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quinta-feira, julho 18, 2024

Código de Ética do STF, com deveres e limites para antes, durante e depois do mandato

Publicado em 18 de julho de 2024 por Tribuna da Internet

Charge do Zé Dassilva: STF - NSC Total

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

Conrado Hübner Mendes
Folha

Princípios gerais de ética judicial poderiam dar conta de disciplinar conduta de ministros do STF. Seus significados, afinal, já se estabilizaram nos costumes judiciais de democracias pelo mundo. Num ambiente magistocrático, dedicado a escapar de interpelação ética, regra mais detalhada traz clareza sobre o lícito e o ilícito.

Códigos de ética se preocupam com o antes, o durante e o depois. O que um jurista fez antes do mandato não deve afetar a integridade do que fará como ministro; o que fizer depois do mandato não deve afetar a integridade do que fez como ministro.

fUNDAMENTAIS:  Regra de entrada:”Ministro egresso da advocacia deve encerrar atividades de seu escritório, sendo vedado transferir carteira de clientes a parentes em até segundo grau”.

Regra de saída: “Ministro que se aposenta do STF deve cumprir quarentena de dois anos para ingressar na advocacia. Não deve advogar para clientes sobre os quais já tomou decisão quando ministro. Ex-ministro não deve gozar, quando na advocacia, de privilégios no tribunal”.

Quanto ao que fazem no curso do mandato, ministros se sujeitam a regras de três tipos: as que disciplinam o relacionamento com advogados, atores políticos e econômicos, parentes, imprensa ou esfera pública, e todo tipo de recurso privado material ou imaterial; as que regulam sua postura nas decisões de procedimento; as que regulam sua postura na tomada de decisões de mérito.

OUTRAS REGRAS – “Ministro deve levar conflitos de interesses a sério, evitar eventos de lobby disfarçados de encontro social ou acadêmico na presença de advogados, empresários e atores políticos que, por definição, têm interesses presentes e futuros no STF”; “ministro deve se declarar suspeito quando decide casos em que parente em até segundo grau se beneficie como advogado”; “ministro deve dar transparência a sua agenda”.

Além disso, “ministro não deve falar em off com repórteres que lhe oferecem o microfone da intriga, do recado e da fofoca”; “ministro não deve emitir juízos prévios de constitucionalidade”; “ministro deve ter compostura no seu comportamento público, nas suas falas e gestos”.

Assim como “ministro não deve aceitar doações, presentes e mimos de atores privados”; “viagens, traslados, hospedagens, refeições e férias pagas por terceiros se enquadram no conceito de ‘doações’”; “ministro não deve frequentar espaços e grupos que comprometam a institucionalidade de sua função”.

MAIS NORMAS – Sobre a postura na tomada de decisões de procedimento: “ministro deve respeitar a dignidade das partes e de todos os atores que atuam numa causa do tribunal, sem discriminar arbitrariamente quaisquer deles”; “a discricionariedade procedimental exige um juízo prático justificado e não arbitrário”; “ministro não deve obstruir casos por meio de pedido de vista. Pedidos de vista devem ter fundamentação específica e concreta, não motivação genérica”.

Sobre a postura na tomada de decisões de mérito: “ministro deve ser um ator de juízo prático inteligente, não da erudição decorativa”; “deve adotar ethos deliberativo e colegiado quando julga: está aberto a se deixar persuadir; valoriza a coautoria, conjuga seus votos na primeira pessoa do plural, e evita autoria individual.

Além disso, é consciente de sua falibilidade epistêmica e da necessidade de evidências empíricas para sustentar certos argumentos, sob pena de praticar o consequênciachismo; sabe que jurisprudência não se confunde com populisprudência e outros modos de fuga da lei”. “Metáforas chistosas e trocadilhos marotos não fazem argumento jurídico. Seus votos não são conversas informais.”

E AINDA… – “Ministro do STF não é comentador político nem empreendedor; não é mediador, negociador, pacificador ou arquiteto de acordos. Não se submete a barganhas com partido político ou grupo econômico.”

