Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

quarta-feira, julho 17, 2024

Receita comprovou a improcedência das denúncias de advogadas de Flavio Bolsonaro

Publicado em 16 de julho de 2024 por Tribuna da Internet

ANFIP 72 anos: Isac Moreno Falcão Santos - Presidente do Sindifisco Nacional

Auditores confirmam que a denúncia chegou a ser apurada

Deu na CNN

O presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindfisco), Isac Moreno Falcão Santos, disse à CNN na tarde desta terça-feira (16) que a Receita Federal constatou oficialmente que as denúncias feitas pelas advogadas do senador Flavio Bolsonaro na reunião com o então presidente Jair Bolsonaro, tornada pública ontem, eram improcedentes.

“A Receita solicitou formalmente ao Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) que fizesse um levantamento e uma apuração para verificar se houve acessos irregulares nos dados do senador e o que se verificou foi de que não houve”, afirmou o presidente do Sindifisco.

REUNIÃO NO PLANALTO – O Sindifisco, a Receita e o Serpro são citados na reunião do Planalto, cujo áudio foi tornado público nesta segunda-feira (15). As advogadas mencionaram que o acesso aos dados de Flávio foi irregular e que isso se comprovaria a partir de uma pesquisa na Receita e no Serpro.

Participaram do encontro Jair Bolsonaro, o então diretor da Abin, Alexandre Ramagem, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e as advogadas de Flavio, Luciana Pires e Juliana Bierrenbach.

O presidente do Sindifisco relata ainda à CNN que a tese que as advogadas tentaram levar para o presidente Jair Bolsonaro teve como origem uma apuração da corregedoria da Receita contra servidores do órgão suspeitos de corrupção e que acabaram demitidos posteriormente em razão de uma variação patrimonial injustificada.

ANULAR PROCESSO – “Esses servidores queriam anular o processo que os demitiu e entraram na Justiça contra os corregedores para tentar anular o processo contra eles. A tese era de que a Receita acessou os dados deles de maneira irregular e essa tese foi abraçada pelas advogadas do senador para o caso envolvendo ele, com a mesma premissa: de que houve um acesso irregular que deveria levar a anulação do processo”, relata Isac Moreno.

O presidente do Sindifisco, porém, diz que a Receita fez uma apuração junto ao Serpro e constatou que em nenhum dos dois casos (servidores e senador) o acesso foi irregular.

Moreno conta ainda que os funcionários investigados que acabaram demitidos depois por corrupção entraram com uma representação junto ao Sindfisco contra os corregedores que os investigaram, mas que o sindicato arquivou a apuração pois não constatou nenhuma irregularidade.

DIZ O SINDICATO – “A gente é colocado de forma injusta nessa reunião porque parece que o sindicato atuou contra a corregedoria e não foi isso. Esses auditores fizeram uma representação ao sindicato na época pedindo a expulsão dos corregedores que apuraram a variação patrimonial deles. O sindicato recebeu essa denúncia e após uma apuração ela foi rejeitada porque se verificou que não procedia a acusação dos investigados contra os corregedores”, disse.

Procuradas sobre as declarações do presidente do Sindfisco, as advogadas Luciana Pires e Juliana Bierrenbach não se manifestaram.

Na segunda-feira, dia 15, a advogada Juliana Bierrenbach disse à CNN que o motivo da reunião com o então presidente Jair Bolsonaro foi para que ela levasse a denúncia de que havia uma organização criminosa dentro da Receita Federal levantando dados sigilosos de contribuintes.

SENHA DE ACESSO – “O que eu relatei foi a existência de uma organização criminosa no âmbito da Receita. Eles atuam da seguinte forma. Existe uma portaria que é de 2012 que determina que alguns funcionários da Corregedoria da Receita federal e da área de investigação podem utilizar uma senha de acesso que torna o acesso dos funcionários indetectável”, disse Bierrenbach.

