo. O diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, aderiu ao vocabulário militar para criticar a ofensiva de quem, a seu ver, deveria se render na guerra cambial, especialmente a China. “Muitos países consideram suas moedas como armas, e isso certamente não é bom para a economia global”, afirmou.

Mantega e Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, também vieram a Washington para explicar suas políticas e marcar posição. O governo brasileiro dobrou o imposto cobrado sobre investimentos estrangeiros em aplicações de renda fixa, para 4%. Na quarta-feira 6, autorizou o Tesouro a comprar dólares para pagar a dívida externa que vence em até quatro anos. Com isso, tentou frear a entrada de aplicações especulativas e aumentou em US$ 10,7 bilhões o poder de intervenção oficial no mercado cambial. O BC tem comprado dólares diariamente para amenizar o impacto da enxurrada de investimentos sobre a taxa de câmbio.

Um nobel sem paz

Parece uma provocação, e é mesmo. A entrega do Prêmio Nobel da Paz ao ativista chinês Liu Xiaobo, na sexta-feira 8, foi um recado claro ao regime de Pequim, que tem se beneficiado das liberalidades do sistema econômico mundial, mas resiste a abrir-se para a democraciaz. Aliás, a China não é a única destinatária das mensagens do Comitê Nobel. O prêmio de Literatura, anunciado um dia antes, parou nas mãos do escritor peruano Mario Vargas Lhosa, que, apesar da vasta obra, virou persona non grata entre a esquerda latino-americana após defender o neoliberalismo. A mesma esquerda que hoje se identifica com governos autoritários como o da Venezuela de Hugo Chávez. O presidente do Comitê Nobel, Thorbjoern Jagland, declarou que a China, hoje a segunda maior economia, deve assumir “mais responsabilidades” por causa de seu cada vez mais importante papel no cenário internacional. “Nas duas últimas décadas, Liu Xiaobo foi um grande porta-voz em favor dos direitos fundamentais na China”, declarou Jagland

.Primeiro cidadão chinês a receber o prêmio, o ativista de 54 anos é um ex-professor de literatura que passou os últimos 20 anos entrando e saindo das prisões chinesas por defender reformas democráticas. Foi detido pela primeira vez durante a repressão aos protestos do movimento estudantil na Praça da Paz Celestial, em Pequim, em junho de 1989. Xiaobo voltou a ser preso em 2008, por ter sido um dos dez mil signatários da Carta 08, uma petição formulada para exigir reformas políticas no regime comunista. Em dezembro de 2009, o dissidente foi condenado a 11 anos de prisão por “subversão”. O julgamento provocou uma onda de protesto pelo planeta.

A reação indignada de Pequim, que bloqueou as notícias sobre o Nobel na internet, ajudou a respaldar o reconhecimento a Xiaobo. Em entrevista coletiva na Turquia, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, nem sequer respondeu às perguntas de jornalistas. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Ma Zhaoxu, emitiu uma nota alegando que “Liu Xiaobo é um criminoso condenado pelo sistema judiciário chinês”. Em tom bastante duro, disse que a concessão do Nobel “é uma perversão” que vai “deteriorar” as relações entre China e a Noruega. O embaixador norueguês em Pequim foi convocado ao ministério para ouvir as queixas. Mas o chanceler norueguês, Jonas Gahr Stoere, prevê um efeito negativo, caso haja uma reação diplomática mais hostil. O Nobel da Paz é atribuído todos os anos pelo Comitê Nobel em Oslo, composto por cinco pessoas indicadas pelo Parlamento norueguês e conta com o auxílio de consultores. Os demais prêmios são concedidos pelo comitê em Estocolmo, Suécia.

CARTACAPITAL
Coligação lança manifesto para combater guerra suja contra Dilma
O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), José Eduardo Dutra, anunciou nesta quinta-feira (7) que a coligação de apoio à candidatura da ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, lançará uma espécie de manifesto para combater o que os aliados dilmistas classificam como “guerra suja” por parte de adversários e do candidato tucano ao Palácio do Planalto, José Serra.
“Esse manifesto faz uma análise do primeiro turno e contém uma avaliação de como deve ser a discussão do segundo turno, que vai balizar a ação política da militância dos partidos que apoiam Dilma”, disse Dutra, após reunião da Executiva do PT, em Brasília. “Temos uma proposta que vamos apresentar a todos os partidos que é um manifesto chamando a militância para neste segundo turno vencer as eleições, para evitar e repelir esta verdadeira guerra suja que está sendo feita por alguns setores, tentando inclusive colocar temas religiosos como centro de uma disputa eleitoral. Nós achamos isso muito ruim para o Brasil, até porque o Brasil é um Pais que se caracteriza pela tolerância, que se caracteriza pela pluralidade”, afirmou.

A primeira versão do documento salienta esta questão. E diz que “é importante que nas ruas, nas escolas, nas fábricas e nos campos a voz da mudança se faça ouvir mais fortemente do que a voz do atraso, da calúnia, do preconceito, da mentira, dos privilégios”.

No documento, além de combater os ataques moralistas contra Dilma, os partidos trarão uma comparação entre os dois projetos de governo, modelos de desenvolvimento das gestões Lula e Fernando Henrique Cardoso e apontarão questionamentos sobre as privatizações dos anos 90, a dependência de programas do Fundo Monetário Internacional e sobre o marco regulatório do pré-sal, que mudou o sistema de concessão para o sistema de partilha de produção de campos de petróleo.
Dilma, mostre que é de briga (trecho de editorial – Mino Carta)
As reações de milhares de navegantes da internet envolvidos na celebração dos resultados do primeiro turno como se significassem a derrota de Dilma Rousseff exibem toda a ferocidade – dos súditos de José Serra. Sem contar que a pressa de suas conclusões rima sinistramente com ilusões. Escrevi ferocidade, e não me arrependo. Trata-se de um festival imponente de preconceitos e recalques, de raiva e ódio, de calúnias e mentiras, indigno de um país civilizado e democrático. É o destampatório de vetustos lugares-comuns cultivados por quem se atribui uma primazia de marca sulista em relação a regiões- entendidas como fundões do Brasil. É o coro da arrogância, da prepotência, da ignorância, da vulgaridade.

É razoável supor que essa manifestação de intolerância goze da orquestração tucana, excitada pelo apoio maciço da mídia e pelos motes da campanha serrista. Entre eles, não custa acentuar, a fatídica intervenção da mulher do candidato do PSDB, Mônica, pronta a enxergar na opositora uma assassina de criancinhas. A onda violeta (cor do luto dos ritos católicos) contra a descriminalização do aborto contou com essa notável contribuição. Ocorre recordar as pregações dos púlpitos italianos e espanhóis: verifica-se que a Igreja Católica não hesita em interferir na vida política de Estados laicos. Não são assassinos de criancinhas, no entanto, os parlamentares portugueses que aprovaram a descriminalização do aborto, em um país de larguíssima maioria católica. É uma lição para todos nós. Dilma Rousseff deixou claro ser contra o aborto “pessoalmente”. Não bastou. Os ricos têm todas as chances de praticar o crime sem correr risco algum. E os pobres? Que se moam.

A propaganda petista houve por bem retirar o assunto de sua pauta. É o que manda o figurino clássico, recuar em tempo hábil. Fernando Henrique Cardoso declarava-se ateu em 1986. Mudou de ideia depois de perder a Prefeitura de São Paulo para Jânio Quadros e imagino que a esta altura não se abstenha aos domingos de uma única, escassa missa. Se não for o caso de comungar.