“Ministro do STF não é intérprete do Brasil como Luiz Gama, Raymundo Faoro ou Lélia Gonzalez. É intérprete responsável e consequente da Constituição e das leis, uma das atividades mais dignas do intelecto e do espírito, mas diferente de outras.”

O espírito do Código de Ética impõe mais integridade, imparcialidade, independência e institucionalidade; menos ilusionismo e impostura.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Uma tese irretocável, verdadeiramente perfeita. Juízes e operadores do Direito deveriam ser obrigados a decorar essas regras sugeridas por Conrado Hübern Mendes, um craque de verdade em matéria de lei e ética profissional. (C.N.)


Bolsonaro discursa em evento no Rio e diz: “Ramagem é alvo de perseguição”

Publicado em 18 de julho de 2024 por Tribuna da Internet

Bolsonaro participa de evento na praça Saens Pena, na Tijuca (RJ), ao lado de Alexandre Ramagem, pré-candidato à prefeitura do Rio

Bolsonaro participou usando um colete à prova de bala

Bernardo Mello
O Globo

Em ato na manhã desta quinta-feira na praça Saens Peña, na Zona Norte do Rio, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sugeriu, sem provas, que o presidente Lula (PT) “se reuniu com traficantes” no Rio durante a campanha de 2022. Bolsonaro também fez um desagravo ao aliado Alexandre Ramagem (PL), a quem chamou de “alvo de perseguição”.

Bolsonaro frisou que estava “expondo o que pode ser feito pela cidade” a partir da comparação entre seu governo e a gestão Lula.

— Não estive em comunidade aqui reunido com traficantes. Eu não recebi, e jamais receberia, a dama do tráfico em meu gabinete em Brasília. (…) Alguns achavam que eu devia passar a faixa para aquele cara. Eu não passo a faixa para ladrão — discursou Bolsonaro.

NÃO É COMÍCIO – O ex-presidente afirmou, já na reta final do discurso, que não estava fazendo “campanha política, não é comício”, ao se dirigir a Ramagem.

— Pagam um preço alto por ombrear-se comigo. Vocês sabem como somos perseguidos. Ramagem já começa a pagar um preço alto pela sua ousadia de querer pensar, sonhar em administrar uma cidade — disse o ex-presidente.

O objetivo original do ato era apoiar a pré-candidatura do deputado federal Alexandre Ramagem (PL) à prefeitura do Rio. Bolsonaro permaneceu durante todo o ato ao lado do delegado. Parlamentares bolsonaristas que discursaram em cima de um carro de som, inclusive o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente, pediram apoio a Ramagem — evitando pedidos explícitos de voto, o que não é permitido pela legislação antes do início oficial da campanha.

CRÍTICA À PF – Ao acenar com apoio a Ramagem, o senador criticou de forma velada a investigação da Polícia Federal que mira o atual deputado, por sua atuação como presidente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Com base no inquérito da PF, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou operações que miraram Ramagem e ex-servidores da Abin, por suspeita de monitoramento ilegal de autoridades.

Flávio afirmou ainda haver um “pequeno grupo especial de Lula na Polícia Federal”.

— Eles falavam do (ex-juiz da Lava-Jato, Sergio) Moro, mas o que Alexandre de Moraes faz é muito pior. (…) Hoje não temos na PGR alguém que vá fazer perseguição política. Essa é a minha convicção.

DISSE RAMAGEM – Em sua fala, Ramagem evitou falar de investigações e usou a maior parte do tempo para elogiar Bolsonaro e alimentar esperanças que o ex-presidente esteja nas urnas em 2026 — embora esteja inelegível até 2030.

Ao falar sobre a eleição carioca, Ramagem apelou seguidamente à bandeira da segurança pública e pediu apoio para eleger pré-candidatos a vereador “de direita”. “E um prefeito também”, acrescentou, com um sorriso.