Em nota, disse Luciana Pires: “Em relação à reunião que tive com o ex-Presidente da República, esclareço que estava na condição de advogada do seu filho, Senador da República. Toda a minha atuação no episódio se deu de forma técnica e nos estritos limites do campo jurídico. Protocolamos a petição mencionada nos diálogos formalmente, nos órgãos competentes, com vista a obter informações acerca do acesso ilícito aos dados pessoais do Senador Flávio Bolsonaro e, diante do seu indeferimento, impetramos um habeas data, que era o remédio processual adequado àquela ocasião, o qual hoje se encontra sob recurso. Foi, portanto, uma reunião de cunho profissional na qual agi de acordo com as normas que regem a minha profissão.”

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Informação importante para Bolsonaro. Mostra que o então presidente não tomou nenhuma decisão ilegal. Apenas pediu que  fosse investigada a denúncia das advogadas que defendiam o filho dele. Isso significa que Bolsonaro não exerceu pressão política. É bom para ele, porque desmente os federais e o ministro Moraes, que estão forçando a barra, de forma grotesca, para ver se conseguem prender Bolsonaro. (C.N.) 


Confirmado! Gestão atual da Abin quis evitar investigação da “Abin Paralela”

Publicado em 17 de julho de 2024 por Tribuna da Internet

Charge do Nando Motta (Brasil 247)

Carlos Newton

Divulgamos aqui na Tribuna da Internet, em primeira mão, a contrariedade do procurador-geral Paulo Gonet e do ministro-relator Alexandre de Moraes diante do posicionamento que a gestão atual da Agência Brasileira de Inteligência está tendo em relação à escandalosa denúncia da existência de uma “Abin Paralela”, criada pelo governo de Jair Bolsonaro para perseguir seus adversários políticos.

Essa estranhíssima situação começou a se configurar quando a Corregedoria da Abin solicitou ao Supremo acesso às investigações sobre a agência, que fazem parte do famoso inquérito do fim do mundo, aquele criado em 2019, que já completou cinco anos e ninguém sabe quando vai acabar.

INTERFERÊNCIA – Assim, em função do noticiário caudaloso sobre (supostas) gravíssimas irregularidades na Abin, não causa surpresa o pedido da Corregedoria da própria agência. O que não se esperava foi a reação do procurador-geral Paulo Gonet, que propôs a Moraes que não fizesse o compartilhamento de informações, alegando que teria sido identificada “uma possibilidade de interferência”.

E o procurador foi além, ao informar que, em fases anteriores da investigação, apareceram indícios da “intenção de evitar a apuração aprofundada dos fatos”.

Essa denúncia de Gonet é gravíssima, pois ele simplesmente declara que a Abin atual (do governo Lula) tenta evitar a investigação da Abin anterior (do governo Bolsonaro)

AGIR DE OFÍCIO – Diante dessa constatação, o dever do procurador-geral da República era de propor ao Supremo a abertura de investigações específicas sobre a cumplicidade da atual gestão da Abin em relação à diretoria anterior. Mas ele não procedeu assim.

Ardilosamente, Gonet arranjou um jeito de “comunicar” ao ministro Moraes as irregularidades no comportamento da direção atual da Abin, e, ao mesmo tempo, propor que nada fosse investigado sobre a atual gestão, vejam a que ponto chegou a esculhambação institucional neste país.

Está claro que o procurador prevaricou ao encobrir a cumplicidade da direção atual da Abin em relação a supostas irregularidades da gestão anterior.

ERRO DE MORAES – Da mesma forma, o ministro Moraes também prevaricou, porque deixou de cumprir sua obrigação de mandar investigar a atual diretoria, conforme se deduz da comunicação oficial feita pelo procurador Gonet.

Entenda-se: nenhuma autoridade pode receber denúncia de ilegalidade cometida por agente público e simplesmente fingir que não soube de nada. Pelo contrário, a autoridade tem obrigação funcional de agir de ofício e tomar as providências cabíveis.

No entanto, Moraes preferiu se omitir e manter a carga sobre a gestão da Abin no governo Bolsonaro, tendo liberado nesta segunda-feira o sigilo da reunião do então presidente Jair Bolsonaro com o diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem, com participação do ministro Augusto Heleno e das advogadas do senador Flávio Bolsonaro, que na reunião denunciaram supostas irregularidades da Receita na investigação das “rachadinhas”.