(...)CartaCapital está com Dilma Rousseff porque é a chance da continuidade e do aprofundamento das políticas benéficas promovidas pelo presidente Lula. E também porque o adágio virulento das reações tucanas soletra o desastre que o Brasil viveria ao cair em mãos tão ferozes.

P.S. Bem a propósito: a demissão de Maria Rita Kehl por ter defendido na sua coluna do Estado de S. Paulo a ascensão social das classes mais pobres prova que quem constantemente declara ameaçada a liberdade de imprensa não a pratica no seu rincão.

“A imprensa é livre, o que não quer dizer que é boa”, diz Franklin Martins
O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, acredita ser “ideologização” as opiniões contra a proposta do governo para regulação da mídia observadas como risco à liberdade de imprensa no país. Franklin comentou que “neste governo, publica-se o que quiser. A imprensa é livre, o que não quer dizer que é boa”, segundo informações do O Estado de S. Paulo.

Em visita à Europa para conhecer experiências de regulação do setor, o ministro disse que o governo deve apresentar um ante-projeto de regras para mídia entre novembro e dezembro deste ano, sujeito à aprovação do próximo presidente eleito. Franklin afirmou que deixará seu cargo no fim do ano. Segundo ele, a ideia do governo é que a fiscalização sobre o conteúdo da mídia seja responsabilidade de uma agência reguladora. “Tem que ter produção regional, produção independente, produção nacional, tem que ter certas regras de equilíbrio”, comentou.

O impasse sobre o projeto é “fazer as pessoas entenderem que a regulação faz bem para todo mundo”, seguindo exemplos na Inglaterra e nos Estados Unidos. Martins aponta que o desenvolvimento de novas tecnologias e a convergência de mídias necessitam regras atualizadas, que superem as normas em vigor desde 1962. Ele acredita que a regulação é importante para manter o poder de mercado da radiodifusão, com faturamento de R$ 13 bilhões em 2009 ante R$ 180 bilhões do setor de telefonia. “As empresas de radiodifusão serão atropeladas”, disse.

O ministro descartou a hipótese de um “tribunal da mídia” e afirmou ser favorável à auto-regulaçao do setor, desde que haja regras já estabelecidas. A participação de capital estrangeiro em empresas brasileiras do setor não é discutida no projeto. Com passagem por Londres e Bruxelas, Frankiln confirmou a presença de entidades da França, Espanha, Portugal e Estados Unidos no seminário sobre meios eletrônicos agendado para os dias 09 e 10/11, em Brasília.

E por falar em censura…

A liberdade de expressão é um direito universal ou só de uma casta? O Estado de S. Paulo, ao que parece, escolheu a segunda opção. O mesmo jornal que informa diariamente aos seus leitores o número de dias que está supostamente sob censura, decidiu enviar ao gulag a colunista Maria Rita Kehl.

Renomada psicanalista, ela mantinha coluna regular aos sábados no jornal. Até que no dia 2 de outubro ousou publicar um artigo intitulado “Dois pesos”. Passados quatro dias, Rita Kehl recebeu um aviso: sua coluna seria extinta. Surpresa, pediu reconsideração. Mais surpresa ainda, deu-se conta de que o assunto já corria pela internet como rastilho de pólvora. Na quarta-feira 6, ela estava demitida e o assunto era um dos mais comentados pela rede. No dia seguinte, chegou a ocupar o topo da lista dos mais falados pelo Twitter no mundo e manteve a liderança entre os brasileiros.

Para compreender o ocorrido é inevitável ler o texto. É um libelo contra o preconceito disseminado pela internet e comum entre a “minoria branca”, durante as semanas finais de campanha eleitoral. Com a percepção aguçada de psicanalista, desmontava as “correntes” que descreviam “casos verídicos” a comprovar que os programas sociais do governo federal formavam seres vagabundos e incapazes de votar de forma qualificada.

Com argumentos irretocáveis, Rita Kehl concluía seu artigo: “Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos”.

O diretor de conteúdo do Grupo O Estado de S. Paulo, Ricardo Gandour, afirmou à imprensa que não houve censura, mas revezamento de colunistas. Entendemos que o Estadão, como empresa particular, tem o direito de escolher quem escreve em suas páginas. Fica acertado, porém: o jornal paulista não deve mais se valer do epíteto de publicação independente ou pluralista.

Na Idade Média
Em 3 de outubro, um domingo, os brasileiros acordaram cedo, votaram, decidiram democraticamente pelo segundo turno das eleições presidenciais e foram para a cama no século XXI. Mas acordaram no dia seguinte em plena Idade Média, com a religião e o aborto no centro do debate político. Como a eleição termina no dia 31, em pleno Halloween,nas redes sociais a candidata do PT, Dilma Rousseff, passou a ser tratada por seguidores de José Serra, do PSDB, como uma bruxa a quem será preciso queimar. O clima inquisitorial, patrocinado não só por evangélicos, como chegou a se publicar, mas também por alas conservadoras da Igreja Católica, é estimulado pelos tucanos e democratas, que pretendem focar a campanha no tema.

Quando o Brasil foi dormir naquela noite, o aborto era uma questão séria de saúde pública. Realizado clandestinamente, é o responsável por 15% das mortes maternas no País, a quarta causa de óbito de mulheres durante a gestação. São realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) mais de 180 mil curetagens por ano, grande parte delas causada por abortos malsucedidos. De acordo com uma pesquisa feita pela Universidade de Brasília, mesmo proibido por lei, uma em cada cinco brasileiras com menos de 40 anos expeliu do corpo um feto por vontade própria.

Ao acordar na segunda-feira 4, o brasileiro deparou-se com a notícia de que esse grave problema havia se transformado num trunfo para tentar mudar o resultado das eleições, nas mãos de religiosos e políticos conservadores. Uma trama foi urdida nos subterrâneos do catolicismo mais arcaico para prejudicar a candidata Dilma Rousseff, retroalimentada pelos adversários eleitorais. A própria mulher do candidato José Serra, Mônica, chegou a dizer a um evangélico no Rio de Janeiro, em meados de setembro, que a petista “gosta de matar criancinhas”. Impossibilitados de atingir as classes mais baixas com algum halo de programa de governo, democratas e tucanos apelam para o aborto e para a religião em busca dos votos da classe C.

A manada pula a cerca

Nas últimas semanas formou-se um consenso no mercado financeiro internacional em torno das distorções cambiais crescentes que se acumulam desde setembro de 2008. E dos efeitos colaterais desse desequilíbrio sobre o comércio mundial, ao valorizar exageradamente algumas moedas nacionais, como no caso do real, ao mesmo tempo que turbina a capacidade exportadora de outras, destaque para a China, cujas autoridades monetárias se encontram na berlinda graças ao controle exercido sobre o yuan.

Ainda que com menor visibilidade, os bancos centrais dos EUA, da União Europeia e do Japão também entraram na mira dos analistas. Suas atuações teriam o efeito de inflar ainda mais a liquidez internacional, ao optarem por manter suas taxas de juros próximas de zero por tanto tempo.

No caso brasileiro, o Ministério da Fazenda deu um sinal de que sua ofensiva não será apenas retórica, como alguns críticos apontaram, desde que Mantega aumentou o tom das críticas em torno da cotação da moeda brasileira. Na segunda-feira 4, e para se contrapor ao apetite estrangeiro, o governo decidiu dobrar o imposto cobrado do capital que vem ao Brasil para ser aplicado em renda fixa, de olho no rendimento dos títulos da dívida pública brasileira, que pagam até cinco vezes mais aos aplicadores do que seus equivalentes dos mercados desenvolvidos.