— Vamos transformar a Guarda Municipal em Polícia Municipal armada — afirmou Ramagem.

Após descerem do carro de som, Bolsonaro e Ramagem foram colocados nos ombros de assessores e acenaram à multidão, enquanto seguiam em direção a seus veículos.


Fundos bilionários estimulam a desfaçatez de partidos que não prestam contas de nada

Publicado em 18 de julho de 2024 por Tribuna da Internet

Alvaro Dias on X: "Senador Alvaro Dias defende a aprovação de projetos que  destinem 100% dos recursos do fundo eleitoral p/ as ações de enfrentamento  da pandemia do coronavírus. Os projetos ainda

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

Maria Hermínia Tavares
Folha

Legislando em causa própria — e para indignação daqueles brasileiros que ainda se importam com essas coisas — os partidos representados na Câmara dos Deputados aprovaram semana passada a chamada PEC da Anistia. Só os parlamentares do PSol, do Novo e da Rede ficaram à margem do conluio.

 Se vingar no Senado, a tramoia mudará a Constituição para garantir às legendas imunidades contra sanções tributárias; perdoar irregularidades cometidas; e dar condições vantajosas para o pagamento parcelado de dívidas — sem juros. De bom, apenas a criação de uma cota para candidatos negros, com a provisão de recursos para suas campanhas.

À parte quaisquer juízos sobre a qualidade da representação parlamentar, o desembaraço dos políticos na defesa de benefícios fora do alcance do cidadão comum dá a medida de quão descoladas de seus eleitores estão as agremiações partidárias.

DISTANTE DA SOCIEDADE – O cientista político Antonio Lavareda chama os partidos brasileiros de hidropônicos, como as verduras criadas sem raízes na terra. A rigor, são institucionais os fatores que sustentam um sistema partidário tão autônomo quanto distante da sociedade: têm a ver, seja com as regras de financiamento dos partidos e campanhas, seja com aquelas que regulam a escolha de representantes.

As entradas mensais do fundo partidário, acrescidas de recursos do fundo eleitoral a cada dois anos, nutrem robustas máquinas eleitorais que independem do tamanho da militância ou de sua capacidade de mobilizar doadores.

O primeiro deles distribuirá cerca de R$ 1,2 bilhão ao longo deste ano, conforme o porte das bancadas na Câmara. O segundo garantirá recursos da ordem de R$ 5 bi para irrigar as campanhas municipais dos 25 partidos registrados. Por terem as maiores bancadas federais, o PL e a federação PT-PCdoB-PV terão direito a valores que chegam, respectivamente, a R$ 887 milhões e R$ 721 milhões para tentar eleger seus prefeitos e vereadores.

TUDO DE GRAÇA – Recursos que saem de graça, por assim dizer, estimulam a proliferação de partidos nanicos que nada mais são do que empreendimentos pessoais de seus chefes, em benefício de suas carreiras políticas.

Os fundos polpudos se somam ao tamanho dos distritos eleitorais. Coincidentes com os limites dos estados, neles concorre um número elevado de candidatos ao Legislativo, o que torna muito difícil estabelecer vínculo forte entre eleitores e representantes.

Assim, o desenho dos distritos dificulta que os cidadãos se identifiquem com os partidos e estes se sintam forçados a prestar contas do que fazem. Vem daí a desfaçatez de incluir a autoanistia na Constituição.


Crise no Transporte Escolar: Ônibus Sucateados e Denúncias de Bullying Desafiam Autoridades Locais

                                            Vídeo Divulgação - WhatsApp

Esse relato descreve uma situação extremamente preocupante e lamentável. Vamos analisar alguns pontos principais:

  1. Condições dos Ônibus Escolares: Ônibus escolares em estado sucateado e inadequado para o transporte seguro de alunos representam um grave risco à segurança e ao bem-estar dos estudantes. Além disso, a presença de ferrugem no teto e piso enferrujado não apenas evidencia negligência na manutenção, mas também coloca em perigo a integridade física dos passageiros.