###
P.S. 1
 – Bem, este é capítulo atual da novela da Abin. A grande dúvida é saber por que a gestão atual da Abin (do governo Lula) tentou fazer “interferência” e “evitar a apuração aprofundada dos fatos”, no dizer do procurador-geral Gonet. Saber o objetivo da atual direção da Abin é a chave de tudo, o elo perdido nesse intrigante aspecto do inquérito do fim do mundo.

P.S. 2 – É triste constatar essa parceria entre o procurador-geral da República e um dos ministros do Supremo. Uma das funções do procurador é justamente buscar e apontar erros dos ministros, para anular julgamentos e reverter decisões. Vamos voltar ao assunto, é claro, mas quem se interessa? (C.N.)


Juiz absolve acusados de improbidade por retroatividade da lei mais benéfica

Com base no princípio da retroatividade da lei mais benéfica, a Vara da Fazenda Pública Municipal, de Registros Públicos e Ambiental de Anápolis (GO) absolveu três réus acusados de improbidade administrativa.


Reprodução

Magistrado aplicou mudanças promovidas pela nova LIA

A ação foi ajuizada pelo Ministério Público de Goiás contra um ex-prefeito de Anápolis, seu ex-secretário de Gestão e Planejamento e um funcionário de uma empresa privada que participou de licitações municipais. As alegações eram de fraude e irregularidades na contratação de serviços da empresa entre 2004 e 2005.

O ex-secretário era acusado de ato de improbidade que causa prejuízo ao erário, conduta prevista no artigo 10 da Lei de Improbidade Administrativa (LIA), de 1992.

O juiz Gabriel Lisboa Silva e Dias Ferreira lembrou que a nova LIA, de 2021, alterou a lei original e suprimiu a modalidade culposa de improbidade. Assim, desde então, a prática de improbidade exige dolo específico, ou seja, a vontade livre e consciente de alcançar determinado resultado ilícito.

Além disso, em 2022, o Supremo Tribunal Federal decidiu que tal mudança legislativa se aplica aos processos em curso, desde que sem trânsito em julgado. Desta forma, as condutas imputadas precisam se enquadrar na lista do artigo 11 da LIA; do contrário, não configuram improbidade.

“Afastado o denominado dolo genérico como elemento do tipo, faz-se imprescindível a demonstração, com base em provas irrefutáveis, de que as condutas perpetradas pelo agente ou seu equiparado foram realizadas com a finalidade de obter alguma vantagem para si ou para terceiro, sendo práticas marcadas pela má-fé e desonestidade”, explicou o magistrado.

Na visão do juiz, o MP-GO não demonstrou o dolo específico do ex-secretário: “Não foram produzidas provas suficientes a atestar que a conduta do requerido era consciente e especialmente dirigida ao fim de atentar contra a administração pública.”

Já o funcionário da empresa era acusado de diversas condutas previstas na LIA. Uma delas era descrita no inciso I do artigo 11: “praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência.”

Mas Ferreira lembrou que a nova LIA revogou esse inciso. Assim, mesmo que os atos tenham sido praticados antes da lei de 2021,  ele apontou que “a mudança legislativa mais benéfica ao réu deve ser aplicada de forma retroativa, em observância ao princípio da retroatividade da lei mais benéfica”. Com isso, o juiz reconheceu a atipicidade da conduta.

O mesmo réu também era acusado de ato de improbidade que causa prejuízo ao erário, mas o magistrado não constatou documentos que demonstrassem participação do homem em fraude na contratação da empresa.

O MP-GO ainda o acusava de ato de improbidade que gera enriquecimento ilícito, conduta prevista no artigo 9º da LIA.

O magistrado, no entanto, verificou que não houve enriquecimento ilícito, pois os pagamentos foram feitos em favor de outra empresa e os serviços foram, de fato, prestados. Além disso, o Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás reconheceu a regularidade da licitação.

Por fim, o juiz também não viu provas de participação do ex-prefeito ou mesmo de que ele tivesse conhecimento dos fatos narrados pelo MP-GO.

