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sábado, julho 13, 2024

Bolsonaro recebeu dólares das joias na viagem em que disse na ONU que ‘extirpou a corrupção’

 Foto: Isac Nóbrega/Arquivo/PR

O ex-presidente Jair Bolsonaro13 de julho de 2024 | 11:29

Bolsonaro recebeu dólares das joias na viagem em que disse na ONU que ‘extirpou a corrupção’

BRASIL

Na mesma viagem à Nova York em que recebeu um repasse do dinheiro oriundo da venda ilegal de joias, em setembro de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou para a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e disse que seu governo “extirpou a corrupção sistêmica” do País. Segundo a Polícia Federal (PF), que indiciou Bolsonaro por três crimes no último dia 4, o ex-presidente recebeu cerca de 30 mil dólares do general Mauro César Lourena Cid em um hotel de luxo da cidade americana.

Ao Estadão, a defesa do ex-presidente negou que o repasse citado pelo relatório final da PF tenha ocorrido. A equipe de reportagem também procurou a defesa do general Mauro César Lourena Cid, mas não obteve retorno. No último dia 8, Bolsonaro disse esperar “muitas outras correções” do relatório final da PF, após os investigadores apontarem um “erro material” que definiu o valor das joias desviadas por ele e outros indiciados

Naquele ocasião, Bolsonaro participava da 77ª Assembleia da ONU, que ocorreu no dia 20 de setembro de 2022. No discurso, feito em plena campanha eleitoral para a Presidência, ele atacou o Partido dos Trabalhadores (PT) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por conta do escândalo da Operação Lava Jato.

“No meu governo, extirpamos a corrupção sistêmica que existia no País. Somente entre o período de 2003 e 2015, onde a esquerda presidiu o Brasil, o endividamento da Petrobras por má gestão, loteamento político e desvios chegou a casa dos US$ 170 bilhões de dólares. O responsável por isso foi condenado em três instâncias por unanimidade”, afirmou Bolsonaro.

Na realidade, a PF estimou, em novembro de 2015, perdas de R$ 42,8 bilhões na Petrobras com irregularidades investigadas pela Lava Jato.

Segundo o relatório final da corporação sobre o caso da venda ilegal de joias, revelado inicialmente pelo Estadão em uma série de reportagens em março do ano passado, Bolsonaro se encontrou com Lourena Cid no mesmo dia em que fez o discurso na ONU. O general é pai do tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator nas principais investigações que miram o ex-presidente. Os dois também foram indiciados pela PF.

Em depoimento aos investigadores, Lourena Cid admitiu que repassou cerca de 30 mil dólares da venda ilegal de joias no Omni Berkshire Place, um hotel de luxo em Manhattan.

“Indagado sobre como se deu o repasse dos valores decorrentes da venda dos relógios Patek Philippe e Rolex, respondeu que os valores foram repassados de forma fracionada conforme a disponibilidade de encontros com o ex-presidente Jair Bolsonaro; que se recorda de ter repassado ao ex-presidente Jair Bolsonar uma parte do valor, quando de sua ida à cidade de Nova lorque para um evento da ONU; que repassou os valores quando visitou o ex-presidente no hotel em que este se hospedava em Nova lorque”, diz um trecho do interrogatório de Lourena Cid pela Polícia Federal.

Bolsonaro foi indicado por lavagem de dinheiro, associação criminosa e peculato

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi indiciado pelos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro pela venda ilegal de joias da Presidência da República. Caso seja condenado pelos três crimes, o ex-chefe do Executivo pode pegar de 10 a 32 anos de prisão, conforme a legislação vigente no País.

Além de Bolsonaro, Lourena Cid e Barbosa Cid, foram indiciadas outras nove pessoas. Entre os nomes apontados pela PF como integrantes da organização criminosa, estão dois ex-ministros: Fabio Wajngarten, que comandava a Secretaria de Comunicação Social (Secom) e Bento Albuquerque, ex-chefe do Ministério de Minas e Energia.