VEJA

Faltam 5 milhões

A uruguaia Maria Cristina de Castro era uma jovem sindicalista e simpatizante do Partido Socialista quando se apaixonou pelo brasileiro Tarzan de Castro, militante de esquerda exilado em Montevidéu. Corriam os primeiros anos da década de 1970. Os regimes militares no Brasil e no Uruguai, logo em seguida, adernavam em suas horas mais sombrias, determinados a caçar quem lhes fizesse oposição. “Nos conhecemos no camburão”, contou Cristina de Castro a VEJA, numa entrevista há duas semanas. Em 1970, Cristina de Castro e o companheiro fugiram para o Brasil. Pouco tempo depois, no entanto, a polícia estourou o esconderijo dos dois. Presa e acusada de atividades subversivas, a uruguaia acabou transferida para o presídio Tiradentes, em São Paulo. Lá, veio a conhecer a companheira de guerrilha que, 30 anos depois, mudaria os destinos de sua vida: Dilma Vana Rousseff, presa por militância no grupo de extrema-esquerda VAR-Palmares. Conta Cristina de Castro: “Dividíamos um beliche na mesma cela. Partilhávamos tudo, nossa intimidade. Ela se tornou uma grande amiga”. Dilma a apelidou carinhosamente de “Tupamara”, referência ao Tupamaros, grupo guerrilheiro que desafiava a ditadura militar uruguaia.

Finda a temporada na cadeia, cada uma seguiu seu caminho. Em 2003, quando Lula assumiu a Presidência da República, a companheira de cela de Cristina virou ministra de Minas e Energia. Dilma se lembrou da Tupamara, que morava em Goiânia e militava no PT. “Dilma me chamou para trabalhar diretamente com ela”, disse Cristina de Castro, que foi nomeada assessora especial no gabinete da amiga. Não se sabe o que credenciou a uruguaia a ocupar um cargo tão relevante e estratégico quanto esse – a não ser a “grande amizade” com a candidata petista à Presidência. Dilma deixou a pasta de Minas e Energia em 2005 para ocupar a chefia da Casa Civil. Cristina de Castro continua ali até hoje. Já viajou seis vezes ao Uruguai com as despesas custeadas pelos brasileiros que pagam impostos.

Os auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) e técnicos do Ministério de Minas e Energia, porém, acusam Cristina de Castro de conduta imprópria que vai muito além, em volume de dinheiro, do que viajar ao país natal por conta dos cofres nacionais. As suspeitas dizem respeito a um contrato de 14 milhões de reais, dos quais 5 milhões podem ter sido desviados. O caso remonta ao primeiro ano do governo, quando Dilma baixou uma portaria concedendo “plenos poderes” para que a amiga coordenasse a modernização da área de informática da pasta. O que fez a assessora? Em vez de elaborar um plano, montar um projeto e licitar os serviços e produtos necessários, Cristina de Castro entregou tudo ao CPqD – fundação privada com sede em Campinas, que, até as privatizações dos anos 90, pertencia ao sistema Telebrás. Essa fundação faz pesquisas e presta serviços de informática. O CPqD recebe milhões de reais por ano de fundos públicos e tem reconhecida competência em muitas áres de atuação. Não obstante, a fundação CPqD é uma das que mais trabalho dão aos auditores do TCU. Em outubro de 2003, a assessora uruguaia assinou o contrato de 14 milhões de reais, sem licitação, com aquela fundação.

O dinheiro foi pago, mas deu tudo errado – ao menos para o contribuinte. Os serviços não foram inteiramente prestados. O pagamento sim, esse foi integralmente entregue. O TCU apontou um rosário de ilegalidades no contrato. Não se cumpriram os mais elementares requisitos formais. O plano de modernização, que deveria servir de fundamento para uma posterior licitação dos serviços, foi produzido pelo próprio CPqD. Segundo o TCU, a pasta deveria ter feito licitação. Houve um pagamento de 4,8 milhões para a criação de um “sistema de acompanhamento”, que nunca entrou no ar.

Escreveram os auditores: “O mencionado sistema encontra-se abandonado, sem qualquer serventia”. Diante do descalabro, em 2005 os técnicos recomendaram a aplicação de multa à assessora Cristina de Castro. Auditores internos da pasta corroboraram a existência das ilegalidades. O resultado da sindicância, contudo, morreu nas gavetas da assessoria jurídica do ministério. Quem era a chefe desse setor, quando Dilma era ministra? Erenice Guerra, que dispensa apresentações.

Marina Silva, a noiva do segundo turno

Marina Silva perdeu ganhando. Derrotada no primeiro turno, a ex-candidata do PV tornou-se a protagonista desta largada do segundo turno. Mais do que o apoio de Marina - ela sinaliza opção pela neutralidade -, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) lutam para conquistar o eleitorado da verde. A tarefa é desafiadora pelo tipo de voto recebido por Marina na primeira rodada das eleições: o voto de opinião.

Apesar de formarem um grupo heterogêneo, que vai de conservadores evangélicos a jovens descolados, os marineiros têm características em comum. Escolheram Marina por conta de sua figura, trajetória e propostas, de forma desvinculada do PV - o que dificulta ainda mais a vida de Dilma e Serra. O apoio do partido, que tende para o tucano, não implica no apoio dos eleitores de Marina.

Os marineiros sentem-se pouco à vontade para escolher entre os dois candidatos. Queriam, de fato, Marina presidente. Para ganhar a confiança deles, Dilma e Serra terão, antes, de entendê-los. “Não se pode tratar esses eleitores como idiotas”, alerta Roberto Romano, professor de Filosofia Política e Ética da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Justamente porque as pessoas pensam, teremos segundo turno.

"Para Romano, Marina atraiu os eleitores por ter passado uma imagem ética e verdadeira, aliada a um discurso amplo, com argumentos políticos, econômicos e sociais, sem nunca esquecer o ponto de partida: a questão ambiental. "Dilma é extremamente dura, Serra tende à racionalidade. Marina irradia emoção", avalia o professor. Além disso, a votação de Marina mostra um eleitorado cansado da dicotomia PT versus PSDB, em busca de uma terceira via.

ÉPOCA

A fé entrou na campanha

A religião não é um tema estranho às campanhas políticas no Brasil. A cada par de eleições, o assunto emerge da vida privada e chega aos debates eleitorais em favor de um ou outro candidato, contra ou a favor de determinado partido. Em 1985, o então senador Fernando Henrique Cardoso perdeu uma eleição para prefeito de São Paulo depois de um debate na televisão em que não respondeu com clareza quando lhe perguntaram se acreditava em Deus. Seu adversário, Jânio Quadros, reverteu a seu favor uma eleição que parecia perdida. Quatro anos depois, na campanha presidencial que opôs Fernando Collor de Mello a Lula no segundo turno, a ligação do PT com a Igreja Católica, somada a seu discurso de cores socialistas, fez com que as lideranças evangélicas passassem a recomendar o voto em Collor – que, como todos sabem, acabou vencendo a eleição.