Atuaram no processoos advogados Felipe Cormarc e Joao Victor Baccin.

Clique aqui para ler a decisão
Processo 0449296-33.2010.8.09.0006

https://www.conjur.com.br/2024-jul-16/juiz-absolve-acusados-de-improbidade-por-retroatividade-da-lei-mais-benefica/

terça-feira, julho 16, 2024

Jeremoabo: Entre a Indiferença e a Esperança de Resgate


Jeremoabo: Entre a Indiferença e a Esperança de Resgate

Um diagnóstico preocupante:

 Jeremoabo pinta um quadro desolador, onde o patrimônio cultural e histórico sucumbe à negligência e à corrupção. O fechamento de órgãos públicos, clubes, a demolição do parque, o extermínio de árvores centenárias e o abandono do Colégio São João Batista são apenas alguns exemplos da triste realidade que assola a cidade.

A apatia como obstáculo:

A passividade e a indiferença do povo, segundo, são os principais entraves à reversão desse cenário. Essa apatia, muitas vezes fruto da descrença no poder da ação coletiva, permite que a má gestão e os atos predatórios prosperem sem resistência.

O Colégio São João Batista: símbolo da esperança:

Em meio a esse panorama desalentador, o Colégio São João Batista surge como um símbolo de esperança. Apesar do abandono e da falta de reparos por parte do governo municipal, a instituição ainda resiste, mesmo que fragilizada. Sua história e importância para a comunidade local clamam por um resgate urgente.

Um chamado à ação:

É chegada a hora de romper com a inércia e agir em prol da salvação de Jeremoabo. A união da comunidade, movida pela razão, pela civilidade e pelo amor à cidade, é fundamental para combater a destruição e a corrupção que a ameaçam.

Caminhos para a mudança:

  • Mobilização social: É fundamental conscientizar a população sobre a importância de se engajar na luta por um futuro melhor para Jeremoabo. Isso pode ser feito através de campanhas de conscientização, debates públicos, manifestações pacíficas e outras iniciativas que promovam a participação popular.
  • Eleições conscientes: As próximas eleições municipais representam uma oportunidade crucial para mudar o rumo da história de Jeremoabo. É necessário analisar com critério os candidatos, buscando aqueles que apresentem planos concretos para o resgate da cultura, da história e do patrimônio da cidade, combatendo a corrupção e a má gestão.
  • Cobrança de ações: Os cidadãos têm o direito de cobrar dos seus representantes ações efetivas para solucionar os problemas da cidade. Isso pode ser feito através de canais formais, como requerimentos, abaixo-assinados e participação em audiências públicas, ou através de mobilizações sociais pacíficas.
  • Valorização da cultura e da história: É fundamental resgatar e valorizar a rica cultura e história de Jeremoabo. Isso pode ser feito através do apoio a iniciativas culturais, da preservação do patrimônio histórico e da promoção da educação patrimonial.

Um futuro promissor:

Jeremoabo tem um enorme potencial para se tornar uma cidade próspera, justa e culturalmente vibrante. Através da união, da consciência e da ação conjunta da comunidade, é possível superar os desafios do presente e construir um futuro promissor para as próximas gerações.

Lembre-se:

  • A mudança depende do engajamento de todos.
  • A voz do povo tem poder.
  • Juntos, podemos construir uma Jeremoabo melhor!

Não deixe a chama da esperança se apagar! Lute por uma Jeremoabo mais justa, próspera e culturalmente rica!



Piada do Ano! Tenho mais “seriedade fiscal” do que “quem dá palpite”, diz Lula

Publicado em 16 de julho de 2024 por Tribuna da Internet

Jornal da Record on X: "'Não sou marinheiro de primeira viagem', diz Lula  em entrevista exclusiva ao #JornalDaRecord https://t.co/YXcJM9vjjX" / X

Lula criou essa Piada do Ano em entrevista à Rede Record

Henrique Sales Barros
CNN São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que não é “marinheiro de primeira viagem” e que não é obrigado a cumprir a meta fiscal se houver “coisas mais importantes” para serem feitas.