No dia do indiciamento, Wajngarten afirmou, pelo X (antigo Twitter), que não violou a lei e que seu indiciamento é abusivo. “O meu indiciamento pela Polícia Federal se baseia na seguinte afronta legal: advogado, fui indiciado porque no exercício de minhas prerrogativas, defendi um cliente, sendo que em toda a investigação não há qualquer prova contra mim. Sendo específico: fui indiciado pela razão bizarra de ter cumprido a Lei!”, escreveu.

No último dia 8, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes deu um prazo de até 15 dias para a Procuradoria-Geral da República (PGR) se pronunciar sobre um possível oferecimento de denúncia contra os investigados. O MPF decidirá se apresenta uma acusação formal à Justiça, o que pode levar à abertura de uma ação penal no Supremo. Além disso, o Ministério Público pode solicitar mais investigações ou arquivar o caso.

Gabriel de Sousa/Estadão ConteúdoPoliticaLivre

Áudio reforça que não houve interferência no processo de Flávio, diz Ramagem

Publicado em 13 de julho de 2024 por Tribuna da Internet

Ramagem será intimado pela PF a depor em caso da “Abin paralela” |  Metrópoles

Ramagem afirma que estão fazendo alvoroço à toa

Paolla Serra
O Globo

O ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) afirmou que o áudio clandestino de uma reunião entre o ex-presidente Jair Bolsonaro(PL) e o ex-ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, só reforça que não houve “interferência ou influência em processo vinculado ao senador Flávio Bolsonaro”, sendo a demanda resolvida “exclusivamente em instância judicial”.

Em uma postagem no X, Ramagem afirma que a menção a gravação no relatório da Polícia Federal encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), destaca a “defesa do devido processo, apuração administrativa, providência prevista em lei para qualquer caso de desvio de conduta funcional”.

ÁUDIO DAS RACHADINHAS – Ramagem se refere a um áudio captado em uma reunião realizada no Palácio do Planalto, em 25 de agosto de 2020, em que foram discutidas supostas irregularidades cometidas por auditores da Receita Federal na elaboração de um relatório de inteligência fiscal que originou o inquérito contra o filho 01 do então presidente no caso das “rachadinhas”.

O arquivo esteva em seu computador, foi apreendido pela PF em 24 de janeiro deste ano, e compõe o inquérito que apura o monitoramento ilegal realizado pela Abin durante a gestão de Bolsonaro.

A mídia deverá passar por uma perícia no Instituto Nacional de Criminalística (INC) para ser transcrita a íntegra da reunião, de 1h e 8 minutos de duração, inclusive quando há sobreposição de vozes.

RASAS CONJECTURAS – “Após as informações da última operação da PF, fica claro que desprezam os fins de uma investigação, apenas para levar à imprensa ilações e rasas conjecturas. O tal do sistema first mile, que outras 30 instituições também adquiriam, parece ter ficado de lado. A aquisição foi regular, com parecer da AGU, e nossa gestão foi a única a fazer os controles devidos, exonerando servidores e encaminhando possível desvio de uso para corregedoria. A PF quer, mas não há como vincular o uso da ferramenta pela direção-geral da Abin”, escreveu Ramagem.

Como O Globo mostrou, na reunião, também estavam presentes advogadas de Flávio Bolsonaro, que citaram estratégias defensivas que pretendiam adotar. Nas redes sociais, o senador negou envolvimento com a chamada “Abin paralela” e disse ser vítima de “criminosos que acessaram ilegalmente” os seus dados sigilosos na Receita Federal.

Durante a gravação, Ramagem afirmou que “seria necessário a instauração de procedimento administrativo” contra os auditores “visando anular a investigação, bem como retirar alguns auditores de seus respectivos cargos”.

CRIAR ALVOROÇO – “Trazem lista de autoridades judiciais e legislativas para criar alvoroço. Dizem monitoradas, mas, na verdade, não. Não se encontram em first mile ou interceptação alguma. Estão em conversas de WhatsApp, informações alheias, impressões pessoais de outros investigados, mas nunca em relatório oficial contrário à legalidade”, ressaltou o ex-diretor-geral da Abin, no X.