Esses dois episódios bastariam para deixar escaldado qualquer candidato a um cargo majoritário no país. Diante de questões como a fé em Deus, a posição diante da legalização do aborto ou a eutanásia, ou o casamento gay, o candidato precisa se preparar não apenas para dizer o que pensa e o que fará em relação ao assunto se eleito – mas também para o efeito que suas palavras podem ter diante dos eleitores religiosos. Menosprezar esse efeito foi um dos erros cometidos pela campanha da candidata Dilma Rousseff, do PT. Nos últimos dias antes da eleição, grupos de católicos e evangélicos se mobilizaram contra sua candidatura por causa de várias declarações dela em defesa da legalização do aborto.

Numa sabatina promovida pelo jornal Folha de S.Paulo, em 2007, Dilma dissera: “Olha, eu acho que tem de haver a descriminalização do aborto”.Em 2009, questionada sobre o tema em entrevista à revista Marie Claire, ela afirmou: “Abortar não é fácil pra mulher alguma. Duvido que alguém se sinta confortável em fazer um aborto. Agora, isso não pode ser justificativa para que não haja a legalização. O aborto é uma questão de saúde pública”. Finalmente, em sua primeira entrevista como candidata, concedida a ÉPOCA em fevereiro passado, Dilma disse: “Sou a favor de que haja uma política que trate o aborto como uma questão de saúde pública. As mulheres que não têm acesso a uma clínica particular e moram na periferia tomam uma porção de chá, usam aquelas agulhas de tricô, se submetem a uma violência inimaginável. Por isso, sou a favor de uma política de saúde pública para o aborto”.Tais declarações forneceram munição para uma campanha contra Dilma que começou nas igrejas, agigantou-se na internet e emergiu nos jornais e na televisão às vésperas do primeiro turno. Foi como se um imperceptível rio de opinião subterrâneo se movesse contra Dilma. Esse rio tirou milhões de votos dela e os lançou na praia de Marina Silva, a candidata evangélica do PV. Segundo pesquisas feitas pela campanha de Marina, aqueles que desistiram de votar em Dilma na reta final do primeiro turno – sobretudo evangélicos – equivaleriam a 1% dos votos válidos. Embora pequeno, foi um porcentual que ajudou a empurrar a eleição para o segundo turno, entre Dilma e o candidato José Serra, do PSDB. Mais que isso, a discussão sobre a fé e o aborto se tornou um dos temas centrais na campanha eleitoral.Na TV, Dilma e Serra falam em DeusA volta do horário eleitoral à televisão nesta sexta-feira (8) mostrou o tamanho da preocupação de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) com a polêmica acerca do aborto que surgiu às vésperas do primeiro turno e que monopoliza o debate no início da campanha do segundo turno. Em ambos os programas, citações a Deus tiveram grande espaço.Dilma abriu o programa “agradecendo a Deus pela dupla graça” e em seguida afirmou que quer “fazer uma campanha, antes de tudo, em defesa da vida”. A candidata apareceu conversando com uma família beneficiada pelo programa de habitação popular Minha Casa, Minha Vida e surgiu segurando um bebê no colo. O programa do PT abriu espaço para os diversos aliados que foram eleitos ou reeleitos para governos estaduais e para o Senado e incluiu entre eles Marcelo Crivella (PR-RJ), bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, e Delcídio Amaral (PT-MS), segundo quem Dilma “tem amor a Deus”.No fim do programa, a apresentadora faz um alerta sobre os perigos da internet e Dilma afirma que está sendo vítima de uma campanha de calúnia disseminada por uma “corrente do mal”, e pede que os eleitores respondam aos e-mails com uma “mensagem de amor”, criando uma “corrente do bem”.O programa tucano seguiu pela mesma linha. Destacou trechos do discurso de Serra após o primeiro turno e, em um deles, o ex-governador de São Paulo dizia que faria um governo “com Deus no peito”. Na segunda metade do programa, o PSDB levou ao ar imagens com uma série de mulheres grávidas e disse que Serra faria um governo respeitando “valores cristãos e a democracia”. Também ficou claro no programa de Serra de conquistar os eleitores da terceira colocada Marina Silva (PV). O logo “Serra 45” tinha o fundo inteiro verde (a cor do PV) e não mais verde e amarelo, as cores do Brasil que costumavam aparecer durante o primeiro turno.“Marina conquistou pelo discurso cristão e conciliador”“Marina conseguiu levar a eleição para o segundo turno com um discurso cristão, não evangélico”. A afirmação é do governador reeleito do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, em entrevista à ÉPOCA. Apesar da forte aliança entre Cabral e o presidente Lula, muitos eleitores do governador votaram na candidata do PV, Marina Silva, que chegou em segundo lugar no Rio com expressivos 31% do total de votos válidos no estado.“Ela conquistou gente do Posto 9 à Assembleia de Deus”, disse Cabral, referindo-se aos jovens que frequentam a faixa mais moderna da praia de Ipanema e também aos eleitores religiosos e conservadores. O governador Sérgio Cabral identificou em Marina uma característica que enxerga nele mesmo: a de buscar a conciliação, o não-enfrentamento. Cabral é um político muito mais de amizades particulares do que rigidamente partidárias. “Marina passou a imagem de alguém que quer desarmar espíritos. É o mesmo jeito meu, do presidente Lula e (do senador eleito) Aécio (Neves)”.Bem humorado, apesar das muletas que ainda é obrigado a usar por causa de uma operação no joelho, ele elegeu a pacificação do Rio sua maior prioridade e cantarolou o hino da PM. Imitou o jeito incisivo de Dilma falar nas reuniões. Para Cabral, ela é “gestora”, “executiva”, “competente” e mais uma dezena de adjetivos. Apesar dos elogios a sua candidata, diz estar convencido de que Serra não se vingaria do Rio caso fosse eleito pois “esse não é seu estilo”. Lembrando os bastidores da pré-campanha, Cabral revela que fez de tudo para levar Aécio para o PDMB, de onde sairia o candidato de Lula, mas a tentativa não deu certo.A todo momento usando um iPad para checar informações, recomendar sites, verificar estatísticas, o governador diz que não quer voltar ao Senado ou às câmaras de deputado. Sobre querer ser presidente um dia ou, quem sabe, tornar-se vice futuramente de Lula, disse que essas candidaturas são “contingências do destino”, que escapam a seu desejo.Lula “vai desencarnar depois que Dilma for eleita”, afirmou Cabral. “Só de honoris causa ele tem mais de 50 para receber no mundo inteiro, que ele deixou para receber depois da presidência, deve ter uma imensa agenda internacional. Ele, que marcou a história como o primeiro operário presidente do Brasil, pensou: agora vou botar uma mulher no comando”.Gisele e Dilma entre as 100 mais poderosas do mundoDilma Rousseff e Gisele Bündchen são as representantes brasileiras na lista das 100 mulheres mais poderosas do mundo publicada pela Forbes. A candidata do PT à Presidência ficou em 95ª, atrás da supermodelo gaúcha, em 72ª. A primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, lidera a lista. Michelle ocupa o posto mais alto devido a sua grande popularidade entre os americanos e a seus esforços por reduzir a obesidade infantil. Segundo os responsáveis pela lista, Michelle é mais envolvida que Laura Bush, mas não se envolve com enfrentamentos como Hillary Clinton. Pressões da primeira-dama levaram empresas como Coca-Cola e Kellogg's a reduzirem as calorias de seus produtos.A segunda mulher mais poderosa do mundo segundo a Forbes é a americana Irene Rosenfeld, diretora executiva do grupo alimentício Kraft Foods. Rosenfeld comanda a Kraft, maior empresa alimentícia com sede nos EUA, desde de 2006 e apareceu em sexta na lista de 2009.A lista segue com a apresentadora Oprah Winfrey, a chanceler alemã Angela Merkel e a secretária de Estado americana Hillary Clinton. Do mundo do showbusiness se sobressaíram Lady Gaga (7ª), a atriz Angelina Jolie (21ª), Madonna (29ª), a modelo e apresentadora Heidi Klum (39ª) e a atriz Sarah Jessica Parker (45ª).PF mira computadores de Erenice e da Casa CivilA Polícia Federal (PF) quer ter acesso aos arquivos do computador da ex-ministra-chefe da Casa Civil Erenice Guerra. O delegado titular do inquérito que investiga a suspeita de tráfico de influência envolvendo a ex-ministra e os filhos dela, Israel e Saulo Guerra, também já decidiu que vai chamar Erenice para depor. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, o delegado Roberval Vicalvi já encaminhou ao Ministério Público Federal (MPF) o pedido de autorização da Justiça para ter acesso e "espelhar" o computador da ex-ministra. A procuradora Luciana Martins deve dar parecer favorável ao pedido e encaminhar a solicitação ao juiz nesta sexta-feira (8) ou no início da próxima semana. A PF também vai pedir a prorrogação do inquérito.O espelhamento é a copiagem de todos os arquivos armazenados na máquina que servia à então ministra na Casa Civil. Logo depois da demissão de Erenice, no dia 16 de setembro, o interino da pasta, Carlos Eduardo Esteves Lima, assinou no primeiro dia no cargo uma portaria abrindo sindicância para investigar as suspeitas sobre um grupo de funcionários, a começar pelo assessor Vinícius Castro, que era sócio de Israel Guerra nos negócios dentro da máquina federal. A comissão não tem poderes para investigar a ex-ministra. Erenice pediu demissão depois que o empresário Rubnei Quícoli denunciou a tentativa de cobrança de propina numa operação em que ele representava a empresa ERDB junto ao BNDES no pedido de um empréstimo de R$ 9 bilhões para a construção de uma usina de energia solar no Nordeste.
Fonte:Congressoemfoco