“Seriedade fiscal eu tenho mais do quem dá palpite na questão fiscal no Brasil”, afirmou Lula em entrevista à Record, divulgada nesta terça-feira (16).

MAIS PROMESSA – O presidente, entretanto, frisou que a meta fiscal “não está rejeitada”. “Vamos fazer o que for necessário para cumprir o arcabouço fiscal”, emendou.

Setores do mercado financeiro levantam dúvidas se o governo cumprirá a meta de zerar o déficit primário – a diferença entre receitas e despesas – ao fim deste ano, em meio às incertezas sobre medidas que visam aumentar a arrecadação e que tramitam no Congresso Nacional.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem dito que Lula ordenará cortes de gastos primários se medidas do tipo forem necessárias para equilibrar as contas públicas.

NOVA PROPOSTA – Um relatório a ser apresentado na segunda-feira (22) pela pasta econômica deve apontar uma proposta de bloqueio ou contingenciamento de verbas, se for preciso.

À Record, Lula disse que precisa “estar convencido se há necessidade ou não de cortar” antes de ordenar qualquer corte e destacou ter uma “divergência histórica e de conceito” com o mercado financeiro. “Nem tudo que eles tratam como gasto, eu trato como gasto”, afirmou.

“Esse país é muito grande e poderoso. O que é pequeno é a cabeça de alguns dirigentes desse país e especuladores”, declarou. “O que é importante é que esse país esteja crescendo”, acrescentou.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – A seriedade fiscal de Lula é Piada do Ano. Todo mundo sabe que ele não entende nada de economia e está pouco ligando para o descontrole da dívida. Como ele mesmo determina, “o dinheiro a gente tira de onde está e coloca onde deveria estar”. Com essa nova regra criada por ele, certamente pensa (?) que pode ganhar o Nobel de Economia. (C.N.)


Emenda vetada pelo STF sobrevive e chega a 1 de cada 3 cidades em ano eleitoral

 Foto: Felipe Sampaio/Arquivo/STF

Plenário do STF16 de julho de 2024 | 12:59

Emenda vetada pelo STF sobrevive e chega a 1 de cada 3 cidades em ano eleitoral

BRASIL

As transferências de dinheiro público com baixa transparência e sem critério técnico realizadas por meio das chamadas emendas de relator somaram R$ 1,9 bilhão em 2024 e devem ter impacto direto nas eleições em quase 1.700 cidades do país, 30% do total de municípios brasileiros.

Essa forma de direcionamento de recursos federais por deputados e senadores ganhou relevância no governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL), foi proibida no fim de 2022 pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e continua no governo Lula (PT).

Depois do banimento pelo STF, as emendas de relator foram retiradas dos orçamentos seguintes da União, mas ainda têm aplicação na prática por meio de um mecanismo chamado “restos a pagar”.

Trata-se de valores que já haviam sido reservados pelo Executivo antes da decisão do Supremo e que entram como uma espécie de pendência para os anos seguintes.

Em geral, os restos a pagar das emendas de relator são de convênios e obras públicas pagas em parcelas. A liberação dos recursos depende do avanço das obras.

O governo Lula herdou R$ 16,3 bilhões, no Orçamento de 2023, em restos a pagar das emendas de relator.

Em valores absolutos, a cidade do Rio de Janeiro foi a mais beneficiada pelos pagamentos desse tipo de emenda em 2024. Ao todo, a capital fluminense recebeu R$ 68,6 milhões até o dia 9 de julho.

Considerando a população da cidade de 6,2 milhões de residentes, segundo dados do Censo Demográfico de 2022, o recurso equivale a cerca de R$ 11,05 para cada carioca.

A maior parte da verba destinada ao Rio em 2024 foi aplicada em obras na avenida Brasil. O dinheiro para o serviço foi empenhado (reservado no orçamento) em 2020.

A cidade que mais angariou recursos herdados de Bolsonaro, por habitante, foi Cutias, no Amapá. O montante transferido ao município corresponde a R$ 1.576,97 para cada gameleirense. Segundo o Censo, a cidade tem 4.461 habitantes e o valor total recebido de emendas foi de R$ 7 milhões.