O relatório da PF ainda aponta que integrantes da chamada “Abin paralela” tentaram levantar “podres e relações políticas” dos auditores da Receita. O suposto desvio de verba pública – a chamada “rachadinha” – teria ocorrido no gabinete de Flávio, quando ele era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

As diligências contra os auditores “ao que indicam os vestígios foram determinadas pelo delegado Alexandre Ramagem”, diz o relatório da PF. Os investigadores interceptaram conversas de integrantes da ‘Abin Paralela’ falando sobre achar “podres”, “dívidas tributárias”, “ver redes sociais de esposa” dos servidores da Receita.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– As investigações são sigilosas, mas os vazamentos ocorrem aos turbilhões, enchendo de informações os jornalistas ligados ao PT, que são em maior número e mais atuantes. Esta reunião com advogadas de Flávio Bolsonaro foi uma indignidade e houve a gravação, que parece ser obrigatória em toda reunião importante da Abin, Sem conhecer o inteiro teor da gravação, fica difícil dar pitaco na conversa dos outros(C.N.)  


“Não podemos ser irresponsáveis fiscais”, diz Pacheco sobre as dívidas dos estados


Congresso rejeita aumentar CSLL para compensar desoneração, diz Pacheco

Pacheco diz não aceitar que a União explore os Estados

Rebeca Borges e Emilly Behnkeda
CNN Brasília

O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Congresso, afirmou que os estados não podem ser “tachados de irresponsáveis fiscais” por conta das dívidas que acumulam com a União.

Atualmente, as unidades federativas somam débitos de R$ 760 bilhões com o governo federal. Os estados mais endividados são Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, que respondem por quase 90% do valor.

SEM CONDIÇÕES – “Temos um problema gravíssimo na federação brasileira. Dívidas impagáveis de estados com a União, fruto de um juro que é impraticável. Não tem jeito de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, estados endividados, arcarem com esses pagamentos”, afirmou Pacheco.

A declaração foi feita durante participação do senador no 19º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em São Paulo.

A principal crítica dos governadores em relação ao tema é o indexador utilizado para a cobrança da dívida. Hoje, o governo considera o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% de juros ao ano.

ÍNDICE ALTO – Pacheco considera o índice alto e tenta construir um acordo com o Ministério da Fazenda para solucionar a questão. “Não podemos ser tachados de irresponsáveis fiscais. Nós não vamos aceitar esse tipo de afirmação e o que o Ministério da Fazenda possa ser propositivo para dar solução”, disse Pacheco.

No início da semana, após uma série de reuniões com técnicos da Fazenda e representantes dos estados, o senador apresentou um projeto de lei complementar com alternativas para renegociação dos débitos.

O projeto sugere que parte dos 4% de juros sejam revertidos em investimentos para o próprio estado. Outra parte poderá ser perdoada caso a unidade federativa entregue ativos como pagamento da dívida.

FUNDO DE EQUALIZAÇÃO – Além disso, o texto também propõe que um percentual dos juros seja revertido para um fundo de equalização, em atendimento a todos os estados.

Nesta sexta-feira, Pacheco também afirmou que setores do mercado financeiro têm interesse em adquirir os ativos estaduais e, por isso, criticam o projeto apresentado por ele.

“Alguns setores do mercado financeiro que querem nada mais e nada menos que adquirir a preço de banana, a preço vil, a propriedade e os ativos de Minas Gerais, do Rio Grande do Sul, de estados endividados. Eles arrepiam em pensar na ideia de federalização com a entrega de ativos dos estados para a União e estão trabalhando contra o projeto”, disse o senador.

APELO À FAZENDA – O parlamentar também pediu que o Ministério da Fazenda desminta as mentiras que estão sendo veiculadas em relação ao texto e seja propositivo para solucionar o problema da dívida dos estados. “Eles próprios, governo e Ministério da Fazenda, reconhecem que essa dívida é impagável nos moldes que está”, concluiu o senador.

Nesta sexta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que concorda com a renegociação dos débitos, mas disse que a solução não pode “prejudicar as contas federais”.

“Eu penso que 4% de juro real em cima do IPCA é insustentável. Eu sou a favor (da renegociação). Eu entendo o pleito dos governadores. Mas você precisa fazer um jogo que acomode as contas estaduais sem prejudicar as contas federais”, analisou o ministro.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Enfim, um problema fácil de solucionar, basta reduzir os juros, deixando apenas a recomposição da inflação. O que não pode é o governo federal cafetizar os Estados, obtendo altos lucros sobre os empréstimos a Estados e Municípios(C.N.)