Carta do INSS mostra quem tem direito a revisão

Gisele Lobatodo Agora
Consultar a carta de concessão do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez é o primeiro passo para saber se tem direito a uma correção. A revisão vale para quem tinha menos de 144 contribuições e teve o benefício concedido entre outubro de 2000 e agosto de 2009.
As pensões originárias desses benefícios, ainda que concedidas após esse período pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), também podem ter o aumento.
A carta de concessão pode ser obtida por meio do site www.previdencia.gov.br (veja mais ao lado). Com o documento em mãos, o segurado consegue comparar quantas contribuições fez com o número de pagamentos considerados no cálculo.
Leia esta reportagem completa na edição impressa do Agora nesta segunda

Aborto, privatizações e ‘calúnias’ esquentam debate entre Serra e Dilma

BBC
Terra
Em um embate acalorado, marcado pela troca de acusações, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) se enfrentaram neste domingo no primeiro debate presidencial do segundo turno.
No evento, promovido pela TV Bandeirantes em São Paulo (SP), os candidatos puderam fazer perguntas diretamente um ao outro e abordaram inúmeros temas polêmicos, como a questão do aborto e as privatizações.
Já a partir de sua primeira pergunta, Dilma acusou Serra de realizar uma campanha “caluniosa” contra ela, acusando pessoas próximas do candidato de espalharem mentiras a respeito da petista.
“Eu acho que a sua campanha procura me atingir por meio de calúnias, mentiras e difamações”, disse a petista. “(Essa campanha) usa contra mim algo que o Brasil não tem: o ódio.”
Serra disse também ser alvo de calúnias, mas fez uma ressalva. “Vocês confundem verdades ou reportagens, matérias de jornal, com ataques”, disse.
Aborto
Serra acusou a adversária de ter “duas caras” no tocante ao aborto, alegando que ela era a favor, depois mudou de ideia.
“Você defendeu (a liberação do aborto) e, de repente, passa a outra coisa”, disse. “Com relação a Deus, a mesma coisa. Tem entrevistas suas que dizem que você não sabe bem se acredita, se não acredita... depois, vira uma devota.”
A candidata petista lembrou que o adversário, quando era ministro da Saúde, normatizou a prática do aborto prevista em lei no Sistema Único de Saúde.
“Ele normatizou, sim, e eu concordo (com a normatização). A questão que se coloca é se nós vamos para a hipocrisia de fingir que não vemos que milhares de mulheres, 3,5 milhões de mulheres, praticam o aborto em condições precárias e recorrem ao SUS, e eu me pergunto: vão prender essas mulheres ou vão atender?”
Privatizações
Em duas perguntas no segundo bloco e em uma no terceiro, a candidata petista insistiu em debater com o adversário seu posicionamento em relação às privatizações.
Dilma citou uma entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à revista Veja em que ele disse que Serra foi um dos que mais lutaram pela privatização da Vale do Rio Doce e sugeriu que Serra seria a favor da privatização da Petrobras.
Serra rebateu dizendo que o governo Lula privatizou dois bancos e que o PT ataca as privatizações em eleições, mas na prática adota o mesmo procedimento.
Segundo ele, fundos de pensão de empresas estatais, “muitos deles liderados por petistas”, se beneficiaram ao adquirir ações de estatais vendidas.
A petista disse que, até recentemente, Serra procurou avançar com privatizações no Estado de São Paulo, tentando vender o banco Nossa Caixa - uma acusação falsa, segundo o tucano.
Segurança e saúde
Se Dilma insistiu em discutir as privatizações, Serra decidiu concentrar suas perguntas em dois temas principais – segurança e saúde.
Em uma das duas perguntas que fez à adversária sobre saúde, Serra perguntou por que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) tem “atrasado” a liberação da venda de medicamentos genéricos.
Dilma disse que o governo Lula ampliou a oferta de genéricos, que começaram a ser vendidos quando Serra era ministro da Saúde.
Serra disse que a candidata não respondeu à sua pergunta e acusou o governo Lula de “lotear” a Anvisa, “politizando” seu funcionamento.
Sobre segurança, Serra voltou a defender a criação de uma Guarda Nacional, que teria entre suas atribuições a defesa das fronteiras, e de um Ministério da Segurança.
“Não se resolve o problema criando Ministério”, afirmou Dilma, que disse acreditar que “o processo de resolução da segurança é de longo prazo”.
O tom de Dilma durante o debate pareceu surpreender o candidato tucano, que no final do quarto bloco se disse “surpreso” com a “agressividade” da adversária, que o questionou sobre a possibilidade de ele não dar prosseguimento a programas sociais do governo Lula.
“Eu vou continuar tudo o que deve ser continuado”, afirmou o candidato do PSDB.
Fonte: Tribuna da Bahia