  2. Bullying e Desacato: A prática de bullying por parte de um particular que opera o ônibus escolar é absolutamente inaceitável. Os alunos têm direito a um ambiente escolar seguro e respeitoso, e qualquer forma de abuso ou desrespeito deve ser prontamente combatida e punida.

  3. Omissão das Autoridades: A omissão das autoridades locais, incluindo o prefeito e a Secretaria de Educação, diante dessas sérias denúncias é igualmente grave. É responsabilidade dessas instâncias garantir que os recursos públicos sejam utilizados de forma adequada e que os serviços essenciais, como o transporte escolar, atendam aos padrões necessários.

  4. Apelo por Ações Imediatas: É crucial que as denúncias feitas pelos alunos sejam investigadas de maneira séria e imparcial. As autoridades devem agir rapidamente para resolver os problemas relatados, assegurando que todos os alunos tenham acesso a um transporte seguro e digno para a escola.

Esse tipo de situação não apenas compromete a qualidade da educação oferecida, mas também coloca em risco a vida e a integridade dos estudantes. É fundamental que medidas corretivas sejam tomadas de forma urgente, visando garantir um ambiente escolar seguro, respeitoso e adequado para todos os alunos envolvidos.









Ataque a Trump é alvo de teorias conspiratórias à direita e à esquerda em grupos no Brasil

 Foto: Reprodução/Arquivo

Donald Trump18 de julho de 2024 | 06:41

Ataque a Trump é alvo de teorias conspiratórias à direita e à esquerda em grupos no Brasil

MUNDO

O atentado contra o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump tem sido alvo de desinformação e teorias conspiratórias alinhadas à direita e à esquerda em grupos de conversa de WhatsApp e Telegram, segundo monitoramento da empresa de tecnologia Palver.

Da parte da direita, há várias mensagens buscando atrelar o atirador como sendo uma pessoa da esquerda, ainda que não haja evidências disso. Já da parte da esquerda, há vários conteúdos falando em armação de Trump para ganhar a eleição, também sem base para tanto.

Com isso, o episódio no exterior tem sido usado para buscar reforçar a polarização entre esquerda e direita também no contexto brasileiro.

Ainda não se sabe a motivação do atirador, que foi morto por agentes de segurança pouco depois de disparar, e se ela está atrelada a alguma ideologia política. Segundo o que o FBI, a polícia federal americana, divulgou no dia seguinte ao incidente, ele agiu sozinho.

O caso ainda está em estágio inicial da investigação. Apesar disso, há várias teorias conspiratórias sendo divulgadas em grupos.

Thomas Matthew Crooks, 20, apontado pelo FBI como suspeito de atirar em Trump, era filiado ao Partido Republicano. Aos 17 anos, ele fez uma doação de US$ 15 (cerca de R$ 80 no câmbio atual) para uma causa do Partido Democrata.

De 763 mensagens identificadas pela Palver até a noite de segunda-feira (15) sobre a filiação do atirador, quase metade o associava ao Partido Democrata, a grupos de esquerda ou aos antifascistas.

A informação de que o atirador identificado pelo FBI ter se registrado, na verdade, junto ao Partido Republicano não aparece em vários dos conteúdos.

Já outras incluem a informação sobre a filiação e, sem qualquer comprovação para tanto, dizem que na verdade ele era democrata ou de esquerda.

“Ou seja é republicano só no registro, mas na realidade um democrata cheio de ódio”, diz trecho de uma das mensagens que circularam em grupos.

Em parte dos conteúdos, assim como aconteceu no exterior, uma pessoa identificada como antifascista e chamada Mark Violets é apontada como autora dos disparos. Há também exemplos em que se fala em um segundo atirador, junto a Crooks, e que seria parte do “movimento antifa”.

Algumas mensagens nos grupos buscam descredibilizar de antemão investigações que apontem para uma atuação isolada, falando em “lobo solitário” e fazem referência a teses não comprovadas sobre Adélio Bispo, preso por esfaquear Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018.