Em ato supremo de deboche, partidos anistiam as próprias lambanças e coisa pior

 


Câmara vai aprovar o vexaminoso perdão aos desvios de recursos feitos pelos  partidos – Carlos Sousa

Charge do Marco Jacobsen

Vinicius Torres Freire
Folha

A repulsiva emenda constitucional da anistia a lambanças de partidos políticos é mais uma pá de cal e de lama na possibilidade de renovação política. É um deboche, um descaramento cínico, que reafirma a tendência de o Congresso se tornar uma espécie de cooperativa ou corporação destinada a preservar feudos, currais políticos, e incrementar as prebendas dos neocoronéis.

As extravagâncias perdulárias dos fundões eleitorais e partidários já revoltam. Há mais, mais importante. Os integrantes da corporação mais e mais tomam o poder sobre as fatias restantes e minguantes do Orçamento, aplicando verbas à matroca e sem responsabilidade alguma sobre a eficiência e a justiça do uso dos recursos (“emendas”).

INVIABILIZAÇÃO – Governam para o curral e para os amigos. Contribuem para a inviabilidade orçamentária do governo federal, que deve chegar em menos de meia dúzia de anos, se não houver reforma fundamental.

O Junho de 2013 e os dois anos seguintes recheados de manifestações de rua foram também protestos contra um sistema político impermeável à participação do povo comum; foram queixas contra a ineficácia de políticas públicas, contra o desperdício, a corrupção e até contra desigualdades.

Como resultado, partidos centrais do antigo regime de negociação política foram diminuídos ou feridos de morte, como o MDB e PSDB, embora o MDB tenha tomado brevemente o poder em 2016; o PT foi severamente avariado.

ROUBANÇA – O centro do poder, porém, foi ocupado justamente pelos velhos partidinhos especializados em trocar votos por favores, em fisiologismo simples ou bandalho (roubança).

Além disso, tivemos a novidade de um movimento, ora abrigado num partido, ora noutro, que se apresentava como inimigo do “sistema”, um propagandista de mentiras perversas, ignaras e lunáticas que viria a ser a tropa de choque de um projeto de tirania, incorporado em Jair Bolsonaro.

O sistema político fechou-se ainda mais em si mesmo e para si mesmo. O movimento antissistema revelou-se, como se fora necessário, isso que se lê nas páginas policiais: um golpista que ocupava o cargo de presidente da República tramava com espiões modos de ajudar seus filhos a fugirem da polícia e aparelhava a máquina do Estado para fraudes e conspirações contra a democracia.

ACOMODAÇÃO  – As vitórias eleitorais dos centrões, o Congresso quase inteiro e a larga maioria dos prefeitos sugerem uma acomodação sinistra com esse estado de coisa. É uma acomodação final a um sistema de atraso permanente? Haverá nova revolta? Um novo salvador da pátria autoritário?

Essa dita PEC da Anistia perdoa lambanças variadas dos partidos, a começar pelo descumprimento descarado das normas de incentivo a participação de pretos, pardos e mulheres na política.

Decreta também a suspensão ou cancelamento de quase todas as punições a lambanças com dinheiro e impostos, em prestações de contas eleitorais e outras, suas multas e juros. Se tiverem débitos, terão direito a um parcelamento de dívidas, sem juros e multas, em até 180 meses.

LAVAGEM GERAL – Partidos, suas fundações e institutos podem usar dinheiro do fundão partidário para pagar seus rolos e, também, vamos citar literalmente “…débitos de natureza não eleitoral, devolução de recursos ao erário, e devolução de recursos públicos ou privados imputados pela Justiça Eleitoral, inclusive os de origem não identificada…”.

O que é “origem não identificada”? Dinheiro que caiu do céu? Achado na rua? Em uma caixa? Caixa dois?