Melancia de beira de estrada

Carlos Chagas
Tempo ainda há. Coragem, talvez não. O resultado pode ser desastroso não só para os dois candidatos que disputam o segundo turno, mas para todo o processo eleitoral. Houvesse menos desconfiança entre Dilma Rousseff e José Serra e eles já estariam decidindo, hoje, de comum acordo, interromper a lamentável segunda temporada dos debates televisivos. Porque quem tem razão, no caso, é o Tiririca: pior não fica.
Qualquer que seja o modelo, de candidato perguntando para candidato, de jornalista questionando candidato ou de locutor dando palpite descabido – a verdade é que os debates faliram. Exauriram-se sem haver, na presente sucessão, prestado o serviço de anos anteriores, de esclarecer o eleitorado. Basta registrar a pequena audiência do debate da noite passada, na TV-Bandeirantes, como de resto a audiência ínfima dos múltiplos debates realizados no primeiro turno por todas as redes. Um amontoado de chavões. A repetição monótona de respostas para perguntas que não foram feitas. A sucessão de ilusões sobre o passado e de promessas para o futuro.
Falta coragem para os candidatos enfrentarem as grandes emissoras televisivas, demonstrando que elas precisam muito mais deles do que eles, delas, e partirem para cuidar da vida e da eleição de verdade, nestas três semanas que faltam. Torna-se essencial dispensar os estúdios enlatados, o faturamento abusivo dos intervalos comerciais, os rapapés na entrada e na saída, a obrigação de permanecer passivo diante das telinhas, tudo empurrado goela a dentro do eleitor, sem a mínima participação dele a não ser no simples ato de desligar os aparelhos.
Melhores resultados alcançariam Serra e Dilma caso dedicados a comícios, visitas a municípios longínquos, carreatas, diálogo e contacto direto com o público, obrigando o cidadão comum a participar. É falsa a impressão de que assistindo debates, com supostas audiências iguais às das novelas, os eleitores definiriam seus votos. No recôndito de sua casa, de bermudas e chinelos, sem ter feito o menor esforço para ver e ouvir candidatos, o eleitor comum sente-se um rei para desligar o aparelho, ou deixá-lo ligado, sem áudio. É a história da melancia de beira de estrada, que o caminhoneiro despreza, preferindo a fruta do galho mais alto, suculenta mas a exigir esforço de quem a cobiça…
MOVIMENTAÇÃO
Rebelião não há, porque no PMDB o mais bobo de seus dirigentes dá nó em pingo d’água. Movimenta-se, porém, a cúpula do maior partido nacional, sinalizando para o PT e para Dilma Rousseff: repousa em mãos do PMDB a chave para o sucesso ou o malogro da candidatura da companheira. Claro que jamais confirmarão ou tornarão público o raciocínio com cheiro de ameaça já formulado junto a quem de direito, no PT. A participação maciça, nos estados, dos governadores, senadores e deputados peemedebistas eleitos no primeiro turno constituirá penhor de vitória para a companheira, mas um certo distanciamento pode ser desastroso.
Sendo assim, os dois lados fizeram as contas e concluíram que, por via das dúvidas, melhor seria Dilma prestigiar logo o PMDB. Discutir o número de ministérios dados ao partido no caso de vitória ficaria para depois. É claro que o partido ainda presidido pelo vice de Dilma, o deputado Michel Temer, já começa a selecionar seus alvos.
Fonte: Tribuna da Imprensa
Os Institutos começam a atacar de madrugada. O Datafolha examina os 20 milhões de votos desgarrados no primeiro turno, 51 por cento para Serra, 22 para Dilma. E os outros 27? Mas dão a vitória a Dilma, como dava antes.
Helio Fernandes
Arrogantes, prepotentes e imprudentes, reaparecem menos de uma semana depois de terem errado completamente. E insistem na sapiência, que é diferente da sabedoria ou competência. E desbastam, que palavra, mas é perfeita, os 20 milhões de votos obtidos (?) por Dona Marina.
Os Institutos “decodificaram” esses votos, com tanta segurança, mas a conclusão é natural: devem ter poderes extraordinários, acima da compreensão de qualquer cidadão. Nem estou contra os resultados e sim afirmando que não consigo entender como em tão pouco tempo trafegaram num caminho tão cheio de obstáculos, e chegaram ao final do trajeto, orgulhosos com os números que generosamente concordaram em dividir com o público.
Vamos transcrever e, lógico, decompor o que agora o Datafolha e os outros não demoram a revelar, “como ficará o segundo turno dessa eleição tumultuada”.
Graças a Deus, (todos agora são religiosos, não saem das igrejas), embora até ontem não tivessem a menor fé, que é muito mais importante do que qualquer religião. (O Paulo Sólon, partindo daqui, dará um show de conhecimento).
Sobre os votos de Marina, 20 milhões, vejamos como examinaram e concluíram, sem a menor base, 1 – Segundo o onipotente e onipresente Datafolha, Serra ficará com 51 por cento desse total. 2 – Dona Dilma, 22 por cento. 3 – Ora, examinavam a destinação de 100 por cento dos votos desviados para a candidata do PV, mas o total (informação do próprio Datafolha, chega apenas a 73 por cento?
4 – E os outros 27 por cento? Não contam, não valem, não são examinados, montados para um lado e diminuídos para o outro? 5 – Nem me interessa para que lado eles E-R-R-E-M, só quero mostrar a suficiência com que acumulam erros, vá lá, equívocos.
6 – 51 por cento de 20 milhões, (Constatação do Datafolha) representam ou representariam ligeiramente acima de 10 milhões de votos. Que deveriam (ou deverão, longe de mim duvidar das horas marcadas pelo respeitabilíssimo Big Ben), ser somados aos votos conseguidos por Serra no primeiro turno.
7 – Dona Dilma obteria 22 por cento dos 20 milhões que seriam transferidos matematicamente (royalties obrigatórios para o Instituto de excepcional competência e bom senso) para os dois.
8 – A candidata do PT, teria então mais 4 milhões de além dos que teve no primeiro turno, e que o Datafolha divide com a isenção do próprio Salomão.
9 – Convencido da segurança de suas conclusões, e imparcialmente, o Data transfere e transpõe as conclusões para o dia 31, e chega à seguinte conclusão.
10 – No final da noite de 31, (dois domingos á frente) Dona Dilma estará com 54 por cento dos votos válidos, e Serra com 46. Aí, finalmente acertaram. 54 mais 46, chega exatamente a 100 por cento. Que capacidade, que visão, que compreensão.
Perguntinha ingênua, inócua, inútil: não foi o próprio Datafolha que retumbou e proclamou que no PRIMEIRO TURNO, Dilma teria 54 por cento e Serra/Marina 46, e NÃO HAVERIA SEGUNDO TURNO? Agora, insistem nos ERROS e até repetem os números ENCONTRADOS e ULTRAPASSADOS pela realidade?
Além do mais, com essa conclusão o Instituto desvenda e constata a vontade do cidadão-contribuinte-eleitor, representada por esses 20 milhões que não foram nem para Dilma nem para Serra. (Não digo nem para o PV ou para Dona Marina, pois eles mesmos, “lá dentro”, não se acertam em relação à procedência e conseqüência dessa votação).
No PV existem três tendências (ocasionais e conversáveis), e mais uma, que tem objetivo, rumo e destino certo, decidido, e não é de hoje. E o empresário dono da Natura, que compreensivelmente acredita que para suas convicções ou interesses, é muito mais favorável Serra presidente. Nenhuma dúvida, isso é apoiado e combatido dentro do próprio PV.
As outras tendências dos 20 milhões de votos desgarrados no primeiro turno, são conflitantes, hostis e divergentes dentro do partido. Dona Marina não pode e não quer se definir agora, tem e mantém a ilusão de 2014. (A hora é agora, Marina, você perdeu até no Acre, os outros candidatos tiveram mais votos no seu próprio território.
A segunda tendência é localizar a DEFINIÇÃO na cúpula do PV, sem ouvir Dona Marina, que realmente não tem voz nem voto no partido. O PV, internamente, está cheio de Temer, Geddel, Eduardo Alves, todos com a vocação de “leiloeiros”.
E finalmente, esse grupo que também não tem voto ou predominância, quer apenas cargos, conversa com qualquer dos lados, “decide” a favor de que dá mais, não é essa a profissão, a vocação e a obrigação do leiloeiro?
Gabeira, que ficou omisso (mas não conivente) quando a Tribuna impressa e depois aqui no Blog, denunciou formidáveis irregularidades no PV (envolvendo até seu presidente), nem hesitou. Candidato a governador na legenda do PSDB, declarou APOIO a Serra, nem foi à sede do PV, conhece seus personagens.
Portanto, não existe possibilidade, por enquanto, de definição desses votos desgarrados. Reconheço a competência do Datafolha, mas como desvendar o destino de votos, submetidos a leilão? Como saber quem vai oferecer mais, Dilma ou Serra? E como os Institutos irão adivinhar ATÉ O AMARGO FIM? Eles mesmos poderão facilitar, como suas “adivinhações”, a adesão desses verdes por fora e incolores por dentro.
***
PS – O Datafolha, com suas conclusões rombudas, inconsequentes e incoerentes, examinando apenas os 20 milhões de votos desgarrados, deixa claro e evidente: “A votação do primeiro turno não será alterada, quem votou de uma forma, repetirá a decisão, a escolha e o voto.
PS2 – O Datafolha (e os outros que virão apressados) está apenas faturando. E não leva em consideração as MUDANÇAS NA CAMPANHA de Serra?
PS3 – Faltam 20 dias, naturalmente o Datafolha deve fazer “correção de rumo”. Não são os próprios Institutos que DECRETAM, pesquisa é momento?
PS4 – Então o momento não é agora, tempo perdido.
Helio Fernandes/Tribuna da Bahia