Logo após o ataque a Trump, diversas figuras de relevo do bolsonarismo buscaram associá-lo à esquerda.

Em alguns grupos, foi compartilhado um vídeo em que o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) diz que as notícias apontavam que um italiano antifa foi identificado como sendo o atirador e afirmando que a esquerda é assassina. A reportagem perguntou ao deputado se ele apagou o vídeo, que não foi identificado em seu canal, e se ele fez alguma correção posterior, mas não teve resposta até a publicação deste texto.

Já em mensagens alinhadas à esquerda, a ideia transmitida é a de que o ataque não teria passado de uma farsa ou de uma armação, e parte delas reitera teses conspiratórias da facada contra Bolsonaro, assim como fez o deputado federal André Janones (Avante-MG) em seu perfil em rede social após o crime nos EUA.

Há mensagens dizendo que Trump forjou o caso porque foi condenado pela Justiça e que estaria fazendo tudo para ganhar as eleições. Assim como que o eleitorado dos EUA já teria notado que o ataque teria sido “armação do Trump” e que o FBI já possui indícios de uma ação cinematográfica –o que não encontra fundamento com o que já se sabe.

Outra mensagem usa o fato de o atirador ser filiado ao Partido Republicano para dizer que ele era apoiador do partido de Trump e que foi tudo “armação pura”.

Há mensagens dizendo que é tudo uma encenação, como o que ocorreu no Brasil “com uma facada forjada”, diz uma das mensagens que repete mentiras sobre o incidente da campanha brasileira.

Há mensagens compartilhando trecho de vídeo do canal de youtuber da esquerda Thiago dos Reis, cujo título na plataforma é: “Urgente!! Testemunha desmonta versão de Trump!!! Sinais de manipulação são expostos”.

No vídeo, que na plataforma alcançava 219 mil visualizações até esta terça-feira (16), ele diz que “a esquerda brasileira já está devidamente anestesiada contra esse tipo de coisa”, mas os Estados Unidos não estariam. Ele diz, entre outras coisas, que o atirador era “trumpista”, o que não se comprovou do que foi revelado até o momento.

Uma mensagem, marcada como “encaminhada com frequência” do WhatsApp trazia o texto: “O atirador do Trump era de esquerda. Inclusive colaborou financeiramente para um grupo radical contra o próprio Trump!”, junto a um vídeo do comentarista Caio Coppolla.

No conteúdo, que foi assistido mais de 233 mil vezes em seu canal, sob o título: “Atentado a Trump e a radicalização política à esquerda (nos EUA e no Brasil)”, ele cita a doação à causa alinhada ao Partido Democrata feita por Crooks –mas não chega a mencionar a filiação ao Partido Republicano.

Enquanto mensagens à esquerda disseminam teorias conspiratórias sobre a facada contra Bolsonaro, não sustentadas pelas investigações da Polícia Federal, as da direita ignoram episódios de violência política contra a esquerda, como a morte da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), assassinada em 2018. Também naquele ano, ônibus da caravana do então pré-candidato Lula (PT) foi atingido por tiro em estrada no interior do Paraná.

Renata Galf/FolhapressPoliticaLivre

Governo dos EUA produziu ao menos 819 documentos ao monitorar Lula por décadas

 Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação/Arquivo

Lula e Joe Biden18 de julho de 2024 | 06:50

Governo dos EUA produziu ao menos 819 documentos ao monitorar Lula por décadas

BRASIL

Diferentes órgãos do governo dos Estados Unidos monitoraram o presidente Lula (PT) com a produção de ao menos 819 documentos, que somam 3.300 páginas de registros.

As informações foram fornecidas pelo governo americano ao jornalista e escritor Fernando Morais, biógrafo do presidente. Os dados se referem ao período de 1966 a 2019, ano em que os pedidos foram protocolados.

A maior parte foi produzida pela CIA, a agência de inteligência dos americanos. A CIA mantém 613 documentos sobre Lula, em um total de 2.000 páginas.