Apenas PSOL, Rede e Novo votaram contra, além de um número minoritário de parlamentares de outros partidos. No primeiro turno, a PEC foi aprovada na Câmara por 344 votos a favor, com 89 contrários; no segundo, por 338 a 83. A aprovação final do troço ainda depende do Senado.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – A imprensa não costuma se preocupar com a corrupção interna dos partidos. Na antiga Tribuna da Imprensa, escrevi uma série de artigos sobre ilegalidades nas prestações de contas do PV, e não era a primeira vez… Fui processado pelo partido, que queria indenização. Como minhas matérias eram baseadas em auditoria do TSE, o PV desistiu do processo, porque iria perder, e fez acordo para pagar R$ 10 mil ao meu advogado. Recordar é viver. (C.N.)

Os pais da Abin paralela escaparam?

 

Sábado, 13 de julho de 2024
Os pais da Abin paralela escaparam?


Saiba o que une os dois personagens que passaram ilesos pela Polícia Federal.

O escândalo de espionagem descoberto pela Polícia Federal, que ficou conhecido como 'Abin paralela', não surgiu do nada. Não veio do vácuo. Para entender como a estrutura do estado brasileiro foi usada para vigiar e atacar inimigos políticos de Jair Bolsonaro, é preciso voltar no tempo — e reconhecer que o esquema não é filho bastardo, muito menos paralelo.


Em primeiro lugar, é necessário olhar com seriedade para a Agência Brasileira de Inteligência — ainda que o próprio órgão não tenha se dado ao respeito. Criada em 1999, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, a Abin surgiu para tornar o serviço de inteligência brasileira um órgão civil.


Àquela altura, o Serviço Nacional de Informações, a estrutura de espionagem da Ditadura Militar, supostamente havia sido extinta há quase dez anos, em 1990, na gestão de Fernando Collor. Mas, na verdade, o SNI não tinha acabado — só mudado de nome, alocado provisoriamente na Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência.


Como escrevi numa reportagem do Intercept Brasil no final de 2023, enquanto estava na SAE, no primeiro mandato de FHC, a estrutura de espionagem seguia a todo vapor. Na ocasião, revelei que atividades partidárias do PT, viagens de Lula e movimentos como o MST eram alvo de uma arapongagem sistemática.

Se naquele período, mesmo democrático, a estrutura era instrumentalizada para fins políticos, com a criação da Abin as coisas pioraram. Muito pressionado, FHC admitiu que o serviço de inteligência voltasse ao guarda-chuva dos generais, vinculando a nova Abin à antiga Casa Militar, basicamente um escritório militar dentro da Presidência da República.


O cenário fica ainda pior com o golpe contra Dilma Rousseff. Em uma de suas primeiras ações, Michel Temer transformou a Casa Militar no Gabinete de Segurança Institucional, o GSI, e o elevou ao status de ministério. Como ministro-chefe, nomeou o general Sérgio Etchegoyen, então chefe do Estado-Maior do Exército. O militar, então, passou a ter papel-chave no governo.


Com a caneta na mão, Etchegoyen semeou as condições ideais para um escândalo de espionagem. Uma de suas principais medidas foi um decreto que instituiu a Política Nacional de Segurança da Informação. O texto abriu espaço para contratações sem concorrência pública com base na “ameaça à segurança nacional”.


Dessa forma que a Abin pôde contratar, sem transparência ou licitação, o First Mile, software israelense utilizado para monitorar a localização de seus alvos – e usado de forma massiva no governo Bolsonaro. Mas não foi só esse o legado de Etchegoyen para a erosão democrática causada pela devassa na privacidade dos brasileiros.


Foi o general que levou ao GSI, ainda em 2017, um dos principais protagonistas do escândalo de espionagem bolsonarista: Giancarlo Gomes Rodrigues, sargento do Exército com quem havia trabalhado junto no Estado-Maior do Exército em 2015 e 2016.


Uma portaria publicada no Diário Oficial da União em agosto de 2017 mostra a autorização do então comandante do Exército, o general Eduardo Villas-Bôas, ao pedido de Etchegoyen para que Giancarlo passasse a integrar os quadros do GSI de Temer. Agora, como revelou a PF, sabemos que Giancarlo é peça-chave no escândalo de espionagem bolsonarista: foi quem sugeriu um tiro na cabeça de Alexandre de Moraes.