Segundo dados do portal orçamentário Siga Brasil, o principal enquadramento oficial usado para justificar as transferências de valores foi apoio à política nacional de desenvolvimento urbano voltado à implantação e qualificação viária, que inclui as obras de pavimentação nos redutos eleitorais dos congressistas, com R$ 554 milhões.

A segunda maior ação governamental que recebeu emendas de relator foi apoio a projetos de desenvolvimento sustentável local integrado à assistência comunitária, que foi responsável por abarcar R$ 462 milhões. Na terceira posição ficou apoio à política nacional de desenvolvimento de infraestrutura urbana com R$ 271 milhões.

As emendas pagas por Lula em 2024 abarcam os três anos de emendas do relator. Do total pago, R$ 680 milhões se referem a emendas apresentadas em 2020, R$ 1 bilhão de emendas de 2021 e R$ 275 milhões de emendas de 2022.

A maior parte dos R$ 1,9 bilhão pagos pela atual gestão neste ano eleitoral, a um total de 1.697 cidades, foi direcionada para órgãos públicos municipais, que totalizaram o recebimento de R$ 1,6 bilhão.

Na segunda posição estão órgãos públicos estaduais e o Distrito Federal (R$ 143 milhões), seguido de empresas do setor privado com R$ 96 milhões, entidades sem fins lucrativos (R$ 25 milhões) e empresas do setor público (R$ 21 milhões).

Os recursos saíram do orçamento de 25 órgãos do governo, dentre ministérios, fundos e empresas públicas.

A pasta que mais pagou essas emendas foi o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, que desembolsou R$ 1,2 bilhão.

Na segunda posição está o Ministério da Agricultura e Pecuária com R$ 167 milhões, seguido da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) com R$ 137 milhões. O Ministério da Defesa está na quarta posição com R$ 104 milhões.

Em junho, o ministro Flávio Dino (STF) determinou a realização de uma audiência para discutir o possível descumprimento da decisão da corte que declarou a inconstitucionalidade das emendas de relator.

Dino afirmou à época que não havia ocorrido “a comprovação cabal nos autos do pleno cumprimento dessa ordem judicial”.

“Friso que todas as práticas viabilizadoras do ‘orçamento secreto’ devem ser definitivamente afastadas, à vista do claro comando deste Supremo Tribunal declarando a inconstitucionalidade do atípico instituto”, ressaltou.

O ministro do STF marcou a audiência para o dia 1º de agosto.

Entenda as emendas parlamentares

O repasse de emendas bilionárias com baixa transparência tornou-se um símbolo das negociações entre Congresso e Planalto durante a gestão Bolsonaro.

As emendas em geral são uma forma pela qual deputados e senadores conseguem enviar dinheiro para obras e projetos em suas bases eleitorais e, com isso, ampliar seu capital político. Como mostrou a Folha, a prioridade do Congresso é atender redutos eleitorais, e não as localidades de maior demanda no país.

Depois que o STF proibiu as emendas de relator, o Congresso contornou o veto e encaixou as verbas em emendas de bancada e comissão, que também não apontam o verdadeiro padrinho político da verba.

Durante a campanha de 2022, Lula chamou as emendas de relator de o “maior esquema de corrupção da atualidade”, “orçamento secreto” e “bolsolão”.

As negociações por verba, porém, seguem com baixa transparência e sob influência no Congresso dos mesmos atores que atuavam na gestão Bolsonaro. No caso da Câmara, o próprio presidente, Arthur Lira (PP-AL), é um dos responsáveis pela partilha de verbas de comissão.

GOVERNO E CONGRESSO DIZEM QUE CUMPREM DECISÃO DO STF
Em nota enviada pela Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, o governo Lula afirmou que “o pagamento de restos a pagar para as emendas de relator tem seguido estrita e rigorosamente o que determinou o Supremo Tribunal Federal”.

“Conforme essa decisão, o prosseguimento da execução dos recursos que já haviam sido empenhados está sujeito à discricionariedade da pasta responsável, que pode dar prosseguimento nos casos em que as indicações estivessem de acordo com os critérios das políticas públicas. A responsabilidade pelo cumprimento dessas condições é de cada órgão executor de emendas parlamentares”, completou a atual gestão.