Os registros dão conta da relação de Lula com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), com autoridades do Oriente Médio e da China, além de planos militares brasileiros e a produção da Petrobras. Mas os requerimentos do escritor compreendem cinco décadas, desde a época da ditadura militar, quando o petista ascendeu no movimento sindical, até pouco após sua prisão, ocorrida em 2018.

O escritor ainda não teve acesso à íntegra dos documentos. Não há nesse acervo informações que teriam sido colhidas no atual mandato do presidente, iniciado em 2023.

Morais contou com a ajuda do escritório de advocacia Pogust Goodhead para requerer as informações a todas as agências dos EUA, por meio da Lei de Acesso à Informação americana (Freedom of Interaction Act). Os primeiros dados chegaram agora, por meio do Departamento de Defesa.

“O presidente ainda estava preso quando consegui procurações para recolher em nome dele todos os registros existentes nas agências. Tem agência que, obviamente, não tinha nada, tipo a que cuida de entrada ilegal de alimento. Mas pedi de todas”, disse Morais.

O jornalista e escritor lançou em 2021 o primeiro volume da biografia de Lula. Trabalha agora no segundo volume da obra.

Morais e seus advogados solicitaram relatórios, levantamentos, emails, cartas, minutas de reuniões, registros telefônicos e demais documentos produzidos pelos órgãos de inteligência americanos.

“É preciso jogar luz na relação entre os dois maiores países do continente americano. Esse é um direito do nosso cliente Fernando Morais e de todos os brasileiros. Estamos confiantes de que as autoridades norte-americanas atenderão nosso pedido”, disse Tom Goodhead, sócio-administrador global do Pogust Goodhead.

Apesar de as solicitações compreenderem o período a partir de 1966, ainda não há informação de quando seria o primeiro registro relacionado a Lula em órgãos dos EUA.

Até o momento, foram encontrados 613 documentos da CIA, 111 do Departamento de Estado, 49 da Agência de Inteligência da Defesa, 27 do Departamento de Defesa, 8 do Exército Sul dos Estados Unidos, unidade de apoio da força armada americana, e 1 do Comando Cibernético do Exército, braço militar de operações e informação digital.

O grupo ainda aguarda retorno do FBI (a polícia federal dos EUA), do NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos) e da Rede de Combate a Crimes Financeiros (Financial Crimes Enforcement Network – FinCEN). O prazo é de 20 dias úteis, prorrogáveis por mais 20, para informar se vão ou não fornecer os dados.

Morais, que já trabalhou com dados americanos para o livro “Olga”, que foi lançado em 1985 contando a história da judia e comunista Olga Benário Prestes, disse que o governo americano veta trechos que considera trazer riscos à segurança de Estado.

“Sabemos que o governo norte-americano analisou de perto o cenário político brasileiro nas últimas décadas, e o Lula é um dos personagens mais marcantes e importantes da história da América Latina”, disse o escritor.

Quando o material estiver pronto, ele terá de buscar nos Estados Unidos a íntegra em formato físico.

Em 2013, o programa Fantástico, da TV Globo, noticiou que a então presidente Dilma foi alvo de espionagem da NSA. Documentos secretos que baseiam as denúncias foram obtidos pelo jornalista Gleen Greenwald com o ex-técnico da agência Edward Snowden.

Dois anos depois, o portal do WikiLeaks divulgou informações confidenciais da NSA, revelando nova espionagem contra Dilma, assessores e ministros.

Ao todo, 29 telefones de membros e ex-integrantes do governo foram grampeados –no início do primeiro mandato de Dilma– pela agência americana, como o do ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci o então secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, o ex-chanceler Luiz Alberto Figueiredo Machado, e o ex-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general José Elito Carvalho Siqueira.

Os relatórios apontavam, à época, que até uma secretária e uma assistente de Dilma também tiveram telefones grampeados.

Marianna Holanda/FolhapressPoliticaLivre

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