Longe dos holofotes, Etchegoyen não foi o único que passou longe das investigações da PF e do debate público sobre os crimes da Abin. Seu sucessor no GSI, o general Augusto Heleno, também não consta no relatório, não é investigado, tampouco foi incomodado nos últimos meses. Ele era, de fato e de direito, o chefe de Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin.


Heleno era uma das pessoas presentes na reunião, também revelada pela PF, em que Bolsonaro e Ramagem discutem como usar a Abin para proteger o senador Flávio Bolsonaro, do PL, das investigações sobre os crimes de rachadinha, em 2019. Em uma das reuniões golpistas de 2022, Heleno sugeriu colocar a Abin a serviço do golpe de estado.


Como os generais que têm escapado da PF, a estrutura de inteligência das Forças Armadas também segue protegida, longe do escrutínio público. Ainda que nunca tenham largado a Abin, os militares não deixaram de investir nos seus próprios centros de inteligência no Exército, na Marinha, na Aeronáutica e no Comando de Defesa Cibernética, que reúne membros das três forças.


É fato: para Bolsonaro, o cerco está fechando. Mas, para os generais que lhe abriram espaço e criaram as condições para um golpe, isso ainda está muito longe de acontecer.

O Silêncio Ensurdecedor da Câmara de Jeremoabo: Um Faro de Corrupção e Impunidade?


O Silêncio Ensurdecedor da Câmara de Jeremoabo: Um Faro de Corrupção e Impunidade?

As denúncias que pairam sobre a Câmara de Vereadores de Jeremoabo lançam um manto de dúvidas e indignação sobre a representatividade e a lisura das ações dos seus membros. A súbita quietude após a mobilização inicial contra o prefeito, somada à inação diante da suposta apropriação indébita de materiais do Parque de Exposições Demolido, configura um cenário preocupante que exige respostas firmes e transparentes.

Um Barulho Ensurdecedor e um Silêncio Assombroso:

A mobilização inicial dos vereadores, com direito a convites a cavaleiros para manifestações e promessas de levar o caso ao Ministério Público, acendeu a esperança de que os responsáveis por tais atos fossem responsabilizados. No entanto, a súbita mudança de rumo, com o silêncio sepulcral dos vereadores e a ausência de medidas concretas, gera questionamentos e alimenta a desconfiança da população.

Apropriação Indébita: Um Crime Ignorado?

A suposta apropriação indébita dos mourões e ripões do Parque de Exposições Demolido, se confirmada, configura um crime grave que fere a confiança pública e exige investigação rigorosa. A omissão dos vereadores em registrar boletim de ocorrência, fiscalizar e apurar o caso levanta ainda mais suspeitas e alimenta a crença de que interesses escusos podem estar por trás da inércia.

Onde Estão os Representantes do Povo?

O papel dos vereadores vai além de meras palavras e passeatas. Eles são os representantes do povo, responsáveis por zelar pelos interesses da comunidade e fiscalizar o uso adequado dos recursos públicos. A omissão diante de um crime como a apropriação indébita e o silêncio ensurdecedor após a mobilização inicial configuram um flagrante abandono de suas funções e uma traição à confiança depositada neles.

Um Chamado à Ação e à Transparência:

É imperativo que a sociedade de Jeremoabo exija respostas firmes e ações concretas dos seus representantes. As denúncias de corrupção e impunidade não podem ser ignoradas. É preciso que os vereadores prestem contas à população, esclareçam as motivações por trás do seu silêncio e tomem as medidas cabíveis para investigar e punir os responsáveis pelos crimes denunciados.

A Esperança por Justiça e Transparência:

A comunidade de Jeremoabo merece um futuro livre da sombra da corrupção e da impunidade. A mobilização social, o acompanhamento atento da atuação dos vereadores e a cobrança por respostas transparentes são ferramentas essenciais para garantir que a justiça seja feita e que os responsáveis por tais atos sejam responsabilizados. A esperança por um futuro mais justo e transparente reside na força da mobilização popular e na busca incessante pela verdade.

Nota da redação deste Blog  - "Os jeremoabenses elegeram 13 vereadores e agora se revoltam que a Câmara de Vereadores de Jeremoabo está sendo omissa, prevaricando e legislando conta o povo. Não brinque com seu voto, dele depende o bom andamento de Jeremoabo".

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