Em nota, a assessoria de imprensa da Câmara dos Deputados afirmou que a casa legislativa cumpre a decisão do STF.

“Todas as informações em relação a essas emendas já estavam disponibilizadas na página da Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional”, segundo a assessoria.

A assessoria de imprensa do Senado afirmou que a casa já prestou informações ao STF quanto ao cumprimento da decisão da corte. Em petição ao tribunal, o Senado afirmou que foram “adotadas sucessivas medidas para ampliar a publicidade, a transparência e os mecanismos de controle institucional e social na indicação das emendas de relator-geral, em especial quanto à obrigatoriedade de identificação do parlamentar solicitante ou apoiador”.

ENTENDA AS EMENDAS PARLAMENTARES E DE RELATOR
O que são emendas parlamentares?
A Constituição de 1988 autoriza o Legislativo a participar do processo orçamentário. Ela permite, dentro de limites que eles façam emendas na proposta orçamentária anual enviada pelo Executivo. Cada congressista tem direito a apresentar emendas individuais, dentro de certos limites. Bancadas estaduais e comissões permanentes do Congresso também têm direito a emendas

Quais são os tipos de emendas?
As emendas parlamentares se dividem atualmente em:

Emendas individuais: Cada um dos 594 congressistas tem direito de apresentar até 25 emendas individuais. A execução das emendas era uma decisão política do governo, mas a partir de 2015 o Executivo passou a ser obrigado a executar as despesas previstas por elas
Emendas de bancadas: É a verba proposta pelas bancadas estaduais. Em 2019, o Congresso ampliou o orçamento impositivo ao aprovar a emenda constitucional 100, tornando obrigatório o pagamento deste tipo de emenda
Emendas de comissão: São valores propostos pelas comissões permanentes da Câmara dos Deputados e do Senado, e pelas comissões mistas, do Congresso
Emendas de relator: Usada apenas como forma de corrigir pontuais correções no Orçamento pelo relator da proposta; tornou-se a principal moeda de troca nas negociações do governo de Jair Bolsonaro (PL) e do Legislativo
O que eram as emendas de relator?
Eram uma forma de corrigir eventuais imprecisões na proposta orçamentária anual, feita pelo relator. No governo Bolsonaro, foram usadas para destinar recursos federais a despesas de interesse de deputados e senadores. Suas regras foram alteradas para ampliar o campo de atuação do relator, autorizando o uso das suas emendas para financiar quase todo tipo de despesa.

Qual o problema?
Os recursos separados pelo relator no Orçamento eram distribuídos durante o ano de acordo com indicações dos parlamentares, sem transparência e sem critérios claros para divisão do dinheiro. Elas tinham sido usadas para favorecer deputados e senadores alinhados com o governo e a cúpula do Congresso.

Quando essas emendas foram criadas?
As emendas de relator vêm da Constituição de 1988, a assegurar a participação do Congresso no processo orçamentário. Seu alcance foi ampliado durante o governo Bolsonaro, por iniciativa dos parlamentares e do Executivo.

O que o Supremo decidiu sobre as emendas?
Em 2021, o STF determinou que o Congresso criasse um sistema para divulgação dos patrocinadores e dos beneficiários das emendas do relator. O sistema criado deu mais transparência às emendas, mas ainda oculta muitas informações.

No ano seguinte, a corte declarou a inconstitucionalidade do uso discricionário das emendas de relator. O placar foi de 6 votos a 5 pela derrubada do mecanismo. A decisão também ordenou que os recursos restantes fossem gastos sem vinculação com indicações formuladas pelo Congresso.

Natália Santos, Flávio Ferreira e Mateus Vargas/FolhapressPoliticaLivre

Em destaque

Anielle Franco deu longas entrevistas, mas ainda não apresentou as provas

Publicado em 8 de outubro de 2024 por Tribuna da Internet Facebook Twitter WhatsApp Email Anielle deu longas entrevistas ao Fantástico e à V...

Mais visitadas