domingo, outubro 10, 2010

Será que enfim a imprensa tupiniquin vai ficar nua?

O episódio da demissão de Maria Rita Kehl do "Estadão" pelo que ela mesma denominou de "delito de opinião", por ter criticado em seu artigo semanal a desqualificação que se fazia do voto dos pobres nesta eleição, me encheu de esperanças de que talvez a era das nove famílias donas dos meios de comunicação do Brasil esteja mesmo chegando a seu ocaso. Enfim, eles estão ficando enfim nus para a sociedade brasileira. O artigo é de Débora F. Lerrer.
Débora F. Lerrer
Publicado originalmente no blog Fazendo Correr o RiscoO episódio da demissão de Maria Rita Kehl do "Estadão" pelo que ela mesma denominou de "delito de opinião", por ter criticado em seu artigo semanal a desqualificação que se fazia do voto dos pobres nesta eleição, me encheu de esperanças de que talvez a era das nove famílias donas dos meios de comunicação do Brasil esteja mesmo chegando a seu ocaso.Tudo bem. Sou meio otimista. Já vi um caso parecido com esse há anos atrás envolvendo o Veríssimo e a Zero Hora. Mas ele, que declarara voto ao PT ou a Lula, não me lembro mais, já era tão maior do que a Rede Brasil Sul de Comunicação que eles tiveram que continuar engolindo suas opiniões. Nada mudou muito. Mas foi um escândalo e tanto em Porto Alegre. Mas os sinais desse ocaso dos barões da mídia já estavam evidentes nas últimas eleições presidenciais, em 2006, quando o Alkmin conseguiu chegar no segundo turno. Um correspondente espanhol, amigo meu, me chamou atenção para o fato de que ele nunca tinha visto uma situação em que a imprensa de um país simplesmente não tinha a menor conexão com a vontade e a opinião da maioria da população. Ele me deu a entender que lhe parecia que a mídia brasileira funcionava como um ente em separado de sua sociedade. Havia um fosso entre o que os colunistas e a maioria dos jornalistas publicava nos jornais e a opinião da população. Mas ele não falava da maioria esmagadora que não lia jornais. Falava das pessoas com quem ele convivia, com quem ele lidava fazendo seu trabalho, vivendo no Brasil. Mas não se pode subestimar o poder dessa turma. Mais ou menos as mesmas famílias apoiaram o Golpe de 64, atemorizados com a "república sindicalista do Jango". Só não esperavam, junto com o Carlos Lacerda, que os milicos iam gostar de ficar no poder, não iam devolver o controle do Estado assim de mão beijada para eles, e até, que iam engrossar também com eles a partir de 68.Mas tudo isso, afinal de contas começou antes. Quem leu o belo livro de memórias do Samuel Wainer sabe que o clima começou a ficar pesado com o Getúlio justamente porque o Banco do Brasil, sob sua batuta, ousou dar um empréstimo para aquele "judeuzinho metido" montar uma cadeia de jornais que tinha condições de competir com eles, pois embora mais simpática ao ex-ditador que voltou nos braços do povo, a cadeia de jornais "Última Hora" foi feita por um jornalista experiente, criativo, que levou ótimas cabeças para trabalhar com ele e, com isso, arrebatou leitores, ameaçando os latifúndios de opinião da época, entre eles os Mesquita e os Marinho. Em suma, mexer com essa turma é complicado. Sempre foi. Eles jogam o jogo sujo de quem tem muitos privilégios a preservar. Tinham sempre ótimos contatos e contratos com o Estado. E devem ter perdido nos últimos anos.São efetivamente competentes no que fazem, mas de repente, quem diria, estão efetivamente ameaçados.Sempre achei que era incompetência da esquerda brasileira não ter conseguido nunca implantar um jornal diário mais progressista. Ter essa crônica dificuldade de ter veículos de comunicação que não sejam meros "lisonjeadores de fatos", parafraseando o Balzac. Afinal, jornalismo sempre vai ser, "publicar algo que alguém não quer ver publicado, o resto é publicidade", como bem definiu George Orwell.De qualquer modo temos grandes jornalistas e corajosos editores, como o Mino Carta, que sempre levam adiante essa idéia. Mas é muito pouco para um país como o nosso, não é? Mas pensando bem, o jogo contra essas iniciativas sempre foi bem pesado. Tanto é que que os próprios jornalistas, apegados a seus empregos e visibilidades nos grandes meios de comunicação, nunca tenham sequer conseguido se organizar e se unir para apoiar um Conselho Nacional de Jornalistas e tenham perdido a validade de seus diplomas, em uma época em que até flanelinha anda conseguindo ter registro profissional em Brasília.Felizmente, na era dos blogs e das redes sociais, as pessoas agora buscam se informar de outras formas. Iniciam movimentos para cancelar assinaturas, como já houve no Rio Grande do Sul, com o "Zero Fora" e como parece ter ocorrido em São Paulo recentemente com a "Falha de S. Paulo".Mas realmente alguma coisa de muito séria deve estar ameaçando eles com a possível continuidade do governo Lula através da Dilma.Só assim, um jornal com a credibilidade que tinha o Estadão, sempre claramente conservador, mas com articulistas arejados....dá esse vexame!!!Enfim, eles estão ficando enfim nus para a sociedade brasileira.(*) Débora F. Lerrer é jornalista
Fonte:CartaMaior

Campanha ou guerra?

Não era para ser isso, mas o 2° turno pode se tornar uma batalha do esclarecimento contra o obscurantismo. Voltamos ao século XVIII. É lá, no século XVIII, que os setores elitistas ultraconservadores insistem em querer manter o Brasil. E é lamentável que parte considerável dos que se dizem democratas se renda a esse senhorio e aceite entrar pela porta dos fundos desse condomínio. O candidato Serra, que se dizia orgulhoso de sua biografia, será que ainda faz questão de preservá-la? É o que veremos, não no horário eleitoral gratuito, mas nas ruas, nos panfletos apócrifos, nas mensagens que destilam ódio pela internet, nos pronunciamentos de seu vice. O artigo é de Arlete Sampaio.
Arlete Sampaio
Qualquer análise sobre o que significa este segundo turno deve ser precedida por uma correta percepção sobre o que estamos travando: issoé uma campanha ou é uma guerra?A última semana de 1º turno e o início da primeira semana do 2º turnomostram que não estão fazendo campanha contra Dilma. Estão travandouma guerra.Campanha insidiosa não é campanha, é guerra. Campanha que abusa dosentimento religioso não é campanha, é cruzada. Campanha que inventafrases nunca proferidas por Dilma para demonizá-la não é campanha, écrime.A quem interessa esse clima de guerra? A ninguém que cultive um mínimode espírito democrático. A ninguém que tenha esclarecimento suficientepara saber que uma campanha eleitoral não é um plebiscito sobre questões bioéticas que são complexas, que envolvem os três poderes daRepública e que merecem um tratamento sério, e não sua banalização euso preconceituoso.Não era para ser isso, mas o segundo turno pode se tornar uma batalhado esclarecimento contra o obscurantismo. Voltamos ao século XVIII. É lá, no século XVIII, que os setores elitistas ultraconservadores insistem em querer manter o Brasil, em inúmeras questões. E é lamentável que parte considerável dos que se dizem democratas se renda a esse senhorio e aceite entrar pela porta dos fundos desse condomínio.Ao percebermos esse quadro, é preciso uma mudança de postura. Dacandidata, dos partidos, dos militantes, e principalmente dos cidadãosque vêem sua cidadania ser arranhada pelas patas do reacionarismo; dosque são ameaçados em seu direito de discernir corretamente sobre o queestá em jogo, diante de uma pregação que não é só destinada ao 2ºturno, mas até a um 3º turno da eleição presidencial.Todos os setores democráticos e populares, os que votaram em Marina emesmo parte dos que votaram em Serra têm o dever de entender o que seestá passando. A candidatura adversária está sendo capturada peloreacionarismo. O candidato Serra, que se dizia orgulhoso de sua biografia, será que ainda faz questão de preservá-la? É o que veremos, não no horário eleitoral gratuito, mas nas ruas, nos panfletos apócrifos, nas mensagens que destilam ódio pela internet, nos pronunciamentos de seu vice (seja lá quem for).As três principais candidaturas (Dilma, Serra e Marina) fizeram um primeiro turno relativamente tranqüilo, salvo pelas duas últimas semanas de ataques irracionais à candidata governista. Dilma com um programa propositivo, Serra fingindo não ser de oposição e Marina falando, justamente, contra a polarização (que ela paradoxalmente contribuiu para produzir, com o 2º turno).Segundo turno, não tem jeito: é plebiscito. Ele representa um instrumento de grande importância em nosso sistema político, pois garante que o escolhido seja de fato respaldado pela ampla maioria dos eleitores. Por isso, os candidatos são obrigados a mostrar quem são, o que representam e quem representam.É disso que se trata: a partir de agora, vai ser preciso dar nome aos bois e às boiadas. Dilma ultrapassou o teto histórico da votação da esquerda em primeiro turno, mesmo das votações dadas às campanhas vitoriosas de Lula. É um feito que demonstra o avanço conquistado pelos movimentos sociais e suas organizações e pelo amadurecimento do eleitorado brasileiro, facilitado por um conjunto de políticas públicas que mostrou as diferenças abissais do governo Lula em relação a qualquer outro governo.Devemos pensar em três frentes: na política, na questão ambiental e nodesenvolvimento do país. Na política, o que está em jogo é o enraizamento da participação popular no desenho das políticas públicas e o fortalecimento das classes sociais menos favorecidas, em sua luta não apenas por ascensão econômica, mas por protagonismo político. Isso é algo que incomoda muita gente e que a ultradireita quer eliminar a todo custo.Na questão ambiental, há uma guerra do setor predatório do agronegóciocontra Dilma. Basta ver que os mapas de votação que dão maioria a Serra localizam-se fortemente em Estados e localidades que têm os maiores focos de agronegócio predatório. É só ver quem está do lado de Serra e os ruralistas que o apóiam.Já o modelo de desenvolvimento sustentável com inclusão social deve mostrar suas diferenças com o modelo de desenvolvimento excludente, privatista e predatório. Vamos ter que lembrar dos vôos de galinha, dos “inimpregáveis”, dos “vagabundos” (foi assim mesmo que FHC denominou os servidores públicos aposentados), da época em que se considerava delírio um salário mínimo de100 dólares (isso mesmo, hoje daria menos de 170 reais).Será preciso mostrar o que fizemos em crescimento econômico e em desenvolvimento social das regiões mais pobres. Teremos que relembraro que era a Petrobrás e o BNDES há 8 anos e o que eles representam agora, ao terem sido transformados em alavancas do desenvolvimentonacional, com impactos positivos até sobre a América do Sul.Será preciso mostrar o que se fez política externa, que de um lado simboliza a importância do Brasil no exterior e, de outro, atiça os que têm o complexo de vira latas.Será preciso comparar o que se fez na Saúde no Governo Lula com o caos da saúde em São Paulo, confrontando as opções de gestão: de um lado, o fortalecimento da gestão pública; do outro, o desmonte, a terceirização, a falta de investimentos. Será preciso defender o Plano Nacional de Direitos Humanos 3, inclusive com a ajuda dos que foram responsáveis pela área de direitos humanos durante a gestão anterior.Questões como essas deveriam ser o cerne do debate. Mas isso é para uma campanha. Para uma guerra, é mais do que urgente que não só os partidos coligados à candidatura Dilma, mas todos os movimentos de cidadania que lutam arduamente pela melhoria da qualidade do voto, pelo aperfeiçoamento da nossa democracia, pela não deturpação e manipulação do debate eleitoral cumpram a tarefa de alertar os cidadãos e cidadãs sobre as ações perversas dos que se aproveitam desse momento eleitoral e do espaço dado pela candidatura adversária para esgrimir suas ignomínias.É preciso uma nova campanha da legalidade, com um trabalho militante de recolhimento de denúncias e acionamento penal daqueles que se acham livres para produzir atentados à democracia. Tenho a certeza de que, se isso for estancado, deixaremos de travar uma guerra e poderemosdemocraticamente iniciar uma campanha.E poderemos certamente descobrir que os que apostam no envenenamento do debate eleitoral são provavelmente os mesmos que acabaram derrotados na luta pela redemocratização do país. Luta que custou muitas vidas e foi vitoriosa graças a muita mobilização popular.É essa história que devemos defender neste momento em que não podemos cair na defensiva, nem nos acovardar pelas ameaças infames dosprofetas do golpismo e dos Zés do Apocalipse.(*) Arlete Sampaio é Deputada Distrital eleita pelo PT-DF, foi Vice-Governadora do DF (1995-1998) e Secretária Executiva do Ministério do Desenvolvimento Social do Governo Lula.
Fonte:Carta Maior

Em destaque

Gilmar suspende processos sobre Funrural até STF julgar ação de quase R$ 21 bi

  Foto: Gustavo Moreno/Arquivo/Divulgação Gilmar Mendes 07 de janeiro de 2025 | 11:05 Gilmar suspende processos sobre Funrural até STF julga...

Mais visitadas